Na óptica de António Costa, a luta é entre os "frugais" (Portugal e mais 15) e os "forretas" (os quatro países que contribuem com mais dinheiro). O primeiro-ministro troca os nomes pelos quais são chamados os países neste debate do orçamento europeu - os chamados "frugais" passam a "forretas" - para afirmar que ainda há hipóteses de ganhar esta luta entre os quatro gigantes e os 16 pequenos. Como? Para já com o voto contra português, que também é veto, à proposta do orçamento europeu. "Esta proposta não terá o nosso voto favorável", afirmou o primeiro-ministro no debate no Parlamento que antecede o Conselho Europeu desta quinta-feira.
O debate nos últimos meses tem sido feito entre os países do grupo Amigos da Coesão, que pedem um orçamento ambicioso, e os quatro "frugais", Holanda, Dinamarca, Suécia e Áustria, que têm travado uma expansão do orçamento europeu além de 1% do Rendimento Nacional Bruto (RNB). Perante esta divisão, António Costa defendeu que esses quatro países estão a vetar a posição dos restantes e que têm de ser eles a ceder e ir ao encontro do que exige a maioria. "Nós é que somos os frugais, eles não são frugais, são forretas", defendeu.
Por isso, o voto português será contra a proposta do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel. "Não votaremos esta proposta, continuaremos à procura de uma posição consensual que não ceda à posição de veto dos quatro países", reforçou. O primeiro-ministro lembrou a carta dos líderes dos grupos parlamentares europeus, que ameaçam votar contra se não gostarem da proposta dos líderes, para afirmar que "não estamos isolados nesta matéria".
Esta quinta-feira, os líderes dos 27 voltam a debater sobre o que poderá ser o próximo quadro comunitário, até 2027, e não está fácil chegar a acordo. O presidente do Conselho, Charles Michel, chamou a si o processo e apresentou no final da semana passada uma proposta que coloca o orçamento europeu em 1,074% do Rendimento Nacional Bruto. Uma proposta que mantém o que para os 18 países Amigos da Coesão é impossível de aceitar: cortes na política de coesão. Charles Michel deixou no entanto a porta aberta às negociações, que começam esta quinta e que se vão prolongar, garantindo que a proposta é flexível.
O que isto significa é que pode haver alterações no cocktail de fundos e que estes passem de uns para os outros, compensando as perdas na coesão. O primeiro-ministro não referiu aos deputados qual vai ser a estratégia que vai adoptar na reunião do Conselho, mas prometeu que iria insistir em não ter cortes na política de coesão, até porque esta tem já "partes temáticas" de combate às alterações climáticas e não se percebe porque não pode ela própria ser reforçada. A ideia pode passar por um cocktail diferente ou por mexer noutros recursos.
Certo é que parece ter esfriado a ideia que deste Conselho sairá uma proposta consensual, mas ainda há muitos bastidores e reuniões laterais que vão acontecer naquele longo dia.
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Na óptica de António Costa, a luta é entre os "frugais" (Portugal e mais 15) e os "forretas" (os quatro países que contribuem com mais dinheiro). O primeiro-ministro troca os nomes pelos quais são chamados os países neste debate do orçamento europeu - os chamados "frugais" passam a "forretas" - para afirmar que ainda há hipóteses de ganhar esta luta entre os quatro gigantes e os 16 pequenos. Como? Para já com o voto contra português, que também é veto, à proposta do orçamento europeu. "Esta proposta não terá o nosso voto favorável", afirmou o primeiro-ministro no debate no Parlamento que antecede o Conselho Europeu desta quinta-feira.
O debate nos últimos meses tem sido feito entre os países do grupo Amigos da Coesão, que pedem um orçamento ambicioso, e os quatro "frugais", Holanda, Dinamarca, Suécia e Áustria, que têm travado uma expansão do orçamento europeu além de 1% do Rendimento Nacional Bruto (RNB). Perante esta divisão, António Costa defendeu que esses quatro países estão a vetar a posição dos restantes e que têm de ser eles a ceder e ir ao encontro do que exige a maioria. "Nós é que somos os frugais, eles não são frugais, são forretas", defendeu.
Por isso, o voto português será contra a proposta do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel. "Não votaremos esta proposta, continuaremos à procura de uma posição consensual que não ceda à posição de veto dos quatro países", reforçou. O primeiro-ministro lembrou a carta dos líderes dos grupos parlamentares europeus, que ameaçam votar contra se não gostarem da proposta dos líderes, para afirmar que "não estamos isolados nesta matéria".
Esta quinta-feira, os líderes dos 27 voltam a debater sobre o que poderá ser o próximo quadro comunitário, até 2027, e não está fácil chegar a acordo. O presidente do Conselho, Charles Michel, chamou a si o processo e apresentou no final da semana passada uma proposta que coloca o orçamento europeu em 1,074% do Rendimento Nacional Bruto. Uma proposta que mantém o que para os 18 países Amigos da Coesão é impossível de aceitar: cortes na política de coesão. Charles Michel deixou no entanto a porta aberta às negociações, que começam esta quinta e que se vão prolongar, garantindo que a proposta é flexível.
O que isto significa é que pode haver alterações no cocktail de fundos e que estes passem de uns para os outros, compensando as perdas na coesão. O primeiro-ministro não referiu aos deputados qual vai ser a estratégia que vai adoptar na reunião do Conselho, mas prometeu que iria insistir em não ter cortes na política de coesão, até porque esta tem já "partes temáticas" de combate às alterações climáticas e não se percebe porque não pode ela própria ser reforçada. A ideia pode passar por um cocktail diferente ou por mexer noutros recursos.
Certo é que parece ter esfriado a ideia que deste Conselho sairá uma proposta consensual, mas ainda há muitos bastidores e reuniões laterais que vão acontecer naquele longo dia.