Os "pobres reformados" receberam aumento de 33 cêntimos enquanto Mário Centeno viu o seu salário aumentar 50% no Banco de Portugal?

16-10-2020
marcar artigo

No respetivo texto estabelece-se a seguinte comparação: "Aos pobres reformados dão o elevado aumento de 33 cêntimos por dia. Para estes nobres indivíduos aumentam os salários em 50%… Finanças sobem salários dos novos membros do Banco de Portugal em 50%. Não faz mal que o Zé Povinho paga de bom grado esse vosso mérito".

Confirma-se que Mário Centeno - ex-ministro das Finanças e atual governador do Banco de Portugal (BdP) - foi beneficiado por este aumento salarial e que se trata de uma medida recente?

A publicação em causa remete para um artigo do "Jornal de Notícias" com o seguinte título: "Finanças sobem salários dos novos membros do Banco de Portugal em 50%". Apresentado desta forma, sugere a ideia de que o aumento salarial é recente, ao mesmo tempo que "aos pobres reformados dão o elevado aumento de 33 cêntimos por dia".

No entanto, o referido artigo data de 4 de maio de 2018 e os "novos membros" tinham acabado de ser nomeados para o Conselho de Auditoria, não para o Conselho de Administração do BdP. Ou seja, o aumento salarial não contemplava o então governador do BdP, Carlos Costa.

"O Governo nomeou os três novos membros do Conselho de Auditoria do Banco de Portugal, aumentando o vencimento dos responsáveis em mais de 50%", lê-se no artigo de 2018.

Nessa altura, questionado pelo "Jornal de Negócios" (que deu a notícia em primeira mão, posteriormente confirmada pela Agência Lusa e replicada no "Jornal de Notícias" e outros órgãos de comunicação social), "o Ministério das Finanças disse apenas que 'a remuneração (bruta) dos membros do Conselho de Auditoria do Banco de Portugal foi aproximada da remuneração (bruta) auferida pelos membros das comissões de fiscalização dos outros supervisores financeiros".

Em suma, o aumento salarial foi aplicado em 2018 e contemplou apenas os membros do Conselho de Auditoria do BdP, não os membros do Conselho de Administração, incluindo o então governador Carlos Costa (sucedido por Mário Centeno em julho de 2020). Pelo que Centeno não beneficiou de tal aumento salarial, cerca de dois anos depois da sua aplicação, quando trocou o cargo de ministro das Finanças pelo de governador do BdP.

Este post no Facebook está assim a reproduzir desinformação.

___________________________________

Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.

Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:

Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações "Falso" ou "Maioritariamente Falso" nos sites de verificadores de factos.

Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:

No respetivo texto estabelece-se a seguinte comparação: "Aos pobres reformados dão o elevado aumento de 33 cêntimos por dia. Para estes nobres indivíduos aumentam os salários em 50%… Finanças sobem salários dos novos membros do Banco de Portugal em 50%. Não faz mal que o Zé Povinho paga de bom grado esse vosso mérito".

Confirma-se que Mário Centeno - ex-ministro das Finanças e atual governador do Banco de Portugal (BdP) - foi beneficiado por este aumento salarial e que se trata de uma medida recente?

A publicação em causa remete para um artigo do "Jornal de Notícias" com o seguinte título: "Finanças sobem salários dos novos membros do Banco de Portugal em 50%". Apresentado desta forma, sugere a ideia de que o aumento salarial é recente, ao mesmo tempo que "aos pobres reformados dão o elevado aumento de 33 cêntimos por dia".

No entanto, o referido artigo data de 4 de maio de 2018 e os "novos membros" tinham acabado de ser nomeados para o Conselho de Auditoria, não para o Conselho de Administração do BdP. Ou seja, o aumento salarial não contemplava o então governador do BdP, Carlos Costa.

"O Governo nomeou os três novos membros do Conselho de Auditoria do Banco de Portugal, aumentando o vencimento dos responsáveis em mais de 50%", lê-se no artigo de 2018.

Nessa altura, questionado pelo "Jornal de Negócios" (que deu a notícia em primeira mão, posteriormente confirmada pela Agência Lusa e replicada no "Jornal de Notícias" e outros órgãos de comunicação social), "o Ministério das Finanças disse apenas que 'a remuneração (bruta) dos membros do Conselho de Auditoria do Banco de Portugal foi aproximada da remuneração (bruta) auferida pelos membros das comissões de fiscalização dos outros supervisores financeiros".

Em suma, o aumento salarial foi aplicado em 2018 e contemplou apenas os membros do Conselho de Auditoria do BdP, não os membros do Conselho de Administração, incluindo o então governador Carlos Costa (sucedido por Mário Centeno em julho de 2020). Pelo que Centeno não beneficiou de tal aumento salarial, cerca de dois anos depois da sua aplicação, quando trocou o cargo de ministro das Finanças pelo de governador do BdP.

Este post no Facebook está assim a reproduzir desinformação.

___________________________________

Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.

Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:

Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações "Falso" ou "Maioritariamente Falso" nos sites de verificadores de factos.

Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:

marcar artigo