Nós os Poucos...

23-06-2020
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Confesso
que não sou especialista na complexa política do Próximo Oriente. Existe uma
quantidade enorme de povos, de alianças, de movimentos políticos e religiosos,
que não são fáceis acompanhar. Para além disso, a informação sobre a situação
política nessa zona do globo chega-nos sempre pelo filtro do Ocidente, que
tende a apresentar a situação sobre o prisma que é mais conveniente.
Basta pensar na guerra civil da Síria, onde terroristas foram sempre tratados
como se fossem democratas.

Dito
isto, sempre tive alguma apreciação pelos curdos. Desde que me lembro de ouvir
falar deste povo estavam regra geral a ser perseguidos por algum ditador ou
grupo extremista sanguinário e a resistir.

Mas
a minha admiração por este povo aumento sobretudo durante a guerra contra o
Estado Islâmico. Lembro de a um certo ponto os curdos serem os únicos que
pareciam realmente lutar contra o EI. Sobretudo, quando a perseguição
aos cristãos começou no Iraque os curdos pareciam ser os únicos dispostos a
lutar para os defender.

Na altura em que a Europa fazia jura de combate ao EI e o Estados Unidos lhes davam
força enfraquecendo o governo Sírio, os curdos lutaram, e muitas vezes com
sucesso contra esses bárbaros.

Enquanto
escrevo estas linhas a Turquia está a atacar o nordeste da Síria, uma zona autónoma, nascida da guerra contra o Estado Islâmico, controlado por uma
coligação de curdos, mas também de cristãos e árabes. A desculpa evidentemente é o
ataque aos curdos. Erdogan, sem qualquer problema, está a bombardear civis e a
usar jihadistas neste ataque. Entre os objectivos está o tomar posse das
prisões onde se encontram dezenas de milhares combatentes do Estado Islâmico
(que, relembremos, nunca teve grandes problemas com a Turquia). Tudo leva a querer
que o ataque Turco não só será levará a mais atrocidades contra o povo sírio,
como pode levar ao recomeço da guerra civil que martirizou e destruiu aquele
país.

Tudo
isto se passa com o consentimento tácito de Trump (que retirou os conselheiros
militares americanos daquela zona, permitindo o avanço turco) e a bênção de
Putin. Para todos aqueles que viam nestes dois os grandes defensores do
Ocidente e da Cristandade contra o islamismo é bom que fique claro que os dois acabaram
de entregar os maiores inimigos do Estado Islâmico a um ditador islâmico por
mero interesse geo-estratégico. Trump demonstra assim que é igual a Bush e
pouco melhor que Obama. Os aliados de hoje sãos os inimigos de amanhã, tudo
dependente do interesse americano.

Mais
uma vez o povo sírio, especialmente as suas minorias, serão vitimas no grande
tabuleiro da geo-política mundial. A guerra de influências entre americanos,
russos, iranianos, sauditas, judeus e árabes será mais uma vez paga com o
sangue inocente dos sírios. Pouco ou nada podemos fazer. Mas podemos e devemos
denunciar.

P.S.:
Sobre o tema vale a pena ler a notícia da RR assinada pelo Filipe Avillez assim
como ir seguindo o que ele escreve nas redes sociais sobre o tema.

Confesso
que não sou especialista na complexa política do Próximo Oriente. Existe uma
quantidade enorme de povos, de alianças, de movimentos políticos e religiosos,
que não são fáceis acompanhar. Para além disso, a informação sobre a situação
política nessa zona do globo chega-nos sempre pelo filtro do Ocidente, que
tende a apresentar a situação sobre o prisma que é mais conveniente.
Basta pensar na guerra civil da Síria, onde terroristas foram sempre tratados
como se fossem democratas.

Dito
isto, sempre tive alguma apreciação pelos curdos. Desde que me lembro de ouvir
falar deste povo estavam regra geral a ser perseguidos por algum ditador ou
grupo extremista sanguinário e a resistir.

Mas
a minha admiração por este povo aumento sobretudo durante a guerra contra o
Estado Islâmico. Lembro de a um certo ponto os curdos serem os únicos que
pareciam realmente lutar contra o EI. Sobretudo, quando a perseguição
aos cristãos começou no Iraque os curdos pareciam ser os únicos dispostos a
lutar para os defender.

Na altura em que a Europa fazia jura de combate ao EI e o Estados Unidos lhes davam
força enfraquecendo o governo Sírio, os curdos lutaram, e muitas vezes com
sucesso contra esses bárbaros.

Enquanto
escrevo estas linhas a Turquia está a atacar o nordeste da Síria, uma zona autónoma, nascida da guerra contra o Estado Islâmico, controlado por uma
coligação de curdos, mas também de cristãos e árabes. A desculpa evidentemente é o
ataque aos curdos. Erdogan, sem qualquer problema, está a bombardear civis e a
usar jihadistas neste ataque. Entre os objectivos está o tomar posse das
prisões onde se encontram dezenas de milhares combatentes do Estado Islâmico
(que, relembremos, nunca teve grandes problemas com a Turquia). Tudo leva a querer
que o ataque Turco não só será levará a mais atrocidades contra o povo sírio,
como pode levar ao recomeço da guerra civil que martirizou e destruiu aquele
país.

Tudo
isto se passa com o consentimento tácito de Trump (que retirou os conselheiros
militares americanos daquela zona, permitindo o avanço turco) e a bênção de
Putin. Para todos aqueles que viam nestes dois os grandes defensores do
Ocidente e da Cristandade contra o islamismo é bom que fique claro que os dois acabaram
de entregar os maiores inimigos do Estado Islâmico a um ditador islâmico por
mero interesse geo-estratégico. Trump demonstra assim que é igual a Bush e
pouco melhor que Obama. Os aliados de hoje sãos os inimigos de amanhã, tudo
dependente do interesse americano.

Mais
uma vez o povo sírio, especialmente as suas minorias, serão vitimas no grande
tabuleiro da geo-política mundial. A guerra de influências entre americanos,
russos, iranianos, sauditas, judeus e árabes será mais uma vez paga com o
sangue inocente dos sírios. Pouco ou nada podemos fazer. Mas podemos e devemos
denunciar.

P.S.:
Sobre o tema vale a pena ler a notícia da RR assinada pelo Filipe Avillez assim
como ir seguindo o que ele escreve nas redes sociais sobre o tema.

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