O Pafúncio: Livros para que vos quero

16-03-2020
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Imagem daquiHoje ia a passar no gradeamento do jardim, entre a Junta de Freguesia e a Biblioteca Municipal e estavam livros no muro em frente ao contentor do lixo. Fui ver o que era: vários volumes de uma edição antiga de Os Gatos do Fialho de Almeida, uns livros políticos datados e O Regresso do Conde de Abranhos do Artur Portela Filho. Trouxe comigo este último, não trouxe Os Gatos porque já tinha uma edição completa e aquela não estava; além disso faltava a primeira página a um, noutro estava a cair... Mas quando vim o caminho de volta pensei em ir buscá-los e em entregá-los na loja de Reinserção Social. Já lá não estavam, apenas um do julgamento do Vasco Lourenço ou do Sanches Osório. Entreguei este último mas talvez ainda o vá lá comprar. Quanto aos volumes desirmanados de Os Gatos, que façam muito bom proveito a quem os levou dali.Trazer este livro já valeu só pelo pouco que li: a incursão do Conde de Abranhos na Conferência de Berlim, o seu discurso e as situações que se criam são hilariantes, assim como a conclusão tirada pelos pasquins portugueses. Mostra bem o que já era a Europa e a relação que mantinhamos com ela. Bismark, Disraeli e Thiers, os deuses ex-machina inacessíveis que surgem apenas para firmar os tratados que nos tramam; a delegação portuguesa no tempo em que ainda havia os Condes de Abranhos, cães que ainda ladravam mas já não mordiam. E a bajulação, a sabujice, sempre a acompanhar.Este é certamente um livro menor não entrará jamais nos cânones da Literatura Portuguesa. Nos tempos que correm mais depressa lá colocariam uma Isabel Alçada ou um guião dos Morangos com Açucar. Gosto de livros assim, que me vêm parar às mãos por acaso. Sempre lidei bem com o acaso, como se fosse uma espécie de sinal que depende da minha capacidade de interpretação, de decifração, de leitura.Por isso não resisto a livros abandonados.


Imagem daquiHoje ia a passar no gradeamento do jardim, entre a Junta de Freguesia e a Biblioteca Municipal e estavam livros no muro em frente ao contentor do lixo. Fui ver o que era: vários volumes de uma edição antiga de Os Gatos do Fialho de Almeida, uns livros políticos datados e O Regresso do Conde de Abranhos do Artur Portela Filho. Trouxe comigo este último, não trouxe Os Gatos porque já tinha uma edição completa e aquela não estava; além disso faltava a primeira página a um, noutro estava a cair... Mas quando vim o caminho de volta pensei em ir buscá-los e em entregá-los na loja de Reinserção Social. Já lá não estavam, apenas um do julgamento do Vasco Lourenço ou do Sanches Osório. Entreguei este último mas talvez ainda o vá lá comprar. Quanto aos volumes desirmanados de Os Gatos, que façam muito bom proveito a quem os levou dali.Trazer este livro já valeu só pelo pouco que li: a incursão do Conde de Abranhos na Conferência de Berlim, o seu discurso e as situações que se criam são hilariantes, assim como a conclusão tirada pelos pasquins portugueses. Mostra bem o que já era a Europa e a relação que mantinhamos com ela. Bismark, Disraeli e Thiers, os deuses ex-machina inacessíveis que surgem apenas para firmar os tratados que nos tramam; a delegação portuguesa no tempo em que ainda havia os Condes de Abranhos, cães que ainda ladravam mas já não mordiam. E a bajulação, a sabujice, sempre a acompanhar.Este é certamente um livro menor não entrará jamais nos cânones da Literatura Portuguesa. Nos tempos que correm mais depressa lá colocariam uma Isabel Alçada ou um guião dos Morangos com Açucar. Gosto de livros assim, que me vêm parar às mãos por acaso. Sempre lidei bem com o acaso, como se fosse uma espécie de sinal que depende da minha capacidade de interpretação, de decifração, de leitura.Por isso não resisto a livros abandonados.

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