Câmara Corporativa: Num jornal de referência perto de si

13-03-2020
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António Costa deu hoje uma entrevista ao Público (cf. aqui, aqui e aqui). Gostei mais das respostas do que das perguntas. Há jornalistas que nem a tiro percebem que há mais mundo para além das melúrias da direita. E que até poderiam colocar questões pertinentes assim se desembaraçassem da pequena política. Só duas notas sobre a entrevista:1. Vale a pena chamar a atenção para o facto de a manchete poder sugerir que houve uma guinada, após a tomada de posse do Governo, em relação ao compromisso assumido quanto à sobretaxa. Se os jornalistas tivessem lido o Programa do Governo, veriam que António Costa se limitou a reproduzir o que aí consta (p. 7): «O início de uma correcção ao enorme aumento de impostos sobre as famílias que foi concretizado nesta legislatura, com a extinção da sobretaxa do IRS entre 2016 e 2017».2. Se o tom geral da entrevista foi o de dar voz às intrigas da direita, há um momento em que até se ultrapassa as melhores performances de José Gomes Ferreira com a seguinte pergunta: «Quando chegar a Bruxelas com as suas opções orçamentais, que são diferentes das anteriores e da herança da troika, e quando a Comissão Europeia muito provavelmente lhe der o mesmo tipo de resposta que deu ao primeiro-ministro grego, que é que as receitas para aplicar são as que eles cá deixaram, qual o seu plano B?»Imagine-se o que seria perguntado se não se tratasse de um jornal de referência.


António Costa deu hoje uma entrevista ao Público (cf. aqui, aqui e aqui). Gostei mais das respostas do que das perguntas. Há jornalistas que nem a tiro percebem que há mais mundo para além das melúrias da direita. E que até poderiam colocar questões pertinentes assim se desembaraçassem da pequena política. Só duas notas sobre a entrevista:1. Vale a pena chamar a atenção para o facto de a manchete poder sugerir que houve uma guinada, após a tomada de posse do Governo, em relação ao compromisso assumido quanto à sobretaxa. Se os jornalistas tivessem lido o Programa do Governo, veriam que António Costa se limitou a reproduzir o que aí consta (p. 7): «O início de uma correcção ao enorme aumento de impostos sobre as famílias que foi concretizado nesta legislatura, com a extinção da sobretaxa do IRS entre 2016 e 2017».2. Se o tom geral da entrevista foi o de dar voz às intrigas da direita, há um momento em que até se ultrapassa as melhores performances de José Gomes Ferreira com a seguinte pergunta: «Quando chegar a Bruxelas com as suas opções orçamentais, que são diferentes das anteriores e da herança da troika, e quando a Comissão Europeia muito provavelmente lhe der o mesmo tipo de resposta que deu ao primeiro-ministro grego, que é que as receitas para aplicar são as que eles cá deixaram, qual o seu plano B?»Imagine-se o que seria perguntado se não se tratasse de um jornal de referência.

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