Parlamento dos estreantes, de Ventura a Joacine. "Até me podem pôr lá fora que a minha voz se ouve na mesma"

26-10-2019
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João Cotrim Figueiredo, do partido Iniciativa Liberal, é uma das 93 caras novas nestes corredores. “É igual ao primeiro dia de aulas, alunos novos, professores novos, conhecer salas novas, vamos ver as matérias”, diz em tom enérgico, enquanto procura o caminho para o seu gabinete. “Se calhar é longe”, atira, convidando-nos a acompanhá-lo.

“As matérias para nós são claras: defender a liberdade individual até ao limite porque é isso que tem estado em degradação gradual na sociedade portuguesa”, diz o agora deputado, assegurando que esta preocupação “é a disciplina quase única” do partido.

Cotrim Figueiredo começa com entusiasmo, mas com uma pedra no sapato. “Este episódio dos lugares, em que nos é atribuído um lugar sem nos consultarem, sem nos dizerem nada, não se percebe. É como se houvesse alguém que mandasse no Parlamento e os que entram é melhor que se habituem a habituar-se”. O agora deputado deixa claro que não vai aceitar procedimentos semelhantes: “Não achamos normal, se isso se repetir a nível da discussão do regimento ou sobre tempos de intervenção, podemos estar perante uma desvalorização dos numerosíssimos votos que atribuíram mandatos”.

Um dos visados pela polémica dos lugares é precisamente André Ventura, do Chega. Ventura chegou uns minutos depois da sessão plenária das 10h00 ter começado e lá houve quem tivesse de se levantar da bancada do CDS para que Ventura tomasse lugar.

“A questão deve ser tratada como uma questão logística e não como uma questão política com o objetivo ou de humilhar o Chega ou de me diminuir”, diz Ventura, de gravata encarnada escolhida a preceito para este primeiro dia no Parlamento. ”Acho que os portugueses não gostam disso, espero que a relação mude a partir de hoje e que os outros partidos vejam o Chega como o partido democrático que é”.

Ventura reconhece que o seu partido tem voz diferente e, garante, sente-se onde se sentar, é para ser ouvida: “quer me ponham na extrema esquerda, quer na extrema direita, essa voz agora vai-se ouvir; até me podem pôr lá fora que a voz vai-se ouvir à mesma”.

A legislatura que agora arranca traz ao Parlamento um terceiro partido novo. Falta ouvir Joacine Katar Moreira, a única deputada eleita pelo Livre. Em entrevista aos jornalistas, Joacine considera que este dia “inaugura uma nova era”.

“É absolutamente simbólico, uma mulher de origem africana que hoje entra na Assembleia da República carregada de elementos e de imagens e de simbologias coloniais”, destaca. “É um sinal de maturidade política”, acrescenta, lembrando que o ambiente do Parlamento “há uns anos era completamente orientado para a mesma elite”.

Mas se esta legislatura traz caras novas de novos partidos, também traz estreantes de velhos partidos. É o caso de Fernando Ruas, do PSD. Ruas tem 70 anos, é dos deputados mais velhos agora eleitos, mas será a primeira vez que vai ocupar o lugar de deputado.

“É uma pequena novidade. Apesar de já ter sido eleito três vezes é a primeira vez que vou ocupar as funções”, explica Ruas que durante 12 anos foi o rosto mais visível da Associação Nacional de Municípios Portugueses.

Na fila para as burocracias de acolhimento aos deputados, Ruas garante estar entusiasmado com o novo desafio. “Conheço o Parlamento como utilizador e como interlocutor, enquanto presidente da Associação Nacional de Municípios. Será uma atividade parlamentar como a que desempenhei em Bruxelas e estou preparado para isso. Se não viesse com entusiasmo não me metia nisto. Já não tenho idade para fazer as coisas por impulso, ou acredito ou então não vinha”, confessa.

Perguntamos a Ruas que conselho daria aos mais novos que, como ele, vão ser deputados pela primeira vez: “sejam verdadeiros, gostem das pessoas e, sobretudo, façam intervenções e tenham posicionamentos de acordo com a sua consciência. É o que conto fazer”.

Não sabemos se Alma Rivera ouviu estes conselhos, mas terá ouvido vários seguramente. Rivera tem 27 anos é uma das caras novas que nesta legislatura se vai sentar na bancada do PCP. “Fiz muita perguntas aos meus camaradas de bancada que já cá estão há mais tempo”, diz, sem, no entanto, revelar quais.

Rivera prefere dizer o que significa fazer parte da bancada do PCP. “Tem o significado que é o de dar respostas aos anseios das populações. Sabemos à partida as forças que temos, não há grandes ilusões que aqui algumas decisões sejam tomadas, mas é possível, ainda assim, fazer aprovar muita coisa positiva”, afirma.

Esta legislatura é diferente da anterior, questionamos. “Não mudou assim tanto, o único elemento diferente é o papel. Nós sempre aprovámos o que era positivo para o povo e sempre chumbámos o que era negativo e vai ser isso o que vamos fazer”, garante a jovem deputada.

E o que gostaria de ver aprovado nesta legislatura? “Uma das urgências nacionais é o aumento do salário mínimo”, elege a deputada.

João Cotrim Figueiredo, do partido Iniciativa Liberal, é uma das 93 caras novas nestes corredores. “É igual ao primeiro dia de aulas, alunos novos, professores novos, conhecer salas novas, vamos ver as matérias”, diz em tom enérgico, enquanto procura o caminho para o seu gabinete. “Se calhar é longe”, atira, convidando-nos a acompanhá-lo.

“As matérias para nós são claras: defender a liberdade individual até ao limite porque é isso que tem estado em degradação gradual na sociedade portuguesa”, diz o agora deputado, assegurando que esta preocupação “é a disciplina quase única” do partido.

Cotrim Figueiredo começa com entusiasmo, mas com uma pedra no sapato. “Este episódio dos lugares, em que nos é atribuído um lugar sem nos consultarem, sem nos dizerem nada, não se percebe. É como se houvesse alguém que mandasse no Parlamento e os que entram é melhor que se habituem a habituar-se”. O agora deputado deixa claro que não vai aceitar procedimentos semelhantes: “Não achamos normal, se isso se repetir a nível da discussão do regimento ou sobre tempos de intervenção, podemos estar perante uma desvalorização dos numerosíssimos votos que atribuíram mandatos”.

Um dos visados pela polémica dos lugares é precisamente André Ventura, do Chega. Ventura chegou uns minutos depois da sessão plenária das 10h00 ter começado e lá houve quem tivesse de se levantar da bancada do CDS para que Ventura tomasse lugar.

“A questão deve ser tratada como uma questão logística e não como uma questão política com o objetivo ou de humilhar o Chega ou de me diminuir”, diz Ventura, de gravata encarnada escolhida a preceito para este primeiro dia no Parlamento. ”Acho que os portugueses não gostam disso, espero que a relação mude a partir de hoje e que os outros partidos vejam o Chega como o partido democrático que é”.

Ventura reconhece que o seu partido tem voz diferente e, garante, sente-se onde se sentar, é para ser ouvida: “quer me ponham na extrema esquerda, quer na extrema direita, essa voz agora vai-se ouvir; até me podem pôr lá fora que a voz vai-se ouvir à mesma”.

A legislatura que agora arranca traz ao Parlamento um terceiro partido novo. Falta ouvir Joacine Katar Moreira, a única deputada eleita pelo Livre. Em entrevista aos jornalistas, Joacine considera que este dia “inaugura uma nova era”.

“É absolutamente simbólico, uma mulher de origem africana que hoje entra na Assembleia da República carregada de elementos e de imagens e de simbologias coloniais”, destaca. “É um sinal de maturidade política”, acrescenta, lembrando que o ambiente do Parlamento “há uns anos era completamente orientado para a mesma elite”.

Mas se esta legislatura traz caras novas de novos partidos, também traz estreantes de velhos partidos. É o caso de Fernando Ruas, do PSD. Ruas tem 70 anos, é dos deputados mais velhos agora eleitos, mas será a primeira vez que vai ocupar o lugar de deputado.

“É uma pequena novidade. Apesar de já ter sido eleito três vezes é a primeira vez que vou ocupar as funções”, explica Ruas que durante 12 anos foi o rosto mais visível da Associação Nacional de Municípios Portugueses.

Na fila para as burocracias de acolhimento aos deputados, Ruas garante estar entusiasmado com o novo desafio. “Conheço o Parlamento como utilizador e como interlocutor, enquanto presidente da Associação Nacional de Municípios. Será uma atividade parlamentar como a que desempenhei em Bruxelas e estou preparado para isso. Se não viesse com entusiasmo não me metia nisto. Já não tenho idade para fazer as coisas por impulso, ou acredito ou então não vinha”, confessa.

Perguntamos a Ruas que conselho daria aos mais novos que, como ele, vão ser deputados pela primeira vez: “sejam verdadeiros, gostem das pessoas e, sobretudo, façam intervenções e tenham posicionamentos de acordo com a sua consciência. É o que conto fazer”.

Não sabemos se Alma Rivera ouviu estes conselhos, mas terá ouvido vários seguramente. Rivera tem 27 anos é uma das caras novas que nesta legislatura se vai sentar na bancada do PCP. “Fiz muita perguntas aos meus camaradas de bancada que já cá estão há mais tempo”, diz, sem, no entanto, revelar quais.

Rivera prefere dizer o que significa fazer parte da bancada do PCP. “Tem o significado que é o de dar respostas aos anseios das populações. Sabemos à partida as forças que temos, não há grandes ilusões que aqui algumas decisões sejam tomadas, mas é possível, ainda assim, fazer aprovar muita coisa positiva”, afirma.

Esta legislatura é diferente da anterior, questionamos. “Não mudou assim tanto, o único elemento diferente é o papel. Nós sempre aprovámos o que era positivo para o povo e sempre chumbámos o que era negativo e vai ser isso o que vamos fazer”, garante a jovem deputada.

E o que gostaria de ver aprovado nesta legislatura? “Uma das urgências nacionais é o aumento do salário mínimo”, elege a deputada.

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