Um engano grande e outro mais pequeno, o imutável número 43 e várias novidades para alunos e trabalhadores: covid-19, um balanço nacional

04-04-2020
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Afinal houve um engano. E, afinal, o considerável aumento de número de casos de infeção pelo novo coronavírus no Porto reportado na segunda-feira foi motivado por um erro - duplicação na contagem. Um erro que a Direção-geral da Saúde admitiu e que garante já estar a ser corrido. De agora em diante a recolha e contabilização dos dados passa a ser da responsabilidade da plataforma SINAVE, o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica.

Com a divulgação do boletim da DGS rapidamente se percebe que há uma série de números que foram corrigidos. O Porto é onde essas alterações são mais notórias: esta terça-feira estavam confirmados 462 casos no concelho, apesar de na segunda-feira ter sido divulgado que eram 941 (mais do dobro). Mas os erros também foram detectados noutros locais do país: em Lisboa, por exemplo, na segunda-feira eram dados como positivos 633 testes, enquanto esta terça-feira já eram 505.

Na habitual conferência de imprensa - e depois de fonte de DGS já o ter confirmado ao “Jornal de Notícias” -, o subdiretor-geral da Saúde admitiu que houve uma “duplicação dos casos no Porto” e explicou que em causa estava o facto de haver uma metodologia mista na recolha da informação, com dados reportados tanto pelas administrações regionais de saúde como pela plataforma SINAVE, na qual os médicos inserem dados sobre doentes.

Essa duplicação já foi corrigida, garantiu ainda Diogo Fonseca da Cruz, subdiretor-geral da Saúde, explicando que a partir de agora vão ser tidos em conta apenas os dados do SINAVE, “sistema utilizado para algumas doenças infecciosas que são consideradas de notificação obrigatória”.

De cada vez que há suspeita de doença infecciosa, o clínico utiliza esse sistema para notificar as autoridades de saúde locais e regionais de modo a “estabelecer-se mecanismos de atuação”. Este sistema “não avalia doentes nem faz o seguimento clínico destes doentes”, explicou ainda o subdiretor-geral da Saúde - “é um sistema de notificação de casos suspeitos”.

Portanto, o balanço desta terça-feira dá conta de 7.443 casos de covid-19 confirmados em Portugal, estando 627 pessoas internadas (188 em unidades de cuidados intensivos). O número de vítimas mortais voltou a aumentar e está fixado nos 160 (135 foram pessoas com mais de 70 anos).

Pelo menos desde sexta-feira que as recuperações não sofrem alterações: há 43 pessoas recuperadas. Porquê? “Em parte deve-se ao facto de se tratar de uma doença de convalescença lenta e também às notificações tardias, uma vez que a maior parte dos doentes trata-se no domicílio, o que pode originar um hiato em termos do conhecimento de casos de recuperação”, explicou António Lacerda Sales, secretário de Estado da Saúde, acrescentando que os doentes ficam “assintomáticos antes da cura mas demoram mais tempo até terem dois testes negativos”.

Também a questão da criação de uma cerca sanitária no Porto foi afastada por Lacerda Sales: “não há indicação por parte da autoridade da saúde, a medida não faz qualquer sentido neste momento”.

A esperança de Costa

O primeiro-ministro acredita que ainda pode ser possível reabrir as escolas neste ano letivo. Ao que o Expresso apurou, o impacto das medidas de contenção adotadas deixou os especialistas de Saúde otimistas na reunião com Governo, Presidente e partidos. A situação é reavaliada a 9 de abril e a opinião dos especialistas vai ser a que terá mais peso. No entanto, o dia 4 de maio é tido como o limite razoável para reabrir as escolas. Depois disso, sabe o Expresso, não fará sentido.

Já Marcelo Rebelo de Sousa remeteu para a semana uma possível nova orientação sobre a situação das escolas. Questionado sobre a possibilidade de voltar a haver aulas presenciais, o Presidente da República disse que “dia 7 haverá nova reunião, tendo como preocupação analisar os dados do passado recente e as previsões para o futuro”.

Marcelo referiu-se ao fecho das escolas como uma possível justificação para o abrandamento da taxa de crescimento da pandemia em Portugal. “Temos uma fixação em valores que podem vir a ser menos de metade, claramente menos de metade, em média, daqueles que se verificavam na primeira fase. E [isso] pode significar uma relação com o encerramento das escolas e com as medidas de contenção já adotadas”, defendeu.

Entretanto, ficou a saber-se esta terça-feira que as notas vão ser comunicadas diretamente aos alunos, uma vez que é impossível os estudantes deslocarem-se às escolas para consultarem as pautas, salvaguardando-se assim a “proteção de dados pessoas”, informou o Ministério da Educação.

Quanto a o 3º período, é certo que este arranca a 14 de abril sem aulas presenciais.

TAP e mais 3599 empresas já pediram lay-off

Algumas horas após o sindicato de pilotos ter anunciado aos associados as intenções da TAP, a transportadora aérea confirmou que vai avançar para lay-off para 90% dos trabalhadores, medida que vai afetar nove mil pessoas (vão receber dois terços da remuneração mensal fixa). A decisão é transversal a toda as categorias profissionais, desde pilotos, tripulação, passando pelo pessoal de terra. Os restantes 10% vão continuar a trabalhar mas com horário reduzido em 20% (que vão receber 80% do salário)

As medidas entram em vigor a 2 de abril por um período de 30 dias, que pode depois ser estendido.

Questionada sobre a situação da TAP, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social recusou “falar de casos concretos”. Em visita ao Hospital da Cruz Vermelha, onde inaugurou um novo sistema de triagem da covid-19, Ana Mendes Godinho confirmou apenas que ao Governo já chegaram 3600 pedidos de empresas para o novo mecanismo de lay-off, salientando que os objetivos dos apoios criados são “ajudar a criar condições para manter os empregos” e “minimizar o número de processo de despedimentos que existam”. “A ideia é não haver despedimentos ou extinção de postos nas empresas que recorram a estes mecanismos”, disse.

No anterior balanço, apresentado na segunda-feira, o Executivo dava conta de ter recebido até àquela altura 1400 pedidos.

Afinal houve um engano. E, afinal, o considerável aumento de número de casos de infeção pelo novo coronavírus no Porto reportado na segunda-feira foi motivado por um erro - duplicação na contagem. Um erro que a Direção-geral da Saúde admitiu e que garante já estar a ser corrido. De agora em diante a recolha e contabilização dos dados passa a ser da responsabilidade da plataforma SINAVE, o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica.

Com a divulgação do boletim da DGS rapidamente se percebe que há uma série de números que foram corrigidos. O Porto é onde essas alterações são mais notórias: esta terça-feira estavam confirmados 462 casos no concelho, apesar de na segunda-feira ter sido divulgado que eram 941 (mais do dobro). Mas os erros também foram detectados noutros locais do país: em Lisboa, por exemplo, na segunda-feira eram dados como positivos 633 testes, enquanto esta terça-feira já eram 505.

Na habitual conferência de imprensa - e depois de fonte de DGS já o ter confirmado ao “Jornal de Notícias” -, o subdiretor-geral da Saúde admitiu que houve uma “duplicação dos casos no Porto” e explicou que em causa estava o facto de haver uma metodologia mista na recolha da informação, com dados reportados tanto pelas administrações regionais de saúde como pela plataforma SINAVE, na qual os médicos inserem dados sobre doentes.

Essa duplicação já foi corrigida, garantiu ainda Diogo Fonseca da Cruz, subdiretor-geral da Saúde, explicando que a partir de agora vão ser tidos em conta apenas os dados do SINAVE, “sistema utilizado para algumas doenças infecciosas que são consideradas de notificação obrigatória”.

De cada vez que há suspeita de doença infecciosa, o clínico utiliza esse sistema para notificar as autoridades de saúde locais e regionais de modo a “estabelecer-se mecanismos de atuação”. Este sistema “não avalia doentes nem faz o seguimento clínico destes doentes”, explicou ainda o subdiretor-geral da Saúde - “é um sistema de notificação de casos suspeitos”.

Portanto, o balanço desta terça-feira dá conta de 7.443 casos de covid-19 confirmados em Portugal, estando 627 pessoas internadas (188 em unidades de cuidados intensivos). O número de vítimas mortais voltou a aumentar e está fixado nos 160 (135 foram pessoas com mais de 70 anos).

Pelo menos desde sexta-feira que as recuperações não sofrem alterações: há 43 pessoas recuperadas. Porquê? “Em parte deve-se ao facto de se tratar de uma doença de convalescença lenta e também às notificações tardias, uma vez que a maior parte dos doentes trata-se no domicílio, o que pode originar um hiato em termos do conhecimento de casos de recuperação”, explicou António Lacerda Sales, secretário de Estado da Saúde, acrescentando que os doentes ficam “assintomáticos antes da cura mas demoram mais tempo até terem dois testes negativos”.

Também a questão da criação de uma cerca sanitária no Porto foi afastada por Lacerda Sales: “não há indicação por parte da autoridade da saúde, a medida não faz qualquer sentido neste momento”.

A esperança de Costa

O primeiro-ministro acredita que ainda pode ser possível reabrir as escolas neste ano letivo. Ao que o Expresso apurou, o impacto das medidas de contenção adotadas deixou os especialistas de Saúde otimistas na reunião com Governo, Presidente e partidos. A situação é reavaliada a 9 de abril e a opinião dos especialistas vai ser a que terá mais peso. No entanto, o dia 4 de maio é tido como o limite razoável para reabrir as escolas. Depois disso, sabe o Expresso, não fará sentido.

Já Marcelo Rebelo de Sousa remeteu para a semana uma possível nova orientação sobre a situação das escolas. Questionado sobre a possibilidade de voltar a haver aulas presenciais, o Presidente da República disse que “dia 7 haverá nova reunião, tendo como preocupação analisar os dados do passado recente e as previsões para o futuro”.

Marcelo referiu-se ao fecho das escolas como uma possível justificação para o abrandamento da taxa de crescimento da pandemia em Portugal. “Temos uma fixação em valores que podem vir a ser menos de metade, claramente menos de metade, em média, daqueles que se verificavam na primeira fase. E [isso] pode significar uma relação com o encerramento das escolas e com as medidas de contenção já adotadas”, defendeu.

Entretanto, ficou a saber-se esta terça-feira que as notas vão ser comunicadas diretamente aos alunos, uma vez que é impossível os estudantes deslocarem-se às escolas para consultarem as pautas, salvaguardando-se assim a “proteção de dados pessoas”, informou o Ministério da Educação.

Quanto a o 3º período, é certo que este arranca a 14 de abril sem aulas presenciais.

TAP e mais 3599 empresas já pediram lay-off

Algumas horas após o sindicato de pilotos ter anunciado aos associados as intenções da TAP, a transportadora aérea confirmou que vai avançar para lay-off para 90% dos trabalhadores, medida que vai afetar nove mil pessoas (vão receber dois terços da remuneração mensal fixa). A decisão é transversal a toda as categorias profissionais, desde pilotos, tripulação, passando pelo pessoal de terra. Os restantes 10% vão continuar a trabalhar mas com horário reduzido em 20% (que vão receber 80% do salário)

As medidas entram em vigor a 2 de abril por um período de 30 dias, que pode depois ser estendido.

Questionada sobre a situação da TAP, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social recusou “falar de casos concretos”. Em visita ao Hospital da Cruz Vermelha, onde inaugurou um novo sistema de triagem da covid-19, Ana Mendes Godinho confirmou apenas que ao Governo já chegaram 3600 pedidos de empresas para o novo mecanismo de lay-off, salientando que os objetivos dos apoios criados são “ajudar a criar condições para manter os empregos” e “minimizar o número de processo de despedimentos que existam”. “A ideia é não haver despedimentos ou extinção de postos nas empresas que recorram a estes mecanismos”, disse.

No anterior balanço, apresentado na segunda-feira, o Executivo dava conta de ter recebido até àquela altura 1400 pedidos.

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