O saneamento de Santos Silva conheceu novo episódio

02-01-2020
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A maneira como a TVI cancelou unilateralmente o contrato que mantinha com Augusto Santos Silva para um comentário político semanal na TVI 24, sem que a direcção de informação tenha explicado publicamente as razões desse cancelamento, não deixa de ser estranha. Já aqui o escrevi.

Hoje, assistimos a um novo e inexplicável episódio denunciado primeiro por Augusto Santos Silva e, posteriormente, confirmado por motivos técnicos (alteração da emissão) pela própria TVI. Porém, o que lemos sobre o episódio é altamente preocupante.

Santos Silva acusa a TVI de censura, visto que o programa desta terça-feira foi confirmado hoje mesmo (o cancelamento do contrato tem efeitos apenas no final de Julho), sendo depois cancelado à última hora para ser substituído por um debate sobre a entrevista do primeiro-ministro à SIC. Como se Santos Silva não pudesse ele próprio ser um dos comentadores dessa entrevista. A TVI24, aliás, convidou outro socialista, João Cravinho, para comentar a entrevista (com Ângelo Correia).

Segundo o Público, a TVI24 convidou Fernando Medina como comentador, com uma explicação que causa a maior perplexidade. Diz a TVI na nota enviada à comunicação social, que a escolha de Medina se deve, entre outras razões, ao facto de ser o presidente da Câmara de Lisboa e “uma das mais importantes apostas do PS de António Costa para o futuro do partido”.

Fernando Medina é, sem dúvida, um político de qualidade que tem dado provas de grande rigor e seriedade quer no governo anterior quer na CML. Não tem porém a acutilância e a experiência política de Santos Silva nem a sua familiaridade com o meio-televisão. E por isso é ainda mais estranho que a TVI mande embora um comentador com as qualidades que os directores de informação, de todas as estações, têm definido como essenciais à escolha dos comentadores-políticos, isto é, notoriedade, experiência e capacidade de exposição em televisão.

Ora, através desta nota da TVI ficou “oficializado” que o critério para a escolha de comentadores-políticos é, afinal, o da sua importância no seio do partido. Percebe-se assim melhor que sendo Santos Silva um “simples” professor catedrático não interesse à TVI.

Arrisco também uma interpretação para o silêncio dos responsáveis da Informação da TVI – José Alberto de Carvalho, Sérgio Figueiredo e Judite de Sousa. A decisão de despedir Santos Silva só pode ter-lhes sido imposta “de cima”. Se assim for, trata-se de uma interferência ilegal nos poderes do director. Se assim não for, eles o dirão.

Imagino, e não é uma simples conjectura, o que seria se o que se passou com Santos Silva tivesse ocorrido na RTP. Quantos comunicados, protestos, acusações à administração e à direcção, etc., etc. . dos próprios jornalistas, não teriam já vindo a público! Imagino mesmo que se os dois directores acima citados estivessem ainda na RTP já tivessem sido chamados a um dos órgãos de supervisão para explicarem as razões do despedimento do comentador….

É normal e mesmo desejável que os contratos dos comentadores, sejam eles políticos ou de outras áreas, sejam renovados periodicamente. Só assim se garante o pluralismo e a diversidade. Mas não foi isso que aconteceu com a TVI quanto ao contrato de Santos Silva. Trata-se aqui, de uma punição por delito de opinião.

A maneira como a TVI cancelou unilateralmente o contrato que mantinha com Augusto Santos Silva para um comentário político semanal na TVI 24, sem que a direcção de informação tenha explicado publicamente as razões desse cancelamento, não deixa de ser estranha. Já aqui o escrevi.

Hoje, assistimos a um novo e inexplicável episódio denunciado primeiro por Augusto Santos Silva e, posteriormente, confirmado por motivos técnicos (alteração da emissão) pela própria TVI. Porém, o que lemos sobre o episódio é altamente preocupante.

Santos Silva acusa a TVI de censura, visto que o programa desta terça-feira foi confirmado hoje mesmo (o cancelamento do contrato tem efeitos apenas no final de Julho), sendo depois cancelado à última hora para ser substituído por um debate sobre a entrevista do primeiro-ministro à SIC. Como se Santos Silva não pudesse ele próprio ser um dos comentadores dessa entrevista. A TVI24, aliás, convidou outro socialista, João Cravinho, para comentar a entrevista (com Ângelo Correia).

Segundo o Público, a TVI24 convidou Fernando Medina como comentador, com uma explicação que causa a maior perplexidade. Diz a TVI na nota enviada à comunicação social, que a escolha de Medina se deve, entre outras razões, ao facto de ser o presidente da Câmara de Lisboa e “uma das mais importantes apostas do PS de António Costa para o futuro do partido”.

Fernando Medina é, sem dúvida, um político de qualidade que tem dado provas de grande rigor e seriedade quer no governo anterior quer na CML. Não tem porém a acutilância e a experiência política de Santos Silva nem a sua familiaridade com o meio-televisão. E por isso é ainda mais estranho que a TVI mande embora um comentador com as qualidades que os directores de informação, de todas as estações, têm definido como essenciais à escolha dos comentadores-políticos, isto é, notoriedade, experiência e capacidade de exposição em televisão.

Ora, através desta nota da TVI ficou “oficializado” que o critério para a escolha de comentadores-políticos é, afinal, o da sua importância no seio do partido. Percebe-se assim melhor que sendo Santos Silva um “simples” professor catedrático não interesse à TVI.

Arrisco também uma interpretação para o silêncio dos responsáveis da Informação da TVI – José Alberto de Carvalho, Sérgio Figueiredo e Judite de Sousa. A decisão de despedir Santos Silva só pode ter-lhes sido imposta “de cima”. Se assim for, trata-se de uma interferência ilegal nos poderes do director. Se assim não for, eles o dirão.

Imagino, e não é uma simples conjectura, o que seria se o que se passou com Santos Silva tivesse ocorrido na RTP. Quantos comunicados, protestos, acusações à administração e à direcção, etc., etc. . dos próprios jornalistas, não teriam já vindo a público! Imagino mesmo que se os dois directores acima citados estivessem ainda na RTP já tivessem sido chamados a um dos órgãos de supervisão para explicarem as razões do despedimento do comentador….

É normal e mesmo desejável que os contratos dos comentadores, sejam eles políticos ou de outras áreas, sejam renovados periodicamente. Só assim se garante o pluralismo e a diversidade. Mas não foi isso que aconteceu com a TVI quanto ao contrato de Santos Silva. Trata-se aqui, de uma punição por delito de opinião.

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