Ataques em Moçambique. Governo português sugere intervenção da ONU e anuncia apoio na logística e formação de militares

11-12-2020
marcar artigo

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, apontou esta sexta-feira uma intervenção das Nações Unidas como uma possibilidade para fazer face à ameaça terrorista no norte de Moçambique. A hipótese foi colocada lado a lado com outros dois planos, a cooperação bilateral com Portugal e o apoio da União Europeia (UE).

“Há um terceiro plano em que as coisas estão naturalmente ainda mais recuadas porque isso não depende, nem exclusivamente, nem principalmente, de nós, que é a intervenção ao nível das Nações Unidas”, referiu Santos Silva ao programa ‘Geometria Variável’ da Antena 1. “Aí, o caminho é um pouco mais longo porque o Conselho de Segurança tem de se pronunciar”, sem de imediato “haver uma missão propriamente dita”, acrescentou.

A ONU tem estado no terreno ao nível da ajuda humanitária através das suas agências, como o Programa Alimentar Mundial (PAM), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) ou a Organização Internacional das Migrações (OIM), entre outras.

Segundo o chefe da diplomacia portuguesa, uma outra intervenção da ONU, sem detalhar de que tipo, impõe-se devido ao nível de ameaça regional. “A situação no terreno é muito complexa e é preciso ter em atenção que não estamos a falar só do norte de Moçambique: uma das razões que, do meu ponto de vista, justifica uma intervenção das Nações Unidas é que não podemos deixar a África Oriental tornar-se um campo de ação do terrorismo internacional”, referiu.

A ameaça estende-se atualmente em toda a faixa leste do continente: “se começarmos a olhar, da Somália até Moçambique, é toda a parte oriental” de África. Santos Silva referiu que o conflito armado em Cabo Delgado reflete também “problemas de expectativas não cumpridas” e “os perigos da lógica económica extrativista: vai-se a um sítio, tiram-se os recursos com uma enorme indiferença pela sorte da população e das outras dimensões do desenvolvimento”.

“Conhecer o inimigo”

Entretanto, o ministro da Defesa revelou esta sexta-feira à agência Lusa que Portugal vai apoiar Moçambique na organização logística e na capacitação de militares para fazer face aos grupos rebeldes que têm protagonizado ataques armados na província de Cabo Delgado.

“A partir do início de janeiro virá uma equipa de militares portugueses para trabalhar com o Estado-Maior-General das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique no desenho do projeto, que queremos que comece muito rapidamente”, disse João Gomes Cravinho, no último dia da visita de trabalho que realiza a Moçambique desde quarta-feira.

Segundo o governante, a formação, a ser feita em Moçambique, vai abranger as forças de intervenção rápida, forças especiais, fuzileiros e militares da área do controlo aéreo tático, tendo sido definidas como “áreas de interesse específico” a ciberdefesa, a cartografia, a hidrografia e a cooperação industrial de defesa.

“Estamos a falar de uma missão não executiva. O que vamos fazer é dar apoio às autoridades moçambicanas para que elas possam exercer a sua soberania”, frisou Gomes Cravinho. Para o ministro, o terrorismo no norte de Moçambique tem algumas especificidades locais e o primeiro elemento importante para travar as incursões destes grupos é “conhecer o inimigo”.

“O aparecimento do terrorismo no norte de Moçambique tem algumas características em comum com o terrorismo em outras partes do mundo, particularmente na costa africana. Mas também tem especificidades locais. Portanto, é fundamental perceber aquilo que vem de fora e aquilo que se desenvolveu com raízes nacionais”, declarou.

Gomes Cravinho disse ainda que Portugal, que assume a presidência da União Europeia no primeiro semestre de 2021, vai procurar reforçar o pedido de apoio já feito por Maputo a Bruxelas. “É uma coincidência muito favorável. Vamos utilizar esta presidência para reforçar a capacidade de resposta da UE face às necessidades no terreno”, declarou.

A província de Cabo Delgado está desde há três anos sob ataque de insurgentes e algumas das incursões passaram a ser reivindicadas pelo autoproclamado Estado Islâmico desde 2019. A violência está a provocar uma crise humanitária com mais de duas mil mortes e 560 mil pessoas deslocadas, sem habitação, nem alimentos, concentrando-se sobretudo na capital provincial, Pemba.

Moçambique e Portugal têm um acordo de cooperação na área da defesa desde 1988. Durante a visita de Gomes Cravinho, além de aspetos ligados à violência armada em Cabo Delgado, as partes debateram aspetos ligados à resposta à covid-19, tendo Portugal manifestado abertura para apoiar Moçambique no seu plano nacional de vacinação.

A visita de trabalho do ministro a Moçambique tinha em vista a negociação de um novo programa de cooperação bilateral no domínio da Defesa e o estreitamento de relações com África no âmbito da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia (PPUE), que se iniciará em janeiro.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, apontou esta sexta-feira uma intervenção das Nações Unidas como uma possibilidade para fazer face à ameaça terrorista no norte de Moçambique. A hipótese foi colocada lado a lado com outros dois planos, a cooperação bilateral com Portugal e o apoio da União Europeia (UE).

“Há um terceiro plano em que as coisas estão naturalmente ainda mais recuadas porque isso não depende, nem exclusivamente, nem principalmente, de nós, que é a intervenção ao nível das Nações Unidas”, referiu Santos Silva ao programa ‘Geometria Variável’ da Antena 1. “Aí, o caminho é um pouco mais longo porque o Conselho de Segurança tem de se pronunciar”, sem de imediato “haver uma missão propriamente dita”, acrescentou.

A ONU tem estado no terreno ao nível da ajuda humanitária através das suas agências, como o Programa Alimentar Mundial (PAM), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) ou a Organização Internacional das Migrações (OIM), entre outras.

Segundo o chefe da diplomacia portuguesa, uma outra intervenção da ONU, sem detalhar de que tipo, impõe-se devido ao nível de ameaça regional. “A situação no terreno é muito complexa e é preciso ter em atenção que não estamos a falar só do norte de Moçambique: uma das razões que, do meu ponto de vista, justifica uma intervenção das Nações Unidas é que não podemos deixar a África Oriental tornar-se um campo de ação do terrorismo internacional”, referiu.

A ameaça estende-se atualmente em toda a faixa leste do continente: “se começarmos a olhar, da Somália até Moçambique, é toda a parte oriental” de África. Santos Silva referiu que o conflito armado em Cabo Delgado reflete também “problemas de expectativas não cumpridas” e “os perigos da lógica económica extrativista: vai-se a um sítio, tiram-se os recursos com uma enorme indiferença pela sorte da população e das outras dimensões do desenvolvimento”.

“Conhecer o inimigo”

Entretanto, o ministro da Defesa revelou esta sexta-feira à agência Lusa que Portugal vai apoiar Moçambique na organização logística e na capacitação de militares para fazer face aos grupos rebeldes que têm protagonizado ataques armados na província de Cabo Delgado.

“A partir do início de janeiro virá uma equipa de militares portugueses para trabalhar com o Estado-Maior-General das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique no desenho do projeto, que queremos que comece muito rapidamente”, disse João Gomes Cravinho, no último dia da visita de trabalho que realiza a Moçambique desde quarta-feira.

Segundo o governante, a formação, a ser feita em Moçambique, vai abranger as forças de intervenção rápida, forças especiais, fuzileiros e militares da área do controlo aéreo tático, tendo sido definidas como “áreas de interesse específico” a ciberdefesa, a cartografia, a hidrografia e a cooperação industrial de defesa.

“Estamos a falar de uma missão não executiva. O que vamos fazer é dar apoio às autoridades moçambicanas para que elas possam exercer a sua soberania”, frisou Gomes Cravinho. Para o ministro, o terrorismo no norte de Moçambique tem algumas especificidades locais e o primeiro elemento importante para travar as incursões destes grupos é “conhecer o inimigo”.

“O aparecimento do terrorismo no norte de Moçambique tem algumas características em comum com o terrorismo em outras partes do mundo, particularmente na costa africana. Mas também tem especificidades locais. Portanto, é fundamental perceber aquilo que vem de fora e aquilo que se desenvolveu com raízes nacionais”, declarou.

Gomes Cravinho disse ainda que Portugal, que assume a presidência da União Europeia no primeiro semestre de 2021, vai procurar reforçar o pedido de apoio já feito por Maputo a Bruxelas. “É uma coincidência muito favorável. Vamos utilizar esta presidência para reforçar a capacidade de resposta da UE face às necessidades no terreno”, declarou.

A província de Cabo Delgado está desde há três anos sob ataque de insurgentes e algumas das incursões passaram a ser reivindicadas pelo autoproclamado Estado Islâmico desde 2019. A violência está a provocar uma crise humanitária com mais de duas mil mortes e 560 mil pessoas deslocadas, sem habitação, nem alimentos, concentrando-se sobretudo na capital provincial, Pemba.

Moçambique e Portugal têm um acordo de cooperação na área da defesa desde 1988. Durante a visita de Gomes Cravinho, além de aspetos ligados à violência armada em Cabo Delgado, as partes debateram aspetos ligados à resposta à covid-19, tendo Portugal manifestado abertura para apoiar Moçambique no seu plano nacional de vacinação.

A visita de trabalho do ministro a Moçambique tinha em vista a negociação de um novo programa de cooperação bilateral no domínio da Defesa e o estreitamento de relações com África no âmbito da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia (PPUE), que se iniciará em janeiro.

marcar artigo