"Os últimos meses foram loucos, mas, como europeu, estou contente que tenhamos lidado com eles em conjunto". A frase é de Mário Centeno, ministro das Finanças e presidente do eurogrupo, que esta sexta-feira é orador numa conferencia da "Economist".
O tema da conferência, transmitida pela internet e que junta os oradores de forma remota, é "A procura da zona euro por uma vacina contra o coronavírus". Mas, em causa está não a vacina médica, mas a "vacina" económica contra a crise.
Centeno, que foi o primeiro a falar, frisou que "o eurogrupo tomou a liderança na gestão da crise", através do pacote de 540 mil milhões de euros para proteger trabalhadores, empresas e Estados europeus.
"Trabalhámos muito nos últimos meses para construir redes de segurança para os países mais vulneráveis", frisou Mário Centeno, destacando a proteção dos sectores mais vulneráveis da sociedade.
Lembrando que, há 10 anos, "foram precisos quase quatro anos para dar uma resposta consistente" à crise, Centeno vincou que "agora foi diferente", apontando que a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu acompanharam o eurogrupo numa resposta rápida.
"Todas as economias estão a mergulhar em recessão", reconheceu Mario Centeno, voltando a frisar que "desta vez é diferente" da crise das dívidas soberanas.
"Não há risco moral, nem fraquezas estruturais a culpar pela crise", vincou Centeno. Recorde-se que, nessa altura, a resposta à crise passou por pacotes de ajustamento estutural com fortes medidas de austeridade. O presidente do eurogrupo vinca, assim, que desta vez a situaçao é muito diferente. E a resposta necessária tembém.
O momento agora é de um "pacote forte para a recuperação", considerou Mário Centeno, frisando que "este momento é uma oportunidade para escalar o orçamento da União Europeia e para uma maior coordenação das politicas económicas".
Centeno, lembrou, contudo, que "não voltaremos ao antigo normal". "A despesa de saúde vai aumentar", constatou. E considerou também que "a União Europeia precisa de estar menos dependente de outros nas cadeias de abastecimento mais críticas".
Mário Centeno terminou a sua intervenção destacando que haverá muitos fundos para apoiar a recuperação e que e o mais próximo que temos para uma vacina.
Mais tarde, questionado sobre a tão falada resistência de países como a Holanda ou a Áustria a um pacote de resposta que passe por apoios a fundo perdido, e não apenas empréstimos, Mário Centeno considerou a questão "provocativa", dizendo que "não vou comentar a negociação".
Ainda assim, o presidente do eurogrupo frisou que serão encontrados "pontos comuns" e a resposta passará tanto por empréstimos como por apoio a fundo perdido.
E rematou: "Todo o acesso a fundos europeus tem condições, mas não haverá condicionalidade estrita. Esses dias estão terminados". Um resposta que, mais uma vez, afasta do cenário europeu do pós-crise a adoção de pacotes duros de austeridade como aconteceu na crise das dívidas soberanas.
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"Os últimos meses foram loucos, mas, como europeu, estou contente que tenhamos lidado com eles em conjunto". A frase é de Mário Centeno, ministro das Finanças e presidente do eurogrupo, que esta sexta-feira é orador numa conferencia da "Economist".
O tema da conferência, transmitida pela internet e que junta os oradores de forma remota, é "A procura da zona euro por uma vacina contra o coronavírus". Mas, em causa está não a vacina médica, mas a "vacina" económica contra a crise.
Centeno, que foi o primeiro a falar, frisou que "o eurogrupo tomou a liderança na gestão da crise", através do pacote de 540 mil milhões de euros para proteger trabalhadores, empresas e Estados europeus.
"Trabalhámos muito nos últimos meses para construir redes de segurança para os países mais vulneráveis", frisou Mário Centeno, destacando a proteção dos sectores mais vulneráveis da sociedade.
Lembrando que, há 10 anos, "foram precisos quase quatro anos para dar uma resposta consistente" à crise, Centeno vincou que "agora foi diferente", apontando que a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu acompanharam o eurogrupo numa resposta rápida.
"Todas as economias estão a mergulhar em recessão", reconheceu Mario Centeno, voltando a frisar que "desta vez é diferente" da crise das dívidas soberanas.
"Não há risco moral, nem fraquezas estruturais a culpar pela crise", vincou Centeno. Recorde-se que, nessa altura, a resposta à crise passou por pacotes de ajustamento estutural com fortes medidas de austeridade. O presidente do eurogrupo vinca, assim, que desta vez a situaçao é muito diferente. E a resposta necessária tembém.
O momento agora é de um "pacote forte para a recuperação", considerou Mário Centeno, frisando que "este momento é uma oportunidade para escalar o orçamento da União Europeia e para uma maior coordenação das politicas económicas".
Centeno, lembrou, contudo, que "não voltaremos ao antigo normal". "A despesa de saúde vai aumentar", constatou. E considerou também que "a União Europeia precisa de estar menos dependente de outros nas cadeias de abastecimento mais críticas".
Mário Centeno terminou a sua intervenção destacando que haverá muitos fundos para apoiar a recuperação e que e o mais próximo que temos para uma vacina.
Mais tarde, questionado sobre a tão falada resistência de países como a Holanda ou a Áustria a um pacote de resposta que passe por apoios a fundo perdido, e não apenas empréstimos, Mário Centeno considerou a questão "provocativa", dizendo que "não vou comentar a negociação".
Ainda assim, o presidente do eurogrupo frisou que serão encontrados "pontos comuns" e a resposta passará tanto por empréstimos como por apoio a fundo perdido.
E rematou: "Todo o acesso a fundos europeus tem condições, mas não haverá condicionalidade estrita. Esses dias estão terminados". Um resposta que, mais uma vez, afasta do cenário europeu do pós-crise a adoção de pacotes duros de austeridade como aconteceu na crise das dívidas soberanas.