O estado da campanha. Recuperado o músculo, PS cede à dramatização: “Nós ou o caos”?

26-02-2020
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António Costa tem dois azes na arte de malhar em simultâneo à direita e à esquerda e parte para a reta final antes da meta reconfortado com o arzinho de dramatização que Carlos César e Augusto Santos Silva arrastaram para a conversa. Eis os 'alerta-rosa' que marcaram o fim de semana: é preciso "um Governo para quatro anos forte para resistir a eventuais crises externas"; "é necessário que o próximo Governo seja do PS, com as condições de estabilidade e a maioria parlamentar indispensáveis"; "Pensem bem se vale a pena pôr em risco o que já foi alcançado"; e é um perigo dar "poder desmedido" ou "influência desmesurada" aos partidos à esquerda do PS.

É esta a cajadada com que os socialistas tentam matar dois coelhos: por um lado, evitar que a esquerda à sua esquerda cresça e lhes complique o futuro Governo; por outro, não desistir de tentar atrair votos de uma direita para quem os apelos à estabilidade soam à música da AD de há quatro anos. A ideia é simples: se a maioria absoluta já for uma miragem, pelo menos que a maioria relativa seja robusta. Pode ser que o PAN chegue para o resto. Até lá, a tese do voto útil voltou.

Com Costa a aguentar boas enchentes já recuperado das sequelas físicas do 'tufão Tancos', nem por isso o caso/bomba da semana saíu de cena. O líder do PS ficou calado quando lhe perguntaram se estava tudo bem com o Presidente da República. O deputado do PS a quem Azeredo Lopes terá confessado por sms que "sabia" da tramóia de Tancos ficou calado quando lhe perguntaram se era verdade. E Assunção Cristas diz que foi aconselhada a calar-se sobre Tancos (não diz por quem). Mas se Tancos incomoda muita gente, a líder do CDS parece disposta a incomodar muito mais e promete não largar o tema.

Rui Rio, embalado nas sondagens pelo impacto da acusação do ex-ministro da Defesa de Costa, até já elogia o Ministério Público (ele, crítico-mor do MP). E embora a pausa que fez neste domingo para umas horas em casa ("a mala estava uma barafunda ...") possa dar azo a graçolas sobre se já se estará a preparar para 'arrumar as malas' de vez, a verdade é que o líder do PSD sabe que ganha com a bipolarização da campanha e decidiu mesmo fazer por isso.

"Baixo nível", foi a sua resposta aos ataques de Santos Silva e Carlos César por ele ter lançado Tancos contra Costa. Mas falta perceber que trunfo tem Rio para além de Tancos para dar sequência e corpo à bipolarização. Arriscará dramatizar ombro a ombro com o primeiro-ministro a situação económica externa e os riscos de uma crise cá dentro, voltando ao duelo 'tenho um Centeno melhor do que teu'? Restam cinco dias apenas.

Para a esquerda, a bipolarização é uma chatice e Catarina Martins até veio puxar por Jerónimo de Sousa lembrando que os feitos da geringonça foram a três - "O Governo nada teria feito sem o BE e o PCP". Mas enquanto os comunistas não escondem alguma desesperança - "aqui ganhamos sempre, o pior é o resto", desabafava em Alpiarça um militante de 96 anos, com Jerónimo de Sousa a concordar, em Évora, que é preciso travar o perigo dos votos que "caem no regaço do PS" - o Bloco lança-se para fora de pé. Eleger um deputado em Viseu? Se o CDS cair, o BE não acha impossível. O PS achará "desmedido".

E enquanto José Sócrates aproveitava a entrada de Tancos na campanha para mais um artigo de opinião a criticar o Ministério Público (e a deixar algumas indiretas a António Costa), o PAN confirmava ser um partido amigo (do PS). André Silva assiste às zaragatas alheias disposto a marcar a diferença, fala de fazer pontes, e congratula-se por ter escapado às críticas de César e Santos Silva - diz que deve ser porque reconhecem o trabalho feito pelo PAN. Acordo à vista?

António Costa tem dois azes na arte de malhar em simultâneo à direita e à esquerda e parte para a reta final antes da meta reconfortado com o arzinho de dramatização que Carlos César e Augusto Santos Silva arrastaram para a conversa. Eis os 'alerta-rosa' que marcaram o fim de semana: é preciso "um Governo para quatro anos forte para resistir a eventuais crises externas"; "é necessário que o próximo Governo seja do PS, com as condições de estabilidade e a maioria parlamentar indispensáveis"; "Pensem bem se vale a pena pôr em risco o que já foi alcançado"; e é um perigo dar "poder desmedido" ou "influência desmesurada" aos partidos à esquerda do PS.

É esta a cajadada com que os socialistas tentam matar dois coelhos: por um lado, evitar que a esquerda à sua esquerda cresça e lhes complique o futuro Governo; por outro, não desistir de tentar atrair votos de uma direita para quem os apelos à estabilidade soam à música da AD de há quatro anos. A ideia é simples: se a maioria absoluta já for uma miragem, pelo menos que a maioria relativa seja robusta. Pode ser que o PAN chegue para o resto. Até lá, a tese do voto útil voltou.

Com Costa a aguentar boas enchentes já recuperado das sequelas físicas do 'tufão Tancos', nem por isso o caso/bomba da semana saíu de cena. O líder do PS ficou calado quando lhe perguntaram se estava tudo bem com o Presidente da República. O deputado do PS a quem Azeredo Lopes terá confessado por sms que "sabia" da tramóia de Tancos ficou calado quando lhe perguntaram se era verdade. E Assunção Cristas diz que foi aconselhada a calar-se sobre Tancos (não diz por quem). Mas se Tancos incomoda muita gente, a líder do CDS parece disposta a incomodar muito mais e promete não largar o tema.

Rui Rio, embalado nas sondagens pelo impacto da acusação do ex-ministro da Defesa de Costa, até já elogia o Ministério Público (ele, crítico-mor do MP). E embora a pausa que fez neste domingo para umas horas em casa ("a mala estava uma barafunda ...") possa dar azo a graçolas sobre se já se estará a preparar para 'arrumar as malas' de vez, a verdade é que o líder do PSD sabe que ganha com a bipolarização da campanha e decidiu mesmo fazer por isso.

"Baixo nível", foi a sua resposta aos ataques de Santos Silva e Carlos César por ele ter lançado Tancos contra Costa. Mas falta perceber que trunfo tem Rio para além de Tancos para dar sequência e corpo à bipolarização. Arriscará dramatizar ombro a ombro com o primeiro-ministro a situação económica externa e os riscos de uma crise cá dentro, voltando ao duelo 'tenho um Centeno melhor do que teu'? Restam cinco dias apenas.

Para a esquerda, a bipolarização é uma chatice e Catarina Martins até veio puxar por Jerónimo de Sousa lembrando que os feitos da geringonça foram a três - "O Governo nada teria feito sem o BE e o PCP". Mas enquanto os comunistas não escondem alguma desesperança - "aqui ganhamos sempre, o pior é o resto", desabafava em Alpiarça um militante de 96 anos, com Jerónimo de Sousa a concordar, em Évora, que é preciso travar o perigo dos votos que "caem no regaço do PS" - o Bloco lança-se para fora de pé. Eleger um deputado em Viseu? Se o CDS cair, o BE não acha impossível. O PS achará "desmedido".

E enquanto José Sócrates aproveitava a entrada de Tancos na campanha para mais um artigo de opinião a criticar o Ministério Público (e a deixar algumas indiretas a António Costa), o PAN confirmava ser um partido amigo (do PS). André Silva assiste às zaragatas alheias disposto a marcar a diferença, fala de fazer pontes, e congratula-se por ter escapado às críticas de César e Santos Silva - diz que deve ser porque reconhecem o trabalho feito pelo PAN. Acordo à vista?

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