COM QUE ENTÃO...!: MADEIRA: POTÊNCIA ECONÓMICA

13-03-2020
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A Madeira tem todas as condições para ser até ao final deste século uma grande potência no Atlântico", disse o Presidente do Governo Regional. Isto é, teremos de esperar oitenta a noventa anos, o que significa que mesmo os que agora estão a nascer dificilmente desfrutarão desse eventual bem-estar económico e social que o Presidente prognostica. Ele não estará por cá e, na melhor das hipóteses, talvez os historiadores possam analisar esta declaração à luz dos acontecimentos dessa altura. Até lá os madeirenses e porto-santenses estão condenados a pagar as dívidas e suportar os juros das assimetrias sociais e culturais consequentes das loucuras de trinta e muitos anos de insustentáveis políticas. Aquela declaração é inaceitável. Desde logo porque não se fundamenta em estudos previsionais. Constitui uma convicção pessoal e não mais do que isso, ou melhor, bem analisada a situação, um disparo político de quem tem a consciência pesada relativamente ao preocupante momento que se vive em consequência do modelo económico seguido. Aliás, no quadro do horizonte temporal das previsões, tendo em conta os níveis de instabilidade e de turbulência, o próprio planeamento estratégico de longo prazo subordina-se às contingências e tem hoje uma característica de actuação em tempo real, porque implica as ameaças e oportunidades previsíveis e parcialmente previsíveis e, sobretudo, o rol de situações que Igor Ansoff classifica de surpresas imprevisíveis. Daí que, ao mesmo tempo que há necessidade de projectar o futuro para que o possamos interpretar e responder adequadamente, cresça, ao mesmo ritmo, o grau de incerteza relativamente à organização desse mesmo futuro. Logo, a declaração do Presidente do Governo é gratuita. Ademais, a previsão assenta sempre no processo de planeamento (é, inequivocamente, a primeira fase do processo de planeamento) e este aspecto, todos sabemos, não constitui uma marca do governo Regional. Tome-se em consideração como têm sido tratados os instrumentos de planeamento. Por outro lado, as questões da previsibilidade ligam-se às questões da mudança. E aqui podemos considerar três tipos de mudança: fechada, contida e aberta. A fechada corresponde a um tipo próprio de sistemas deterministas. Digamos que, baseado na extrapolação, situa a causalidade entre os acontecimentos do passado e o futuro. A mudança contida, tomando em consideração dados estatísticos, possibilita uma relação de probabilidade entre a causa e o efeito. Finalmente, na mudança aberta não se consegue chegar a um entendimento sobre as repercussões futuras das políticas hoje desencadeadas. A questão que se coloca agora é a de saber em que tipo de mudança o Governo se situa. Eu aproximo-me da mudança aberta, porque é sintomático que o governo, desde sempre, navegou à vista, sem instrumentos. A propagandeada "democracia directa", no adro das igrejas, em contacto com o povo, constitui o exemplo mais acabado da actuação política movida por interesses eleitoralistas locais e pontuais e não numa perspectiva mais ampla portadora de futuro. Sendo assim, aquela declaração constitui, no plano técnico, uma balela igual a tantas outras face às quais apenas caem os incautos. É espuma política ou apenas fumo. Porque se baseia num critério lógico (portanto, não causal) de natureza qualitativa, fundada na intuição, em conjecturas e especulações e, portanto, de uma total subjectividade. Outro seria o meu posicionamento se as previsões do Presidente assentassem num método matemático aplicado por especialistas. Parafraseando vozes no Parlamento, Dr. Jardim, reme para terra!.Opinião, da minha autoria, publicada, hoje, no DN-Madeira. www.dnoticias.pt


A Madeira tem todas as condições para ser até ao final deste século uma grande potência no Atlântico", disse o Presidente do Governo Regional. Isto é, teremos de esperar oitenta a noventa anos, o que significa que mesmo os que agora estão a nascer dificilmente desfrutarão desse eventual bem-estar económico e social que o Presidente prognostica. Ele não estará por cá e, na melhor das hipóteses, talvez os historiadores possam analisar esta declaração à luz dos acontecimentos dessa altura. Até lá os madeirenses e porto-santenses estão condenados a pagar as dívidas e suportar os juros das assimetrias sociais e culturais consequentes das loucuras de trinta e muitos anos de insustentáveis políticas. Aquela declaração é inaceitável. Desde logo porque não se fundamenta em estudos previsionais. Constitui uma convicção pessoal e não mais do que isso, ou melhor, bem analisada a situação, um disparo político de quem tem a consciência pesada relativamente ao preocupante momento que se vive em consequência do modelo económico seguido. Aliás, no quadro do horizonte temporal das previsões, tendo em conta os níveis de instabilidade e de turbulência, o próprio planeamento estratégico de longo prazo subordina-se às contingências e tem hoje uma característica de actuação em tempo real, porque implica as ameaças e oportunidades previsíveis e parcialmente previsíveis e, sobretudo, o rol de situações que Igor Ansoff classifica de surpresas imprevisíveis. Daí que, ao mesmo tempo que há necessidade de projectar o futuro para que o possamos interpretar e responder adequadamente, cresça, ao mesmo ritmo, o grau de incerteza relativamente à organização desse mesmo futuro. Logo, a declaração do Presidente do Governo é gratuita. Ademais, a previsão assenta sempre no processo de planeamento (é, inequivocamente, a primeira fase do processo de planeamento) e este aspecto, todos sabemos, não constitui uma marca do governo Regional. Tome-se em consideração como têm sido tratados os instrumentos de planeamento. Por outro lado, as questões da previsibilidade ligam-se às questões da mudança. E aqui podemos considerar três tipos de mudança: fechada, contida e aberta. A fechada corresponde a um tipo próprio de sistemas deterministas. Digamos que, baseado na extrapolação, situa a causalidade entre os acontecimentos do passado e o futuro. A mudança contida, tomando em consideração dados estatísticos, possibilita uma relação de probabilidade entre a causa e o efeito. Finalmente, na mudança aberta não se consegue chegar a um entendimento sobre as repercussões futuras das políticas hoje desencadeadas. A questão que se coloca agora é a de saber em que tipo de mudança o Governo se situa. Eu aproximo-me da mudança aberta, porque é sintomático que o governo, desde sempre, navegou à vista, sem instrumentos. A propagandeada "democracia directa", no adro das igrejas, em contacto com o povo, constitui o exemplo mais acabado da actuação política movida por interesses eleitoralistas locais e pontuais e não numa perspectiva mais ampla portadora de futuro. Sendo assim, aquela declaração constitui, no plano técnico, uma balela igual a tantas outras face às quais apenas caem os incautos. É espuma política ou apenas fumo. Porque se baseia num critério lógico (portanto, não causal) de natureza qualitativa, fundada na intuição, em conjecturas e especulações e, portanto, de uma total subjectividade. Outro seria o meu posicionamento se as previsões do Presidente assentassem num método matemático aplicado por especialistas. Parafraseando vozes no Parlamento, Dr. Jardim, reme para terra!.Opinião, da minha autoria, publicada, hoje, no DN-Madeira. www.dnoticias.pt

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