O Pafúncio: Referendo ao Aborto: Absolutamente pelo SIM com consciência

27-12-2019
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Sou contra o aborto. Hoje em dia há tantas formas de prevenir uma gravidez…Mas acredito firmemente que uma mulher só recorre ao aborto em último caso. Sou absolutamente pela despenalização das mulheres que fazem abortos numa situação desesperada. E não conheço mulheres que façam abortos de ânimo leve. Quais são afinal os motivos de força maior que podem levar uma mulher a fazer um aborto? Por exemplo o desemprego. Imagine-se uma mulher independente, que tem uma relação estável e que fica grávida. Ambos consideram então a hipótese de levar esse relacionamento para a frente, juntar economias e ter essa criança. Eis que no auge da felicidade um deles perde o emprego, é despedido, acontece muito por aí… Decidem inevitavelmente que essa criança não pode mais nascer. A situação para eles não é propícia a crianças. Outra: imagine-se uma jovem a quem os pais por preconceito não querem que ela tome a pílula. Consideram-na ainda uma criança que tem que se manter virgem para a idade de casar. Mas ela já não é virgem. Conheceu o amor num estudante lá da universidade, tudo foi muito rápido, começaram a namorar e o namoro pediu sexo. Nem houve tempo de se prevenirem, nesse dia que tanto desejavam, ele mostrou-lhe um teste de SIDA e nem pensavam que era assim tão fácil, que há quem engravide só com o cheiro. Agora ela está grávida: ambos estudam, não têm dinheiro, nem coragem de contar para ninguém da família que possa ajudar. Não se lembram de ninguém que ajudasse. Ambos têm mais do que 18 anos mas ainda dependem dos pais. Os amigos colectam-se para realizarem o aborto. Eles agora são a sua família. Mais: A mulher está sentindo alterações estranhas. Ela sabe que está entrando na menopausa. O sexo já não é tão frequente, às vezes acontece. A pílula estava deixando a mulher inchada, irritadiça, com problemas graves de circulação. O médico aconselhou a deixar de tomar. Um dia o sexo rejuvenesceu-a, o período desapareceu e ela pensou que era o fim, a hora era chegada. A mulher consulta então o seu médico e ele manda fazer um teste de gravidez. Está grávida. A mulher nem quer acreditar: eu, com idade para ser avó, que vou ser avó, estou grávida?!!! A mulher não quer ter mais filhos, agora ela já só pensa em ter netos. O aborto é a sua solução legítima. Agora esta: Parecia estarem mesmo apaixonados. Até já falavam em casamento. Amaram-se livremente, ela ficou grávida. Quando o homem soube reagiu mal. Ela percebeu que afinal ele não queria esse filho. E ela quereria? A mulher pensou em ficar sozinha carregando o seu filho na barriga. Todas a s suas amigas mais íntimas condenaram a situação e se afastaram. A mulher começou a sentir na sua solidão que não desejava ter esse filho. Ela estava agora mais preocupada em manter o seu emprego e nem sequer tinha contrato. Uma gravidez assim, em pleno estágio, não ia cair bem lá na empresa. A sua vida só iria perder: o homem, o trabalho, a casa que estava a ser paga e que sem emprego não haveria meio de continuar a pagar. Tudo por causa daquela gravidez não desejada. A mulher deixou o homem e foi fazer um aborto. Muitas outras situações poderiam ser usadas como prova de que mesmo os que não concordam com o aborto, não podem deixar de votar sim por todas essas mulheres que num momento difícil das suas vidas não encontram outra solução para além dessa. Desejo que todas as mulheres decidam na sua consciência quando lhes é inevitável fazer um aborto. Só elas sabem o quanto lhes custa fazê-lo. Desejo que todas as pessoas que vão decidir pelos outros sobre a questão do aborto possam por um momento pensar nas razões que podem ter as mulheres que escolhem essa opção. Desejo que os meus impostos sejam gastos com as pessoas que de facto precisam de ajuda. Normal seria de facto que parte dos impostos que todos pagamos fossem usados para ajudar essas mulheres nesse passo difícil das suas vidas em vez de serem desbaratados nas contas absurdas dos telemóveis dos funcionários do estado, nos seus opíparos almoços e jantares em nossa triste representação, por exemplo. Desejo que os médicos saibam ter formação e tacto para dialogar com essas mulheres e se informar dos seus motivos, tratando-as com o devido respeito. Quem sabe algumas delas só precisam de algum apoio para ter essa criança. Ou que muitas sofrem como se fossem perder um filho para sempre. Ou não. Só as mulheres poderão decidir, com ou sem o apoio dos seus companheiros. Melhor seria poderem sempre contar com ele, o que nem sempre acontece. Não existem mulheres presas por causa de terem feito um aborto, dizem, mas existem mulheres que devem dinheiro ao advogado que as defendeu perante a Justiça e outras que carregam o peso da acusação. Uma mulher já diminuída pela situação de ter que sofrer no seu corpo uma intervenção que nunca irá esquecer, não pode nem deve ser humilhada ao ter que se justificar publicamente num tribunal cujo objectivo será apenas o de acusá-la por um crime. A mulher que fez um aborto pode estar infeliz mas não é uma criminosa. A realização de um aborto não é um crime mas sim um acto médico praticável até uma determinada fase que os médicos estudaram. Eles sabem até quando aquilo ali ainda não é uma criança. Quantos desses médicos que batem no peito e que dizem não concordar que o aborto seja despenalizado e realizado nos hospitais estatais não colaboraram já com parteiras que fazem abortos clandestinos, realizando ecografias ilegalmente e às escondidas dentro do hospital civil onde trabalham para ganharem a sua parte no negócio? Para eles o aborto não é uma questão de consciência mas sim de dinheiro livre de impostos que entra pela porta do cavalo. Eu não tenho dúvidas em votar SIM porque sou mulher e não acredito que as mulheres substituam os meios contraceptivos pelo recurso ao aborto com a mesma leveza com que recorrem à pílula do dia seguinte só por passar a ser legal. Eu abomino todos os que votarem NÃO para manter o dogma. Que aqueles que nunca cometeram um erro nas suas vidas atirem a primeira pedra, eis uma mensagem humanista essencial tornada afinal absurda por uma religião que se organiza em todas as paróquias para induzir os crentes a votarem NÃO com o mero intuito de condenar mulheres que ousaram decidir sobre o seu corpo e a sua vida. Esta é a igreja que preferiu ver os jovens a contraírem SIDA em castigo pelos seus pecados do que aconselhá-los a usar preservativo. Sou pela Vida, pela Liberdade, pela Escolha Individual. Sou pelas Crianças desejadas, pela Segurança, pelo Emprego. Sou pela Ciência médica, pela Higiene, pela Qualidade de Vida. Sou pelo Apoio Estatal, pela Ajuda Psicológica, pelo Planeamento Familiar. Sou pelo Aborto usado como último recurso. Sou absolutamente pelo SIM consciente. Por tudo issoVoto SIM!


Sou contra o aborto. Hoje em dia há tantas formas de prevenir uma gravidez…Mas acredito firmemente que uma mulher só recorre ao aborto em último caso. Sou absolutamente pela despenalização das mulheres que fazem abortos numa situação desesperada. E não conheço mulheres que façam abortos de ânimo leve. Quais são afinal os motivos de força maior que podem levar uma mulher a fazer um aborto? Por exemplo o desemprego. Imagine-se uma mulher independente, que tem uma relação estável e que fica grávida. Ambos consideram então a hipótese de levar esse relacionamento para a frente, juntar economias e ter essa criança. Eis que no auge da felicidade um deles perde o emprego, é despedido, acontece muito por aí… Decidem inevitavelmente que essa criança não pode mais nascer. A situação para eles não é propícia a crianças. Outra: imagine-se uma jovem a quem os pais por preconceito não querem que ela tome a pílula. Consideram-na ainda uma criança que tem que se manter virgem para a idade de casar. Mas ela já não é virgem. Conheceu o amor num estudante lá da universidade, tudo foi muito rápido, começaram a namorar e o namoro pediu sexo. Nem houve tempo de se prevenirem, nesse dia que tanto desejavam, ele mostrou-lhe um teste de SIDA e nem pensavam que era assim tão fácil, que há quem engravide só com o cheiro. Agora ela está grávida: ambos estudam, não têm dinheiro, nem coragem de contar para ninguém da família que possa ajudar. Não se lembram de ninguém que ajudasse. Ambos têm mais do que 18 anos mas ainda dependem dos pais. Os amigos colectam-se para realizarem o aborto. Eles agora são a sua família. Mais: A mulher está sentindo alterações estranhas. Ela sabe que está entrando na menopausa. O sexo já não é tão frequente, às vezes acontece. A pílula estava deixando a mulher inchada, irritadiça, com problemas graves de circulação. O médico aconselhou a deixar de tomar. Um dia o sexo rejuvenesceu-a, o período desapareceu e ela pensou que era o fim, a hora era chegada. A mulher consulta então o seu médico e ele manda fazer um teste de gravidez. Está grávida. A mulher nem quer acreditar: eu, com idade para ser avó, que vou ser avó, estou grávida?!!! A mulher não quer ter mais filhos, agora ela já só pensa em ter netos. O aborto é a sua solução legítima. Agora esta: Parecia estarem mesmo apaixonados. Até já falavam em casamento. Amaram-se livremente, ela ficou grávida. Quando o homem soube reagiu mal. Ela percebeu que afinal ele não queria esse filho. E ela quereria? A mulher pensou em ficar sozinha carregando o seu filho na barriga. Todas a s suas amigas mais íntimas condenaram a situação e se afastaram. A mulher começou a sentir na sua solidão que não desejava ter esse filho. Ela estava agora mais preocupada em manter o seu emprego e nem sequer tinha contrato. Uma gravidez assim, em pleno estágio, não ia cair bem lá na empresa. A sua vida só iria perder: o homem, o trabalho, a casa que estava a ser paga e que sem emprego não haveria meio de continuar a pagar. Tudo por causa daquela gravidez não desejada. A mulher deixou o homem e foi fazer um aborto. Muitas outras situações poderiam ser usadas como prova de que mesmo os que não concordam com o aborto, não podem deixar de votar sim por todas essas mulheres que num momento difícil das suas vidas não encontram outra solução para além dessa. Desejo que todas as mulheres decidam na sua consciência quando lhes é inevitável fazer um aborto. Só elas sabem o quanto lhes custa fazê-lo. Desejo que todas as pessoas que vão decidir pelos outros sobre a questão do aborto possam por um momento pensar nas razões que podem ter as mulheres que escolhem essa opção. Desejo que os meus impostos sejam gastos com as pessoas que de facto precisam de ajuda. Normal seria de facto que parte dos impostos que todos pagamos fossem usados para ajudar essas mulheres nesse passo difícil das suas vidas em vez de serem desbaratados nas contas absurdas dos telemóveis dos funcionários do estado, nos seus opíparos almoços e jantares em nossa triste representação, por exemplo. Desejo que os médicos saibam ter formação e tacto para dialogar com essas mulheres e se informar dos seus motivos, tratando-as com o devido respeito. Quem sabe algumas delas só precisam de algum apoio para ter essa criança. Ou que muitas sofrem como se fossem perder um filho para sempre. Ou não. Só as mulheres poderão decidir, com ou sem o apoio dos seus companheiros. Melhor seria poderem sempre contar com ele, o que nem sempre acontece. Não existem mulheres presas por causa de terem feito um aborto, dizem, mas existem mulheres que devem dinheiro ao advogado que as defendeu perante a Justiça e outras que carregam o peso da acusação. Uma mulher já diminuída pela situação de ter que sofrer no seu corpo uma intervenção que nunca irá esquecer, não pode nem deve ser humilhada ao ter que se justificar publicamente num tribunal cujo objectivo será apenas o de acusá-la por um crime. A mulher que fez um aborto pode estar infeliz mas não é uma criminosa. A realização de um aborto não é um crime mas sim um acto médico praticável até uma determinada fase que os médicos estudaram. Eles sabem até quando aquilo ali ainda não é uma criança. Quantos desses médicos que batem no peito e que dizem não concordar que o aborto seja despenalizado e realizado nos hospitais estatais não colaboraram já com parteiras que fazem abortos clandestinos, realizando ecografias ilegalmente e às escondidas dentro do hospital civil onde trabalham para ganharem a sua parte no negócio? Para eles o aborto não é uma questão de consciência mas sim de dinheiro livre de impostos que entra pela porta do cavalo. Eu não tenho dúvidas em votar SIM porque sou mulher e não acredito que as mulheres substituam os meios contraceptivos pelo recurso ao aborto com a mesma leveza com que recorrem à pílula do dia seguinte só por passar a ser legal. Eu abomino todos os que votarem NÃO para manter o dogma. Que aqueles que nunca cometeram um erro nas suas vidas atirem a primeira pedra, eis uma mensagem humanista essencial tornada afinal absurda por uma religião que se organiza em todas as paróquias para induzir os crentes a votarem NÃO com o mero intuito de condenar mulheres que ousaram decidir sobre o seu corpo e a sua vida. Esta é a igreja que preferiu ver os jovens a contraírem SIDA em castigo pelos seus pecados do que aconselhá-los a usar preservativo. Sou pela Vida, pela Liberdade, pela Escolha Individual. Sou pelas Crianças desejadas, pela Segurança, pelo Emprego. Sou pela Ciência médica, pela Higiene, pela Qualidade de Vida. Sou pelo Apoio Estatal, pela Ajuda Psicológica, pelo Planeamento Familiar. Sou pelo Aborto usado como último recurso. Sou absolutamente pelo SIM consciente. Por tudo issoVoto SIM!

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