Ordem em São Bento: uma “conversa franca e útil” marcou o fim de uma guerra

04-09-2020
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Baixaram as armas, desapareceram as farpas e o tom voltou a ser muito mais semelhante àquele que já era habitual entre médicos e Governo. Foram necessárias quase três horas de reunião entre representantes da Ordem liderada pelo bastonário Miguel Guimarães e António Costa, acompanhado pela ministra e pelo secretário de Estado da Saúde, para pôr fim a uma guerra que começou há pouco mais de uma semana e que explodiu com o apuramento de responsabilidades do surto de covid-19 no lar de Reguengos de Monsaraz, onde morreram 18 pessoas.

Os microfones colocados lado a lado fizeram antecipar minutos antes que as tréguas estariam para chegar. Em São Bento, após a reunião, o primeiro-ministro e o bastonário, que tinha solicitado este encontro com carácter de urgência, surgiram juntos (mas distanciados) e com máscara no rosto para garantir que a guerra chegou ao fim com aquilo que ambas as partes definiram como “uma conversa muito franca e útil”.

“Espero que todos os mal entendidos estejam esclarecidos”, haveria de dizer Costa na declaração aos jornalistas mas dirigindo-se a Miguel Guimarães. “Testemunhou de forma inequívoca o meu apreço pelo trabalho de todos os médicos portugueses”, acrescentou. E ainda voltaria a insistir: “Fico particularmente satisfeito por o senhor bastonário sair daqui, espero, sem a menor dúvida sobre o apreço que tenho pelos médicos, em geral e sobretudo nesta época tão exigente”.

Instantes antes já Guimarães tinha dito que, entre outros assuntos (incluindo a preparação da resposta à pandemia no outono/ inverno), o líder do Executivo lhe transmitira “de forma clara aquilo que é o respeito e a confiança que tem pelos médicos portugueses”. “Deixou também uma palavra aos representantes da Ordem dos Médicos do que é a valorização dos médicos e dos outros profissionais de saúde”, contou aos jornalistas.

nuno botelho

Sobre Reguengos especificamente, tal como Costa, o bastonário pouco se alongou, escudando-se na clássica declaração: está nas mãos das autoridades competentes, nomeando em seguida que o caso está a ser investigado ou analisado pelo Ministério Público, a Ordem dos Advogados e a Inspeção-geral das Atividades em Saúde.

Já o primeiro-ministro, que seguiu a mesma linha de não entrar em pormenores sobre o caso, deixou a garantia de que as responsabilidades vão ser apuradas. “Não podemos nunca confundir as árvores com as florestas, seja nos lares, na atuação dos médicos ou do Estado. As instituições competentes vão apurar as responsabilidades com as informações que já estão disponíveis sobre o caso concreto”, disse.

“Não há um mundo sem falhas e não há nenhum áreas em que as falhas não ocorram”, continuou ainda Costa. “Perante as falhas, mais do apontar dedos e atirar pedras, é tentar responder e tentar procurar superar”.

Sistema de lares precisa “de reflexão profunda”

António Costa admitiu que há problemas como o sistema de lares que ficaram “ainda mais evidentes por causa da pandemia”. No entanto “não é algo novo” e, da mesma forma que não pode ser “ignorado”, o primeiro-ministro defende que também não se pode ser “ingénuo” e acreditar que “problemas estruturais da sociedade portuguesa podem ser resolvidos em duas semanas ou três meses”.

“O nosso sistema de lares assenta um enorme esforço em IPSS, misericórdias e mutualidades. Tem que merecer, necessariamente, uma reflexão profunda da sociedade”, defendeu. “Este é um debate que ocorre em múltiplos países: a medicalização dos lares e residências para idosos”, acrescentou, considerando ainda que o debate é mais urgente devido à “dinâmica demográfica de um país como Portugal”.

Baixaram as armas, desapareceram as farpas e o tom voltou a ser muito mais semelhante àquele que já era habitual entre médicos e Governo. Foram necessárias quase três horas de reunião entre representantes da Ordem liderada pelo bastonário Miguel Guimarães e António Costa, acompanhado pela ministra e pelo secretário de Estado da Saúde, para pôr fim a uma guerra que começou há pouco mais de uma semana e que explodiu com o apuramento de responsabilidades do surto de covid-19 no lar de Reguengos de Monsaraz, onde morreram 18 pessoas.

Os microfones colocados lado a lado fizeram antecipar minutos antes que as tréguas estariam para chegar. Em São Bento, após a reunião, o primeiro-ministro e o bastonário, que tinha solicitado este encontro com carácter de urgência, surgiram juntos (mas distanciados) e com máscara no rosto para garantir que a guerra chegou ao fim com aquilo que ambas as partes definiram como “uma conversa muito franca e útil”.

“Espero que todos os mal entendidos estejam esclarecidos”, haveria de dizer Costa na declaração aos jornalistas mas dirigindo-se a Miguel Guimarães. “Testemunhou de forma inequívoca o meu apreço pelo trabalho de todos os médicos portugueses”, acrescentou. E ainda voltaria a insistir: “Fico particularmente satisfeito por o senhor bastonário sair daqui, espero, sem a menor dúvida sobre o apreço que tenho pelos médicos, em geral e sobretudo nesta época tão exigente”.

Instantes antes já Guimarães tinha dito que, entre outros assuntos (incluindo a preparação da resposta à pandemia no outono/ inverno), o líder do Executivo lhe transmitira “de forma clara aquilo que é o respeito e a confiança que tem pelos médicos portugueses”. “Deixou também uma palavra aos representantes da Ordem dos Médicos do que é a valorização dos médicos e dos outros profissionais de saúde”, contou aos jornalistas.

nuno botelho

Sobre Reguengos especificamente, tal como Costa, o bastonário pouco se alongou, escudando-se na clássica declaração: está nas mãos das autoridades competentes, nomeando em seguida que o caso está a ser investigado ou analisado pelo Ministério Público, a Ordem dos Advogados e a Inspeção-geral das Atividades em Saúde.

Já o primeiro-ministro, que seguiu a mesma linha de não entrar em pormenores sobre o caso, deixou a garantia de que as responsabilidades vão ser apuradas. “Não podemos nunca confundir as árvores com as florestas, seja nos lares, na atuação dos médicos ou do Estado. As instituições competentes vão apurar as responsabilidades com as informações que já estão disponíveis sobre o caso concreto”, disse.

“Não há um mundo sem falhas e não há nenhum áreas em que as falhas não ocorram”, continuou ainda Costa. “Perante as falhas, mais do apontar dedos e atirar pedras, é tentar responder e tentar procurar superar”.

Sistema de lares precisa “de reflexão profunda”

António Costa admitiu que há problemas como o sistema de lares que ficaram “ainda mais evidentes por causa da pandemia”. No entanto “não é algo novo” e, da mesma forma que não pode ser “ignorado”, o primeiro-ministro defende que também não se pode ser “ingénuo” e acreditar que “problemas estruturais da sociedade portuguesa podem ser resolvidos em duas semanas ou três meses”.

“O nosso sistema de lares assenta um enorme esforço em IPSS, misericórdias e mutualidades. Tem que merecer, necessariamente, uma reflexão profunda da sociedade”, defendeu. “Este é um debate que ocorre em múltiplos países: a medicalização dos lares e residências para idosos”, acrescentou, considerando ainda que o debate é mais urgente devido à “dinâmica demográfica de um país como Portugal”.

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