Tese de doutoramento do ministro das Finanças foi orientada por Nobel da Economia?

19-10-2020
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O autor do tweet começa por atribuir uma citação a João Leão, ministro das Finanças do Governo de Portugal, a saber: "Rigor fiscal não pode e não deve ser sinónimo de austeridade".

Segue-se a alegação de que é "doutor pelo Massachussets Institute of Technology. O seu orientador de tese de doutor foi Abhijit Banerjee, Nobel da Economia. É professor de Economia no ISCTE desde 2008".

Confirma-se a veracidade desta informação?

O atual ministro das Finanças concluiu licenciatura e mestrado em Economia na Universidade Nova de Lisboa, entre 1999 e 2003. Mais tarde, em 2008, partiu para os Estados Unidos da América (EUA), onde concluiu um doutoramento no Massachussets Institute of Technology (MIT), também em Economia.

A tese de doutoramento de João Leão está disponível para consulta no site do MIT. Com o título “Essays in Industrial Economics”, trata-se de uma tese dividida em três capítulos: no primeiro analisa a utilização de “probabilidades enquanto mecanismo de discriminação de preços de bens horizontalmente diferenciados”; no segundo trata das “políticas de estabelecimento de preço na venda de bens de consumo repetido a consumidores que não são consistentes temporalmente”; e no terceiro estuda o “uso de contratos de negociação exclusiva para prevenir a entrada no mercado de empresas rivais”.

No âmbito deste estudo que cruza Economia Industrial e Economia Comportamental, João Leão contou com a ajuda dos orientadores Glenn Ellison e Abhijit Banerjee. Enquanto o primeiro é especialista em Economia e Organização Industrial, o segundo foca-se mais em Economia do Desenvolvimento e Economia Social, áreas que o levaram a ser laureado em 2019 com o Prémio Nobel da Economia.

Em 2003, Abhijit Banerjee, Esther Duflo e Michael Kremer criaram o Laboratório de Ação Contra a Pobreza (J-PAL) para perceber quais são as iniciativas de solidariedade encetadas pelo Ocidente que têm realmente impacto na vida das populações dos países em desenvolvimento, ou se estas consistem apenas em dinheiro investido sem retorno. Esta abordagem experimental culminou na criação de um guia de regras para as iniciativas que fazem realmente a diferença.

Pelo seu impacto social e económico, a instituição liderada por estes três economistas foi escolhida pela Academia Real das Ciências da Suécia para receber o prémio mais importante da área. "Os resultados da pesquisa feita pelos vencedores deste ano aumentaram dramaticamente a nossa capacidade de lutar contra a pobreza na prática. Enquanto resultado de uma dos seus estudos, mais de cinco milhões de crianças indianas beneficiaram de programas de tutoria corretiva nas escolas", enalteceu a Academia Real das Ciências na altura em que anunciou os vencedores.

Desta forma, é correto afirmar que a tese de doutoramento de João Leão foi orientada por um laureado com o Prémio Nobel da Economia.

_____________________

Avaliação do Polígrafo:

O autor do tweet começa por atribuir uma citação a João Leão, ministro das Finanças do Governo de Portugal, a saber: "Rigor fiscal não pode e não deve ser sinónimo de austeridade".

Segue-se a alegação de que é "doutor pelo Massachussets Institute of Technology. O seu orientador de tese de doutor foi Abhijit Banerjee, Nobel da Economia. É professor de Economia no ISCTE desde 2008".

Confirma-se a veracidade desta informação?

O atual ministro das Finanças concluiu licenciatura e mestrado em Economia na Universidade Nova de Lisboa, entre 1999 e 2003. Mais tarde, em 2008, partiu para os Estados Unidos da América (EUA), onde concluiu um doutoramento no Massachussets Institute of Technology (MIT), também em Economia.

A tese de doutoramento de João Leão está disponível para consulta no site do MIT. Com o título “Essays in Industrial Economics”, trata-se de uma tese dividida em três capítulos: no primeiro analisa a utilização de “probabilidades enquanto mecanismo de discriminação de preços de bens horizontalmente diferenciados”; no segundo trata das “políticas de estabelecimento de preço na venda de bens de consumo repetido a consumidores que não são consistentes temporalmente”; e no terceiro estuda o “uso de contratos de negociação exclusiva para prevenir a entrada no mercado de empresas rivais”.

No âmbito deste estudo que cruza Economia Industrial e Economia Comportamental, João Leão contou com a ajuda dos orientadores Glenn Ellison e Abhijit Banerjee. Enquanto o primeiro é especialista em Economia e Organização Industrial, o segundo foca-se mais em Economia do Desenvolvimento e Economia Social, áreas que o levaram a ser laureado em 2019 com o Prémio Nobel da Economia.

Em 2003, Abhijit Banerjee, Esther Duflo e Michael Kremer criaram o Laboratório de Ação Contra a Pobreza (J-PAL) para perceber quais são as iniciativas de solidariedade encetadas pelo Ocidente que têm realmente impacto na vida das populações dos países em desenvolvimento, ou se estas consistem apenas em dinheiro investido sem retorno. Esta abordagem experimental culminou na criação de um guia de regras para as iniciativas que fazem realmente a diferença.

Pelo seu impacto social e económico, a instituição liderada por estes três economistas foi escolhida pela Academia Real das Ciências da Suécia para receber o prémio mais importante da área. "Os resultados da pesquisa feita pelos vencedores deste ano aumentaram dramaticamente a nossa capacidade de lutar contra a pobreza na prática. Enquanto resultado de uma dos seus estudos, mais de cinco milhões de crianças indianas beneficiaram de programas de tutoria corretiva nas escolas", enalteceu a Academia Real das Ciências na altura em que anunciou os vencedores.

Desta forma, é correto afirmar que a tese de doutoramento de João Leão foi orientada por um laureado com o Prémio Nobel da Economia.

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Avaliação do Polígrafo:

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