Passos e FMI céticos em relação às políticas económicas do Governo

30-09-2020
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Ao desafio que o "Jornal de Negócios" lhes colocou, a resposta à pergunta "o que é que Portugal tem de fazer para não depender da sorte?", o antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho e os responsáveis do FMI Subir Lall e Dmitry Gershenson comungam das reservas em relação ao rumo escolhido por este Governo para a economia portuguesa. O primeiro mais explícito, os segundos de maneira mais subliminar, não mostram grande confiança na estratégia seguida por António Costa e Mário Centeno para o relançamento da economia nacional.

Passos avisa o Executivo: "A atitude otimista de simplesmente confiar na 'sorte' pode dar origem a um grande 'azar' e é certamente uma grande irresponsabilidade". O ex-PM não usa de rodeios, acusa António Costa de "falar a duas vozes, uma para dentro, satisfazendo clientelas políticas radicais, e outra para fora, procurando acalmar a desconfiança crescente dos investidores e dos parceiros", o que, no seu entender, só "complica ainda mais a situação". Acusa mesmo: "Aqui, o excesso de 'habilidade' e de 'equilibrismo' não são disfarçáveis e contribuem para acentuar uma imagem negativa de 'chico-espertismo' ".

O antecessor de António Costa em São Bento defende que é preciso "levar mais longe a capacidade para atrair o investimento externo e para exportar bens e serviços para o resto do mundo"; acredita que há que "manter e reforçar as reformas estruturais", por forma a elevar a capacidade de crescimento e a criação de mais emprego; aconselha a que que mantenha e reforce "a confiança de todos os parceiros, bem como dos próprios portugueses, evitando 'recaídas' e o reabrir de feridas internas e externas". Tudo ao contrário, diz, daquilo que vê este Governo fazer: "Infelizmente, a maioria política que hoje tem a responsabilidade económica e financeira está a dar demasiados sinais contrários a esta perspetiva".

Para os responsáveis do FMI, o cenário exige intervenção: "A economia portuguesa começou a abrandar e a taxa de desemprego mantém-se acima dos 12%", atestam Subir Lall e Dmitry Gershenson. E se "a sabedoria convencional apelaria a uma combinação de políticas expansionistas a título orçamental e monetário para relançar a retoma", não hesitam em declarar que "a sabedoria convencional estaria errada". O problema, adiantam, é que o baixo crescimento de Portugal "não é cíclico– caso em que as políticas expansionistas poderiam ser eficazes – mas sim estrutural".

Aconselham a olhar o passado recente: "Basta observarmos a experiência da década anterior à crise para ver que as políticas expansionistas, se não forem de par com uma melhoria da competitividade, não conduzem a um maior crescimento , mas sim a uma maior endividamento e a um maior défice". Vaticinam: "Portugal continua a precisar de ser mais competitivo no plano internacional e de atrair mais investimento". E aconselham a que se façam reformas "em áreas chave como o nível da proteção do emprego, o grau de desenvolvimento da indústria transformadora, a intensidade da concorrência local e o grau de integração com cadeias de valor globais".

Ao desafio que o "Jornal de Negócios" lhes colocou, a resposta à pergunta "o que é que Portugal tem de fazer para não depender da sorte?", o antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho e os responsáveis do FMI Subir Lall e Dmitry Gershenson comungam das reservas em relação ao rumo escolhido por este Governo para a economia portuguesa. O primeiro mais explícito, os segundos de maneira mais subliminar, não mostram grande confiança na estratégia seguida por António Costa e Mário Centeno para o relançamento da economia nacional.

Passos avisa o Executivo: "A atitude otimista de simplesmente confiar na 'sorte' pode dar origem a um grande 'azar' e é certamente uma grande irresponsabilidade". O ex-PM não usa de rodeios, acusa António Costa de "falar a duas vozes, uma para dentro, satisfazendo clientelas políticas radicais, e outra para fora, procurando acalmar a desconfiança crescente dos investidores e dos parceiros", o que, no seu entender, só "complica ainda mais a situação". Acusa mesmo: "Aqui, o excesso de 'habilidade' e de 'equilibrismo' não são disfarçáveis e contribuem para acentuar uma imagem negativa de 'chico-espertismo' ".

O antecessor de António Costa em São Bento defende que é preciso "levar mais longe a capacidade para atrair o investimento externo e para exportar bens e serviços para o resto do mundo"; acredita que há que "manter e reforçar as reformas estruturais", por forma a elevar a capacidade de crescimento e a criação de mais emprego; aconselha a que que mantenha e reforce "a confiança de todos os parceiros, bem como dos próprios portugueses, evitando 'recaídas' e o reabrir de feridas internas e externas". Tudo ao contrário, diz, daquilo que vê este Governo fazer: "Infelizmente, a maioria política que hoje tem a responsabilidade económica e financeira está a dar demasiados sinais contrários a esta perspetiva".

Para os responsáveis do FMI, o cenário exige intervenção: "A economia portuguesa começou a abrandar e a taxa de desemprego mantém-se acima dos 12%", atestam Subir Lall e Dmitry Gershenson. E se "a sabedoria convencional apelaria a uma combinação de políticas expansionistas a título orçamental e monetário para relançar a retoma", não hesitam em declarar que "a sabedoria convencional estaria errada". O problema, adiantam, é que o baixo crescimento de Portugal "não é cíclico– caso em que as políticas expansionistas poderiam ser eficazes – mas sim estrutural".

Aconselham a olhar o passado recente: "Basta observarmos a experiência da década anterior à crise para ver que as políticas expansionistas, se não forem de par com uma melhoria da competitividade, não conduzem a um maior crescimento , mas sim a uma maior endividamento e a um maior défice". Vaticinam: "Portugal continua a precisar de ser mais competitivo no plano internacional e de atrair mais investimento". E aconselham a que se façam reformas "em áreas chave como o nível da proteção do emprego, o grau de desenvolvimento da indústria transformadora, a intensidade da concorrência local e o grau de integração com cadeias de valor globais".

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