​Manuel José. "Atribuir classificações sem se ter jogado é trair o princípio do jogo"

30-04-2020
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"Classificações finais sem os campeonatos terem acabado são decisões extremamente difíceis e extremamente polémicas, que vão arranjar problemas sérios. Não concordo. Os poucos jogos que faltam têm de jogar-se, desde que as condições sanitárias sejam acauteladas, para que os intervenientes não corram riscos. Pergunto também, quando vão começar os próximos campeonatos? Os clubes vão todos à falência, se não jogarem. Deste modo, atribuir classificações sem se ter jogado é, praticamente, trair o princípio do jogo", começa por dizer, sublinhando, de pronto, que "o risco tem de existir e de ser corrido, como em todos os aspetos da vida. Em termos de economia, há que continuar, porque isto não pode parar de forma indefinida".

Manuel José defende o reinício dos campeonatos, sob pena de se "trair" o futebol e de haver clubes falidos no futur o. O antigo treinador, de 74 anos, uma voz bem presente no panorama nacional da modalidade, admite riscos devido à Covid-19. Porém, em face da incerteza atual, considera que há que corrê-los. Caso contrário, estaremos - igualmente - perante "problemas sérios".

avultadas. Por outro lado, o ex-técnico algarvio teme também o que chama de "possível fiasco televisivo".

"Se calhar o Algarve seria uma solução. Pelo clima,pela hotelaria que tem, mas quem vai aguentar com essas despesas todas? E com os estádios vazios a motivação também será baixa e a própria preparação das equipas não será a mais adequada. Pode tudo ser um fiasco em termos de espetáculo televisivo. Portanto, há de facto muitas dificuldades", reconhece.

"Governo marginaliza o futebol"

As condições e o agendamento do eventual reinício das competições desportivas vão ser decididos na próxima semana, assegurou, quinta-feira, a ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, após reunião do Conselho de Ministros. Chegados aqui, Manuel José aponta o dedo a António Costa e seus pares, que - na sua opinião - marginalizam o futebol. Com exceções, de quatro em quatro anos.

"O Governo toma decisões em relação a tudo, mas em relação ao futebol, não! Lembro-me do primeiro discurso do Primeiro-Ministro [nesta fase da crise de saúde], tenho memória, em que ele pôs o futebol completamente de parte. 'O futebol gere-se a ele próprio', foi o que ele disse. Portanto, o futebol gera milhões e milhões em impostos, mas foi marginalizado. Ou seja, o Governo não dá opiniões, mas quando há eleições o futebol já tem importância, porque tem muitos votantes", finaliza, sugerindo que o executivo já deveria ter tido um papel mais ativo neste impasse que o futebol atravessa.

Os campeonatos profissionais foram interrompidos após a 24.ª jornada, devido à pandemia de Covid-19. A Liga tem o plano de retomar as competições, à porta fechada, a 14 ou 21 de junho.

"Classificações finais sem os campeonatos terem acabado são decisões extremamente difíceis e extremamente polémicas, que vão arranjar problemas sérios. Não concordo. Os poucos jogos que faltam têm de jogar-se, desde que as condições sanitárias sejam acauteladas, para que os intervenientes não corram riscos. Pergunto também, quando vão começar os próximos campeonatos? Os clubes vão todos à falência, se não jogarem. Deste modo, atribuir classificações sem se ter jogado é, praticamente, trair o princípio do jogo", começa por dizer, sublinhando, de pronto, que "o risco tem de existir e de ser corrido, como em todos os aspetos da vida. Em termos de economia, há que continuar, porque isto não pode parar de forma indefinida".

Manuel José defende o reinício dos campeonatos, sob pena de se "trair" o futebol e de haver clubes falidos no futur o. O antigo treinador, de 74 anos, uma voz bem presente no panorama nacional da modalidade, admite riscos devido à Covid-19. Porém, em face da incerteza atual, considera que há que corrê-los. Caso contrário, estaremos - igualmente - perante "problemas sérios".

avultadas. Por outro lado, o ex-técnico algarvio teme também o que chama de "possível fiasco televisivo".

"Se calhar o Algarve seria uma solução. Pelo clima,pela hotelaria que tem, mas quem vai aguentar com essas despesas todas? E com os estádios vazios a motivação também será baixa e a própria preparação das equipas não será a mais adequada. Pode tudo ser um fiasco em termos de espetáculo televisivo. Portanto, há de facto muitas dificuldades", reconhece.

"Governo marginaliza o futebol"

As condições e o agendamento do eventual reinício das competições desportivas vão ser decididos na próxima semana, assegurou, quinta-feira, a ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, após reunião do Conselho de Ministros. Chegados aqui, Manuel José aponta o dedo a António Costa e seus pares, que - na sua opinião - marginalizam o futebol. Com exceções, de quatro em quatro anos.

"O Governo toma decisões em relação a tudo, mas em relação ao futebol, não! Lembro-me do primeiro discurso do Primeiro-Ministro [nesta fase da crise de saúde], tenho memória, em que ele pôs o futebol completamente de parte. 'O futebol gere-se a ele próprio', foi o que ele disse. Portanto, o futebol gera milhões e milhões em impostos, mas foi marginalizado. Ou seja, o Governo não dá opiniões, mas quando há eleições o futebol já tem importância, porque tem muitos votantes", finaliza, sugerindo que o executivo já deveria ter tido um papel mais ativo neste impasse que o futebol atravessa.

Os campeonatos profissionais foram interrompidos após a 24.ª jornada, devido à pandemia de Covid-19. A Liga tem o plano de retomar as competições, à porta fechada, a 14 ou 21 de junho.

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