A noite em que Montenegro tentou enganar a morte política

10-02-2020
marcar artigo

Só que não. Montenegro quis manter tudo em aberto e aproveitou a última pergunta dos jornalistas para parafrasear Mark Twain: “Não vale a pena anunciarem a minha morte política, porque essa notícia é manifestamente exagerada”, disse. Pedro Santana Lopes estava vingado e os apoiantes de Montenegro presentes também - foi com essa frase que recebeu a maior ovação da noite.

Montenegro fê-lo com uma certa dose de dramatismo. Foi propositadamente ambíguo ao longo do discurso, exigiu de Rui Rio resultados eleitorais e uma atitude conciliadora, e pediu uma “oposição firme” a António Costa. Esquivou-se uma, duas e três vezes às perguntas dos jornalistas. “Vou regressar com muita tranquilidade à minha condição de militante de base”. Uma. “Não tenciono desempenhar nenhuma função nem nenhum cargo nos próximos tempos”. Duas. “Não sou político de profissão, sou político por missão. Não tenho essa preocupação relativamente ao futuro político”. Três respostas evasivas, mas que pareciam apontar para um encerrar de ciclo...

A frase que todos queriam ouvir chegou no último minuto. Luís Montenegro perdeu este sábado e reconheceu a vitória “inequívoca” de Rui Rio. Mas isso era uma verdade óbvia desde o início da noite, quando os primeiros resultados foram chegando às redações. No quartel-general de Montenegro, num hotel em Lisboa, as conversas giravam em torno disso mesmo. “Vamos tirar férias durante os próximos dois anos…”, comentava no fumódromo um dos apoiantes do ex-líder parlamentar. O que importava saber desde a primeira volta era se o candidato derrotado reencarnava Pedro Santana Lopes e soltava, à sua maneira, um “vou andar por aí”.

O contexto em que a frase foi dita também é importante. Luís Montenegro partiu para estas eleições já depois de se ter feito sombra de Rui Rio no congresso de 2018. Desafiou o líder social-democrata no Conselho Nacional de janeiro de 2019. Um ano depois, testou a sua força nas urnas e perdeu duas vezes, à primeira e à segunda. No último sábado, já Hugo Soares, braço direito de Montenegro, avisava que esta era primeira vez que Montenegro ia a votos e, como tal, à boa tradição social-democrata, tinha tudo para tentar uma segunda vez.

Este sábado, o candidato derrotado repetiu-o. “Este foi um combate em que tive muita honra de ter participado. Foi a primeira vez que me candidatei, senti um nível de adesão muito significativo, e não tenho nenhuma previsão sobre futuro”. Foi derrotado à primeira vez como Pedro Passos Coelho, Pedro Santana Lopes, Luís Marques Mendes, Luís Filipe Menezes ou Durão Barroso. E todos chegaram a líder. Montenegro parece reservar-se para tentar mais uma vez.

Resta saber se estes 47% são suficientes para alimentar a expectativa dos que hoje ficaram órfãos de um candidato alternativo. O PSD está partido ao meio e ninguém ignora isso. Para já, e nos próximos tempos, a bola está e estará do lado de Rio, avisou Montenegro.

“Não pondo em causa os resultados, mas com a responsabilidade e legitimidade de aqui representar cerca de 47% dos militantes que se expressaram, tenho de pedir a Rui Rio que saibam interpretar os resultados eleitorais do PSD e aquilo que resulta da avaliação que os militantes hoje fizeram nas urnas. É importante que o PSD tenha paz e unidade. Todos temos de contribuir para acabar com a cultura de fação, divisões insanáveis e agressividades intoleráveis”.

A Rio, analisou Montenegro, os militantes sociais-democratas deram uma “nova oportunidade para inverter os maus resultados”. Nos próximos dois anos, terá de tentar ganhar as eleições nos Açores este ano, e as autárquicas, em 2021. E “começar já” a trabalhar para vencer as legislativas.

A resistência interna ao líder reeleito não vai terminar. "Unidade no partido? Não sou hipócrita", respondeu Teresa Morais, ex-ministra de Passos, à TVI e TSF. Os seus opositores vão lamber as feridas e reagrupar. Se em torno de Montenegro ou de outro protagonista essa é outra questão.

Só que não. Montenegro quis manter tudo em aberto e aproveitou a última pergunta dos jornalistas para parafrasear Mark Twain: “Não vale a pena anunciarem a minha morte política, porque essa notícia é manifestamente exagerada”, disse. Pedro Santana Lopes estava vingado e os apoiantes de Montenegro presentes também - foi com essa frase que recebeu a maior ovação da noite.

Montenegro fê-lo com uma certa dose de dramatismo. Foi propositadamente ambíguo ao longo do discurso, exigiu de Rui Rio resultados eleitorais e uma atitude conciliadora, e pediu uma “oposição firme” a António Costa. Esquivou-se uma, duas e três vezes às perguntas dos jornalistas. “Vou regressar com muita tranquilidade à minha condição de militante de base”. Uma. “Não tenciono desempenhar nenhuma função nem nenhum cargo nos próximos tempos”. Duas. “Não sou político de profissão, sou político por missão. Não tenho essa preocupação relativamente ao futuro político”. Três respostas evasivas, mas que pareciam apontar para um encerrar de ciclo...

A frase que todos queriam ouvir chegou no último minuto. Luís Montenegro perdeu este sábado e reconheceu a vitória “inequívoca” de Rui Rio. Mas isso era uma verdade óbvia desde o início da noite, quando os primeiros resultados foram chegando às redações. No quartel-general de Montenegro, num hotel em Lisboa, as conversas giravam em torno disso mesmo. “Vamos tirar férias durante os próximos dois anos…”, comentava no fumódromo um dos apoiantes do ex-líder parlamentar. O que importava saber desde a primeira volta era se o candidato derrotado reencarnava Pedro Santana Lopes e soltava, à sua maneira, um “vou andar por aí”.

O contexto em que a frase foi dita também é importante. Luís Montenegro partiu para estas eleições já depois de se ter feito sombra de Rui Rio no congresso de 2018. Desafiou o líder social-democrata no Conselho Nacional de janeiro de 2019. Um ano depois, testou a sua força nas urnas e perdeu duas vezes, à primeira e à segunda. No último sábado, já Hugo Soares, braço direito de Montenegro, avisava que esta era primeira vez que Montenegro ia a votos e, como tal, à boa tradição social-democrata, tinha tudo para tentar uma segunda vez.

Este sábado, o candidato derrotado repetiu-o. “Este foi um combate em que tive muita honra de ter participado. Foi a primeira vez que me candidatei, senti um nível de adesão muito significativo, e não tenho nenhuma previsão sobre futuro”. Foi derrotado à primeira vez como Pedro Passos Coelho, Pedro Santana Lopes, Luís Marques Mendes, Luís Filipe Menezes ou Durão Barroso. E todos chegaram a líder. Montenegro parece reservar-se para tentar mais uma vez.

Resta saber se estes 47% são suficientes para alimentar a expectativa dos que hoje ficaram órfãos de um candidato alternativo. O PSD está partido ao meio e ninguém ignora isso. Para já, e nos próximos tempos, a bola está e estará do lado de Rio, avisou Montenegro.

“Não pondo em causa os resultados, mas com a responsabilidade e legitimidade de aqui representar cerca de 47% dos militantes que se expressaram, tenho de pedir a Rui Rio que saibam interpretar os resultados eleitorais do PSD e aquilo que resulta da avaliação que os militantes hoje fizeram nas urnas. É importante que o PSD tenha paz e unidade. Todos temos de contribuir para acabar com a cultura de fação, divisões insanáveis e agressividades intoleráveis”.

A Rio, analisou Montenegro, os militantes sociais-democratas deram uma “nova oportunidade para inverter os maus resultados”. Nos próximos dois anos, terá de tentar ganhar as eleições nos Açores este ano, e as autárquicas, em 2021. E “começar já” a trabalhar para vencer as legislativas.

A resistência interna ao líder reeleito não vai terminar. "Unidade no partido? Não sou hipócrita", respondeu Teresa Morais, ex-ministra de Passos, à TVI e TSF. Os seus opositores vão lamber as feridas e reagrupar. Se em torno de Montenegro ou de outro protagonista essa é outra questão.

marcar artigo