Câmara do Porto aprova rua ou praça evocativa do 25 de Novembro. Eis a questão acalorada que dividiu a direita da esquerda

25-11-2019
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Ricardo Valente, vereador do 'Porto, o Nosso Partido', avançou, esta segunda-feira, com uma proposta ao Governo para que o 25 de Novembro seja celebrado a partir de 2020. O vereador com o pelouro da Economia da autarquia portuense apresentou ainda proposta à Comissão de Toponímia da cidade para que uma rua ou praça da cidade venha a adotar o nome de 25 de Novembro, assinalando assim a data em que o MFA, diz, evitou que “o estado de sítio do país e permitiu que se instalasse, finalmente, uma democracia pluralista”.

No dia em que toda a vereação aprovou um minuto de silêncio e o batismo de uma rua ou praça evocativa de José Mário Branco, a questão de imortalizar no Porto o 25 de Novembro revelou-se, 44 anos anos depois, acalorada e sempre fraturante. A resposta mais dura à proposta de recomendação da vereação maioritária independente surgiu pela voz de Ilda Figueiredo que afirmou ter “pena” que os “fantasmas do passado” andem à solta.

“Não vou bramir espadas contra fantasmas”, garantiu a vereadora da CDU, avisando que iria votar contra a moção, desde logo “pela tentativa de divisão da sociedade portuguesa”.

A vereação socialista também alertou que votaria contra “um certo revivalismo” de uma parte da sociedade. A vereadora Fernanda Rodrigues criticou a proposta dos independentes por defender uma cidade pluralista, justificando ainda o voto desfavorável por a “grande etapa” democrática ter sido o 25 de Abril. “Importa saudar momentos de construção e não momentos fraturantes”, referiu a vereadora, que argumenta que não se podem colocar os dois momentos da história do país ao mesmo nível.

O social-democrata Álvaro Almeida, que votou ao lado dos independentes, fez questão de recordar o “quanto o 25 de Novembro é uma data marcante” para o Portugal democrático, lamentando, por isso, que alguns “queiram limpar o passado por terem a consciência pesada”. “A 24 de novembro não sabíamos se estaríamos aqui em liberdade ou se Portugal avançaria para uma ditadura do proletariado”, frisou o deputado eleito pelo PSD círculo do Porto, que afirma que dos 9 aos 11 anos, quando se deu o 25 de Abrl, cresceu “20 anos em termos políticos”.

Álvaro Almeida criticou ainda “a mania” dos que querem impedir que se celebre datas não consensuais, como os monárquicos em relação ao 5 de Outubro ou os não crentes em relação aos feriados religiosos.

Divisão do PS: Moreira remete para Assis

Sobre o tema, Rui Moreira afirmou que o Porto era, em 1975, um “bastião de resistência da imposição do totalitarismo”, sustentando ser “preocupante que não se queira reconhecer a data” ou que os socialistas tenham mudado de lado para “agradar à esquerda”. Sem mais comentários, o presidente da Câmara do Porto optou por fazer distribuir ao executivo municipal um artigo com a sua posição, escrito em 2014, aquando dos 40 anos do 25 de Novembro, e que, lembra agora, mereceu a aprovação da vereação socialista, parceira de governação autárquica. Com o título '25 de Abril e 25 de Novembro: inseparáveis!', o autarca lembrava que, quatro décadas volvidas, a data continua a “desencadear reações mais ou menos apaixonadas”, defendendo que a Revolução de Abril foi o momento “fundacional que colocou termo a um regime não democrático”, mas que as suas promessas só se concretizaram “porque houve o 25 de Novembro”.

Para o presidente da Câmara do Porto, dizer que em novembro de 1975 “tão só se corrigiu aquilo que havia para corrigir” seria uma abordagem “míope”, convicto que nessa data “se decidiu muito, sobretudo politicamente”, no país que “ficou numa corda bamba muito especial” a seguir à Revolução de Abril. Em relação ao posicionamento e “divisão” dos socialistas, o autarca remeteu para o artigo de Francisco Assis publicado este sábado no 'Público', no qual destaca “que nada justifica o comportamento que o PS tem vindo a revelar na abordagem a este assunto”

“Quarenta e quatro anos depois, não podemos cinicamente fazer de conta que tudo isso não existiu”, referiu Assis, reproduzindo no artigo uma citação extraída de um dos últimos livros do fundador do partido, intitulado 'Mário Soares: Um Político Assume-se': “O 25 de Novembro foi extremamente importante para Portugal. Foi uma viragem de uma página, que podia ter sido trágica, e a restituição da Revolução de Abril à sua pureza inicial: a democracia pluralista de tipo ocidental, num Estado de direito, civilista, respeitador dos Direitos Humanos e com uma dimensão social marcada pela igualdade de oportunidades... O 25 de Novembro foi uma ação para repor a revolução genuína - e não uma contrarrevolução como disseram os comunistas e esquerdistas...”

Ricardo Valente, vereador do 'Porto, o Nosso Partido', avançou, esta segunda-feira, com uma proposta ao Governo para que o 25 de Novembro seja celebrado a partir de 2020. O vereador com o pelouro da Economia da autarquia portuense apresentou ainda proposta à Comissão de Toponímia da cidade para que uma rua ou praça da cidade venha a adotar o nome de 25 de Novembro, assinalando assim a data em que o MFA, diz, evitou que “o estado de sítio do país e permitiu que se instalasse, finalmente, uma democracia pluralista”.

No dia em que toda a vereação aprovou um minuto de silêncio e o batismo de uma rua ou praça evocativa de José Mário Branco, a questão de imortalizar no Porto o 25 de Novembro revelou-se, 44 anos anos depois, acalorada e sempre fraturante. A resposta mais dura à proposta de recomendação da vereação maioritária independente surgiu pela voz de Ilda Figueiredo que afirmou ter “pena” que os “fantasmas do passado” andem à solta.

“Não vou bramir espadas contra fantasmas”, garantiu a vereadora da CDU, avisando que iria votar contra a moção, desde logo “pela tentativa de divisão da sociedade portuguesa”.

A vereação socialista também alertou que votaria contra “um certo revivalismo” de uma parte da sociedade. A vereadora Fernanda Rodrigues criticou a proposta dos independentes por defender uma cidade pluralista, justificando ainda o voto desfavorável por a “grande etapa” democrática ter sido o 25 de Abril. “Importa saudar momentos de construção e não momentos fraturantes”, referiu a vereadora, que argumenta que não se podem colocar os dois momentos da história do país ao mesmo nível.

O social-democrata Álvaro Almeida, que votou ao lado dos independentes, fez questão de recordar o “quanto o 25 de Novembro é uma data marcante” para o Portugal democrático, lamentando, por isso, que alguns “queiram limpar o passado por terem a consciência pesada”. “A 24 de novembro não sabíamos se estaríamos aqui em liberdade ou se Portugal avançaria para uma ditadura do proletariado”, frisou o deputado eleito pelo PSD círculo do Porto, que afirma que dos 9 aos 11 anos, quando se deu o 25 de Abrl, cresceu “20 anos em termos políticos”.

Álvaro Almeida criticou ainda “a mania” dos que querem impedir que se celebre datas não consensuais, como os monárquicos em relação ao 5 de Outubro ou os não crentes em relação aos feriados religiosos.

Divisão do PS: Moreira remete para Assis

Sobre o tema, Rui Moreira afirmou que o Porto era, em 1975, um “bastião de resistência da imposição do totalitarismo”, sustentando ser “preocupante que não se queira reconhecer a data” ou que os socialistas tenham mudado de lado para “agradar à esquerda”. Sem mais comentários, o presidente da Câmara do Porto optou por fazer distribuir ao executivo municipal um artigo com a sua posição, escrito em 2014, aquando dos 40 anos do 25 de Novembro, e que, lembra agora, mereceu a aprovação da vereação socialista, parceira de governação autárquica. Com o título '25 de Abril e 25 de Novembro: inseparáveis!', o autarca lembrava que, quatro décadas volvidas, a data continua a “desencadear reações mais ou menos apaixonadas”, defendendo que a Revolução de Abril foi o momento “fundacional que colocou termo a um regime não democrático”, mas que as suas promessas só se concretizaram “porque houve o 25 de Novembro”.

Para o presidente da Câmara do Porto, dizer que em novembro de 1975 “tão só se corrigiu aquilo que havia para corrigir” seria uma abordagem “míope”, convicto que nessa data “se decidiu muito, sobretudo politicamente”, no país que “ficou numa corda bamba muito especial” a seguir à Revolução de Abril. Em relação ao posicionamento e “divisão” dos socialistas, o autarca remeteu para o artigo de Francisco Assis publicado este sábado no 'Público', no qual destaca “que nada justifica o comportamento que o PS tem vindo a revelar na abordagem a este assunto”

“Quarenta e quatro anos depois, não podemos cinicamente fazer de conta que tudo isso não existiu”, referiu Assis, reproduzindo no artigo uma citação extraída de um dos últimos livros do fundador do partido, intitulado 'Mário Soares: Um Político Assume-se': “O 25 de Novembro foi extremamente importante para Portugal. Foi uma viragem de uma página, que podia ter sido trágica, e a restituição da Revolução de Abril à sua pureza inicial: a democracia pluralista de tipo ocidental, num Estado de direito, civilista, respeitador dos Direitos Humanos e com uma dimensão social marcada pela igualdade de oportunidades... O 25 de Novembro foi uma ação para repor a revolução genuína - e não uma contrarrevolução como disseram os comunistas e esquerdistas...”

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