Timor-Leste: Undertim de L7 entra na aliança governamental

25-06-2020
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Díli, 15 Mai (Lusa) - A União Nacional Democrática da Resistência Timorense (Undertim), do ex-comandante da guerrilha Cornélio Gama "L7", entrou formalmente na Aliança para Maioria Parlamentar (AMP), que sustenta o Governo de Timor-Leste."Nós aqui em Timor tivemos alguns problemas e precisamos de unir-nos para a paz na pátria", explicou hoje Cornélio Gama à Agência Lusa sobre as razões da sua adesão à AMP."Assinámos um compromisso e agora estamos à espera do visto do primeiro-ministro, Xanana Gusmão", acrescentou Cornélio Gama.A entrada da Undertim para a AMP foi selada terça-feira passada num encontro das direcções dos partidos que integram a aliança no poder, realizado em casa de Fernando "La Sama" de Araújo, presidente do Parlamento e líder do Partido Democrático (PD).A AMP, criada na sequência das eleições legislativas de 30 de Junho de 2007, ganhas pela Fretilin sem maioria absoluta, integrava até agora o Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), a coligação entre a Associação Social Democrática Timorense e o Partido Social Democrata (ASDT/PSD) e o PD.Com a entrada da Undertim, que elegeu dois deputados, a AMP passa a ter uma base de apoio de 39 das 65 cadeiras do Parlamento Nacional, se os cinco deputados da ASDT se mantiverem fiéis à aliança liderada pelo primeiro-ministro, Xanana Gusmão.O presidente e o secretário-geral da ASDT assinaram há duas semanas em Díli uma plataforma política com a Fretilin, o maior partido da oposição, mas até agora a bancada da ASDT não manifestou apoio ao novo compromisso do seu partido.Antigo comandante das Falintil, Cornélio Gama, conhecido como ccomandante "L7", vive em Laga, 140 quilómetros a leste de Díli, onde se instalou com a Sagrada Família, um grupo religioso que surgiu em 1989 e que integra igualmente outros antigos guerrilheiros da resistência timorense.Após a saída dos militares indonésios, em 1999, Cornélio Gama, que se encontrava no acantonamento de Aileu, admitiu não entregar o armamento de que dispunha, o que fez com que as Falintil lhe tivessem retirado as armas durante uma operação militar.Desde então, passou a dedicar-se ao grupo Sagrada Família em Laga, onde a Undertim surgiu como força eleitoral em Fevereiro de 2007, primeiro no lançamento da candidatura presidencial de José Ramos-Horta e depois com uma lista própria nas legislativas."Eu não tenho armas. Tinha 50 mas assaltaram-me em 2000 em Aileu, e por isso, fiquei chateado. Não tenho nem sequer pistola, só espada. Mas agora não quero nada. A guerra já acabou e é preciso deixar o gatilho, é preciso pegar na enxada. O gatilho é crime", disse Cornélio Gama à Lusa durante a campanha de José Ramos-Horta."A Sagrada Família é um povo, uma só família, de Lospalos até à fronteira. Respeitamos uma só ideia, uma só língua, um só pensamento. Não matar nem bater uns nos outros e não fazer mal uns aos outros", explicou Cornélio Gama, que acrescentou que formou o movimento Undertim para poder intervir na vida política timorense."Como nós não queremos cometer erros contra o nosso Estado eu formei um partido, com veteranos e 600 pessoas em todo o país", explicou o ex-comandante.Cornélio Gama tem 59 anos. Foi várias vezes ferido em combate e acredita que foi o respeito pelo catolicismo e pelos valores tradicionais timorenses o que o salvou das balas do exército indonésio durante os 24 anos de ocupação."Muitas balas entraram no corpo mas não mataram. Por todo o corpo, e não mataram porque respeitei os valores sagrados de Timor e as orações. O Pai Nosso três vezes, a Avé Maria três vezes, e o Salvé Rainha três vezes, e basta. Depois, é preciso pôr nove velas no bolso da direita. É preciso fazer todas as orações, todos os dias".Cornélio Gama "L7" é o líder da bancada parlamentar da Undertim.PRM/PSP.


Díli, 15 Mai (Lusa) - A União Nacional Democrática da Resistência Timorense (Undertim), do ex-comandante da guerrilha Cornélio Gama "L7", entrou formalmente na Aliança para Maioria Parlamentar (AMP), que sustenta o Governo de Timor-Leste."Nós aqui em Timor tivemos alguns problemas e precisamos de unir-nos para a paz na pátria", explicou hoje Cornélio Gama à Agência Lusa sobre as razões da sua adesão à AMP."Assinámos um compromisso e agora estamos à espera do visto do primeiro-ministro, Xanana Gusmão", acrescentou Cornélio Gama.A entrada da Undertim para a AMP foi selada terça-feira passada num encontro das direcções dos partidos que integram a aliança no poder, realizado em casa de Fernando "La Sama" de Araújo, presidente do Parlamento e líder do Partido Democrático (PD).A AMP, criada na sequência das eleições legislativas de 30 de Junho de 2007, ganhas pela Fretilin sem maioria absoluta, integrava até agora o Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), a coligação entre a Associação Social Democrática Timorense e o Partido Social Democrata (ASDT/PSD) e o PD.Com a entrada da Undertim, que elegeu dois deputados, a AMP passa a ter uma base de apoio de 39 das 65 cadeiras do Parlamento Nacional, se os cinco deputados da ASDT se mantiverem fiéis à aliança liderada pelo primeiro-ministro, Xanana Gusmão.O presidente e o secretário-geral da ASDT assinaram há duas semanas em Díli uma plataforma política com a Fretilin, o maior partido da oposição, mas até agora a bancada da ASDT não manifestou apoio ao novo compromisso do seu partido.Antigo comandante das Falintil, Cornélio Gama, conhecido como ccomandante "L7", vive em Laga, 140 quilómetros a leste de Díli, onde se instalou com a Sagrada Família, um grupo religioso que surgiu em 1989 e que integra igualmente outros antigos guerrilheiros da resistência timorense.Após a saída dos militares indonésios, em 1999, Cornélio Gama, que se encontrava no acantonamento de Aileu, admitiu não entregar o armamento de que dispunha, o que fez com que as Falintil lhe tivessem retirado as armas durante uma operação militar.Desde então, passou a dedicar-se ao grupo Sagrada Família em Laga, onde a Undertim surgiu como força eleitoral em Fevereiro de 2007, primeiro no lançamento da candidatura presidencial de José Ramos-Horta e depois com uma lista própria nas legislativas."Eu não tenho armas. Tinha 50 mas assaltaram-me em 2000 em Aileu, e por isso, fiquei chateado. Não tenho nem sequer pistola, só espada. Mas agora não quero nada. A guerra já acabou e é preciso deixar o gatilho, é preciso pegar na enxada. O gatilho é crime", disse Cornélio Gama à Lusa durante a campanha de José Ramos-Horta."A Sagrada Família é um povo, uma só família, de Lospalos até à fronteira. Respeitamos uma só ideia, uma só língua, um só pensamento. Não matar nem bater uns nos outros e não fazer mal uns aos outros", explicou Cornélio Gama, que acrescentou que formou o movimento Undertim para poder intervir na vida política timorense."Como nós não queremos cometer erros contra o nosso Estado eu formei um partido, com veteranos e 600 pessoas em todo o país", explicou o ex-comandante.Cornélio Gama tem 59 anos. Foi várias vezes ferido em combate e acredita que foi o respeito pelo catolicismo e pelos valores tradicionais timorenses o que o salvou das balas do exército indonésio durante os 24 anos de ocupação."Muitas balas entraram no corpo mas não mataram. Por todo o corpo, e não mataram porque respeitei os valores sagrados de Timor e as orações. O Pai Nosso três vezes, a Avé Maria três vezes, e o Salvé Rainha três vezes, e basta. Depois, é preciso pôr nove velas no bolso da direita. É preciso fazer todas as orações, todos os dias".Cornélio Gama "L7" é o líder da bancada parlamentar da Undertim.PRM/PSP.

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