O vazio dos nossos dias – O Jornal Económico

02-09-2020
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“O vazio. Um Presidente vazio, que debita o vazio, que acoberta o vazio. O vazio de um primeiro-ministro que mente com a mesma facilidade que respira”. Foi este comentário num post de uma amiga que me levou a escrever este artigo, após um mês em busca das palavras certas para expressar o meu estado de alma, acerca da maneira como esta crise está a ser gerida.

É mesmo disso que se trata, de um vazio, muito bem mascarado de propaganda barata por parte de António Costa e por folclore presidencial. Mas vamos a factos, porque nesse campo não há vazio algum, infelizmente.

18 de Março, Marcelo promete, “nesta guerra, ninguém mente nem vai mentir a ninguém. Isto vos diz e vos garante o Presidente da República”.

23 de Março, António Costa na TVI, garantiu que “até agora não faltou nada e não é previsível que venha a faltar”.

24 de Março, o “Bastonários das ordens dos Médicos, Enfermeiros e Farmacêuticos acusam Costa de faltar à verdade”.

25 de Março, Marcelo afirmou que “tem de haver verdade”, responsabilizando-se mesmo por ser o garante da verdade.

Ora, perante estes factos inegáveis, António Costa mentiu e Marcelo assobiou para o lado. Folclore! Vazio.

Mas o circo Costa já vinha de trás. O manipulador compulsivo teve esta tirada a 4 de Março, “Demitir a DGS? Agora não, diz Costa: ‘A meio de uma batalha não se mudam generais’”. Ora, desde logo uma palavra de exasperação para quem não o confrontou com o absurdo da afirmação, desde logo porque não é lema nenhum, até porque é uma guerra e não uma batalha, e inequivocamente mudam-se generais que não ganhem batalhas ou perde-se a guerra, é uma condição sine qua non.

A expressão que existe é diferente, é “não se limpam armas a meio da batalha” o que não tem nada a ver. Mas sem o contraditório, Costa passou injustamente de fraude a defensor da credibilidade, da estabilidade.

Curiosamente, Costa afirmou tal despropósito no mesmo dia em que Centeno atirava areia para os olhos dos portugueses, quando disse que “Portugal tem meios para reagir ao impacto económico do novo coronavírus sem comprometer a sustentabilidade das contas públicas”. Tal como poucos dias depois ficou evidente, Portugal só tem meios se Bruxelas relaxar as restrições orçamentais e se houver acordo para um pacote financeiro europeu, seja de que forma for. Caso contrário, Portugal não tem condições para mandar cantar um cego, quanto mais suster uma contração do PIB consolidada superior a 10% nos próximos tempos.

Infelizmente, as provas da incompetência deste Governo não se ficam por aqui. Hoje ficámos a saber que existiram 645 casos de contágio importado, de 45 países. Sim, 45 países. É o resultado inequívoco e concreto da política de aeroportos, portos e fronteiras abertas. Neste caso o culpado máximo é só um, António Costa, com Marcelo a segurar a vela da cumplicidade.

Mas o expoente máximo desta tragicomédia, da forma amadora e pouco séria com que o Executivo tratou o risco, chega-nos do duo Graça-Temido, com destaque para a primeira.

A 15 de Janeiro, Graça Freitas afirmou à TVI que “a transmissão do vírus entre pessoas não é fácil” e que “não há grande probabilidade de um vírus destes chegar a Portugal”. A 28 de Fevereiro, já dizia na TVI que “a chegada do coronavírus a Portugal é incontornável” e que “poderá já estar em Portugal”. E já estava.

Foi a mesma Graça Freitas que no dia 11 de Março criticou as escolas por terem fechado sem a sua autorização, quando no dia seguinte António Costa, já apressadamente, veio dizer que era uma luta pela “sobrevivência”, adiando no entanto o fecho das escolhas para uns dias depois. Ridículo. Quase tão ridículo quanto Marta Temido ter apelado a 16 de Março para que os portugueses não deixem de trabalhar, fazendo uma comparação absurda com os ingleses que não deixaram de trabalhar aquando dos bombardeamentos na Segunda Guerra Mundial.

Ainda assim, não tão ridículo quanto a ministra da Saúde ter dito a 21 de Março que o pico da pandemia “deve situar-se à volta de 14 de abril”, para apenas sete dias depois afirmar que, afinal, “o pico da epidemia está agora previsto para o “final de maio”.

E sobre este tópico recordo que a Organização Mundial de Saúde decretou o surto de Covid-19 como Emergência Global a 31 de Janeiro! Não pelo que estava a ocorrer na China, mas porque tinha já chegado a 18 países. No entanto, em vez de nos prepararmos, António Costa andou a dormir e só a 23 de Março, já em estado de emergência e com a pandemia instalada em Portugal, é que o primeiro-ministro anunciou a compra, em cima do joelho, de 500 ventiladores.

Portanto, caro leitor, das duas uma, ou continuamos a dar cobertura ao vazio e temos consciência de que somos cúmplices das vítimas da incompetência do Governo, ou clamamos por mudanças, por competência, por responsabilização. Porque, e provavelmente já se deu conta, está agora brutalmente limitado nas suas liberdades e ainda ninguém lhe deu satisfações do porquê, concretamente, para além do cliché, “é para conter” – como se isso justificasse toda e qualquer medida obtusa de limitação das liberdades num Estado de Direito.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.

“O vazio. Um Presidente vazio, que debita o vazio, que acoberta o vazio. O vazio de um primeiro-ministro que mente com a mesma facilidade que respira”. Foi este comentário num post de uma amiga que me levou a escrever este artigo, após um mês em busca das palavras certas para expressar o meu estado de alma, acerca da maneira como esta crise está a ser gerida.

É mesmo disso que se trata, de um vazio, muito bem mascarado de propaganda barata por parte de António Costa e por folclore presidencial. Mas vamos a factos, porque nesse campo não há vazio algum, infelizmente.

18 de Março, Marcelo promete, “nesta guerra, ninguém mente nem vai mentir a ninguém. Isto vos diz e vos garante o Presidente da República”.

23 de Março, António Costa na TVI, garantiu que “até agora não faltou nada e não é previsível que venha a faltar”.

24 de Março, o “Bastonários das ordens dos Médicos, Enfermeiros e Farmacêuticos acusam Costa de faltar à verdade”.

25 de Março, Marcelo afirmou que “tem de haver verdade”, responsabilizando-se mesmo por ser o garante da verdade.

Ora, perante estes factos inegáveis, António Costa mentiu e Marcelo assobiou para o lado. Folclore! Vazio.

Mas o circo Costa já vinha de trás. O manipulador compulsivo teve esta tirada a 4 de Março, “Demitir a DGS? Agora não, diz Costa: ‘A meio de uma batalha não se mudam generais’”. Ora, desde logo uma palavra de exasperação para quem não o confrontou com o absurdo da afirmação, desde logo porque não é lema nenhum, até porque é uma guerra e não uma batalha, e inequivocamente mudam-se generais que não ganhem batalhas ou perde-se a guerra, é uma condição sine qua non.

A expressão que existe é diferente, é “não se limpam armas a meio da batalha” o que não tem nada a ver. Mas sem o contraditório, Costa passou injustamente de fraude a defensor da credibilidade, da estabilidade.

Curiosamente, Costa afirmou tal despropósito no mesmo dia em que Centeno atirava areia para os olhos dos portugueses, quando disse que “Portugal tem meios para reagir ao impacto económico do novo coronavírus sem comprometer a sustentabilidade das contas públicas”. Tal como poucos dias depois ficou evidente, Portugal só tem meios se Bruxelas relaxar as restrições orçamentais e se houver acordo para um pacote financeiro europeu, seja de que forma for. Caso contrário, Portugal não tem condições para mandar cantar um cego, quanto mais suster uma contração do PIB consolidada superior a 10% nos próximos tempos.

Infelizmente, as provas da incompetência deste Governo não se ficam por aqui. Hoje ficámos a saber que existiram 645 casos de contágio importado, de 45 países. Sim, 45 países. É o resultado inequívoco e concreto da política de aeroportos, portos e fronteiras abertas. Neste caso o culpado máximo é só um, António Costa, com Marcelo a segurar a vela da cumplicidade.

Mas o expoente máximo desta tragicomédia, da forma amadora e pouco séria com que o Executivo tratou o risco, chega-nos do duo Graça-Temido, com destaque para a primeira.

A 15 de Janeiro, Graça Freitas afirmou à TVI que “a transmissão do vírus entre pessoas não é fácil” e que “não há grande probabilidade de um vírus destes chegar a Portugal”. A 28 de Fevereiro, já dizia na TVI que “a chegada do coronavírus a Portugal é incontornável” e que “poderá já estar em Portugal”. E já estava.

Foi a mesma Graça Freitas que no dia 11 de Março criticou as escolas por terem fechado sem a sua autorização, quando no dia seguinte António Costa, já apressadamente, veio dizer que era uma luta pela “sobrevivência”, adiando no entanto o fecho das escolhas para uns dias depois. Ridículo. Quase tão ridículo quanto Marta Temido ter apelado a 16 de Março para que os portugueses não deixem de trabalhar, fazendo uma comparação absurda com os ingleses que não deixaram de trabalhar aquando dos bombardeamentos na Segunda Guerra Mundial.

Ainda assim, não tão ridículo quanto a ministra da Saúde ter dito a 21 de Março que o pico da pandemia “deve situar-se à volta de 14 de abril”, para apenas sete dias depois afirmar que, afinal, “o pico da epidemia está agora previsto para o “final de maio”.

E sobre este tópico recordo que a Organização Mundial de Saúde decretou o surto de Covid-19 como Emergência Global a 31 de Janeiro! Não pelo que estava a ocorrer na China, mas porque tinha já chegado a 18 países. No entanto, em vez de nos prepararmos, António Costa andou a dormir e só a 23 de Março, já em estado de emergência e com a pandemia instalada em Portugal, é que o primeiro-ministro anunciou a compra, em cima do joelho, de 500 ventiladores.

Portanto, caro leitor, das duas uma, ou continuamos a dar cobertura ao vazio e temos consciência de que somos cúmplices das vítimas da incompetência do Governo, ou clamamos por mudanças, por competência, por responsabilização. Porque, e provavelmente já se deu conta, está agora brutalmente limitado nas suas liberdades e ainda ninguém lhe deu satisfações do porquê, concretamente, para além do cliché, “é para conter” – como se isso justificasse toda e qualquer medida obtusa de limitação das liberdades num Estado de Direito.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.

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