Costa e Medina mantêm Teresa Almeida na CCDR-Lisboa. PS travou candidatura de Gameiro

12-09-2020
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O deputado socialista António Gameiro, de Santarém, admitiu ao Expresso ter sido convidado pela direção do PS para integrar os órgãos dirigentes da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR-LVT). Mas, após ter ficado “em modo de espera”, afirma que se “autoexcluiu” da corrida. O ex-líder da federação do PS de Santarém não esconde que teve “vontade” de ser candidato à liderança da CCDR-LVT nas primeiras eleições indiretas para a entidade gestora dos fundos comunitários, que irá decorrer em meados de outubro. O desejo de avançar para o cargo foi manifestado a vários autarcas locais, que dizem ao Expresso que entre “querer e poder” vai uma grande distância.

“Ligou a dizer que tinha muitos apoios, mas era bluff”, garantem ao Expresso dois presidentes de câmara da Grande Lisboa, que asseguram que António Costa sempre quis segurar Teresa Almeida - a atual presidente da CCDR-LVT. Esta opção “agrada" à maioria dos autarcas socialistas, entre os quais Fernando Medina, defensor de primeira hora de Teresa Almeida que lidera esta estrutura desde julho de 2019 e que já tinha exercido a função entre 2010 e 2012.

Apesar de o nome dos candidatos às CCDR estarem a ser negociados ao mais alto nível entre António Costa e Rui Rio, em Lisboa e Vale do Tejo é o primeiro-ministro quem escolhe, dado ser o partido dominante na região. Ao que o Expresso apurou, António Gameiro chegou a ser equacionado para ir a votos como vice-presidente, enquanto Ângelo Pereira, líder da Distrital do PSD/Lisboa, poderá ser o segundo vice para a estrutura por indicação do PSD. O nome do vice a escolher pelo PS ainda não está fechado, mas fonte do partido aponta quarta-feira como a data em que os dois maiores partidos irão encerrar as negociações para as cinco CCDR do país.

Na CCDR- Algarve o candidato único à presidência é José Apolinário, secretário de Estado das Pescas, escolhido pelo PS para suceder a Francisco Serra, decisão bem aceite pelos autarcas algarvios. “Não tem anticorpos”, afiança um autarca local em relação ao antigo presidente da Câmara de Faro. A restante equipa diretiva também já estará acertada, cabendo a gestão da substituição de José Apolinário no Governo a Mariana Vieira da Silva, ministra da Presidência e da Reforma Administrativa.

Norte dividido

Longe de estar fechado continua o processo de sucessão de Freire de Sousa na CCDR-Norte. Rui Rio, a quem cabe a escolha do próximo presidente na partilha do 'Bloco Central' das entidades gestoras dos fundos europeus, tem conduzido as negociações “no maior secretismo, como é costume”, critica um autarca social-democrata da região do Tâmega e Sousa, avesso à recente “tática do facto consumado do partido”.

Apesar de não existir um movimento organizado em torno da permanência de Freire de Sousa, a vaga de fundo de apoio ao líder da CCDR-N nomeado pelo PS tem vindo a crescer. Rui Moreira, que até pondera não participar na eleição de outubro por discordar do timing e do modelo do sufrágio, Paulo Cunha, autarca do PSD da Câmara de Famalicão, e os colegas de partido de Amarante, José Luís Gaspar, ou de Vila do Conde, Aires Pereira, já se manifestaram contra a dança da cadeira a norte, tal como o líder da Associação Comercial do Porto, Nuno Botelho.

Além da proximidade ao PS, contra Freire de Sousa conspira o facto de ser casado com Elisa Ferreira: ou seja, a questão da incompatibilidade do cargo da comissária europeia da Coesão e Reformas pode voltar a ser suscitada em Bruxelas, embora o Parlamento Europeu já se tenha pronunciado pela não existência de conflito de interesses.

“Isto não significa que a discussão não volte a ser colocada por países interessados na past. Até porque um dos argumentos foi, além de já estar no cargo antes, haveria mudanças a breve prazo nas CCDR”, adianta ao Expresso Miguel Alves, autarca socialista de Caminha e presidente do Conselho Regional do Norte, órgão consultivo da CCDR-N. Sem regatear elogios ao trabalho de Freire de Sousa, Miguel Alves defende, contudo que "seria pouco avisado" que se candidatasse, face a possíveis tensões suscetíveis de por em risco uma pasta importante para o país.

Guilhermina Rego na short list

Para a presidência da CCDR-N, a que reúne o maior colégio eleitoral das cinco regiões, Guilhermina Rego poderá ser o trunfo na manga de Rio. Licenciada em Gestão de Empresas, mestre em Finanças e docente de Bioética na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, a antiga vereadora de Rui Rio, que trocou a militância do PSD para integrar o executivo de Rui Moreira com a bênção do agora líder do PSD, é um nome que não levanta objeções nas hostes socialistas - de resto, foi Ana Paulo Vitorino, então Ministra do Mar, que a nomeou para a presidência da APDL (Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo).

Em julho, deixou discretamente o cargo, após ter terminado o mandato em dezembro último. Na passada semana, esteve presente na visita de Rui Rio ao Hospital de São João no Porto, participação que alguns dirigentes do PSD local profetizam como um sinal de aproximação entre Rio e Guilhermina Rego. “Nada está formalizado, mas é uma das candidatas da short list”, refere fonte do partido.

Os outros dois nomes em equação são António Cunha, ex-reitor da Universidade do Minho, e Fontaínhas Fernandes, reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, opções que dividem os aparelhos locais do PSD e PS, por terem um perfil mais académico do que político. O regresso de Carlos Duarte, vogal do Conselho Diretivo da CCDR-N na gerência de Emídio Gomes, também está a ser ponderado, mas tudo indica para a vice-presidência, por nomeação direta. “Tem experiência, é do PSD mas move-se sem contestação nos círculos do PS do norte, principalmente o minhoto”, refere um deputado da região.

Na CCDR-Centro, Isabel Damasceno, nomeada interinamente no início deste ano para substituir no cargo a atual ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, não deverá permanecer em funções. A escolha do líder é apontada ao PSD e Pedro Machado, presidente da Entidade Regional do Turismo do Centro há mais de uma década, foi um dos nomes sondados, hipótese que descartou recentemente ao 'Diário As Beiras'. Fonte do PSD local refere, contudo, que se for uma opção consensual entre o PSD e PSD “pode reconsiderar”.

Para a CCDR do Alentejo e Ribatejo, o PS confirmou a candidatura de António Ceia da Silva, líder da Entidade de Turismo da região, conforme o Expresso avançou no final de agosto. O ex-deputado anunciou publicamente «o enorme orgulho» com que se candidata, tendo o deputado e líder da Distrital do PS de Portalegre, Luís Testa, referido ao "Público" que Ceia da Silva tem o apoio "formal e inequívoco" do partido.

Ao Expresso, Roberto Grilo, líder em funções, mantém a vontade de ir a votos como independente. “A possível candidatura prossegue o seu caminho, estamos a trabalhar, mas a decisão final ainda não está tomada”, diz Roberto Grilo, que conta com apoios de vários quadrantes partidários, do PSD ao PCP e independentes.

O deputado socialista António Gameiro, de Santarém, admitiu ao Expresso ter sido convidado pela direção do PS para integrar os órgãos dirigentes da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR-LVT). Mas, após ter ficado “em modo de espera”, afirma que se “autoexcluiu” da corrida. O ex-líder da federação do PS de Santarém não esconde que teve “vontade” de ser candidato à liderança da CCDR-LVT nas primeiras eleições indiretas para a entidade gestora dos fundos comunitários, que irá decorrer em meados de outubro. O desejo de avançar para o cargo foi manifestado a vários autarcas locais, que dizem ao Expresso que entre “querer e poder” vai uma grande distância.

“Ligou a dizer que tinha muitos apoios, mas era bluff”, garantem ao Expresso dois presidentes de câmara da Grande Lisboa, que asseguram que António Costa sempre quis segurar Teresa Almeida - a atual presidente da CCDR-LVT. Esta opção “agrada" à maioria dos autarcas socialistas, entre os quais Fernando Medina, defensor de primeira hora de Teresa Almeida que lidera esta estrutura desde julho de 2019 e que já tinha exercido a função entre 2010 e 2012.

Apesar de o nome dos candidatos às CCDR estarem a ser negociados ao mais alto nível entre António Costa e Rui Rio, em Lisboa e Vale do Tejo é o primeiro-ministro quem escolhe, dado ser o partido dominante na região. Ao que o Expresso apurou, António Gameiro chegou a ser equacionado para ir a votos como vice-presidente, enquanto Ângelo Pereira, líder da Distrital do PSD/Lisboa, poderá ser o segundo vice para a estrutura por indicação do PSD. O nome do vice a escolher pelo PS ainda não está fechado, mas fonte do partido aponta quarta-feira como a data em que os dois maiores partidos irão encerrar as negociações para as cinco CCDR do país.

Na CCDR- Algarve o candidato único à presidência é José Apolinário, secretário de Estado das Pescas, escolhido pelo PS para suceder a Francisco Serra, decisão bem aceite pelos autarcas algarvios. “Não tem anticorpos”, afiança um autarca local em relação ao antigo presidente da Câmara de Faro. A restante equipa diretiva também já estará acertada, cabendo a gestão da substituição de José Apolinário no Governo a Mariana Vieira da Silva, ministra da Presidência e da Reforma Administrativa.

Norte dividido

Longe de estar fechado continua o processo de sucessão de Freire de Sousa na CCDR-Norte. Rui Rio, a quem cabe a escolha do próximo presidente na partilha do 'Bloco Central' das entidades gestoras dos fundos europeus, tem conduzido as negociações “no maior secretismo, como é costume”, critica um autarca social-democrata da região do Tâmega e Sousa, avesso à recente “tática do facto consumado do partido”.

Apesar de não existir um movimento organizado em torno da permanência de Freire de Sousa, a vaga de fundo de apoio ao líder da CCDR-N nomeado pelo PS tem vindo a crescer. Rui Moreira, que até pondera não participar na eleição de outubro por discordar do timing e do modelo do sufrágio, Paulo Cunha, autarca do PSD da Câmara de Famalicão, e os colegas de partido de Amarante, José Luís Gaspar, ou de Vila do Conde, Aires Pereira, já se manifestaram contra a dança da cadeira a norte, tal como o líder da Associação Comercial do Porto, Nuno Botelho.

Além da proximidade ao PS, contra Freire de Sousa conspira o facto de ser casado com Elisa Ferreira: ou seja, a questão da incompatibilidade do cargo da comissária europeia da Coesão e Reformas pode voltar a ser suscitada em Bruxelas, embora o Parlamento Europeu já se tenha pronunciado pela não existência de conflito de interesses.

“Isto não significa que a discussão não volte a ser colocada por países interessados na past. Até porque um dos argumentos foi, além de já estar no cargo antes, haveria mudanças a breve prazo nas CCDR”, adianta ao Expresso Miguel Alves, autarca socialista de Caminha e presidente do Conselho Regional do Norte, órgão consultivo da CCDR-N. Sem regatear elogios ao trabalho de Freire de Sousa, Miguel Alves defende, contudo que "seria pouco avisado" que se candidatasse, face a possíveis tensões suscetíveis de por em risco uma pasta importante para o país.

Guilhermina Rego na short list

Para a presidência da CCDR-N, a que reúne o maior colégio eleitoral das cinco regiões, Guilhermina Rego poderá ser o trunfo na manga de Rio. Licenciada em Gestão de Empresas, mestre em Finanças e docente de Bioética na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, a antiga vereadora de Rui Rio, que trocou a militância do PSD para integrar o executivo de Rui Moreira com a bênção do agora líder do PSD, é um nome que não levanta objeções nas hostes socialistas - de resto, foi Ana Paulo Vitorino, então Ministra do Mar, que a nomeou para a presidência da APDL (Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo).

Em julho, deixou discretamente o cargo, após ter terminado o mandato em dezembro último. Na passada semana, esteve presente na visita de Rui Rio ao Hospital de São João no Porto, participação que alguns dirigentes do PSD local profetizam como um sinal de aproximação entre Rio e Guilhermina Rego. “Nada está formalizado, mas é uma das candidatas da short list”, refere fonte do partido.

Os outros dois nomes em equação são António Cunha, ex-reitor da Universidade do Minho, e Fontaínhas Fernandes, reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, opções que dividem os aparelhos locais do PSD e PS, por terem um perfil mais académico do que político. O regresso de Carlos Duarte, vogal do Conselho Diretivo da CCDR-N na gerência de Emídio Gomes, também está a ser ponderado, mas tudo indica para a vice-presidência, por nomeação direta. “Tem experiência, é do PSD mas move-se sem contestação nos círculos do PS do norte, principalmente o minhoto”, refere um deputado da região.

Na CCDR-Centro, Isabel Damasceno, nomeada interinamente no início deste ano para substituir no cargo a atual ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, não deverá permanecer em funções. A escolha do líder é apontada ao PSD e Pedro Machado, presidente da Entidade Regional do Turismo do Centro há mais de uma década, foi um dos nomes sondados, hipótese que descartou recentemente ao 'Diário As Beiras'. Fonte do PSD local refere, contudo, que se for uma opção consensual entre o PSD e PSD “pode reconsiderar”.

Para a CCDR do Alentejo e Ribatejo, o PS confirmou a candidatura de António Ceia da Silva, líder da Entidade de Turismo da região, conforme o Expresso avançou no final de agosto. O ex-deputado anunciou publicamente «o enorme orgulho» com que se candidata, tendo o deputado e líder da Distrital do PS de Portalegre, Luís Testa, referido ao "Público" que Ceia da Silva tem o apoio "formal e inequívoco" do partido.

Ao Expresso, Roberto Grilo, líder em funções, mantém a vontade de ir a votos como independente. “A possível candidatura prossegue o seu caminho, estamos a trabalhar, mas a decisão final ainda não está tomada”, diz Roberto Grilo, que conta com apoios de vários quadrantes partidários, do PSD ao PCP e independentes.

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