Numa altura em que, mais do que nunca, é preciso alertar pais, alunos e população para o estado de coisas que se vive na educação, alguém atento lembrou este excerto da entrevista de Medina Carreira à Sic em Julho passado: JGF - Mas na educação há, pelo menos, a avaliação dos professores… MC – Mas você acredita nisso? JGF – Pelo menos, oficialmente, está aprovada…. MC - Oiça, eu nem quero falar da educação, porque as crianças, os jovens de hoje, eles não perceberam que se deviam revoltar contra os políticos. Os políticos estão a hipotecar o futuro deles. (…) A ministra não percebeu o que estava a fazer, porque ela quis pôr os professores na ordem mantendo os alunos indisciplinados (…) A primeira coisa era pôr ordem nas aulas. Se os pais tivessem a noção do mal que estão a fazer aos filhos e se os filhos tivessem a noção da hipoteca que os políticos estão a lançar sobre eles no futuro - vão ficar uns ignorantes a maior parte dos casos - eles já tinham vindo para a rua protestar. Não eram os sindicatos, eram os meninos. GF - O que o Sr. está a referir já não é um problema de governação ou de relação entre governados e governantes. MC – É sobre quê? GF - É mais vasto, é civilizacional… é da organização do país e da relação de civilidade entre as pessoas. MC - Se você disser aos pais e aos meninos: "Bom, isto é civilizacional, somos todos uns selvagenzitos, não é para aprendermos coisa nenhuma, nem saber contar, nem escrever, nem falar, nem pensar , mas isto vai-lhes sair muito caro". Agora era dizer-lhes isso, não era dizer: eles são todos uns ignorantes mas os exames estão a dar melhores resultados com progressos brutais de um ano para o outro. Isto é tudo uma mentira, ninguém acredita. (...) O problema é este: aqueles que precisavam de ser objecto de exigência e aprendizagem – que são aqueles das classes mais baixas – eles vão ficar tão preparados que serão de classes mais baixas amanhã e os seus filhos (de [GF] serão de uma classe média, como a minha filha é. É que nós estamos a manter esta estratificação exactamente não ensinando àqueles aos quais precisaríamos de exigir – porque aqueles que estão em baixo é que precisam de ser trazidos para cima. Não é dizer "Coitadinhos, não aprendam nada, vocês não têm culpa de nada, são uns desgraçadinhos…" Não, não, esses é que têm de ser puxados, não são os seus filhos. GF – E esses fariam o país progredir? MC – Exactamente, esses é que precisam... GF – E o sistema como está não os ajuda? MC - Você não me obrigue a ser eu a interrogá-lo. Eu deixei de ensinar porque estava farto de ignorantes. Eles não sabiam falar, não sabiam escrever, erros uns a seguir aos outros… Aliás hoje alguns ministros têm dificuldade em articular, o vocabulário é escasso, a gaguez é imensa, há uns « supônhamos» que saem assim um bocadinho descuidados…Ninguém quer denunciar porque isto não é simpático, é melhor andarmo-nos a abraçar uns aos outros. Não vamos longe com esta falta de qualidade!(recebido por mail)
Numa altura em que, mais do que nunca, é preciso alertar pais, alunos e população para o estado de coisas que se vive na educação, alguém atento lembrou este excerto da entrevista de Medina Carreira à Sic em Julho passado: JGF - Mas na educação há, pelo menos, a avaliação dos professores… MC – Mas você acredita nisso? JGF – Pelo menos, oficialmente, está aprovada…. MC - Oiça, eu nem quero falar da educação, porque as crianças, os jovens de hoje, eles não perceberam que se deviam revoltar contra os políticos. Os políticos estão a hipotecar o futuro deles. (…) A ministra não percebeu o que estava a fazer, porque ela quis pôr os professores na ordem mantendo os alunos indisciplinados (…) A primeira coisa era pôr ordem nas aulas. Se os pais tivessem a noção do mal que estão a fazer aos filhos e se os filhos tivessem a noção da hipoteca que os políticos estão a lançar sobre eles no futuro - vão ficar uns ignorantes a maior parte dos casos - eles já tinham vindo para a rua protestar. Não eram os sindicatos, eram os meninos. GF - O que o Sr. está a referir já não é um problema de governação ou de relação entre governados e governantes. MC – É sobre quê? GF - É mais vasto, é civilizacional… é da organização do país e da relação de civilidade entre as pessoas. MC - Se você disser aos pais e aos meninos: "Bom, isto é civilizacional, somos todos uns selvagenzitos, não é para aprendermos coisa nenhuma, nem saber contar, nem escrever, nem falar, nem pensar , mas isto vai-lhes sair muito caro". Agora era dizer-lhes isso, não era dizer: eles são todos uns ignorantes mas os exames estão a dar melhores resultados com progressos brutais de um ano para o outro. Isto é tudo uma mentira, ninguém acredita. (...) O problema é este: aqueles que precisavam de ser objecto de exigência e aprendizagem – que são aqueles das classes mais baixas – eles vão ficar tão preparados que serão de classes mais baixas amanhã e os seus filhos (de [GF] serão de uma classe média, como a minha filha é. É que nós estamos a manter esta estratificação exactamente não ensinando àqueles aos quais precisaríamos de exigir – porque aqueles que estão em baixo é que precisam de ser trazidos para cima. Não é dizer "Coitadinhos, não aprendam nada, vocês não têm culpa de nada, são uns desgraçadinhos…" Não, não, esses é que têm de ser puxados, não são os seus filhos. GF – E esses fariam o país progredir? MC – Exactamente, esses é que precisam... GF – E o sistema como está não os ajuda? MC - Você não me obrigue a ser eu a interrogá-lo. Eu deixei de ensinar porque estava farto de ignorantes. Eles não sabiam falar, não sabiam escrever, erros uns a seguir aos outros… Aliás hoje alguns ministros têm dificuldade em articular, o vocabulário é escasso, a gaguez é imensa, há uns « supônhamos» que saem assim um bocadinho descuidados…Ninguém quer denunciar porque isto não é simpático, é melhor andarmo-nos a abraçar uns aos outros. Não vamos longe com esta falta de qualidade!(recebido por mail)