O Pafúncio: Vocações

16-03-2020
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Foto daqui Ninguém se preocupa com a vocação natural das pessoas? Em minha casa tenho bons exemplos: uma filha que desde pequena revela uma imaginação prática prodigiosa e que pega nos mais diversos materiais e os usa em composições. A sua capacidade de lidar com a diversidade dos materiais, cores a até palavras, parece ilimitada. Se fosse incentivada poderia desabrochar esse potencial. A primeira impressão foi rejeitar o conhecimento e a escola. Teve pouca sorte de ir parar a uma escola perfeitamente des(ajustada), cumpridora das ordens do Ministério, das “mais papistas que o papa”. Sobreviveu ao clima conflituoso e repressivo, cheio de regras absurdas e intelectualmente pouco incentivador. Entretanto mudou de escola e integrou-se perfeitamente, compreendendo por fim o interesse no conhecimento transmitido. Interessou-se pelas matérias e apresentou um modo de estar exemplar, gostou do modo como a escola funciona. Começou a estudar e a mostrar interesses mais específicos, como podem ver pelo discurso. Esta pessoa humana podia e devia ser incentivada e as suas energias serem canalizadas para desenvolver as suas preferências, embora prosseguindo a instrução das outras matérias essenciais. O seu poder criativo devia ser acarinhado e estimulado para que se pudesse desenvolver sem entraves nem limites. Já o meu filho mais novo antes de andar já gatinhava até à fechadura e trepava a porta para experimentar o mecanismo. Se apanhava um comando os botões eram todos dele. Um dia caiu-lhe um comando ao chão e desfez-se em bocados. Estava apressada e saí incapaz de resolver o problema. Quando voltei estava a funcionar e via-se televisão. Sempre teve genes de mexer com estas coisas fantásticas das tecnologias, como se tivesse nascido para isso. Mas vão ser-lhe facultadas as formas de se exprimir? Agora são os computadores e os jogos da playstation. Impossível de moderar. Salta de uns para os outros pela casa ou então anda de fisga atrás do cão ou a dar saltos como um macaco. Assim que começou a saber as palavras soletrava-as sem se enganar. Por isso dá poucos erros, como se nascesse ensinado a esse respeito. Na matemática aquilo ali não demora muito tempo a encontrar o resultado certo. Mas não estuda. Anda na tal escola onde ela andou. Gosta dos amigos mas não consegue ficar preso sempre aos mesmos e este ano partiu para outras amizades de interesses comuns. Não gosta de Ciências e História porque só estudando. Mas claro que com o facilitismo vigente lá tirou 3. Não estudou quase nada mas também não teve negativas. Teve 4 a Português e 4 a Matemática, o resto tudo 3. Talvez no fim tenha batido certo. Houve quem ficasse contente por ter melhores notas do que o irmão. É a competitividade. Não, isso não pode ser assim, tem que ser na base da cooperação. Uns não podem ascender colocando o pé na cabeça dos outros. Temos que avançar em conjunto dando o melhor. Como irmãos.
As férias têm sido péssimas para eles. Pouca saída de casa ou dos arredores. Agora vão libertar-se desse aperto, vão divertir-se num campo de férias. Quando era eu da idade deles ia para o campo, de férias, que é um conceito um pouco diferente. É a primeira vez que vão estar por sua conta e este ano ainda pertencem ao mesmo grupo. Vamos ver o que vai dar. Vai fazer-lhes bem mudar de ares.


Foto daqui Ninguém se preocupa com a vocação natural das pessoas? Em minha casa tenho bons exemplos: uma filha que desde pequena revela uma imaginação prática prodigiosa e que pega nos mais diversos materiais e os usa em composições. A sua capacidade de lidar com a diversidade dos materiais, cores a até palavras, parece ilimitada. Se fosse incentivada poderia desabrochar esse potencial. A primeira impressão foi rejeitar o conhecimento e a escola. Teve pouca sorte de ir parar a uma escola perfeitamente des(ajustada), cumpridora das ordens do Ministério, das “mais papistas que o papa”. Sobreviveu ao clima conflituoso e repressivo, cheio de regras absurdas e intelectualmente pouco incentivador. Entretanto mudou de escola e integrou-se perfeitamente, compreendendo por fim o interesse no conhecimento transmitido. Interessou-se pelas matérias e apresentou um modo de estar exemplar, gostou do modo como a escola funciona. Começou a estudar e a mostrar interesses mais específicos, como podem ver pelo discurso. Esta pessoa humana podia e devia ser incentivada e as suas energias serem canalizadas para desenvolver as suas preferências, embora prosseguindo a instrução das outras matérias essenciais. O seu poder criativo devia ser acarinhado e estimulado para que se pudesse desenvolver sem entraves nem limites. Já o meu filho mais novo antes de andar já gatinhava até à fechadura e trepava a porta para experimentar o mecanismo. Se apanhava um comando os botões eram todos dele. Um dia caiu-lhe um comando ao chão e desfez-se em bocados. Estava apressada e saí incapaz de resolver o problema. Quando voltei estava a funcionar e via-se televisão. Sempre teve genes de mexer com estas coisas fantásticas das tecnologias, como se tivesse nascido para isso. Mas vão ser-lhe facultadas as formas de se exprimir? Agora são os computadores e os jogos da playstation. Impossível de moderar. Salta de uns para os outros pela casa ou então anda de fisga atrás do cão ou a dar saltos como um macaco. Assim que começou a saber as palavras soletrava-as sem se enganar. Por isso dá poucos erros, como se nascesse ensinado a esse respeito. Na matemática aquilo ali não demora muito tempo a encontrar o resultado certo. Mas não estuda. Anda na tal escola onde ela andou. Gosta dos amigos mas não consegue ficar preso sempre aos mesmos e este ano partiu para outras amizades de interesses comuns. Não gosta de Ciências e História porque só estudando. Mas claro que com o facilitismo vigente lá tirou 3. Não estudou quase nada mas também não teve negativas. Teve 4 a Português e 4 a Matemática, o resto tudo 3. Talvez no fim tenha batido certo. Houve quem ficasse contente por ter melhores notas do que o irmão. É a competitividade. Não, isso não pode ser assim, tem que ser na base da cooperação. Uns não podem ascender colocando o pé na cabeça dos outros. Temos que avançar em conjunto dando o melhor. Como irmãos.
As férias têm sido péssimas para eles. Pouca saída de casa ou dos arredores. Agora vão libertar-se desse aperto, vão divertir-se num campo de férias. Quando era eu da idade deles ia para o campo, de férias, que é um conceito um pouco diferente. É a primeira vez que vão estar por sua conta e este ano ainda pertencem ao mesmo grupo. Vamos ver o que vai dar. Vai fazer-lhes bem mudar de ares.

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