Falta de bilhetes nos transportes de Lisboa só fica resolvida no fim do ano

12-06-2020
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Neste momento não é possível a venda do cartão Sete Colinas. Desculpe o incómodo.” A mensagem vai aparecendo nas várias máquinas de venda automática que se encontram nas paragens de metro de Lisboa. Cais do Sodré, Parque, Marquês do Pombal foram as paragens por onde o Expresso passou na manhã desta quarta-feira e em todas as máquinas obteve a mesma resposta: é impossível obter um cartão Viva Viagem ou Sete Colinas (o cartão tem as duas designações). Quem quer comprar um tem de fazê-lo à moda antiga - nas bilheteiras (quando as há). No Cais e no Marquês, uma dúzia de pessoas fazem fila à frente das bilheteiras. De mala de viagem na mão, Laurinda Barata é uma delas. “Não sabia que não era possível comprar bilhetes nas máquinas”, diz, justificando com o facto de não utilizar diariamente o metro, por viver na Parede. Mas acaba por recordar que, “há uns dias”, foi confrontada com o mesmo problema no Alto dos Moinhos. “E aí não havia bilheteira, tive de falar com um funcionário através do intercomunicador.” O mesmo na Praça de Espanha: nas máquinas não conseguia comprar um cartão, o que a obrigou “a ir à outra ponta da estação” para encontrar uma bilheteira aberta.

antónio bernardo

A origem do problema com os Viva Viagem está num atraso na entrega de rolos de papel por parte da ASK, empresa francesa com clientes à escala mundial que desenha e produz soluções sem contacto para o sector dos transportes, entre outros. Quem o garante ao Expresso é Henriques Coelho, responsável de marketing e exploração na OTLIS - Operadores de Transportes da Região de Lisboa, que gere a bilhética da Transportes de Lisboa (Metro, Carris e Transtejo). “A ASK encerrou a fábrica que tinha na China, sem qualquer aviso prévio, acabando por atrasar as encomendas.” Henriques Coelho diz não saber por que motivo a ASK encerrou a fábrica, mas recorda que os primeiros sinais de que “algo se passava” foram dados em julho, quando o Porto teve uma rutura de stock de títulos Andante. Contactada pelo Expresso, a ASK recusou-se a prestar declarações. As dificuldades na compra de cartões Viva Viagem (que neste momento se limitam à compra de cartões nas máquinas automáticas e não ao recarregamento) irão persistir até novembro ou dezembro, mas devem “melhorar substancialmente” já em outubro, garante a OTLIS. “Serão três meses de caos”, diz, por sua vez, José Manuel Oliveira, coordenador da Fectrans - Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações.

antónio bernardo

Ao ser informada pela OTLIS que se previam falhas nas entregas das encomendas de rolos de papel para o Viva Viagem, a Transportes de Lisboa procurou também encontrar soluções para minimizar os impactos nos passageiros. Houve até um plenário de trabalhadores onde estes se disponibilizaram para alterar férias ou horários de modo a reforçar as bilheteiras nas várias paragens. “Tem havido alguma disponibilidade e esforço por parte dos trabalhadores nas bilheteiras”, que estão sujeitos “a uma grande pressão por parte dos clientes”, afirma José Manuel Oliveira. O coordenador da Fectrans defende que os problemas nos transportes de Lisboa não se limitam à bilhética - decorrem “do desinvestimento no sector, para o qual a Fectrans tem vindo a alertar”, resultando numa “menor oferta, mais cara e de pior qualidade”. Contactada pelo Expresso, a Transportes de Lisboa diz que os clientes que necessitam de adquirir este tipo de bilhetes (ou seja, todos aqueles que não utilizam passes, turistas incluídos, nem têm cartões Viva Viagem dentro da validade) representam menos de 10% dos clientes diários do Metropolitano de Lisboa. Os restantes “não serão afetados pelas perturbações ao nível do fornecimento de cartões Viva Viagem.” A Transportes de Lisboa diz estar a gerir o stock existente de cartões para venda automática de forma a minimizar o problema, prevendo que o atraso na entrega de cartões “apenas venha a afetar as máquinas de venda automática”. Como primeira resposta, decidiu apostar na venda de bilhetes à moda antiga e colocou “em todas as estações do metro de Lisboa postos de venda” de títulos ocasionais. Também a OTLIS, à semelhança do que aconteceu no Porto, diz que vai implementar um novo suporte que não exija dependência de um único fornecedor.

antónio bernardo

Porto, o primeiro sinal de alerta Depois de em finais de julho e início de agosto as estações centrais da Baixa do Porto e do aeroporto terem entrado em rutura de stock de títulos Andante, a situação foi entretanto regularizada com a entrega de uma remessa de 300 mil bilhetes da ASK e contratos de encomendas menores com vários fornecedores. De acordo com fonte dos Transportes Intermodais do Porto (TIP), a falha ficou a dever-se ao atraso de uma encomenda de bilhética Andante numa altura de grande pressão da procura no metro da cidade, causando enorme constrangimento aos turistas e locais durante duas semanas, que, sem hipótese de comprar bilhetes, optaram por recorrer aos autocarros da STCP ou andar de metro à borla. “Tratou-se de uma rutura temporária numa altura de boom turístico, tendo a TIP ficado sem alternativas de reposição de stock por se tratar de um mercado específico, mesmo a nível internacional”, referiu ao Expresso Jorge Delgado, presidente do conselho de administração da Metro do Porto e STCP.

antónio bernardo

O PCP/Porto imputou a culpa aos Transportes Intermodais do Porto (TIP). O partido já havia criticado a empresa por acabar com a compra e o carregamento de bilhetes nas Payshop, sem abrir novos balcões Andante, fechados aos sábados à tarde e domingos. Para evitar novos cenários de carência face à procura de cerca de quatro milhões de títulos Andante por ano, a empresa deixou de contratar em exclusivo. A falha temporária de verão acabou por ser minimizada com o desvio de bilhetes das máquinas de estações menos frequentadas para as de maior procura, nomeadamente Trindade, Aliados, São Bento e Aeroporto Francisco Sá Carneiro. Paulo Milheiro, da Federação dos Sindicatos Rodoviários, adianta que a situação foi ainda colmatada através da “reciclagem de 1.500 cartões que se encontravam fora de circulação”. O crescimento no número de passageiros em 2016 é da ordem dos 0,7% face a 2015, prevendo a Metro do Porto chegar ao final do ano com a melhor procura de sempre, perto dos 60 milhões de passageiros. Desde a inauguração do Metro em 2003, a procura foi sempre em crescendo, exceção feita ao magro ano de 2012.

Neste momento não é possível a venda do cartão Sete Colinas. Desculpe o incómodo.” A mensagem vai aparecendo nas várias máquinas de venda automática que se encontram nas paragens de metro de Lisboa. Cais do Sodré, Parque, Marquês do Pombal foram as paragens por onde o Expresso passou na manhã desta quarta-feira e em todas as máquinas obteve a mesma resposta: é impossível obter um cartão Viva Viagem ou Sete Colinas (o cartão tem as duas designações). Quem quer comprar um tem de fazê-lo à moda antiga - nas bilheteiras (quando as há). No Cais e no Marquês, uma dúzia de pessoas fazem fila à frente das bilheteiras. De mala de viagem na mão, Laurinda Barata é uma delas. “Não sabia que não era possível comprar bilhetes nas máquinas”, diz, justificando com o facto de não utilizar diariamente o metro, por viver na Parede. Mas acaba por recordar que, “há uns dias”, foi confrontada com o mesmo problema no Alto dos Moinhos. “E aí não havia bilheteira, tive de falar com um funcionário através do intercomunicador.” O mesmo na Praça de Espanha: nas máquinas não conseguia comprar um cartão, o que a obrigou “a ir à outra ponta da estação” para encontrar uma bilheteira aberta.

antónio bernardo

A origem do problema com os Viva Viagem está num atraso na entrega de rolos de papel por parte da ASK, empresa francesa com clientes à escala mundial que desenha e produz soluções sem contacto para o sector dos transportes, entre outros. Quem o garante ao Expresso é Henriques Coelho, responsável de marketing e exploração na OTLIS - Operadores de Transportes da Região de Lisboa, que gere a bilhética da Transportes de Lisboa (Metro, Carris e Transtejo). “A ASK encerrou a fábrica que tinha na China, sem qualquer aviso prévio, acabando por atrasar as encomendas.” Henriques Coelho diz não saber por que motivo a ASK encerrou a fábrica, mas recorda que os primeiros sinais de que “algo se passava” foram dados em julho, quando o Porto teve uma rutura de stock de títulos Andante. Contactada pelo Expresso, a ASK recusou-se a prestar declarações. As dificuldades na compra de cartões Viva Viagem (que neste momento se limitam à compra de cartões nas máquinas automáticas e não ao recarregamento) irão persistir até novembro ou dezembro, mas devem “melhorar substancialmente” já em outubro, garante a OTLIS. “Serão três meses de caos”, diz, por sua vez, José Manuel Oliveira, coordenador da Fectrans - Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações.

antónio bernardo

Ao ser informada pela OTLIS que se previam falhas nas entregas das encomendas de rolos de papel para o Viva Viagem, a Transportes de Lisboa procurou também encontrar soluções para minimizar os impactos nos passageiros. Houve até um plenário de trabalhadores onde estes se disponibilizaram para alterar férias ou horários de modo a reforçar as bilheteiras nas várias paragens. “Tem havido alguma disponibilidade e esforço por parte dos trabalhadores nas bilheteiras”, que estão sujeitos “a uma grande pressão por parte dos clientes”, afirma José Manuel Oliveira. O coordenador da Fectrans defende que os problemas nos transportes de Lisboa não se limitam à bilhética - decorrem “do desinvestimento no sector, para o qual a Fectrans tem vindo a alertar”, resultando numa “menor oferta, mais cara e de pior qualidade”. Contactada pelo Expresso, a Transportes de Lisboa diz que os clientes que necessitam de adquirir este tipo de bilhetes (ou seja, todos aqueles que não utilizam passes, turistas incluídos, nem têm cartões Viva Viagem dentro da validade) representam menos de 10% dos clientes diários do Metropolitano de Lisboa. Os restantes “não serão afetados pelas perturbações ao nível do fornecimento de cartões Viva Viagem.” A Transportes de Lisboa diz estar a gerir o stock existente de cartões para venda automática de forma a minimizar o problema, prevendo que o atraso na entrega de cartões “apenas venha a afetar as máquinas de venda automática”. Como primeira resposta, decidiu apostar na venda de bilhetes à moda antiga e colocou “em todas as estações do metro de Lisboa postos de venda” de títulos ocasionais. Também a OTLIS, à semelhança do que aconteceu no Porto, diz que vai implementar um novo suporte que não exija dependência de um único fornecedor.

antónio bernardo

Porto, o primeiro sinal de alerta Depois de em finais de julho e início de agosto as estações centrais da Baixa do Porto e do aeroporto terem entrado em rutura de stock de títulos Andante, a situação foi entretanto regularizada com a entrega de uma remessa de 300 mil bilhetes da ASK e contratos de encomendas menores com vários fornecedores. De acordo com fonte dos Transportes Intermodais do Porto (TIP), a falha ficou a dever-se ao atraso de uma encomenda de bilhética Andante numa altura de grande pressão da procura no metro da cidade, causando enorme constrangimento aos turistas e locais durante duas semanas, que, sem hipótese de comprar bilhetes, optaram por recorrer aos autocarros da STCP ou andar de metro à borla. “Tratou-se de uma rutura temporária numa altura de boom turístico, tendo a TIP ficado sem alternativas de reposição de stock por se tratar de um mercado específico, mesmo a nível internacional”, referiu ao Expresso Jorge Delgado, presidente do conselho de administração da Metro do Porto e STCP.

antónio bernardo

O PCP/Porto imputou a culpa aos Transportes Intermodais do Porto (TIP). O partido já havia criticado a empresa por acabar com a compra e o carregamento de bilhetes nas Payshop, sem abrir novos balcões Andante, fechados aos sábados à tarde e domingos. Para evitar novos cenários de carência face à procura de cerca de quatro milhões de títulos Andante por ano, a empresa deixou de contratar em exclusivo. A falha temporária de verão acabou por ser minimizada com o desvio de bilhetes das máquinas de estações menos frequentadas para as de maior procura, nomeadamente Trindade, Aliados, São Bento e Aeroporto Francisco Sá Carneiro. Paulo Milheiro, da Federação dos Sindicatos Rodoviários, adianta que a situação foi ainda colmatada através da “reciclagem de 1.500 cartões que se encontravam fora de circulação”. O crescimento no número de passageiros em 2016 é da ordem dos 0,7% face a 2015, prevendo a Metro do Porto chegar ao final do ano com a melhor procura de sempre, perto dos 60 milhões de passageiros. Desde a inauguração do Metro em 2003, a procura foi sempre em crescendo, exceção feita ao magro ano de 2012.

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