Santos Silva: "Uma administração Biden será uma mudança" e a candidatura de Marcelo é "importante"

06-11-2020
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Uma vitória de Joe Biden, que parecia estar a desenhar-se enquanto o ministro dos Negócios Estrangeiros dava uma entrevista à RTP (entre as 23h e as 24h), representaria "uma mudança", sobretudo na relação com a Europa, assumiu esta quarta-feira Augusto Santos Silva, sem evitar comentar um ato eleitoral que ainda não estava fechado.

Quando a administração Trump tomou posse, constatou o ministro, "no início houve um equívoco, até a suspeita legítima de que os americanos iam investir menos na NATO, mas foi corrigido". No que respeita à União Europeia, apontou Santos Silva de forma mais crítica, "foram suspensas as negociações do que seriam os maiores tratados económicos e comerciais do mundo" e afirmou que "a administração Trump nunca percebeu muito bem o que é a União Europeia". Conclusão, ainda que com as arestas limadas pela linguagem diplomática: uma vitória de Joe Biden, no que respeita à relação com a UE, representa uma "mudança principal de método e discurso, mais do que de conteúdo". E recusou, como MNE, fazer qualquer tipo "de interpretação da personalidade" de Donald Trump.

Ao longo de toda a entrevista, num momento crítico da democracia dos Estados Unidos, o MNE evitou ser crítico da atual administração. No que diz respeito ao principal eixo da política externa norte-americana - a China -, Santos Silva partiu do pressuposto de que a "tensão entre e EUA e China vai manter-se independentemente de quem for o Presidente." Para depois dizer que as declarações ao Expresso do embaixador norte-americano em Portugal, em que George Glass praticamente fez um ultimato - "Portugal tem de escolher entre os aliados ou os chineses" - não lhe causaram "embaraço nenhum".

"Sou muito preciso. Nessas coisas é preciso não haver nenhuma ambiguidade. Portugal tem aliados, a UE e a NATO. Esses são os nossos aliados", e a "China tornou-se um parceiro económico", disse o ministro, para ironizar, sem atacar o embaixador ou os Estados Unidos pelo tom agressivo da entrevista: "Quando os senhores embaixadores fazem o favor de repetir as minhas palavras fico muito contente, é porque a minha mensagem passa". Sobre a relação transatlântica, equipara a que houve com a administração Obama com a de Trump e disse que foi sempre "muito fácil" convencer "os conselheiros de segurança do Presidente" norte-americano sobre a importância das Lajes: bastava mostrar-lhes "o mapa para perceberem a importância que os Açores têm".

Marcelo: "É importante a apresentação da sua candidatura"

Não é a primeira vez que Santos Silva defende o desempenho de Marcelo Rebelo de Sousa em Belém, embora sem assumir explicitamente o voto, mas a dizer: "Creio que é muito importante a apresentação da sua candidatura". E voltou à ideia da boa relação entre Presidente e primeiro-ministro: "Não acho que o PR amparou ou se encostou ao Governo. Apoiou o Governo, criticou o Governo, às vezes com a alguma violência, mas sempre respeitando a solidariedade institucional entre órgãos de soberania".

Augusto Santos Silva não podia ser mais claro, sobretudo quando logo a seguir destacou que depois de 2015 Marcelo foi "não a base de sustentação do Governo, mas do país no quadro europeu e internacional quando precisávamos disso de pão para a boca", por causa das desconfianças "em Bruxelas e em Berlim" sobre a 'geringonça'.

E o PS deve dar liberdade de voto aos militantes nas presidenciais? "Deixemos o PS formar a sua opinião, sou um modesto cidadão, a minha opinião está formada." Se Santos Silva falar aos dirigentes do PS na reunião da Comissão Nacional no sábado, já se percebeu quem vai defender...

O povo português decidiu que o Governo precisa só de um partido: o PCP?

Sobre as semanas difíceis que se avizinham, de negociações com a esquerda para o Orçamento do Estado, o ministro disse esperar que o OE seja aprovado, até porque houve uma mudança nas eleições de 2019 em relação às de 2015. O PS já não precisa do conjunto da esquerda e no atual quadro (não o disse, mas deixou implícito) só precisa do PCP. "A mudança principal com as eleições foi que onde antes o Governo precisava dos votos combinados do PCP e do BE, a partir de outubro de 2019, por decisão do povo português, passou a precisar só dos votos de um destes partidos." Não sendo bem assim, porque são precisos os votos conjugados do PEV e do PAN na abstenção para o orçamento passar com os comunistas, Santos Silva estava a deixar a responsabilidade pela aprovação do orçamento apenas nas mãos do PCP.

O MNE passou a ideia de que o Orçamento vai mesmo ser aprovado, mas pintou um quadro negro para o caso de o Governo estar em crise e sem orçamento a partir de janeiro, quando se inicia a presidência portuguesa da União Europeia. "A dificuldade em que estaríamos a partir de janeiro, assumindo a presidência da UE, num contexto de crise política e sem OE aprovado. Nem sabe a vantagem de dizer no meu trabalho, em Bruxelas ou em Washington, que Portugal é estável e não cria crises políticas artificiais." Santos Silva juntou-se depois ao pelotão que atira ao Bloco: "Não compreendo. Seria um monumental tiro nos pés. Mas houve partidos que se portaram responsavelmente e que por estarem na oposição não têm a obrigação de aprovar o orçamento". E garantiu que "mais ganhos irão conseguir na especialidade." Mas para já, está tudo em aberto.

Uma vitória de Joe Biden, que parecia estar a desenhar-se enquanto o ministro dos Negócios Estrangeiros dava uma entrevista à RTP (entre as 23h e as 24h), representaria "uma mudança", sobretudo na relação com a Europa, assumiu esta quarta-feira Augusto Santos Silva, sem evitar comentar um ato eleitoral que ainda não estava fechado.

Quando a administração Trump tomou posse, constatou o ministro, "no início houve um equívoco, até a suspeita legítima de que os americanos iam investir menos na NATO, mas foi corrigido". No que respeita à União Europeia, apontou Santos Silva de forma mais crítica, "foram suspensas as negociações do que seriam os maiores tratados económicos e comerciais do mundo" e afirmou que "a administração Trump nunca percebeu muito bem o que é a União Europeia". Conclusão, ainda que com as arestas limadas pela linguagem diplomática: uma vitória de Joe Biden, no que respeita à relação com a UE, representa uma "mudança principal de método e discurso, mais do que de conteúdo". E recusou, como MNE, fazer qualquer tipo "de interpretação da personalidade" de Donald Trump.

Ao longo de toda a entrevista, num momento crítico da democracia dos Estados Unidos, o MNE evitou ser crítico da atual administração. No que diz respeito ao principal eixo da política externa norte-americana - a China -, Santos Silva partiu do pressuposto de que a "tensão entre e EUA e China vai manter-se independentemente de quem for o Presidente." Para depois dizer que as declarações ao Expresso do embaixador norte-americano em Portugal, em que George Glass praticamente fez um ultimato - "Portugal tem de escolher entre os aliados ou os chineses" - não lhe causaram "embaraço nenhum".

"Sou muito preciso. Nessas coisas é preciso não haver nenhuma ambiguidade. Portugal tem aliados, a UE e a NATO. Esses são os nossos aliados", e a "China tornou-se um parceiro económico", disse o ministro, para ironizar, sem atacar o embaixador ou os Estados Unidos pelo tom agressivo da entrevista: "Quando os senhores embaixadores fazem o favor de repetir as minhas palavras fico muito contente, é porque a minha mensagem passa". Sobre a relação transatlântica, equipara a que houve com a administração Obama com a de Trump e disse que foi sempre "muito fácil" convencer "os conselheiros de segurança do Presidente" norte-americano sobre a importância das Lajes: bastava mostrar-lhes "o mapa para perceberem a importância que os Açores têm".

Marcelo: "É importante a apresentação da sua candidatura"

Não é a primeira vez que Santos Silva defende o desempenho de Marcelo Rebelo de Sousa em Belém, embora sem assumir explicitamente o voto, mas a dizer: "Creio que é muito importante a apresentação da sua candidatura". E voltou à ideia da boa relação entre Presidente e primeiro-ministro: "Não acho que o PR amparou ou se encostou ao Governo. Apoiou o Governo, criticou o Governo, às vezes com a alguma violência, mas sempre respeitando a solidariedade institucional entre órgãos de soberania".

Augusto Santos Silva não podia ser mais claro, sobretudo quando logo a seguir destacou que depois de 2015 Marcelo foi "não a base de sustentação do Governo, mas do país no quadro europeu e internacional quando precisávamos disso de pão para a boca", por causa das desconfianças "em Bruxelas e em Berlim" sobre a 'geringonça'.

E o PS deve dar liberdade de voto aos militantes nas presidenciais? "Deixemos o PS formar a sua opinião, sou um modesto cidadão, a minha opinião está formada." Se Santos Silva falar aos dirigentes do PS na reunião da Comissão Nacional no sábado, já se percebeu quem vai defender...

O povo português decidiu que o Governo precisa só de um partido: o PCP?

Sobre as semanas difíceis que se avizinham, de negociações com a esquerda para o Orçamento do Estado, o ministro disse esperar que o OE seja aprovado, até porque houve uma mudança nas eleições de 2019 em relação às de 2015. O PS já não precisa do conjunto da esquerda e no atual quadro (não o disse, mas deixou implícito) só precisa do PCP. "A mudança principal com as eleições foi que onde antes o Governo precisava dos votos combinados do PCP e do BE, a partir de outubro de 2019, por decisão do povo português, passou a precisar só dos votos de um destes partidos." Não sendo bem assim, porque são precisos os votos conjugados do PEV e do PAN na abstenção para o orçamento passar com os comunistas, Santos Silva estava a deixar a responsabilidade pela aprovação do orçamento apenas nas mãos do PCP.

O MNE passou a ideia de que o Orçamento vai mesmo ser aprovado, mas pintou um quadro negro para o caso de o Governo estar em crise e sem orçamento a partir de janeiro, quando se inicia a presidência portuguesa da União Europeia. "A dificuldade em que estaríamos a partir de janeiro, assumindo a presidência da UE, num contexto de crise política e sem OE aprovado. Nem sabe a vantagem de dizer no meu trabalho, em Bruxelas ou em Washington, que Portugal é estável e não cria crises políticas artificiais." Santos Silva juntou-se depois ao pelotão que atira ao Bloco: "Não compreendo. Seria um monumental tiro nos pés. Mas houve partidos que se portaram responsavelmente e que por estarem na oposição não têm a obrigação de aprovar o orçamento". E garantiu que "mais ganhos irão conseguir na especialidade." Mas para já, está tudo em aberto.

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