"Teria sido preferível pedir ajuda depois das eleições"

03-12-2019
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O primeiro-ministro afirmou hoje que, após a abertura da crise política, procurou adiar ao máximo o pedido de ajuda externa para que este programa fosse negociado já por um Governo legitimado resultante das eleições.

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A posição de José Sócrates foi assumida em entrevista à 'TVI', feita à partir da residência oficial de São Bento, na qual também negou divergências com o seu ministro de Estado e das Finanças, considerando mesmo que contará com o "amigo" Teixeira dos Santos "para toda a vida".

Interrogado pela jornalista Judite de Sousa sobre os motivos que adiou o pedido de ajuda externa já após a rejeição do Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) na Assembleia da República e a consequente abertura de crise política, José Sócrates respondeu que sempre achou que, "se fosse possível financiar, quer o Estado, quer as nossas instituições bancárias, até haver eleições, teria sido preferível pedir ajuda depois das eleições".

"Durante um ano e meio fiz tudo para que isso não acontecesse"

"Dessa forma tudo o que se está a passar agora ocorreria com um Governo legitimado e não por um Governo de gestão. Durante um ano e meio fiz tudo para que isso não acontecesse e dei o meu melhor para que isso não acontecesse", declarou.

Ainda sobre o momento em que tomou a decisão de pedir ajuda externa, o primeiro-ministro situou-a no momento em que se verificou que "abruptamente os juros tinham subido muito e, principalmente, quando a desvalorização do rating dos bancos os colocou numa situação de dificuldade ao nível do financiamento".

"A verdade é que os nossos bancos tinham já dificuldade em financiar-se junto do Banco Central Europeu (BCE). Isso poria Portugal exposto a riscos que achei que não podíamos continuar a correr - e esses riscos são muito rápidos", justificou.

Sócrates nega divergências com Teixeira dos Santos

Em dois períodos distintos da entrevista, José Sócrates foi questionado sobre as suas relações com o ministro de Estado e das Finanças.

Sócrates começou por negar que tenha havido qualquer divergência com o ministro de Estado e das Finanças em relação ao timing para o pedido de ajuda externa.

De acordo com a versão do líder do executivo, no dia em que Teixeira dos Santos defendeu em entrevista ao 'Jornal de Negócios' a necessidade de pedir ajuda externa já antes o ministro dos Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão, tinha aberto essa porta e ele próprio tinha previsto o anúncio ao país dessa decisão.

Sócrates também procurou retirar qualquer significado político ao facto de Teixeira dos Santos não fazer parte das listas de deputados do PS, considerando o ministro de Estado e das Finanças como seu amigo e frisando que contará com ele "para toda a vida".

Classificou ainda como "intriga" a ideia que o ministro das Finanças se encontre subalternizado nas negociações com a "troika" europeu, dizendo que ele lidera a delegação do Governo e que o ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, tem o papel de coordenação no diálogo com o Presidente da República e com as diferentes forças partidárias.

Entendimento PS/PSD "possível e desejável"

O líder socialista salientou a importância de os políticos porem de lado as questões pessoais e referiu que está disposto a entender-se com os sociais-democratas "qualquer que seja o líder do PSD".

O primeiro-ministro afirmou hoje que está disponível para entendimentos com qualquer que seja o líder do PSD e lamentou que Pedro Passos Coelho não perceba os apelos à unidade e os confunda com uma ideia de União Nacional.

Na entrevista, Sócrates considerou "não só possível como desejável um entendimento entre PS, PSD e outros partidos que se disponham a cooperar".

A seguir, lamentou que o presidente do PSD, aparentemente, não tenha percebido os apelos ao diálogo feitos pelo chefe de Estado, Cavaco Silva e pelos ex-Presidentes da República.

"Ninguém falou em União Nacional"

"Ninguém falou em União Nacional. O doutor Pedro Passos Coelho parece não ter percebido aquilo que foi dito, porque a União Nacional foi fruto de uma ditadura. Do que se falou foi de unidade, preservar um espaço de entendimento, de consenso que permita ao país enfrentar as dificuldades que tem", disse.

Neste ponto, o líder socialista salientou a importância de os políticos porem de lado as questões pessoais e referiu que está disposto a entender-se com os sociais-democratas "qualquer que seja o líder do PSD".

Depois deste sinal de abertura, Sócrates deixou uma dura crítica ao PSD por fazer depender a concertação política de um seu eventual abandono da liderança do PS.

"Esse comportamento é verdadeiramente inusitado, porque nos últimos 37 anos da nossa democracia nunca nenhum partido definiu condições para um entendimento com outro baseado na mudança de liderança do outro", declarou, antes de caraterizar a atitude dos sociais-democratas como de "mau gosto".

"Cheguei ao Governo não foi pela escada de serviço"

"Cheguei ao Governo não foi pela escada de serviço, ganhei eleições. Essa atitude [do PSD] não tem nada de democrático", referiu.

O primeiro-ministro voltou a criticar o PSD, insurgindo-se com o teor das cartas públicas que têm sido dirigidas ao Governo a exigir dados suplementares sobre as contas públicas.

"Essa atitude do PS nem tenho palavras para a classificar, pois visa apenas fazer guerrilha ao Governo num momento destes [negociações com a troika europeia]. É inacreditável que, ao longo destas semanas, o PSD apenas se tenha preocupado em levantar suspeitas sobre o país e as instituições, dúvidas e incertezas, quando ainda hoje o Eurostat validou as contas portuguesas", afirmou.

Cavaco não deve ser chamado

Em relação ao resultado das negociações com o Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu, o primeiro-ministro referiu-se à condição de o atual Governo estar em gestão, razão pela qual disse que o programa de ajustamento terá de merecer o acordo dos partidos do arco governativo.

Já em relação ao papel do Presidente da República no decurso das negociações, o líder do executivo disse gostaria que Cavaco Silva "fosse colocado acima de tudo isto".

O primeiro-ministro afirmou hoje que, após a abertura da crise política, procurou adiar ao máximo o pedido de ajuda externa para que este programa fosse negociado já por um Governo legitimado resultante das eleições.

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A posição de José Sócrates foi assumida em entrevista à 'TVI', feita à partir da residência oficial de São Bento, na qual também negou divergências com o seu ministro de Estado e das Finanças, considerando mesmo que contará com o "amigo" Teixeira dos Santos "para toda a vida".

Interrogado pela jornalista Judite de Sousa sobre os motivos que adiou o pedido de ajuda externa já após a rejeição do Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) na Assembleia da República e a consequente abertura de crise política, José Sócrates respondeu que sempre achou que, "se fosse possível financiar, quer o Estado, quer as nossas instituições bancárias, até haver eleições, teria sido preferível pedir ajuda depois das eleições".

"Durante um ano e meio fiz tudo para que isso não acontecesse"

"Dessa forma tudo o que se está a passar agora ocorreria com um Governo legitimado e não por um Governo de gestão. Durante um ano e meio fiz tudo para que isso não acontecesse e dei o meu melhor para que isso não acontecesse", declarou.

Ainda sobre o momento em que tomou a decisão de pedir ajuda externa, o primeiro-ministro situou-a no momento em que se verificou que "abruptamente os juros tinham subido muito e, principalmente, quando a desvalorização do rating dos bancos os colocou numa situação de dificuldade ao nível do financiamento".

"A verdade é que os nossos bancos tinham já dificuldade em financiar-se junto do Banco Central Europeu (BCE). Isso poria Portugal exposto a riscos que achei que não podíamos continuar a correr - e esses riscos são muito rápidos", justificou.

Sócrates nega divergências com Teixeira dos Santos

Em dois períodos distintos da entrevista, José Sócrates foi questionado sobre as suas relações com o ministro de Estado e das Finanças.

Sócrates começou por negar que tenha havido qualquer divergência com o ministro de Estado e das Finanças em relação ao timing para o pedido de ajuda externa.

De acordo com a versão do líder do executivo, no dia em que Teixeira dos Santos defendeu em entrevista ao 'Jornal de Negócios' a necessidade de pedir ajuda externa já antes o ministro dos Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão, tinha aberto essa porta e ele próprio tinha previsto o anúncio ao país dessa decisão.

Sócrates também procurou retirar qualquer significado político ao facto de Teixeira dos Santos não fazer parte das listas de deputados do PS, considerando o ministro de Estado e das Finanças como seu amigo e frisando que contará com ele "para toda a vida".

Classificou ainda como "intriga" a ideia que o ministro das Finanças se encontre subalternizado nas negociações com a "troika" europeu, dizendo que ele lidera a delegação do Governo e que o ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, tem o papel de coordenação no diálogo com o Presidente da República e com as diferentes forças partidárias.

Entendimento PS/PSD "possível e desejável"

O líder socialista salientou a importância de os políticos porem de lado as questões pessoais e referiu que está disposto a entender-se com os sociais-democratas "qualquer que seja o líder do PSD".

O primeiro-ministro afirmou hoje que está disponível para entendimentos com qualquer que seja o líder do PSD e lamentou que Pedro Passos Coelho não perceba os apelos à unidade e os confunda com uma ideia de União Nacional.

Na entrevista, Sócrates considerou "não só possível como desejável um entendimento entre PS, PSD e outros partidos que se disponham a cooperar".

A seguir, lamentou que o presidente do PSD, aparentemente, não tenha percebido os apelos ao diálogo feitos pelo chefe de Estado, Cavaco Silva e pelos ex-Presidentes da República.

"Ninguém falou em União Nacional"

"Ninguém falou em União Nacional. O doutor Pedro Passos Coelho parece não ter percebido aquilo que foi dito, porque a União Nacional foi fruto de uma ditadura. Do que se falou foi de unidade, preservar um espaço de entendimento, de consenso que permita ao país enfrentar as dificuldades que tem", disse.

Neste ponto, o líder socialista salientou a importância de os políticos porem de lado as questões pessoais e referiu que está disposto a entender-se com os sociais-democratas "qualquer que seja o líder do PSD".

Depois deste sinal de abertura, Sócrates deixou uma dura crítica ao PSD por fazer depender a concertação política de um seu eventual abandono da liderança do PS.

"Esse comportamento é verdadeiramente inusitado, porque nos últimos 37 anos da nossa democracia nunca nenhum partido definiu condições para um entendimento com outro baseado na mudança de liderança do outro", declarou, antes de caraterizar a atitude dos sociais-democratas como de "mau gosto".

"Cheguei ao Governo não foi pela escada de serviço"

"Cheguei ao Governo não foi pela escada de serviço, ganhei eleições. Essa atitude [do PSD] não tem nada de democrático", referiu.

O primeiro-ministro voltou a criticar o PSD, insurgindo-se com o teor das cartas públicas que têm sido dirigidas ao Governo a exigir dados suplementares sobre as contas públicas.

"Essa atitude do PS nem tenho palavras para a classificar, pois visa apenas fazer guerrilha ao Governo num momento destes [negociações com a troika europeia]. É inacreditável que, ao longo destas semanas, o PSD apenas se tenha preocupado em levantar suspeitas sobre o país e as instituições, dúvidas e incertezas, quando ainda hoje o Eurostat validou as contas portuguesas", afirmou.

Cavaco não deve ser chamado

Em relação ao resultado das negociações com o Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu, o primeiro-ministro referiu-se à condição de o atual Governo estar em gestão, razão pela qual disse que o programa de ajustamento terá de merecer o acordo dos partidos do arco governativo.

Já em relação ao papel do Presidente da República no decurso das negociações, o líder do executivo disse gostaria que Cavaco Silva "fosse colocado acima de tudo isto".

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