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06-07-2020
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terça-feira, 31 de julho de 2007

Aforismos de trazer por casa (10)

Bergman e Antonioni

No mesmo dia (ontem), a Europa perdeu dois dos seus maiores realizadores, Ingmar Bergman (n. 1918) e Michelangelo Antonioni (n. 1912).

Do primeiro, permito-me destacar «Persona» (1966), um filme objecto de algumas interpretações que pretendiam ressaltar nele um suposto relacionamento de cariz lésbico entre as personagens principais (e que eu ainda não vi, mas não hei-de morrer sem ver). Mas «Persona» é muito mais do que isso. É uma leitura da solidão (elemento que perpassa toda a obra do realizador) enquanto destino inexorável do ser humano. Em «Persona», Bergman revela a dimensão trágica (e absurda?) da própria vida. É um filme sobre a angústia da auto-descoberta do abismo que existe entre o que representamos para os outros e o que somos para nós mesmos.

Susan Sontag defendeu que a literatura e o cinema oferecem ao leitor/espectador uma visão sob o controlo do autor/realizador e que existem correntes em cinema como em literatura. Para Sontag, os filmes de Bergman incluem-se no "cinema psicológico", ou seja, aquele «que trata da revelação da motivação das personagens», superando a relação existente entre o literário e visual, ditinguindo entre análise e descrição/exposição. Já os filmes de Antonioni (Godard e Bresson) estariam inseridos noutro tipo de cinema, o "cinema anti-psicológico", que trata «da transferência entre sentimento e coisas».

Particularmente sobre «Persona», no ensaio que escreveu sobre esta obra cinematográfica, Sontag afirmou que «para compreender «Persona», o espectador deve ultrapassar o ponto de vista psicológico. ... «Persona» assume uma posição além da psicologia - assim como, num sentido análogo, além do erotismo» (Susan Sontag, Contra a Interpretação e Outros Ensaios, Lisboa: Gótica, 2004).

Para ver ou rever aqui aqui . E lamentar que a morte tenha vencido de novo mais este jogo de xadrez.

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E há posts que merecem lidos

«Com os amigos (hetero) convivemos anos, também nos contendo. Imaginava que provavelmente a sua aceitação seria condicional, que se lhes déssemos "imagens" que provavelmente pensassem "yack!" e ai de nós querermos chocá-los. Não sei se alguma vez empregámos o termo "exibicionismo" mas se não o usámos, seguramente usámos outro parecido e igualmente preconceituoso para definir carinho. "Nós não sentimos necessidade de exteriorizar, exibir, ostentar, etc. o nosso amor. Vivemo-lo bem entre paredes." Bullshit! (...)

Hoje, continuamos algo reservadas mas mais soltas. Às vezes até nos surpreendemos "mas nós dissemos ou fizemos aquilo naquele sítio?" E rimo-nos.

Hoje sei que aceitarmo-nos é algo que se faz em duplo sentido: de dentro para fora, e de fora para dentro . Eita! Tanto chão para palmilhar ainda!»

Da Como este , por exemplo.«Com os amigos (hetero) convivemos anos, também nos contendo. Imaginava que provavelmente a sua aceitação seria condicional, que se lhes déssemos "imagens" que provavelmente pensassem "yack!" e ai de nós querermos chocá-los. Não sei se alguma vez empregámos o termo "exibicionismo" mas se não o usámos, seguramente usámos outro parecido e igualmente preconceituoso para definir carinho. "Nós não sentimos necessidade de exteriorizar, exibir, ostentar, etc. o nosso amor. Vivemo-lo bem entre paredes." Bullshit! (...)Hoje, continuamos algo reservadas mas mais soltas. Às vezes até nos surpreendemos "mas nós dissemos ou fizemos aquilo naquele sítio?" E rimo-nos.Hoje sei que. Eita! Tanto chão para palmilhar ainda!»Da Nina , outra vez. Pois claro.

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Há comentários que davam posts

«Precisamente por isso é que não se compreende porque é que alguém que tem toda a capacidade jurídica para o fazer não possa fazê-lo simplesmente porque o consorte é do mesmo sexo.»,

a

«Neste caso, não se trata de um consorte, mas sim de um com-azar.».

Reconheçamo-lo: não há nada como ter a superioridade e a sabedoria para fazer humor noir com a própria vida. A isto eu chamo uma observação pertinente proferida por uma mulher inteligente. Citando uma passagem que eu escrevi aqui , especificamente esta Nina acrescentou isto:Reconheçamo-lo: não há nada como ter a superioridade e a sabedoria para fazer humor noir com a própria vida. A isto eu chamo uma observação pertinente proferida por uma mulher inteligente.

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segunda-feira, 30 de julho de 2007

E tu e eu, o que é que temos de fazer?

Blogbirthday

sábado, 28 de julho de 2007

E tu e eu, o que é que temos de fazer?

CORAÇÕES DE ATUM

sábado, 28 de julho de 2007 (abertura de portas às 22h00)

Cabaret Maxime (Praça da Alegria, 58, Lisboa; Tel. 213467090)

+ info: Produções Banana (Tel. 962804368; MySpace) CORAÇÕES DE ATUMsábado, 28 de julho de 2007 (abertura de portas às 22h00)Cabaret Maxime (Praça da Alegria, 58, Lisboa; Tel. 213467090)+ info: Produções Banana (Tel. 962804368; E-mail

Receita: «Corações de Atum au Maxime»

Agora que o verão está à porta, nada melhor que uma receita rica em nutrientes refrescantes para atenuar o bafo das noites do Estio. Depois da vichyssoise de escabeche, e do souflée de perceves, esta é a receita de maior sucesso incluída pelo mestre Mangas no guia Pichelin.

• Vá de táxi até ao Cabaret Maxime (28-07-07; 23h);

• Leve as suas amigas mais vistosas e cheirosas;

• Diga a essa amigas para trazerem mais amigas – ricas, de preferência!;

• Cumprimente os porteiros e adquira ingressos (€10,00 cada);

• Deixe à porta telemóveis e más-disposições;

• Entre no cabaret em grande estilo;

• Instale-se numa mesa com vista para o palco;

• Chame o chefe-de-sala, e reclame com qualquer coisa - o atraso dos artistas, por exemplo;

• Ordene uma bebida extravagante (sugerimos água Badoit com açúcar-pilé);

• Abra a charuteira e distribua os seus puros pelas mesas limítrofes;

• Faça um chichizinho estratégico – para marcar território;

• Junte uma pitada de quelque chose;

• Diga à sua amiga para parar quieta com o empernanço;

• Encoste-se “à Lagardére”;

• Aproveite o sal que os SAL deixaram no palco na noite anterior;

• Tenha um bom espectáculo (mande umas bocas de vez em quando...).

Verá que se cumprir à risca todos os passos da receita, desfrutará de um pitéu de fazer inveja ao grande Chef Adriá! Assim se prova que na saloia Lisboa do século XXI também é possível confeccionar iguarias de basse-cuisine que fariam sensação até em Paris! É fartar, aldeagem!

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sexta-feira, 27 de julho de 2007

Celulóide

«Tamborilo os dedos. Sinal de tédio. Vou correr. Agora toda a gente corre. Está na moda. O nosso primeiro-ministro, que faz lembrar o Ken da Barbie, tal é a artificialidade que lhe mina o corpo, também corre. É um homem estranho. Sobretudo, estranho. Parece feito de celulóide. Tento imaginá-lo na retrete ou a ter um orgasmo ou a chorar num funeral e não consigo.»

A Ana de Amsterdam sobre José Sócrates, «um homem estranho. Sobretudo, estranho. Parece feito de celulóide». É escusado dizer que eu concordo integralmente, não é? E há outra coisa que eu não consigo imaginar Sócrates a fazer... a sorrir genuinamente . Mas isso não é de espantar, dado que o homem é português e, provavelmente, no fundo, lá bem no fundo, não está lá muito contente com o governo do seu país... ;)

Já agora, ali para a grafonola vai Enola Gay, pelos OMD (Orchestral Manoeuvres In The Dark). Peço-vos que não sejais maldos@s e não vos punhais já com conjecturas acerca da conjugação do título esta música com a temática do post, porque não tem nada a ver (aliás, convém não descontextualizar a parte do «enola» da parte do «gay» e esclarecer que a expressão se refere à mãe de um dos elementos da banda). A escolha justifica-se tão-somente porque hoje acordei ao som de Enola Gay e estou num daqueles dias em que o raio da música não me sai da cabeça.

E aproveito para desejar a tod@s um bom fim de dia, de preferência com muito mimo, como convém. Afinal de contas, é sexta-feira!!! :) . É escusado dizer que eu concordo integralmente, não é? E há outra coisa que eu não consigo imaginar Sócrates a fazer... a sorrir. Mas isso não é de espantar, dado que o homem é português e, provavelmente, no fundo, lá bem no fundo, não está lá muito contente com o governo do seu país... ;)Já agora, ali para a grafonola vai, pelos OMD (Orchestral Manoeuvres In The Dark). Peço-vos que não sejais maldos@s e não vos punhais já com conjecturas acerca da conjugação do título esta música com a temática do post, porque não tem nada a ver (aliás, convém não descontextualizar a parte do «enola» da parte do «gay» e esclarecer que a expressão se refere à mãe de um dos elementos da banda). A escolha justifica-se tão-somente porque hoje acordei ao som dee estou num daqueles dias em que o raio da música não me sai da cabeça.E aproveito para desejar a tod@s um bom fim de dia, de preferência com muito mimo, como convém. Afinal de contas, é sexta-feira!!! :)

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quinta-feira, 26 de julho de 2007

Disparates, disse ela - comentário 8 (e último)

Citação:

«Não seria melhor aplicar os dinheiros públicos na sensibilização e correcção destas formas de desigualdade de oportunidades, em vez de os investir no marketing da ideologia gay?».

Comentário:

E quanto às páginas dos jornais, não seriam elas também melhor aproveitadas e não serviriam melhor a sociedade se dessem espaço a pessoas que sabem do que é que estão a falar e, principalmente, a pessoas que estão verdadeiramente interessadas em corrigir as desigualdades e não em atacar os outros pelo simples facto de eles não se limitarem a aceitar o que lhes dão quando o que lhes dão é injusto e insuficiente e quando, acima de tudo, merecem mais, muito mais, deste Estado do qual são parte integrante? Eu acho que sim.

Já agora, essa coisa da "ideologia gay" é pomposa mas não existe. O que existe é a ideologia dos Direitos Humanos, porque seres humanos somos todos, hetero, lés, gays, trans, bi.

Capice?

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Disparates, disse ela - comentário 7

Citação:

«A campanha do lobby gay para a reconceptualização do casamento, de modo a incluir a união homossexual, não tem nada a ver com a igualdade de oportunidades. Visa antes a promoção da conduta homossexual e a desconstrução - não apenas semântica - do casamento e da família, tal como a esmagadora maioria das pessoas (com boas razões) os entende e preza.».

Comentário:

Só um perguntinha: o que vem a ser isso do lobby gay? Palavra de honra, digam-me onde está, o que faz, por quem é composto. Já o lobby homofóbico sabemos bem onde está, o que tem feito e quem o compõe. Porque é que ninguém fala nisso? Estraho, não é?...

Já agora, se com a expressão "lobby gay" se pretendia designar as pessoas que pugnam pela igualdade de facto dos cidadãos homossexuais, impõe-se dizer que não estão preocupadas com desconstruir coisa alguma (embora os exercícios de desconstrução sejam salutares e benéficos para a Humanidade), mas sim em assegurar que num Estado que se diz de Direito toda a gente viva em condições de igualdade e justiça, cultural, social e legislativa.

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Disparates, disse ela - comentário 6

Citação:

«A recusa do "casamento" homossexual não é, portanto, uma discriminação ilegítima (que, por exemplo, infrinja o tão invocado art. 13.º da Constituição). Qualquer pessoa tem (igual) direito a casar. Simplesmente, o casamento é, por definição e natureza, uma aliança entre um homem e uma mulher. Mesmo nas sociedades em que foi tolerada ou aceite, nunca se concebeu ou pretendeu fazer da homossexualidade uma instituição social dotada de estatuto público equiparável ao casamento. E ninguém é obrigado a casar...».

Comentário:

Vamos por partes.

Primeiro , qualquer lei que estabeleça uma diferença tendo em conta única e exclusivamente a orientação sexual de alguém é uma lei discriminatória que viola expressamente, repito, expressamente , o disposto no artigo 13.º da C.R.P.. Isto é de tal modo básico que nem vale a pena perder mais tempo a explicá-lo.

Segundo , o casamento não é nada por natureza e definição uma aliança entre um homem e uma mulher. O casamento é, por natureza e definição, um negócio jurídico, um contrato que depende da vontade das partes, um contrato, um contrato e nada mais do que um contrato! Se não houver filhos, continua a haver casamento; se não houver respeito pelos deveres, continua a haver casamentos se as partes assim quiserem; se não houver débito conjugal mas as partes assim entenderem, continua a haver casamento. O casamento não passa de um contrato, sempre o foi e sempre o será: tão-somente um contrato!

Terceiro , claro que ninguém é obrigado a casar. Precisamente por isso é que não se compreende porque é que alguém que tem toda a capacidade jurídica para o fazer não possa fazê-lo simplesmente porque o consorte é do mesmo sexo. Se ninguém é obrigado, porque que é que algumas pessoas são proibidas?

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Disparates, disse ela - comentário 5

Citação:

«Implicaria uma injustiça ou discriminação contra aqueles que reivindicam poder verdadeiramente casar.».

Comentário:

«Verdadeiramente casar»? Então quer dizer que se pessoas do mesmo sexo pudessem casar entre si, ainda assim, só os de sexo diferente é que casariam verdadeiramente? Os outros casariam só de mentirinha? Este tipo de argumentação é tão fundamentalista, mas tão fundamentalista! Mesmo que todos pudessem casar, só os donos da verdade é que casariam verdadeiramente... Enfim, não há pachorra.

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Disparates, disse ela - comentário 4

Citação:

«Aliás, se o estatuto jurídico de casamento fosse violentado de forma a albergar as uniões entre pessoas do mesmo sexo, isso significaria a imposição desse conceito bizarro - e profundamente hostil - de "casamento" a todas as outras a quem repugna essa assimilação.».

Comentário:

Então quer dizer que os direitos fundamentais das pessoas devem ser denegados porque há pessoas a quem repugna essa assimilação? Então quer dizer que o que deve nortear a Lei não são critérios objectivos de justiça, mas sim critérios subjectivos de repugnância de certos indivíduos? Ah... essa não sabia...

Já agora, o casamento entre pessoas do mesmo sexo seria «bizarro» e «hostil» porquê? Então a homossexualidade não é tão velha como o Homem? Então a homossexualidade não existe em todas as espécies animais? Então e o divórcio, enquanto figura jurídica que põe termo a essa figura tão cândida que é o casamento, não será bizarro e hostil? Não porá ele em causa uma instituição tão valorosa e tão superior como o contrato matrimonial?

Oh, céus! Por favor, tenham dó de mim. Eu não sei se aguento tanta ignomínia em tão poucas palavras...

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Disparates, disse ela - comentário 3

Citação:

«Em particular, o casamento é uma instituição singularmente valiosa - e como tal regulado e protegido pelo Estado - como lugar natural da renovação das gerações e da formação do carácter e primeira socialização dos futuros membros da sociedade; e como sinalizador da bondade e riqueza da dualidade sexual sobre que se estrutura a sociedade».

Comentário:

Ora bom, a mim parece-me que não é necessário o casamento para que haja «renovação das gerações», mas apenas que haja sexo ou inseminação artificial e que a gravidez seja levada com sucesso até ao fim.

Acho imensa graça a esta malta que põe resmas de pergaminhos numa instituição como o casamento a propósito da «renovação das gerações» tendo em conta que os portugueses descendem de malta que se fartou de renovar gerações e povoar território sem ser casada! Acho graça, particularmente, porque com um bocado de sorte, vai-se a ver, e ainda se trata de gente que na sua árvore genealógica ainda tem uma «mancha terrível» chamada «mãe solteira» ou «filho bastardo». Por alguma coisa se costuma dizer que no melhor pano cai a nódoa, não é?

O resto da citação é tão moralista que nem vale a pena comentar. Moralista, hipócrita e mesquinha. Que pena que eu tenho das pessoas que ainda acham que o fundamental é que a primeira socialização dos indivíduos se dê no seio do casamento! Pois a mim parece-me bem melhor que se dê no seio de um núcleo familiar em que haja amor, em que se incuta nas crianças a autonomia intelectual, o sentido crítico, a consciência cívica e todos os valores que fazem de alguém um ser com carácter , do que propriamente dentro de um casamento. É que a mim não me parece que o carácter das pessoas venha de outro lado senão daí...

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Disparates, disse ela - comentário 2

Citação:

«Ora, a união homossexual é algo radicalmente diferente do casamento (heterossexual monogâmico). É de outra natureza, de outra espécie. Antropologicamente diverso. Diferente quanto ao seu valor social.».

Comentário:

Ora, em primeiro lugar, «casamento homossexual» é uma expressão tão triste!... «Homossexual» é uma orientação sexual e só os seres vivos - e não as figuras jurídicas - é que têm orientação sexual, certo? Então vamos lá ser rigorosos no emprego da terminologia, sim?

Em segundo lugar, não estou a ver em que sentido é que o casamento entre pessoas do mesmo sexo possa ser diferente. De outra natureza e de outra espécie porquê? Não continua a ser um contrato celebrado entre duas partes de livre e espontânea vontade? É antropologicamente diverso e tem outro valor social porquê? Se é porque duas pessoas do mesmo sexo (ainda) não podem procriar, isso significa que o casamento entre duas pessoas de sexo diferente mas que não possam ou não queiram procriar também é antropoligicamente diverso e tem outro valor social? Então, porque é que só quando se trata de pessoas homossexuais é que é assim tããão diferente? Palavra de honra que gostaria que me explicassem.

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Disparates, disse ela - comentário 1

Citação:

«Não está em causa, evidentemente, a igualdade sob a lei, independentemente da "orientação sexual", ou o igual respeito por todas as pessoas e pela sua conduta privada».

Comentário:

Pois não, não está. Com a denegação do direito ao casamento entre pessoas do mesmo sexo está em causa o desrespeito pela manifestação pública e social da orientação sexual dos indivíduos homossexuais, a violação de um preceito constitucional e a denegação de um direito fundamental da pessoa humana.

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Disparates, disse ela

Por mim, obviamente, não dava «tempo de antena» aqui no blog a tão descabido discurso, mas enfim, como eles dizem de nós, é preciso saber o que eles andam para aí a dizer para os podermos desmascarar e o PÚBLICO só disponibiliza o artigo para os assinantes.

Ora então façam o favor de respirar fundo antes de começarem a ler e de estar perto de uma cadeira, não vão sofrer algum choque com o que segue. Cá vai disto (negritos meus):

O casamento e o bem comum

(PÚBLICO, 16.07.2007, por Alexandra Teté - Associação Mulheres em Acção)

A união homossexual é totalmente diferente do casamento heterossexual monogâmico

A celebração do Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos tem sido aproveitada para insinuar a necessidade de redefinir o casamento, de modo a abranger a união entre pessoas do mesmo sexo, supostamente em homenagem ao princípio da igualdade. Contou-se, para esse efeito, com a oportuna propaganda: misturando imagens de pessoas portadoras de deficiência ou de diversas raças com gestos de intimidade entre indivíduos do mesmo sexo, sugerindo subliminarmente que a recusa do "casamento" homossexual seria o alinhamento com uma espécie de apartheid.

Essa assimilação é abusiva e falaciosa, configurando uma contrafacção da própria ideia de não discriminação. Não está em causa, evidentemente, a igualdade sob a lei, independentemente da "orientação sexual", ou o igual respeito por todas as pessoas e pela sua conduta privada. O que está em questão é sim outra exigência da equidade (e da justiça): a que recomenda que relações objectivamente desiguais sejam tratadas de modo apropriada e justamente diferenciado, em ordem ao bem comum.

Ora, a união homossexual é algo radicalmente diferente do casamento (heterossexual monogâmico). É de outra natureza, de outra espécie. Antropologicamente diverso. Diferente quanto ao seu valor social. Em particular, o casamento é uma instituição singularmente valiosa - e como tal regulado e protegido pelo Estado - como lugar natural da renovação das gerações e da formação do carácter e primeira socialização dos futuros membros da sociedade; e como sinalizador da bondade e riqueza da dualidade sexual sobre que se estrutura a sociedade.

O casamento é, portanto, um bem público (em sentido lato), ao contrário de outras formas de união sexual. Por um lado, gera benefícios para a sociedade como um todo, para além daqueles que proporciona aos próprios cônjuges. Por outro lado, requer uma cultura que o reconheça, distinga e apoie através de uma atitude pública e de instituições formais: como diz Joseph Raz, a presença (ou ausência) de um compromisso da sociedade com o ideal do casamento - entendido como união estável com uma pessoa do sexo oposto - configura de modo decisivo o quadro de expectativas e compreensões dos indivíduos e afecta profundamente as suas relações recíprocas e, na prática, a disponibilidade dessa opção (socialmente preferível).

É certo que a alternativa de se casar (a sério) poderia manter-se no menu de opções disponíveis de uma sociedade que a incluísse, em posição paritária, entre outras formas sociais - como a união homossexual, a união de facto, a poligamia, etc. Mas a inteligibilidade e o significado social de se casar e ser casado - ter uma mulher ou um marido - nessas circunstâncias não seria semelhante ao significado social e simbólico do casamento vigente numa sociedade que se compromete com essa instituição: a dignidade única da opção do casamento e a percepção do seu valor seriam obscurecidas aos olhos dos indivíduos se a sociedade deixasse de reconhecê-la e distingui-la.

Aliás, se o estatuto jurídico de casamento fosse violentado de forma a albergar as uniões entre pessoas do mesmo sexo, isso significaria a imposição desse conceito bizarro - e profundamente hostil - de "casamento" a todas as outras a quem repugna essa assimilação. Implicaria uma injustiça ou discriminação contra aqueles que reivindicam poder verdadeiramente casar.

A recusa do "casamento" homossexual não é, portanto, uma discriminação ilegítima (que, por exemplo, infrinja o tão invocado art. 13.º da Constituição). Qualquer pessoa tem (igual) direito a casar. Simplesmente, o casamento é, por definição e natureza, uma aliança entre um homem e uma mulher. Mesmo nas sociedades em que foi tolerada ou aceite, nunca se concebeu ou pretendeu fazer da homossexualidade uma instituição social dotada de estatuto público equiparável ao casamento. E ninguém é obrigado a casar...

A campanha do lobby gay para a reconceptualização do casamento, de modo a incluir a união homossexual, não tem nada a ver com a igualdade de oportunidades. Visa antes a promoção da conduta homossexual e a desconstrução - não apenas semântica - do casamento e da família, tal como a esmagadora maioria das pessoas (com boas razões) os entende e preza. Todavia, há em Portugal verdadeiros e graves casos de desigualdade, discriminação de facto e exclusão: pessoas com deficiências, jovens em situação de reinserção social, minorias étnicas, desempregados de longa duração, os sem-abrigo (para não falar da discriminação fiscal dos casados relativamente aos solteiros, ou da discriminação laboral das mulheres grávidas). Não seria melhor aplicar os dinheiros públicos na sensibilização e correcção destas formas de desigualdade de oportunidades, em vez de os investir no marketing da ideologia gay?

Minhas e meus caros, felizmente o artigo acaba aqui. Respirai fundo. Como não poderia deixar de ser, seguem-se os meus comentários, que optei por escrever em posts separados para facilitar a leitura e a análise. Se ainda vos restar algum tempo e paciência, conto com a vossa leitura e a vossa partilha nas caixas de comentários.

Àqueles que sejam mesmo, mesmo, mesmo muito pacientes e que queriam conhecer um pouco melhor a autora do artigo supra, sugiro a leitura do post « Como eu não quero que falte nada aos leitores desta humilde chafarica, não obstante o espaço de tempo entretanto decorrido, transcreverei aqui integralmente as fantasias recônditas da mente fundamentalista da Excelentíssima Sôdona Alexandra Tété que foram publicadas no Público do passado dia 16 de Julho.Por mim, obviamente, não dava «tempo de antena» aqui no blog a tão descabido discurso, mas enfim, comodizem de, é preciso saber o que eles andam para aí a dizer para os podermos desmascarar e o PÚBLICO só disponibiliza o artigo para os assinantes.Ora então façam o favor de respirar fundo antes de começarem a ler e de estar perto de uma cadeira, não vão sofrer algum choque com o que segue. Cá vai disto (negritos meus):(PÚBLICO, 16.07.2007, por Alexandra Teté - Associação Mulheres em Acção)Minhas e meus caros, felizmente o artigo acaba aqui. Respirai fundo. Como não poderia deixar de ser, seguem-se os meus comentários, que optei por escrever em posts separados para facilitar a leitura e a análise. Se ainda vos restar algum tempo e paciência, conto com a vossa leitura e a vossa partilha nas caixas de comentários.Àqueles que sejam mesmo, mesmo, mesmo muito pacientes e que queriam conhecer um pouco melhor a autora do artigo supra, sugiro a leitura do post « O mundo segundo Alexandra Tété », do blog Conhecimento do Inferno.

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terça-feira, 24 de julho de 2007

Muito simplesMente (11)

Um momento de refinado sentido de humor

Sabeis qual é o próximo hino do Sporting para o avançado Izmailov? Não?! É aquela música da Cat Power, Where is my love?.

Perceberam? Allez, Izmailov! Where Is My Love? A fonética das expressões é quase igual, perceberam? Hein? É ou não é brilhante? É ou não é genial? Ora digam lá: há coisas fantásticas, não há?! :)

Pronto, está bem, se ainda não perceberam, vão lá ao menos ouvir a musiquinha (

Post Scriptum - Estamos quase, quase, quase na silly season. Querid@s leitor@s, considerai este post um prenúncio do disparate. E quanto à ausência de textos, o tempo que resta não tem dado para mais. Ele é o trabalho, o trabalho, e quando o trabalho fica em stand by é o apelo do calor e do bronze e do sol e do mar e das miúdas descascadas e... cof, cof, cof... Eu sei que vós me compreendeis. Oh, se compreendeis!... ;) Atenção, car@s leitor@s deste blog, segue-se um momento de rara beleza e de requintado humor. Eu repito a parte do requintado humor, porque é mesmo muito importante. Trata-se de uma piada inventada por mim própria, o que coloca, portanto, as expectativas muito elevadas (cof, cof, cof...). Cá vai.Sabeis qual é o próximo hino do Sporting para o avançado Izmailov? Não?! É aquela música da Cat Power, Where is my love?.Perceberam? Allez, Izmailov! Where Is My Love? A fonética das expressões é quase igual, perceberam? Hein? É ou não é brilhante? É ou não é genial? Ora digam lá: há coisas fantásticas, não há?! :)Pronto, está bem, se ainda não perceberam, vão lá ao menos ouvir a musiquinha ( clicar aqui para ver um vídeo com montagens de imagens de Ingrid Bergman e Cary Grant ao som da Cat Power ).Post Scriptum - Estamos quase, quase, quase na silly season. Querid@s leitor@s, considerai este post um prenúncio do disparate. E quanto à ausência de textos, o tempo que resta não tem dado para mais. Ele é o trabalho, o trabalho, e quando o trabalho fica em stand by é o apelo do calor e do bronze e do sol e do mar e das miúdas descascadas e... cof, cof, cof... Eu sei que vós me compreendeis. Oh, se compreendeis!... ;)

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sábado, 21 de julho de 2007

E tu e eu, o que é que temos de fazer?

2.º MIRA PRIDE

21 de Julho de 2007, a partir das 22h00

Discoteca VIP GLS Club. Praia de Mira 21 de Julho de 2007, a partir das 22h00Discoteca VIP GLS Club. Praia de Mira

:: ADENDA (em 23 de Julho de 2007) ::

«II Pride do Centro juntou mais de 800 gays e lésbicas» (clicar para ler notícia do Jornal de Notícias)

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sexta-feira, 20 de julho de 2007

Uma questão de autoridade

Hoje foi dia de debate mensal. Uma vez mais e como já era de esperar, Sócrates desenvencilhou-se das críticas de forma rasteira, invocando o passado em vez de responder directamente ao que lhe é perguntado.

Logo na primeira intervenção, Marques Mendes voltou a fazer referência ao que ele vê como um «clima de intimidação, perseguição e intolerância» que se vive na Administração Pública.

Sócrates respondeu: «Ó senhor deputado Marques Mendes, gostava de saber onde está a sua autoridade moral. Lembro-me que foi num Governo onde esteve que o Nobel José Saramago foi censurado num livro e impedido de concorrer a um prémio».

E eu pergunto: ó senhor Primeiro-Ministro, mas o que tem a ver a bota com a perdigota? Não me diga que José Saramago é Administração Pública? Não me diga que aquilo que porventura possa ter sido um erro no passado serve agora de desculpa para os erros de V. Exa. no presente? Não me diga que agora se responde a perguntas com outras perguntas em vez de respostas? Não me diga que agora também vai dizer que o governo do PSD andou a limitar a liberdade de expressão de Saramago, que por acaso nem sequer vive em Portugal e até edita livros em quase todas as línguas e em quase todo o mundo? Realmente, grandes tentáculos deveria ter o PSD! Nem sei como não o exterminou a si logo de uma vez! Foi uma sorte! Adiante, que este homem revolve-me os fígados...

Um pouco mais à frente, Marques Mendes criticou o Governo pela perda de poder de compra dos portugueses e pelo empobrecimento do país, bem como pelo aumento do número de desempregados (470 mil) e disse: «Num único indicador o governo é campeão: é um campeão no domínio dos impostos». Aqui cabe relembrar que José Sócrates prometeu que, caso fosse eleito, não aumentaria os impostos...

Sócrates, por seu turno, em vez de se referir a estes dados concretos, preferiu outro tipo de abordagem e respondeu, ou melhor, perguntou: «Que autoridade têm os senhores para falar em questões económicas quando tiveram o maior falhanço de sempre nas questões económicos?».

Ou seja, para Sócrates, o PSD não tem autoridade. Para Sócrates, para que alguém possa dirigir-lhe críticas tem de ter autoridade. E quem é que confere essa autoridade? Não, não são os eleitores, através do seu voto num sistema democrático. Não. Quem confere a autoridade aqui é Sócrates. Ele é que sabe tudo e ele é que define quem pode e quem não pode dizer-lhe o quê. Sócrates não passa, portanto, de um ditadorzeco de meia-tigela que se acha inatingível, incriticável e o supra sumo da autoridade moral.

O meu "embirranço" com Sócrates deve-se precisamente a isso, ao facto de ele achar que tem uma autoridade que não tem. Sócrates confunde poder executivo com todos outros tipos de poder, refugiando-se num autoritarismo insustentável num Estado de Direito democrático. Faz o que quer e muito bem lhe apetece e julga que não tem de dar cavaco a ninguém. Mas tem.

Acho que já vai sendo tempo de alguém se insurgir contra estas intervenções ditatoriais e fundamentalistas do senhor Primeiro-Ministro. É que, afinal de contas, se o povo não tiver autoridade para fazer alguma coisa, quem mais terá?

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quarta-feira, 18 de julho de 2007

Os putativos candidatos

Enquanto os candidatos a presidente do PSD não formalizam efectivamente as candidaturas, podemos dizer que, para já, são todos putativos candidatos. Ora, putativos é um adjectivo que a mim se me afigura que lhes assenta muy bien. Não sei porquê, gosto de lhes chamar putativos. Façamos um exercício de imaginação: «Ó Luís Filipe Menezes, ouvi dizer que você ainda não oficializou a coisa e, portanto, ainda não passa de um putativo! É verdade?». Não soa bem a Vossas Excelências? Pues a mi, si. Sempre achei o Luís Filipe Menezes um grandessíssimo... putativo.

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Abstenções e tal e tal

Ora, então, consta por aí que houve eleições na capital no passado fim-de-semana. Hum... Chamam mesmo eleições àquilo?! Se calhar, tendo em conta a percentagem de votantes, deveriam chamar-lhe antes abstenções, não?

Ironias à parte, o que interessa é que Monsieur Sócrates soma agora mais uma vitória. O homem não brinca em serviço, está visto. Nem que vá buscar malta a Cabeceiras de Basto, mas ele mostra que o povo está com ele. E Costa? Esse, tem uma lata descomunal. Tendo sido eleito nas circunstâncias em que foi, com uma percentagem de gente a borrifar-se para a coisa superior a 60%, acha-se o rei da cocada preta (é favor não interpretar o uso da expressão como uma piada racista porque não o é, ok? Eu sou só mázinha, não sou cruel).

'Tá bem, pronto, a gente grama. Afinal de contas, tivemos de levar com igual discurso por parte de Carmona! Por momentos, enquanto o ouvia falar, até pensei que ele é que tinha ganho. Afinal não, teve só aquilo que rapidamente se apressaram a designar como «um resultado histórico para uma candidatura independente». Ui, onde isto já vai! Em vez de verem no facto um sintoma de que algo vai mal no que toca às instituições partidárias, vêm isso como algo de positivo. Não percebem que a «noiva» só casou com Carmona porque não queria casar com Costa e não porque estivesse apaixonada por ele...

Já a tia Helena promete fazer oposição e maçar muito o executivo camarário socialista se os cidadãos não forem ouvidos. Ora bolas, isso vai fazer com que Sá Fernandes passe a ter uma posição de intervenção quase residual. Ou não, ou não, que o ilustre advogado sempre há-de ter espaço para um embargozinho ou outro.

Quanto ao candidato Telmo, aquele que é contra as salas de chuto e mais os casamentos gays nos Paços do Concelho e mais os grafittis e mais a criminalidade e tudo o que seja possível ser-se contra desde que meta medo, muito medo às pessoas, não foi eleito. Oh, júbilo e glória! Lamento profundamente pelo partido, mas acho óptimo para baixar o topete de Portas.

Quanto ao PSD, apesar de tudo, não daria nota negativa a Marques Mendes, mas também não passava do 10 (credo, pareço o outro a dar classificações às pessoas!...). Durante a campanha meteu a pata na poça ao fazer um ataque pessoal a Manuel Salgado, o que era perfeitamente dispensável. E admitamos que foi a eleições com um candidato sóbrio, mas fraco. Não retirando mérito a Negrão, para enfrentar Costa e o governo que ele tem por trás era preciso mais e Marques Mendes tinha obrigação de antecipar isso. Contudo, parece que algo se move estranhamente por detrás do líder para que as coisas aconteçam assim. O facto de Negrão ter aceitado ser o candidato do PSD tem ocultas razões que a razão, perdão, a ambição, não desconhece. Não estranhem se daqui a uns tempos virem Negrão a apoiar outro candidato à presidência do partido. Olhem que eu sei do que estou a falar! ;) E enquanto os candidatos se perfilam, Rui Rio já disse que não será um deles. É pena. Rio tem toda a estaleca necessária para fazer frente a Sócrates: é quase tão ditadorzeco como ele.

Mas considerações à parte, noite eleitoral é sempre noite eleitoral e eu adorei, como aliás adoro sempre, ouvir os comentadores políticos portugueses. Para terminar, aplausos para Judite de Sousa, a única jornalista neste país que trata Marcelo Rebelo de Sousa pelo nome e não pelo título académico.

E se a Câmara de Lisboa não voltar a cair entretanto, daqui a dois anos há mais.

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United Colors of Oporto

2.ª Marcha do Orgulho LGBT do Porto: press review

sábado, 14 de julho de 2007

E tu e eu, o que é que temos de fazer?

FESTA DA DIVERSIDADE E DA IGUALDADE DE OPORTUNIDADES

dias 13, 14 e 15 de Julho de 2007

horário: sexta, 13 - 19h-02h. sábado, 14 - 16h-02h. domingo, 15 - 16h-24h

Praça do Comércio. Lisboa dias 13, 14 e 15 de Julho de 2007horário: sexta, 13 - 19h-02h. sábado, 14 - 16h-02h. domingo, 15 - 16h-24hPraça do Comércio. Lisboa

Integrada no Plano Nacional de Acção do Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos (AEIOT) – a Festa da Diversidade e da Igualdade de Oportunidades é um espaço livre, aberto, onde a diversidade de culturas, identidades, modos de ser, estar, pensar e agir, são propícios ao convívio, ao conhecimento mútuo e à solidariedade.

Durante três dias, a mais emblemática praça da capital vai ser ocupada por exposições, concertos, espectáculos, teatro, workshops e debates... e também experiências gastronómicas. Trazer à mesma Festa, no centro da capital, públicos com diferentes hábitos culturais e sociais, é o desafio lançado pela Festa da Diversidade, que pretende colocar na agenda cultural, social e política portuguesa um evento que, assumindo as diversidades, contribui para a igualdade. (Fonte:

Programa completo do evento

As minhas sugestões de destaque:

DEBATE. Tema: «GÉNERO»

Sábado, 14.07.2007, das 16h30 às 18h30, no Lisboa Welcome Center (Rua do Arsenal, 15)

Moderadora: Sofia Branco (PÚBLICO)

Relatora: Dina Canço (CIG)

TEMA 1: «Estereótipos de Género» - João Oliveira (ISCTE)

TEMA 2: «Violência contra as Mulheres» - Margarida Medina Martins (Associação de Mulheres Contra a Violência)

TEMA 3: «Nem tudo o que parece, é!» - Alexandra Silva (Rede Portuguesa de Jovens para a Igualdade de Oportunidades entre Mulheres e Homens)

TEMA 4: «O papel dos homens no combate aos estereótipos de género» - Pedro Vasconcelos (ISCTE)

DEBATE. Tema: «ORIENTAÇÃO SEXUAL»

Domingo, 15.07.2007, das 16h30 às 18h30, no Lisboa Welcome Center (Rua do Arsenal, 15)

Moderador: Paulo Côrte-Real (ILGA Portugal)

Relator: João Pereira (AEIOT)

TEMA 1: «Orientação Sexual e Género» - Clara Carvalho

TEMA 2: «Orientação Sexual e Idade» - Brenda Johnson

TEMA 3: «Legislação e quotidianos de imigrantes homossexuais» - Paulo Jorge Vieira

TEMA 4: «Uma experiência de imigração» - Cecília McDowell dos Santos

TEMA 5: «Discriminação LBGT e deficiência» - António Serzedelo A Festa da Diversidade e da Igualdade de Oportunidades realiza-se nos dias 13, 14 e 15 de Julho na Praça do Comércio, numa iniciativa conjunta da Estrutura de Missão do AEIOT, da Câmara Municipal de Lisboa e de várias Organizações Não Governamentais com trabalho relevante na luta contra as discriminações.Integrada no Plano Nacional de Acção do Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos (AEIOT) – a Festa da Diversidade e da Igualdade de Oportunidades é um espaço livre, aberto, onde a diversidade de culturas, identidades, modos de ser, estar, pensar e agir, são propícios ao convívio, ao conhecimento mútuo e à solidariedade.Durante três dias, a mais emblemática praça da capital vai ser ocupada por... e também. Trazer à mesma Festa, no centro da capital, públicos com diferentes hábitos culturais e sociais, é o desafio lançado pela Festa da Diversidade, que pretende colocar na agenda cultural, social e política portuguesa um evento que, assumindo as diversidades, contribui para a igualdade. (Fonte: site da C.M. Lisboa Moderadora: Sofia Branco (PÚBLICO)Relatora: Dina Canço (CIG)TEMA 1: «Estereótipos de Género» - João Oliveira (ISCTE)TEMA 2: «Violência contra as Mulheres» - Margarida Medina Martins (Associação de Mulheres Contra a Violência)TEMA 3: «Nem tudo o que parece, é!» - Alexandra Silva (Rede Portuguesa de Jovens para a Igualdade de Oportunidades entre Mulheres e Homens)TEMA 4: «O papel dos homens no combate aos estereótipos de género» - Pedro Vasconcelos (ISCTE)Moderador: Paulo Côrte-Real (ILGA Portugal)Relator: João Pereira (AEIOT)TEMA 1: «Orientação Sexual e Género» - Clara CarvalhoTEMA 2: «Orientação Sexual e Idade» - Brenda JohnsonTEMA 3: «Legislação e quotidianos de imigrantes homossexuais» - Paulo Jorge VieiraTEMA 4: «Uma experiência de imigração» - Cecília McDowell dos SantosTEMA 5: «Discriminação LBGT e deficiência» - António Serzedelo

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sexta-feira, 13 de julho de 2007

Telegrama

Semana alucinante de trabalho. Stop. Tempo escasso para tudo. Stop. Muitos posts na cabeça. Stop. Sem oportunidade para os escrever. Stop. Prometo voltar em breve. Stop. Se possível, ainda hoje. Stop. Um abraço desta que tanto vos quer. Stop.

Over and out.

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sábado, 7 de julho de 2007

E tu e eu, o que é que temos de fazer?

7.º Porto Pride

ONDE: Teatro Sá da Bandeira. Rua de Sá da Bandeira, 108. Porto.

A QUE HORAS: das 22h00 até às 08h00

QUANTO: €10,00 (com oferta da primeira bebida) 7.º Porto PrideONDE: Teatro Sá da Bandeira. Rua de Sá da Bandeira, 108. Porto.A QUE HORAS: das 22h00 até às 08h00QUANTO: €10,00 (com oferta da primeira bebida)

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E tu e eu, o que é que temos de fazer?

2.ª Marcha do Orgulho LGBT do Porto

Queremos igualdade, exigimos oportunidades! 2.ª Marcha do Orgulho LGBT do PortoQueremos igualdade, exigimos oportunidades!

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sexta-feira, 6 de julho de 2007

Eu gosto é do Verão (1)

quarta-feira, 4 de julho de 2007

A lombada amarela

Loja de conveniência. Fila para pagar. Olhar perdido entre os expositores, mirando pacotinhos de bolachas, batatas fritas, bronzeadores. Dois ou três segundos para reparar num enorme cesto onde se amontoam CD. À frente, um cartaz rabiscado à mão onde se lê «€1,00 a €5,00». Suspiro. Olho para o relógio. Pondero a hipótese de voltar costas e regressar a horas menos próprias para meninas sérias andarem na rua, mas mais próprias para quem não quer esperar. O indivíduo à minha frente dá um passo em frente. Admiro-lhe os sapatos: cor de caramelo, pontiagudos, horrendos. Procure-lhe o cinto e não me surpreendo: preto, claro. Suspiro. Dou um passo em frente. Estou agora ao lado do cesto de CD. À superfície, o melhor de Ella, o melhor de Louis, o melhor de Duke, uma colectânea de músicas de Natal. Ao lado, Quim Barreiros rivaliza com Romana e há um tal de Jorge cujo último nome não memorizei que canta as alegrias do regresso à terra. Suspiro. Olho para o relógio. Volto a olhar para o cesto de CD. Lá muito no fundo, ua lombada amarela cativa-me. Leio num rectângulo pequenino «Edition». Esgueiro os dedos entre as caixas e finalmente consigo segurá-lo. Saltam-me à vista as letras negras. «Ockeghem». «The Hilliard Ensemble». «Missa prolationum». «Marian Motets». Incrédula. Verifico se está selado. Está selado, sim. A fila avança. Ainda lanço um olhar de esguelha ao cesto, mas o homem gordo e suado que me segue tosse e bate o pé. Desisto e dou um passo em frente. É a minha vez. Coloco os objectos em cima do balcão e o CD. Olho para as letrinhas verdes da registadora. Quando a maquineta lê o código de barras reluz no monitor «€1,00». Pago a conta. Piro-me a rasgar o invólucro que sela a caixa. Abro-a. Contém o CD. Saio a correr da loja e mal entro no carro ponho-o a tocar. Toca mesmo. Incrível. Ockeghem pelo The Hilliard Ensemble a troco de €1,00. Penso que afinal, às vezes, é bom viver em Portugal, onde este tipo de oferta não é escoada pelo mercado e chega aos locais mais díspares aos preços mais improváveis. Ou talvez este facto não seja nada bom, enquanto indicador dos interesses dos portugueses. Mas quero lá bem saber. É graças a isso que ao som de «Intemerata Dei Mater» que vos escrevo este post. A troco de €1,00. Uma pechincha. Uma pechincha tão chocante que deveria ser crime. Mas não é. By the way, o disco da Romana custava €5,00. O homem gordo e suado que se me seguia comprou-o.

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O sistema de comentários do Haloscan parece não estar a funcionar correctamente. O servidor tem estado em baixo por longos períodos desde há 3 dias a esta parte. Por isso, enquanto a situação não se regularizar e para assegurar os "serviços mínimos", está ao dispor o sistema de comentários do Blogger. Agora fazei o favor de lhe dar uso, o.k.? A gerência agradece.

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terça-feira, 3 de julho de 2007

Por que marcham os LGBT?

O primeiro ponto que é necessário esclarecer é este: a discriminação positiva não visa contrariar a discriminação negativa . A necessidade de discriminar só encontra justificação se o tratamento igualitário for, ele próprio, factor gerador de desigualdade. Por princípio, o prius é o tratamento igualitário. Só que esse tratamento igualitário deverá ser preterido sempre que, em rigor, redundar numa situação igualitária somente em teoria, porque numa situação desigualitária na prática. Caso este tratamento igualitário seja preterido sem esta causa justificativa, estaremos perante discriminação negativa que é, seja em que situação for, sempre inaceitável .

Discriminar negativamente é, digamos assim, vedar a um determinado grupo de indivíduos o acesso àquilo a que deveriam ter direito numa situação de igualdade plena (ou de facto). É o que tem sido feito em relação aos LGBT em inúmeras matérias (no acesso ao casamento, no acesso à adopção enquanto casal, na possibilidade de ser dador de sangue, para citar alguns casos).

Por seu turno, poderemos afirmar que discriminar positivamente é criar uma situação de excepção de modo a promover a igualdade de facto , ou seja, discriminar positivamente é reconfigurar uma situação teórica em que o tratamento igualitário não proporciona, de facto , uma igualdade. Veja-se, a este título e exemplificativamente, a discriminação positiva dos cidadãos portadores de deficiência no acesso ao emprego na Administração Pública.

Em última análise, a discriminação positiva tem em vista o tratamento igualitário do que é igual e o tratamento diferente do que é diferente, pois nisto reside a igualdade de facto. E aqui convém esclarecer muito bem que a igualdade de direito nem sempre proporciona a igualdade de facto. Basta, por exemplo, ver que as mulheres têm exactamente o mesmo direito que os homens a integrarem as listas partidárias para o exercício da actividade de deputado, só que na realidade as mulheres não têm o mesmo acesso a essas listas e toda a gente muito bem sabe que não é por não terem iguais capacidades para o desempenho da função, mas sim porque existe verdadeiramente uma resistência (mais ou menos visível) no abandono da tradição secular de esses cargos serem desempenhados por indivíduos do sexo masculino.

No que concerne aos cidadãos LGBT, a discriminação de que são alvo consubstancia-se de muitos modos (o mais grave surge quando associado à discriminação aparece um sentimento de ódio em relação a estes indivíduos, o que está na base da homofobia). Essa discriminação é sempre discriminação negativa e é tanto mais grave quando se encontra consolidada na Lei (não no Direito).

Ora, a discriminação negativa dos LGBT não tem qualquer razão de existir, pois não se baseia em nenhum factor que a justifique. O único, repito, o único factor que diferencia os cidadãos LGBT é a sua orientação sexual, pois em tudo o resto são pessoas iguais a todas as outras. Todo o mundo minimamente civilizado chegou já à conclusão de que a orientação sexual não pode constituir factor de discriminação. Portugal é, nessa matéria, exemplar, uma vez que desde 2004 é o único país da Europa a consagrar expressamente no texto constitucional a proibição da discriminação com base na orientação sexual.

Aqui chegados, importa reflectir sobre uma questão que tem sido levantada a propósito das Marchas do Orgulho LGBT (afinal, o objectivo deste post): será que ao invocarem o "orgulho gay", os LGBT não estão a reclamar para si um estatuto especial, uma forma de discriminação positiva ?

O propósito das Marchas do Orgulho LGBT não é, nem nunca foi, a reivindicação de uma discriminação positiva. Pergunto: o que é que os cidadãos LGBT têm reclamado para si que seja diferente daquilo que os cidadãos não-LGBT tenham? Respondo: absolutamente nada. Precisamente por não quererem nada de diferente é que, por exemplo, não aceitam as teorias que defendem que para os LGBT deveria ser criada uma figura jurídica semelhante ao casamento, mas com outra designação. Não há qualquer razão para que os LGBT vejam ser criada para si uma figura jurídica diferente das dos demais cidadãos (digam-me uma que eu não rebata com argumentos sólidos e sérios e eu prometo que arrumo as botas).

Os LGBT têm o direito ao acesso às mesmas figuras jurídicas que todas as outras pessoas têm sempre que estiverem em situação de igualdade com essas mesmas pessoas. Daí que se todas as outras pessoas podem, voltamos aos exemplos, casar com o indivíduo que amam, não se compreenda por que razão os LGBT não o podem fazer. Para justificar a negação desse direito a um LGBT bastaria somente invocar uma diferença , uma única, umazinha só, que é aquilo que ninguém consegue fazer, pelo simples facto de que... essa diferença não existe! Só existe uma - a orientação sexual - e a que existe não serve. E não serve porque se a orientação sexual fosse o critério diferenciador justificativo da negação do direito ao casamento, então os homossexuais não poderiam casar nunca, o que não é verdade, porque só não podem casar é com pessoas do mesmo sexo!...

As Marchas do Orgulho LGBT são manifestações de orgulho naquilo que se é , orientação sexual incluída. Os homossexuais não marcham por serem gays, mas porque não têm vergonha, apesar de toda a discriminação de que são alvo, de serem como são. E não me venham dizer que não era preciso fazer a Marcha por cá porque em Portugal ninguém é discriminado por ser LGBT. Um país que nega um direito fundamental aos seus cidadãos porque eles são LGBT é um país que discrimina a toda a hora e a todo o instante. E é um país que discrimina da forma mais gravosa que existe, que é aquela que é feita com recurso à Lei.

Os homossexuais não pretendem ser tratados de modo diferente, não pretendem ser positivamente discriminados. De igual modo não pretendem ser negativamente discriminados, que é o que são presentemente. Daí que haja ainda necessidade de reivindicar esse tratamento igualitário, o que é dizer, o fim da discriminação negativa, de modo a que se construa a igualdade de facto. Eis por que marcham os homossexuais. No dia em que ninguém for negativamente discriminado em função da sua orientação, ninguém terá motivos para vir para a rua dizer que, apesar disso, tem orgulho em ser como é. Com esta questão sucederá o mesmo que sucedeu em relação às reivindicações feministas, às reivindicações pela liberdade e tantas outras "lutas" travadas ao longo da história da humanidade. No dia em que ninguém for impedido de viver a sua vida plenamente como é, não haverá motivos para Marchas. Até lá, será necessário marchar, será necessário empunhar cartazes, será necessário gritar bem alto (nem que seja através de um blog como este) que o orgulho não é necessariamente uma coisa má e pode ser a única coisa que um LGBT não perde quando todos os outros teimam em tirar-lhe tanto.

Imagem: 30 de Junho de 2007. Europride 2007. Madrid. Espanha. 1.500.000 pessoas. (fonte:

A discriminação positiva é um dado adquirido em todos os Estados de Direito. Embora possamos ser a favor dela nuns casos e contra ela noutros, decerto ninguém afirmará que a discriminação positiva é dispensável. Ao invés, ela é um mecanismo de reposição da igualdade ou, se preferirmos, de correcção da desigualdade. Mas que igualdade?O primeiro ponto que é necessário esclarecer é este:. A necessidade de discriminar só encontra justificação se o tratamento igualitário for, ele próprio, factor gerador de desigualdade. Por princípio, oé o tratamento igualitário. Só que esse tratamento igualitário deverá ser preterido sempre que, em rigor, redundar numa situação, porque numa situação. Caso este tratamento igualitário seja preterido sem esta causa justificativa, estaremos peranteque é, seja em que situação for, sempreDiscriminar negativamente é, digamos assim, vedar a um determinado grupo de indivíduos o acesso àquilo a que deveriam ter direito numa situação de igualdade plena (ou de facto). É o que tem sido feito em relação aos LGBT em inúmeras matérias (no acesso ao casamento, no acesso à adopção enquanto casal, na possibilidade de ser dador de sangue, para citar alguns casos).Por seu turno, poderemos afirmar que discriminar positivamente é criar uma situação de excepção de modo a promover a, ou seja, discriminar positivamente é reconfigurar uma situação teórica em que o tratamento igualitário não proporciona,, uma igualdade. Veja-se, a este título e exemplificativamente, a discriminação positiva dos cidadãos portadores de deficiência no acesso ao emprego na Administração Pública.Em última análise, a discriminação positiva tem em vista o tratamento igualitário do que é igual e o tratamento diferente do que é diferente, pois nisto reside a. E aqui convém esclarecer muito bem que a igualdade de direito nem sempre proporciona a igualdade de facto. Basta, por exemplo, ver que as mulheres têm exactamente o mesmo direito que os homens a integrarem as listas partidárias para o exercício da actividade de deputado, só que na realidade as mulheres não têm o mesmoa essas listas e toda a gente muito bem sabe que não é por não terem iguais capacidades para o desempenho da função, mas sim porque existe verdadeiramente uma resistência (mais ou menos visível) no abandono da tradição secular de esses cargos serem desempenhados por indivíduos do sexo masculino.No que concerne aos cidadãos LGBT, a discriminação de que são alvo consubstancia-se de muitos modos (o mais grave surge quando associado à discriminação aparece um sentimento de ódio em relação a estes indivíduos, o que está na base da homofobia). Essa discriminação é sempre discriminação negativa e é tanto mais grave quando se encontra consolidada na Lei (não no Direito).Ora, a discriminação negativa dos LGBT não tem qualquer razão de existir, pois não se baseia em nenhum factor que a justifique. O único, repito, ofactor que diferencia os cidadãos LGBT é a sua orientação sexual, pois em tudo o resto são pessoas iguais a todas as outras. Todo o mundo minimamente civilizado chegou já à conclusão de que a orientação sexual não pode constituir factor de discriminação. Portugal é, nessa matéria, exemplar, uma vez que desde 2004 é o único país da Europa a consagrar expressamente no texto constitucional a proibição da discriminação com base na orientação sexual.Aqui chegados, importa reflectir sobre uma questão que tem sido levantada a propósito das Marchas do Orgulho LGBT (afinal, o objectivo deste post):O propósito das Marchas do Orgulho LGBT não é, nem nunca foi, a reivindicação de uma discriminação positiva. Pergunto: o que é que os cidadãos LGBT têm reclamado para si que seja diferente daquilo que os cidadãos não-LGBT tenham? Respondo: absolutamente nada. Precisamente por não quererem nada de diferente é que, por exemplo, não aceitam as teorias que defendem que para os LGBT deveria ser criada uma figura jurídica semelhante ao casamento, mas com outra designação. Não há qualquer razão para que os LGBT vejam ser criada para si uma figura jurídica diferente das dos demais cidadãos (digam-me uma que eu não rebata com argumentos sólidos e sérios e eu prometo que arrumo as botas).Os LGBT têm o direito ao acesso às mesmas figuras jurídicas que todas as outras pessoas têm sempre que estiverem em situação de igualdade com essas mesmas pessoas. Daí que se todas as outras pessoas podem, voltamos aos exemplos, casar com o indivíduo que amam, não se compreenda por que razão os LGBT não o podem fazer. Para justificar a negação desse direito a um LGBT bastaria somente invocar, uma única,só, que é aquilo que ninguém consegue fazer, pelo simples facto de que... essa diferença não existe! Só existe uma - a orientação sexual - e a que existe não serve. E não serve porque se a orientação sexual fosse o critério diferenciador justificativo da negação do direito ao casamento, então os homossexuais não poderiam casar nunca, o que não é verdade, porque só não podem casar é com pessoas do mesmo sexo!...As Marchas do Orgulho LGBT são manifestações de orgulho, orientação sexual incluída. Os homossexuais não marcham, mas porque não têm vergonha, apesar de toda a discriminação de que são alvo, de serem como são. E não me venham dizer que não era preciso fazer a Marcha por cá porque em Portugal ninguém é discriminado por ser LGBT. Um país que nega um direito fundamental aos seus cidadãos porque eles são LGBT é um país que discrimina a toda a hora e a todo o instante. E é um país que discrimina da forma mais gravosa que existe, que é aquela que é feita com recurso à Lei.Os homossexuais não pretendem ser tratados de modo diferente, não pretendem ser positivamente discriminados. De igual modo não pretendem ser negativamente discriminados, que é o que são presentemente. Daí que haja ainda necessidade de reivindicar esse tratamento igualitário, o que é dizer, o fim da discriminação negativa, de modo a que se construa a igualdade de facto. Eis por que marcham os homossexuais. No dia em que ninguém for negativamente discriminado em função da sua orientação, ninguém terá motivos para vir para a rua dizer que, apesar disso, tem orgulho em ser como é. Com esta questão sucederá o mesmo que sucedeu em relação às reivindicações feministas, às reivindicações pela liberdade e tantas outras "lutas" travadas ao longo da história da humanidade. No dia em que ninguém for impedido de viver a sua vida plenamente como é, não haverá motivos para Marchas. Até lá, será necessário marchar, será necessário empunhar cartazes, será necessário gritar bem alto (nem que seja através de um blog como este) que o orgulho não é necessariamente uma coisa má e pode ser a única coisa que um LGBT não perde quando todos os outros teimam em tirar-lhe tanto.Imagem: 30 de Junho de 2007. Europride 2007. Madrid. Espanha. 1.500.000 pessoas. (fonte: site do El País

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segunda-feira, 2 de julho de 2007

Às claras

Dispensa mais apresentações: Monica Bellucci.

Para desanuviar de tanta letrinha e de tanta tontaria...

Boa noite e até amanhã. :) Dispensa mais apresentações: Monica Bellucci.Para desanuviar de tanta letrinha e de tanta tontaria...Boa noite e até amanhã. :)

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Às escuras

Lembrar

Se tanto me dói que as coisas passem

É porque cada instante em mim foi vivo

Na busca de um bem definitivo

Em que as coisas de Amor se eternizassem

Sofia de Mello Breyner Andresen (1919-2004), desaparecida há três anos.

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Deitar contas à vida

terça-feira, 31 de julho de 2007

Aforismos de trazer por casa (10)

Bergman e Antonioni

No mesmo dia (ontem), a Europa perdeu dois dos seus maiores realizadores, Ingmar Bergman (n. 1918) e Michelangelo Antonioni (n. 1912).

Do primeiro, permito-me destacar «Persona» (1966), um filme objecto de algumas interpretações que pretendiam ressaltar nele um suposto relacionamento de cariz lésbico entre as personagens principais (e que eu ainda não vi, mas não hei-de morrer sem ver). Mas «Persona» é muito mais do que isso. É uma leitura da solidão (elemento que perpassa toda a obra do realizador) enquanto destino inexorável do ser humano. Em «Persona», Bergman revela a dimensão trágica (e absurda?) da própria vida. É um filme sobre a angústia da auto-descoberta do abismo que existe entre o que representamos para os outros e o que somos para nós mesmos.

Susan Sontag defendeu que a literatura e o cinema oferecem ao leitor/espectador uma visão sob o controlo do autor/realizador e que existem correntes em cinema como em literatura. Para Sontag, os filmes de Bergman incluem-se no "cinema psicológico", ou seja, aquele «que trata da revelação da motivação das personagens», superando a relação existente entre o literário e visual, ditinguindo entre análise e descrição/exposição. Já os filmes de Antonioni (Godard e Bresson) estariam inseridos noutro tipo de cinema, o "cinema anti-psicológico", que trata «da transferência entre sentimento e coisas».

Particularmente sobre «Persona», no ensaio que escreveu sobre esta obra cinematográfica, Sontag afirmou que «para compreender «Persona», o espectador deve ultrapassar o ponto de vista psicológico. ... «Persona» assume uma posição além da psicologia - assim como, num sentido análogo, além do erotismo» (Susan Sontag, Contra a Interpretação e Outros Ensaios, Lisboa: Gótica, 2004).

Para ver ou rever aqui aqui . E lamentar que a morte tenha vencido de novo mais este jogo de xadrez.

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E há posts que merecem lidos

«Com os amigos (hetero) convivemos anos, também nos contendo. Imaginava que provavelmente a sua aceitação seria condicional, que se lhes déssemos "imagens" que provavelmente pensassem "yack!" e ai de nós querermos chocá-los. Não sei se alguma vez empregámos o termo "exibicionismo" mas se não o usámos, seguramente usámos outro parecido e igualmente preconceituoso para definir carinho. "Nós não sentimos necessidade de exteriorizar, exibir, ostentar, etc. o nosso amor. Vivemo-lo bem entre paredes." Bullshit! (...)

Hoje, continuamos algo reservadas mas mais soltas. Às vezes até nos surpreendemos "mas nós dissemos ou fizemos aquilo naquele sítio?" E rimo-nos.

Hoje sei que aceitarmo-nos é algo que se faz em duplo sentido: de dentro para fora, e de fora para dentro . Eita! Tanto chão para palmilhar ainda!»

Da Como este , por exemplo.«Com os amigos (hetero) convivemos anos, também nos contendo. Imaginava que provavelmente a sua aceitação seria condicional, que se lhes déssemos "imagens" que provavelmente pensassem "yack!" e ai de nós querermos chocá-los. Não sei se alguma vez empregámos o termo "exibicionismo" mas se não o usámos, seguramente usámos outro parecido e igualmente preconceituoso para definir carinho. "Nós não sentimos necessidade de exteriorizar, exibir, ostentar, etc. o nosso amor. Vivemo-lo bem entre paredes." Bullshit! (...)Hoje, continuamos algo reservadas mas mais soltas. Às vezes até nos surpreendemos "mas nós dissemos ou fizemos aquilo naquele sítio?" E rimo-nos.Hoje sei que. Eita! Tanto chão para palmilhar ainda!»Da Nina , outra vez. Pois claro.

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Há comentários que davam posts

«Precisamente por isso é que não se compreende porque é que alguém que tem toda a capacidade jurídica para o fazer não possa fazê-lo simplesmente porque o consorte é do mesmo sexo.»,

a

«Neste caso, não se trata de um consorte, mas sim de um com-azar.».

Reconheçamo-lo: não há nada como ter a superioridade e a sabedoria para fazer humor noir com a própria vida. A isto eu chamo uma observação pertinente proferida por uma mulher inteligente. Citando uma passagem que eu escrevi aqui , especificamente esta Nina acrescentou isto:Reconheçamo-lo: não há nada como ter a superioridade e a sabedoria para fazer humor noir com a própria vida. A isto eu chamo uma observação pertinente proferida por uma mulher inteligente.

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segunda-feira, 30 de julho de 2007

E tu e eu, o que é que temos de fazer?

Blogbirthday

sábado, 28 de julho de 2007

E tu e eu, o que é que temos de fazer?

CORAÇÕES DE ATUM

sábado, 28 de julho de 2007 (abertura de portas às 22h00)

Cabaret Maxime (Praça da Alegria, 58, Lisboa; Tel. 213467090)

+ info: Produções Banana (Tel. 962804368; MySpace) CORAÇÕES DE ATUMsábado, 28 de julho de 2007 (abertura de portas às 22h00)Cabaret Maxime (Praça da Alegria, 58, Lisboa; Tel. 213467090)+ info: Produções Banana (Tel. 962804368; E-mail

Receita: «Corações de Atum au Maxime»

Agora que o verão está à porta, nada melhor que uma receita rica em nutrientes refrescantes para atenuar o bafo das noites do Estio. Depois da vichyssoise de escabeche, e do souflée de perceves, esta é a receita de maior sucesso incluída pelo mestre Mangas no guia Pichelin.

• Vá de táxi até ao Cabaret Maxime (28-07-07; 23h);

• Leve as suas amigas mais vistosas e cheirosas;

• Diga a essa amigas para trazerem mais amigas – ricas, de preferência!;

• Cumprimente os porteiros e adquira ingressos (€10,00 cada);

• Deixe à porta telemóveis e más-disposições;

• Entre no cabaret em grande estilo;

• Instale-se numa mesa com vista para o palco;

• Chame o chefe-de-sala, e reclame com qualquer coisa - o atraso dos artistas, por exemplo;

• Ordene uma bebida extravagante (sugerimos água Badoit com açúcar-pilé);

• Abra a charuteira e distribua os seus puros pelas mesas limítrofes;

• Faça um chichizinho estratégico – para marcar território;

• Junte uma pitada de quelque chose;

• Diga à sua amiga para parar quieta com o empernanço;

• Encoste-se “à Lagardére”;

• Aproveite o sal que os SAL deixaram no palco na noite anterior;

• Tenha um bom espectáculo (mande umas bocas de vez em quando...).

Verá que se cumprir à risca todos os passos da receita, desfrutará de um pitéu de fazer inveja ao grande Chef Adriá! Assim se prova que na saloia Lisboa do século XXI também é possível confeccionar iguarias de basse-cuisine que fariam sensação até em Paris! É fartar, aldeagem!

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sexta-feira, 27 de julho de 2007

Celulóide

«Tamborilo os dedos. Sinal de tédio. Vou correr. Agora toda a gente corre. Está na moda. O nosso primeiro-ministro, que faz lembrar o Ken da Barbie, tal é a artificialidade que lhe mina o corpo, também corre. É um homem estranho. Sobretudo, estranho. Parece feito de celulóide. Tento imaginá-lo na retrete ou a ter um orgasmo ou a chorar num funeral e não consigo.»

A Ana de Amsterdam sobre José Sócrates, «um homem estranho. Sobretudo, estranho. Parece feito de celulóide». É escusado dizer que eu concordo integralmente, não é? E há outra coisa que eu não consigo imaginar Sócrates a fazer... a sorrir genuinamente . Mas isso não é de espantar, dado que o homem é português e, provavelmente, no fundo, lá bem no fundo, não está lá muito contente com o governo do seu país... ;)

Já agora, ali para a grafonola vai Enola Gay, pelos OMD (Orchestral Manoeuvres In The Dark). Peço-vos que não sejais maldos@s e não vos punhais já com conjecturas acerca da conjugação do título esta música com a temática do post, porque não tem nada a ver (aliás, convém não descontextualizar a parte do «enola» da parte do «gay» e esclarecer que a expressão se refere à mãe de um dos elementos da banda). A escolha justifica-se tão-somente porque hoje acordei ao som de Enola Gay e estou num daqueles dias em que o raio da música não me sai da cabeça.

E aproveito para desejar a tod@s um bom fim de dia, de preferência com muito mimo, como convém. Afinal de contas, é sexta-feira!!! :) . É escusado dizer que eu concordo integralmente, não é? E há outra coisa que eu não consigo imaginar Sócrates a fazer... a sorrir. Mas isso não é de espantar, dado que o homem é português e, provavelmente, no fundo, lá bem no fundo, não está lá muito contente com o governo do seu país... ;)Já agora, ali para a grafonola vai, pelos OMD (Orchestral Manoeuvres In The Dark). Peço-vos que não sejais maldos@s e não vos punhais já com conjecturas acerca da conjugação do título esta música com a temática do post, porque não tem nada a ver (aliás, convém não descontextualizar a parte do «enola» da parte do «gay» e esclarecer que a expressão se refere à mãe de um dos elementos da banda). A escolha justifica-se tão-somente porque hoje acordei ao som dee estou num daqueles dias em que o raio da música não me sai da cabeça.E aproveito para desejar a tod@s um bom fim de dia, de preferência com muito mimo, como convém. Afinal de contas, é sexta-feira!!! :)

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quinta-feira, 26 de julho de 2007

Disparates, disse ela - comentário 8 (e último)

Citação:

«Não seria melhor aplicar os dinheiros públicos na sensibilização e correcção destas formas de desigualdade de oportunidades, em vez de os investir no marketing da ideologia gay?».

Comentário:

E quanto às páginas dos jornais, não seriam elas também melhor aproveitadas e não serviriam melhor a sociedade se dessem espaço a pessoas que sabem do que é que estão a falar e, principalmente, a pessoas que estão verdadeiramente interessadas em corrigir as desigualdades e não em atacar os outros pelo simples facto de eles não se limitarem a aceitar o que lhes dão quando o que lhes dão é injusto e insuficiente e quando, acima de tudo, merecem mais, muito mais, deste Estado do qual são parte integrante? Eu acho que sim.

Já agora, essa coisa da "ideologia gay" é pomposa mas não existe. O que existe é a ideologia dos Direitos Humanos, porque seres humanos somos todos, hetero, lés, gays, trans, bi.

Capice?

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Disparates, disse ela - comentário 7

Citação:

«A campanha do lobby gay para a reconceptualização do casamento, de modo a incluir a união homossexual, não tem nada a ver com a igualdade de oportunidades. Visa antes a promoção da conduta homossexual e a desconstrução - não apenas semântica - do casamento e da família, tal como a esmagadora maioria das pessoas (com boas razões) os entende e preza.».

Comentário:

Só um perguntinha: o que vem a ser isso do lobby gay? Palavra de honra, digam-me onde está, o que faz, por quem é composto. Já o lobby homofóbico sabemos bem onde está, o que tem feito e quem o compõe. Porque é que ninguém fala nisso? Estraho, não é?...

Já agora, se com a expressão "lobby gay" se pretendia designar as pessoas que pugnam pela igualdade de facto dos cidadãos homossexuais, impõe-se dizer que não estão preocupadas com desconstruir coisa alguma (embora os exercícios de desconstrução sejam salutares e benéficos para a Humanidade), mas sim em assegurar que num Estado que se diz de Direito toda a gente viva em condições de igualdade e justiça, cultural, social e legislativa.

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Disparates, disse ela - comentário 6

Citação:

«A recusa do "casamento" homossexual não é, portanto, uma discriminação ilegítima (que, por exemplo, infrinja o tão invocado art. 13.º da Constituição). Qualquer pessoa tem (igual) direito a casar. Simplesmente, o casamento é, por definição e natureza, uma aliança entre um homem e uma mulher. Mesmo nas sociedades em que foi tolerada ou aceite, nunca se concebeu ou pretendeu fazer da homossexualidade uma instituição social dotada de estatuto público equiparável ao casamento. E ninguém é obrigado a casar...».

Comentário:

Vamos por partes.

Primeiro , qualquer lei que estabeleça uma diferença tendo em conta única e exclusivamente a orientação sexual de alguém é uma lei discriminatória que viola expressamente, repito, expressamente , o disposto no artigo 13.º da C.R.P.. Isto é de tal modo básico que nem vale a pena perder mais tempo a explicá-lo.

Segundo , o casamento não é nada por natureza e definição uma aliança entre um homem e uma mulher. O casamento é, por natureza e definição, um negócio jurídico, um contrato que depende da vontade das partes, um contrato, um contrato e nada mais do que um contrato! Se não houver filhos, continua a haver casamento; se não houver respeito pelos deveres, continua a haver casamentos se as partes assim quiserem; se não houver débito conjugal mas as partes assim entenderem, continua a haver casamento. O casamento não passa de um contrato, sempre o foi e sempre o será: tão-somente um contrato!

Terceiro , claro que ninguém é obrigado a casar. Precisamente por isso é que não se compreende porque é que alguém que tem toda a capacidade jurídica para o fazer não possa fazê-lo simplesmente porque o consorte é do mesmo sexo. Se ninguém é obrigado, porque que é que algumas pessoas são proibidas?

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Disparates, disse ela - comentário 5

Citação:

«Implicaria uma injustiça ou discriminação contra aqueles que reivindicam poder verdadeiramente casar.».

Comentário:

«Verdadeiramente casar»? Então quer dizer que se pessoas do mesmo sexo pudessem casar entre si, ainda assim, só os de sexo diferente é que casariam verdadeiramente? Os outros casariam só de mentirinha? Este tipo de argumentação é tão fundamentalista, mas tão fundamentalista! Mesmo que todos pudessem casar, só os donos da verdade é que casariam verdadeiramente... Enfim, não há pachorra.

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Disparates, disse ela - comentário 4

Citação:

«Aliás, se o estatuto jurídico de casamento fosse violentado de forma a albergar as uniões entre pessoas do mesmo sexo, isso significaria a imposição desse conceito bizarro - e profundamente hostil - de "casamento" a todas as outras a quem repugna essa assimilação.».

Comentário:

Então quer dizer que os direitos fundamentais das pessoas devem ser denegados porque há pessoas a quem repugna essa assimilação? Então quer dizer que o que deve nortear a Lei não são critérios objectivos de justiça, mas sim critérios subjectivos de repugnância de certos indivíduos? Ah... essa não sabia...

Já agora, o casamento entre pessoas do mesmo sexo seria «bizarro» e «hostil» porquê? Então a homossexualidade não é tão velha como o Homem? Então a homossexualidade não existe em todas as espécies animais? Então e o divórcio, enquanto figura jurídica que põe termo a essa figura tão cândida que é o casamento, não será bizarro e hostil? Não porá ele em causa uma instituição tão valorosa e tão superior como o contrato matrimonial?

Oh, céus! Por favor, tenham dó de mim. Eu não sei se aguento tanta ignomínia em tão poucas palavras...

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Disparates, disse ela - comentário 3

Citação:

«Em particular, o casamento é uma instituição singularmente valiosa - e como tal regulado e protegido pelo Estado - como lugar natural da renovação das gerações e da formação do carácter e primeira socialização dos futuros membros da sociedade; e como sinalizador da bondade e riqueza da dualidade sexual sobre que se estrutura a sociedade».

Comentário:

Ora bom, a mim parece-me que não é necessário o casamento para que haja «renovação das gerações», mas apenas que haja sexo ou inseminação artificial e que a gravidez seja levada com sucesso até ao fim.

Acho imensa graça a esta malta que põe resmas de pergaminhos numa instituição como o casamento a propósito da «renovação das gerações» tendo em conta que os portugueses descendem de malta que se fartou de renovar gerações e povoar território sem ser casada! Acho graça, particularmente, porque com um bocado de sorte, vai-se a ver, e ainda se trata de gente que na sua árvore genealógica ainda tem uma «mancha terrível» chamada «mãe solteira» ou «filho bastardo». Por alguma coisa se costuma dizer que no melhor pano cai a nódoa, não é?

O resto da citação é tão moralista que nem vale a pena comentar. Moralista, hipócrita e mesquinha. Que pena que eu tenho das pessoas que ainda acham que o fundamental é que a primeira socialização dos indivíduos se dê no seio do casamento! Pois a mim parece-me bem melhor que se dê no seio de um núcleo familiar em que haja amor, em que se incuta nas crianças a autonomia intelectual, o sentido crítico, a consciência cívica e todos os valores que fazem de alguém um ser com carácter , do que propriamente dentro de um casamento. É que a mim não me parece que o carácter das pessoas venha de outro lado senão daí...

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Disparates, disse ela - comentário 2

Citação:

«Ora, a união homossexual é algo radicalmente diferente do casamento (heterossexual monogâmico). É de outra natureza, de outra espécie. Antropologicamente diverso. Diferente quanto ao seu valor social.».

Comentário:

Ora, em primeiro lugar, «casamento homossexual» é uma expressão tão triste!... «Homossexual» é uma orientação sexual e só os seres vivos - e não as figuras jurídicas - é que têm orientação sexual, certo? Então vamos lá ser rigorosos no emprego da terminologia, sim?

Em segundo lugar, não estou a ver em que sentido é que o casamento entre pessoas do mesmo sexo possa ser diferente. De outra natureza e de outra espécie porquê? Não continua a ser um contrato celebrado entre duas partes de livre e espontânea vontade? É antropologicamente diverso e tem outro valor social porquê? Se é porque duas pessoas do mesmo sexo (ainda) não podem procriar, isso significa que o casamento entre duas pessoas de sexo diferente mas que não possam ou não queiram procriar também é antropoligicamente diverso e tem outro valor social? Então, porque é que só quando se trata de pessoas homossexuais é que é assim tããão diferente? Palavra de honra que gostaria que me explicassem.

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Disparates, disse ela - comentário 1

Citação:

«Não está em causa, evidentemente, a igualdade sob a lei, independentemente da "orientação sexual", ou o igual respeito por todas as pessoas e pela sua conduta privada».

Comentário:

Pois não, não está. Com a denegação do direito ao casamento entre pessoas do mesmo sexo está em causa o desrespeito pela manifestação pública e social da orientação sexual dos indivíduos homossexuais, a violação de um preceito constitucional e a denegação de um direito fundamental da pessoa humana.

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Disparates, disse ela

Por mim, obviamente, não dava «tempo de antena» aqui no blog a tão descabido discurso, mas enfim, como eles dizem de nós, é preciso saber o que eles andam para aí a dizer para os podermos desmascarar e o PÚBLICO só disponibiliza o artigo para os assinantes.

Ora então façam o favor de respirar fundo antes de começarem a ler e de estar perto de uma cadeira, não vão sofrer algum choque com o que segue. Cá vai disto (negritos meus):

O casamento e o bem comum

(PÚBLICO, 16.07.2007, por Alexandra Teté - Associação Mulheres em Acção)

A união homossexual é totalmente diferente do casamento heterossexual monogâmico

A celebração do Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos tem sido aproveitada para insinuar a necessidade de redefinir o casamento, de modo a abranger a união entre pessoas do mesmo sexo, supostamente em homenagem ao princípio da igualdade. Contou-se, para esse efeito, com a oportuna propaganda: misturando imagens de pessoas portadoras de deficiência ou de diversas raças com gestos de intimidade entre indivíduos do mesmo sexo, sugerindo subliminarmente que a recusa do "casamento" homossexual seria o alinhamento com uma espécie de apartheid.

Essa assimilação é abusiva e falaciosa, configurando uma contrafacção da própria ideia de não discriminação. Não está em causa, evidentemente, a igualdade sob a lei, independentemente da "orientação sexual", ou o igual respeito por todas as pessoas e pela sua conduta privada. O que está em questão é sim outra exigência da equidade (e da justiça): a que recomenda que relações objectivamente desiguais sejam tratadas de modo apropriada e justamente diferenciado, em ordem ao bem comum.

Ora, a união homossexual é algo radicalmente diferente do casamento (heterossexual monogâmico). É de outra natureza, de outra espécie. Antropologicamente diverso. Diferente quanto ao seu valor social. Em particular, o casamento é uma instituição singularmente valiosa - e como tal regulado e protegido pelo Estado - como lugar natural da renovação das gerações e da formação do carácter e primeira socialização dos futuros membros da sociedade; e como sinalizador da bondade e riqueza da dualidade sexual sobre que se estrutura a sociedade.

O casamento é, portanto, um bem público (em sentido lato), ao contrário de outras formas de união sexual. Por um lado, gera benefícios para a sociedade como um todo, para além daqueles que proporciona aos próprios cônjuges. Por outro lado, requer uma cultura que o reconheça, distinga e apoie através de uma atitude pública e de instituições formais: como diz Joseph Raz, a presença (ou ausência) de um compromisso da sociedade com o ideal do casamento - entendido como união estável com uma pessoa do sexo oposto - configura de modo decisivo o quadro de expectativas e compreensões dos indivíduos e afecta profundamente as suas relações recíprocas e, na prática, a disponibilidade dessa opção (socialmente preferível).

É certo que a alternativa de se casar (a sério) poderia manter-se no menu de opções disponíveis de uma sociedade que a incluísse, em posição paritária, entre outras formas sociais - como a união homossexual, a união de facto, a poligamia, etc. Mas a inteligibilidade e o significado social de se casar e ser casado - ter uma mulher ou um marido - nessas circunstâncias não seria semelhante ao significado social e simbólico do casamento vigente numa sociedade que se compromete com essa instituição: a dignidade única da opção do casamento e a percepção do seu valor seriam obscurecidas aos olhos dos indivíduos se a sociedade deixasse de reconhecê-la e distingui-la.

Aliás, se o estatuto jurídico de casamento fosse violentado de forma a albergar as uniões entre pessoas do mesmo sexo, isso significaria a imposição desse conceito bizarro - e profundamente hostil - de "casamento" a todas as outras a quem repugna essa assimilação. Implicaria uma injustiça ou discriminação contra aqueles que reivindicam poder verdadeiramente casar.

A recusa do "casamento" homossexual não é, portanto, uma discriminação ilegítima (que, por exemplo, infrinja o tão invocado art. 13.º da Constituição). Qualquer pessoa tem (igual) direito a casar. Simplesmente, o casamento é, por definição e natureza, uma aliança entre um homem e uma mulher. Mesmo nas sociedades em que foi tolerada ou aceite, nunca se concebeu ou pretendeu fazer da homossexualidade uma instituição social dotada de estatuto público equiparável ao casamento. E ninguém é obrigado a casar...

A campanha do lobby gay para a reconceptualização do casamento, de modo a incluir a união homossexual, não tem nada a ver com a igualdade de oportunidades. Visa antes a promoção da conduta homossexual e a desconstrução - não apenas semântica - do casamento e da família, tal como a esmagadora maioria das pessoas (com boas razões) os entende e preza. Todavia, há em Portugal verdadeiros e graves casos de desigualdade, discriminação de facto e exclusão: pessoas com deficiências, jovens em situação de reinserção social, minorias étnicas, desempregados de longa duração, os sem-abrigo (para não falar da discriminação fiscal dos casados relativamente aos solteiros, ou da discriminação laboral das mulheres grávidas). Não seria melhor aplicar os dinheiros públicos na sensibilização e correcção destas formas de desigualdade de oportunidades, em vez de os investir no marketing da ideologia gay?

Minhas e meus caros, felizmente o artigo acaba aqui. Respirai fundo. Como não poderia deixar de ser, seguem-se os meus comentários, que optei por escrever em posts separados para facilitar a leitura e a análise. Se ainda vos restar algum tempo e paciência, conto com a vossa leitura e a vossa partilha nas caixas de comentários.

Àqueles que sejam mesmo, mesmo, mesmo muito pacientes e que queriam conhecer um pouco melhor a autora do artigo supra, sugiro a leitura do post « Como eu não quero que falte nada aos leitores desta humilde chafarica, não obstante o espaço de tempo entretanto decorrido, transcreverei aqui integralmente as fantasias recônditas da mente fundamentalista da Excelentíssima Sôdona Alexandra Tété que foram publicadas no Público do passado dia 16 de Julho.Por mim, obviamente, não dava «tempo de antena» aqui no blog a tão descabido discurso, mas enfim, comodizem de, é preciso saber o que eles andam para aí a dizer para os podermos desmascarar e o PÚBLICO só disponibiliza o artigo para os assinantes.Ora então façam o favor de respirar fundo antes de começarem a ler e de estar perto de uma cadeira, não vão sofrer algum choque com o que segue. Cá vai disto (negritos meus):(PÚBLICO, 16.07.2007, por Alexandra Teté - Associação Mulheres em Acção)Minhas e meus caros, felizmente o artigo acaba aqui. Respirai fundo. Como não poderia deixar de ser, seguem-se os meus comentários, que optei por escrever em posts separados para facilitar a leitura e a análise. Se ainda vos restar algum tempo e paciência, conto com a vossa leitura e a vossa partilha nas caixas de comentários.Àqueles que sejam mesmo, mesmo, mesmo muito pacientes e que queriam conhecer um pouco melhor a autora do artigo supra, sugiro a leitura do post « O mundo segundo Alexandra Tété », do blog Conhecimento do Inferno.

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terça-feira, 24 de julho de 2007

Muito simplesMente (11)

Um momento de refinado sentido de humor

Sabeis qual é o próximo hino do Sporting para o avançado Izmailov? Não?! É aquela música da Cat Power, Where is my love?.

Perceberam? Allez, Izmailov! Where Is My Love? A fonética das expressões é quase igual, perceberam? Hein? É ou não é brilhante? É ou não é genial? Ora digam lá: há coisas fantásticas, não há?! :)

Pronto, está bem, se ainda não perceberam, vão lá ao menos ouvir a musiquinha (

Post Scriptum - Estamos quase, quase, quase na silly season. Querid@s leitor@s, considerai este post um prenúncio do disparate. E quanto à ausência de textos, o tempo que resta não tem dado para mais. Ele é o trabalho, o trabalho, e quando o trabalho fica em stand by é o apelo do calor e do bronze e do sol e do mar e das miúdas descascadas e... cof, cof, cof... Eu sei que vós me compreendeis. Oh, se compreendeis!... ;) Atenção, car@s leitor@s deste blog, segue-se um momento de rara beleza e de requintado humor. Eu repito a parte do requintado humor, porque é mesmo muito importante. Trata-se de uma piada inventada por mim própria, o que coloca, portanto, as expectativas muito elevadas (cof, cof, cof...). Cá vai.Sabeis qual é o próximo hino do Sporting para o avançado Izmailov? Não?! É aquela música da Cat Power, Where is my love?.Perceberam? Allez, Izmailov! Where Is My Love? A fonética das expressões é quase igual, perceberam? Hein? É ou não é brilhante? É ou não é genial? Ora digam lá: há coisas fantásticas, não há?! :)Pronto, está bem, se ainda não perceberam, vão lá ao menos ouvir a musiquinha ( clicar aqui para ver um vídeo com montagens de imagens de Ingrid Bergman e Cary Grant ao som da Cat Power ).Post Scriptum - Estamos quase, quase, quase na silly season. Querid@s leitor@s, considerai este post um prenúncio do disparate. E quanto à ausência de textos, o tempo que resta não tem dado para mais. Ele é o trabalho, o trabalho, e quando o trabalho fica em stand by é o apelo do calor e do bronze e do sol e do mar e das miúdas descascadas e... cof, cof, cof... Eu sei que vós me compreendeis. Oh, se compreendeis!... ;)

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sábado, 21 de julho de 2007

E tu e eu, o que é que temos de fazer?

2.º MIRA PRIDE

21 de Julho de 2007, a partir das 22h00

Discoteca VIP GLS Club. Praia de Mira 21 de Julho de 2007, a partir das 22h00Discoteca VIP GLS Club. Praia de Mira

:: ADENDA (em 23 de Julho de 2007) ::

«II Pride do Centro juntou mais de 800 gays e lésbicas» (clicar para ler notícia do Jornal de Notícias)

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sexta-feira, 20 de julho de 2007

Uma questão de autoridade

Hoje foi dia de debate mensal. Uma vez mais e como já era de esperar, Sócrates desenvencilhou-se das críticas de forma rasteira, invocando o passado em vez de responder directamente ao que lhe é perguntado.

Logo na primeira intervenção, Marques Mendes voltou a fazer referência ao que ele vê como um «clima de intimidação, perseguição e intolerância» que se vive na Administração Pública.

Sócrates respondeu: «Ó senhor deputado Marques Mendes, gostava de saber onde está a sua autoridade moral. Lembro-me que foi num Governo onde esteve que o Nobel José Saramago foi censurado num livro e impedido de concorrer a um prémio».

E eu pergunto: ó senhor Primeiro-Ministro, mas o que tem a ver a bota com a perdigota? Não me diga que José Saramago é Administração Pública? Não me diga que aquilo que porventura possa ter sido um erro no passado serve agora de desculpa para os erros de V. Exa. no presente? Não me diga que agora se responde a perguntas com outras perguntas em vez de respostas? Não me diga que agora também vai dizer que o governo do PSD andou a limitar a liberdade de expressão de Saramago, que por acaso nem sequer vive em Portugal e até edita livros em quase todas as línguas e em quase todo o mundo? Realmente, grandes tentáculos deveria ter o PSD! Nem sei como não o exterminou a si logo de uma vez! Foi uma sorte! Adiante, que este homem revolve-me os fígados...

Um pouco mais à frente, Marques Mendes criticou o Governo pela perda de poder de compra dos portugueses e pelo empobrecimento do país, bem como pelo aumento do número de desempregados (470 mil) e disse: «Num único indicador o governo é campeão: é um campeão no domínio dos impostos». Aqui cabe relembrar que José Sócrates prometeu que, caso fosse eleito, não aumentaria os impostos...

Sócrates, por seu turno, em vez de se referir a estes dados concretos, preferiu outro tipo de abordagem e respondeu, ou melhor, perguntou: «Que autoridade têm os senhores para falar em questões económicas quando tiveram o maior falhanço de sempre nas questões económicos?».

Ou seja, para Sócrates, o PSD não tem autoridade. Para Sócrates, para que alguém possa dirigir-lhe críticas tem de ter autoridade. E quem é que confere essa autoridade? Não, não são os eleitores, através do seu voto num sistema democrático. Não. Quem confere a autoridade aqui é Sócrates. Ele é que sabe tudo e ele é que define quem pode e quem não pode dizer-lhe o quê. Sócrates não passa, portanto, de um ditadorzeco de meia-tigela que se acha inatingível, incriticável e o supra sumo da autoridade moral.

O meu "embirranço" com Sócrates deve-se precisamente a isso, ao facto de ele achar que tem uma autoridade que não tem. Sócrates confunde poder executivo com todos outros tipos de poder, refugiando-se num autoritarismo insustentável num Estado de Direito democrático. Faz o que quer e muito bem lhe apetece e julga que não tem de dar cavaco a ninguém. Mas tem.

Acho que já vai sendo tempo de alguém se insurgir contra estas intervenções ditatoriais e fundamentalistas do senhor Primeiro-Ministro. É que, afinal de contas, se o povo não tiver autoridade para fazer alguma coisa, quem mais terá?

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quarta-feira, 18 de julho de 2007

Os putativos candidatos

Enquanto os candidatos a presidente do PSD não formalizam efectivamente as candidaturas, podemos dizer que, para já, são todos putativos candidatos. Ora, putativos é um adjectivo que a mim se me afigura que lhes assenta muy bien. Não sei porquê, gosto de lhes chamar putativos. Façamos um exercício de imaginação: «Ó Luís Filipe Menezes, ouvi dizer que você ainda não oficializou a coisa e, portanto, ainda não passa de um putativo! É verdade?». Não soa bem a Vossas Excelências? Pues a mi, si. Sempre achei o Luís Filipe Menezes um grandessíssimo... putativo.

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Abstenções e tal e tal

Ora, então, consta por aí que houve eleições na capital no passado fim-de-semana. Hum... Chamam mesmo eleições àquilo?! Se calhar, tendo em conta a percentagem de votantes, deveriam chamar-lhe antes abstenções, não?

Ironias à parte, o que interessa é que Monsieur Sócrates soma agora mais uma vitória. O homem não brinca em serviço, está visto. Nem que vá buscar malta a Cabeceiras de Basto, mas ele mostra que o povo está com ele. E Costa? Esse, tem uma lata descomunal. Tendo sido eleito nas circunstâncias em que foi, com uma percentagem de gente a borrifar-se para a coisa superior a 60%, acha-se o rei da cocada preta (é favor não interpretar o uso da expressão como uma piada racista porque não o é, ok? Eu sou só mázinha, não sou cruel).

'Tá bem, pronto, a gente grama. Afinal de contas, tivemos de levar com igual discurso por parte de Carmona! Por momentos, enquanto o ouvia falar, até pensei que ele é que tinha ganho. Afinal não, teve só aquilo que rapidamente se apressaram a designar como «um resultado histórico para uma candidatura independente». Ui, onde isto já vai! Em vez de verem no facto um sintoma de que algo vai mal no que toca às instituições partidárias, vêm isso como algo de positivo. Não percebem que a «noiva» só casou com Carmona porque não queria casar com Costa e não porque estivesse apaixonada por ele...

Já a tia Helena promete fazer oposição e maçar muito o executivo camarário socialista se os cidadãos não forem ouvidos. Ora bolas, isso vai fazer com que Sá Fernandes passe a ter uma posição de intervenção quase residual. Ou não, ou não, que o ilustre advogado sempre há-de ter espaço para um embargozinho ou outro.

Quanto ao candidato Telmo, aquele que é contra as salas de chuto e mais os casamentos gays nos Paços do Concelho e mais os grafittis e mais a criminalidade e tudo o que seja possível ser-se contra desde que meta medo, muito medo às pessoas, não foi eleito. Oh, júbilo e glória! Lamento profundamente pelo partido, mas acho óptimo para baixar o topete de Portas.

Quanto ao PSD, apesar de tudo, não daria nota negativa a Marques Mendes, mas também não passava do 10 (credo, pareço o outro a dar classificações às pessoas!...). Durante a campanha meteu a pata na poça ao fazer um ataque pessoal a Manuel Salgado, o que era perfeitamente dispensável. E admitamos que foi a eleições com um candidato sóbrio, mas fraco. Não retirando mérito a Negrão, para enfrentar Costa e o governo que ele tem por trás era preciso mais e Marques Mendes tinha obrigação de antecipar isso. Contudo, parece que algo se move estranhamente por detrás do líder para que as coisas aconteçam assim. O facto de Negrão ter aceitado ser o candidato do PSD tem ocultas razões que a razão, perdão, a ambição, não desconhece. Não estranhem se daqui a uns tempos virem Negrão a apoiar outro candidato à presidência do partido. Olhem que eu sei do que estou a falar! ;) E enquanto os candidatos se perfilam, Rui Rio já disse que não será um deles. É pena. Rio tem toda a estaleca necessária para fazer frente a Sócrates: é quase tão ditadorzeco como ele.

Mas considerações à parte, noite eleitoral é sempre noite eleitoral e eu adorei, como aliás adoro sempre, ouvir os comentadores políticos portugueses. Para terminar, aplausos para Judite de Sousa, a única jornalista neste país que trata Marcelo Rebelo de Sousa pelo nome e não pelo título académico.

E se a Câmara de Lisboa não voltar a cair entretanto, daqui a dois anos há mais.

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United Colors of Oporto

2.ª Marcha do Orgulho LGBT do Porto: press review

sábado, 14 de julho de 2007

E tu e eu, o que é que temos de fazer?

FESTA DA DIVERSIDADE E DA IGUALDADE DE OPORTUNIDADES

dias 13, 14 e 15 de Julho de 2007

horário: sexta, 13 - 19h-02h. sábado, 14 - 16h-02h. domingo, 15 - 16h-24h

Praça do Comércio. Lisboa dias 13, 14 e 15 de Julho de 2007horário: sexta, 13 - 19h-02h. sábado, 14 - 16h-02h. domingo, 15 - 16h-24hPraça do Comércio. Lisboa

Integrada no Plano Nacional de Acção do Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos (AEIOT) – a Festa da Diversidade e da Igualdade de Oportunidades é um espaço livre, aberto, onde a diversidade de culturas, identidades, modos de ser, estar, pensar e agir, são propícios ao convívio, ao conhecimento mútuo e à solidariedade.

Durante três dias, a mais emblemática praça da capital vai ser ocupada por exposições, concertos, espectáculos, teatro, workshops e debates... e também experiências gastronómicas. Trazer à mesma Festa, no centro da capital, públicos com diferentes hábitos culturais e sociais, é o desafio lançado pela Festa da Diversidade, que pretende colocar na agenda cultural, social e política portuguesa um evento que, assumindo as diversidades, contribui para a igualdade. (Fonte:

Programa completo do evento

As minhas sugestões de destaque:

DEBATE. Tema: «GÉNERO»

Sábado, 14.07.2007, das 16h30 às 18h30, no Lisboa Welcome Center (Rua do Arsenal, 15)

Moderadora: Sofia Branco (PÚBLICO)

Relatora: Dina Canço (CIG)

TEMA 1: «Estereótipos de Género» - João Oliveira (ISCTE)

TEMA 2: «Violência contra as Mulheres» - Margarida Medina Martins (Associação de Mulheres Contra a Violência)

TEMA 3: «Nem tudo o que parece, é!» - Alexandra Silva (Rede Portuguesa de Jovens para a Igualdade de Oportunidades entre Mulheres e Homens)

TEMA 4: «O papel dos homens no combate aos estereótipos de género» - Pedro Vasconcelos (ISCTE)

DEBATE. Tema: «ORIENTAÇÃO SEXUAL»

Domingo, 15.07.2007, das 16h30 às 18h30, no Lisboa Welcome Center (Rua do Arsenal, 15)

Moderador: Paulo Côrte-Real (ILGA Portugal)

Relator: João Pereira (AEIOT)

TEMA 1: «Orientação Sexual e Género» - Clara Carvalho

TEMA 2: «Orientação Sexual e Idade» - Brenda Johnson

TEMA 3: «Legislação e quotidianos de imigrantes homossexuais» - Paulo Jorge Vieira

TEMA 4: «Uma experiência de imigração» - Cecília McDowell dos Santos

TEMA 5: «Discriminação LBGT e deficiência» - António Serzedelo A Festa da Diversidade e da Igualdade de Oportunidades realiza-se nos dias 13, 14 e 15 de Julho na Praça do Comércio, numa iniciativa conjunta da Estrutura de Missão do AEIOT, da Câmara Municipal de Lisboa e de várias Organizações Não Governamentais com trabalho relevante na luta contra as discriminações.Integrada no Plano Nacional de Acção do Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos (AEIOT) – a Festa da Diversidade e da Igualdade de Oportunidades é um espaço livre, aberto, onde a diversidade de culturas, identidades, modos de ser, estar, pensar e agir, são propícios ao convívio, ao conhecimento mútuo e à solidariedade.Durante três dias, a mais emblemática praça da capital vai ser ocupada por... e também. Trazer à mesma Festa, no centro da capital, públicos com diferentes hábitos culturais e sociais, é o desafio lançado pela Festa da Diversidade, que pretende colocar na agenda cultural, social e política portuguesa um evento que, assumindo as diversidades, contribui para a igualdade. (Fonte: site da C.M. Lisboa Moderadora: Sofia Branco (PÚBLICO)Relatora: Dina Canço (CIG)TEMA 1: «Estereótipos de Género» - João Oliveira (ISCTE)TEMA 2: «Violência contra as Mulheres» - Margarida Medina Martins (Associação de Mulheres Contra a Violência)TEMA 3: «Nem tudo o que parece, é!» - Alexandra Silva (Rede Portuguesa de Jovens para a Igualdade de Oportunidades entre Mulheres e Homens)TEMA 4: «O papel dos homens no combate aos estereótipos de género» - Pedro Vasconcelos (ISCTE)Moderador: Paulo Côrte-Real (ILGA Portugal)Relator: João Pereira (AEIOT)TEMA 1: «Orientação Sexual e Género» - Clara CarvalhoTEMA 2: «Orientação Sexual e Idade» - Brenda JohnsonTEMA 3: «Legislação e quotidianos de imigrantes homossexuais» - Paulo Jorge VieiraTEMA 4: «Uma experiência de imigração» - Cecília McDowell dos SantosTEMA 5: «Discriminação LBGT e deficiência» - António Serzedelo

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sexta-feira, 13 de julho de 2007

Telegrama

Semana alucinante de trabalho. Stop. Tempo escasso para tudo. Stop. Muitos posts na cabeça. Stop. Sem oportunidade para os escrever. Stop. Prometo voltar em breve. Stop. Se possível, ainda hoje. Stop. Um abraço desta que tanto vos quer. Stop.

Over and out.

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sábado, 7 de julho de 2007

E tu e eu, o que é que temos de fazer?

7.º Porto Pride

ONDE: Teatro Sá da Bandeira. Rua de Sá da Bandeira, 108. Porto.

A QUE HORAS: das 22h00 até às 08h00

QUANTO: €10,00 (com oferta da primeira bebida) 7.º Porto PrideONDE: Teatro Sá da Bandeira. Rua de Sá da Bandeira, 108. Porto.A QUE HORAS: das 22h00 até às 08h00QUANTO: €10,00 (com oferta da primeira bebida)

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E tu e eu, o que é que temos de fazer?

2.ª Marcha do Orgulho LGBT do Porto

Queremos igualdade, exigimos oportunidades! 2.ª Marcha do Orgulho LGBT do PortoQueremos igualdade, exigimos oportunidades!

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sexta-feira, 6 de julho de 2007

Eu gosto é do Verão (1)

quarta-feira, 4 de julho de 2007

A lombada amarela

Loja de conveniência. Fila para pagar. Olhar perdido entre os expositores, mirando pacotinhos de bolachas, batatas fritas, bronzeadores. Dois ou três segundos para reparar num enorme cesto onde se amontoam CD. À frente, um cartaz rabiscado à mão onde se lê «€1,00 a €5,00». Suspiro. Olho para o relógio. Pondero a hipótese de voltar costas e regressar a horas menos próprias para meninas sérias andarem na rua, mas mais próprias para quem não quer esperar. O indivíduo à minha frente dá um passo em frente. Admiro-lhe os sapatos: cor de caramelo, pontiagudos, horrendos. Procure-lhe o cinto e não me surpreendo: preto, claro. Suspiro. Dou um passo em frente. Estou agora ao lado do cesto de CD. À superfície, o melhor de Ella, o melhor de Louis, o melhor de Duke, uma colectânea de músicas de Natal. Ao lado, Quim Barreiros rivaliza com Romana e há um tal de Jorge cujo último nome não memorizei que canta as alegrias do regresso à terra. Suspiro. Olho para o relógio. Volto a olhar para o cesto de CD. Lá muito no fundo, ua lombada amarela cativa-me. Leio num rectângulo pequenino «Edition». Esgueiro os dedos entre as caixas e finalmente consigo segurá-lo. Saltam-me à vista as letras negras. «Ockeghem». «The Hilliard Ensemble». «Missa prolationum». «Marian Motets». Incrédula. Verifico se está selado. Está selado, sim. A fila avança. Ainda lanço um olhar de esguelha ao cesto, mas o homem gordo e suado que me segue tosse e bate o pé. Desisto e dou um passo em frente. É a minha vez. Coloco os objectos em cima do balcão e o CD. Olho para as letrinhas verdes da registadora. Quando a maquineta lê o código de barras reluz no monitor «€1,00». Pago a conta. Piro-me a rasgar o invólucro que sela a caixa. Abro-a. Contém o CD. Saio a correr da loja e mal entro no carro ponho-o a tocar. Toca mesmo. Incrível. Ockeghem pelo The Hilliard Ensemble a troco de €1,00. Penso que afinal, às vezes, é bom viver em Portugal, onde este tipo de oferta não é escoada pelo mercado e chega aos locais mais díspares aos preços mais improváveis. Ou talvez este facto não seja nada bom, enquanto indicador dos interesses dos portugueses. Mas quero lá bem saber. É graças a isso que ao som de «Intemerata Dei Mater» que vos escrevo este post. A troco de €1,00. Uma pechincha. Uma pechincha tão chocante que deveria ser crime. Mas não é. By the way, o disco da Romana custava €5,00. O homem gordo e suado que se me seguia comprou-o.

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O sistema de comentários do Haloscan parece não estar a funcionar correctamente. O servidor tem estado em baixo por longos períodos desde há 3 dias a esta parte. Por isso, enquanto a situação não se regularizar e para assegurar os "serviços mínimos", está ao dispor o sistema de comentários do Blogger. Agora fazei o favor de lhe dar uso, o.k.? A gerência agradece.

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terça-feira, 3 de julho de 2007

Por que marcham os LGBT?

O primeiro ponto que é necessário esclarecer é este: a discriminação positiva não visa contrariar a discriminação negativa . A necessidade de discriminar só encontra justificação se o tratamento igualitário for, ele próprio, factor gerador de desigualdade. Por princípio, o prius é o tratamento igualitário. Só que esse tratamento igualitário deverá ser preterido sempre que, em rigor, redundar numa situação igualitária somente em teoria, porque numa situação desigualitária na prática. Caso este tratamento igualitário seja preterido sem esta causa justificativa, estaremos perante discriminação negativa que é, seja em que situação for, sempre inaceitável .

Discriminar negativamente é, digamos assim, vedar a um determinado grupo de indivíduos o acesso àquilo a que deveriam ter direito numa situação de igualdade plena (ou de facto). É o que tem sido feito em relação aos LGBT em inúmeras matérias (no acesso ao casamento, no acesso à adopção enquanto casal, na possibilidade de ser dador de sangue, para citar alguns casos).

Por seu turno, poderemos afirmar que discriminar positivamente é criar uma situação de excepção de modo a promover a igualdade de facto , ou seja, discriminar positivamente é reconfigurar uma situação teórica em que o tratamento igualitário não proporciona, de facto , uma igualdade. Veja-se, a este título e exemplificativamente, a discriminação positiva dos cidadãos portadores de deficiência no acesso ao emprego na Administração Pública.

Em última análise, a discriminação positiva tem em vista o tratamento igualitário do que é igual e o tratamento diferente do que é diferente, pois nisto reside a igualdade de facto. E aqui convém esclarecer muito bem que a igualdade de direito nem sempre proporciona a igualdade de facto. Basta, por exemplo, ver que as mulheres têm exactamente o mesmo direito que os homens a integrarem as listas partidárias para o exercício da actividade de deputado, só que na realidade as mulheres não têm o mesmo acesso a essas listas e toda a gente muito bem sabe que não é por não terem iguais capacidades para o desempenho da função, mas sim porque existe verdadeiramente uma resistência (mais ou menos visível) no abandono da tradição secular de esses cargos serem desempenhados por indivíduos do sexo masculino.

No que concerne aos cidadãos LGBT, a discriminação de que são alvo consubstancia-se de muitos modos (o mais grave surge quando associado à discriminação aparece um sentimento de ódio em relação a estes indivíduos, o que está na base da homofobia). Essa discriminação é sempre discriminação negativa e é tanto mais grave quando se encontra consolidada na Lei (não no Direito).

Ora, a discriminação negativa dos LGBT não tem qualquer razão de existir, pois não se baseia em nenhum factor que a justifique. O único, repito, o único factor que diferencia os cidadãos LGBT é a sua orientação sexual, pois em tudo o resto são pessoas iguais a todas as outras. Todo o mundo minimamente civilizado chegou já à conclusão de que a orientação sexual não pode constituir factor de discriminação. Portugal é, nessa matéria, exemplar, uma vez que desde 2004 é o único país da Europa a consagrar expressamente no texto constitucional a proibição da discriminação com base na orientação sexual.

Aqui chegados, importa reflectir sobre uma questão que tem sido levantada a propósito das Marchas do Orgulho LGBT (afinal, o objectivo deste post): será que ao invocarem o "orgulho gay", os LGBT não estão a reclamar para si um estatuto especial, uma forma de discriminação positiva ?

O propósito das Marchas do Orgulho LGBT não é, nem nunca foi, a reivindicação de uma discriminação positiva. Pergunto: o que é que os cidadãos LGBT têm reclamado para si que seja diferente daquilo que os cidadãos não-LGBT tenham? Respondo: absolutamente nada. Precisamente por não quererem nada de diferente é que, por exemplo, não aceitam as teorias que defendem que para os LGBT deveria ser criada uma figura jurídica semelhante ao casamento, mas com outra designação. Não há qualquer razão para que os LGBT vejam ser criada para si uma figura jurídica diferente das dos demais cidadãos (digam-me uma que eu não rebata com argumentos sólidos e sérios e eu prometo que arrumo as botas).

Os LGBT têm o direito ao acesso às mesmas figuras jurídicas que todas as outras pessoas têm sempre que estiverem em situação de igualdade com essas mesmas pessoas. Daí que se todas as outras pessoas podem, voltamos aos exemplos, casar com o indivíduo que amam, não se compreenda por que razão os LGBT não o podem fazer. Para justificar a negação desse direito a um LGBT bastaria somente invocar uma diferença , uma única, umazinha só, que é aquilo que ninguém consegue fazer, pelo simples facto de que... essa diferença não existe! Só existe uma - a orientação sexual - e a que existe não serve. E não serve porque se a orientação sexual fosse o critério diferenciador justificativo da negação do direito ao casamento, então os homossexuais não poderiam casar nunca, o que não é verdade, porque só não podem casar é com pessoas do mesmo sexo!...

As Marchas do Orgulho LGBT são manifestações de orgulho naquilo que se é , orientação sexual incluída. Os homossexuais não marcham por serem gays, mas porque não têm vergonha, apesar de toda a discriminação de que são alvo, de serem como são. E não me venham dizer que não era preciso fazer a Marcha por cá porque em Portugal ninguém é discriminado por ser LGBT. Um país que nega um direito fundamental aos seus cidadãos porque eles são LGBT é um país que discrimina a toda a hora e a todo o instante. E é um país que discrimina da forma mais gravosa que existe, que é aquela que é feita com recurso à Lei.

Os homossexuais não pretendem ser tratados de modo diferente, não pretendem ser positivamente discriminados. De igual modo não pretendem ser negativamente discriminados, que é o que são presentemente. Daí que haja ainda necessidade de reivindicar esse tratamento igualitário, o que é dizer, o fim da discriminação negativa, de modo a que se construa a igualdade de facto. Eis por que marcham os homossexuais. No dia em que ninguém for negativamente discriminado em função da sua orientação, ninguém terá motivos para vir para a rua dizer que, apesar disso, tem orgulho em ser como é. Com esta questão sucederá o mesmo que sucedeu em relação às reivindicações feministas, às reivindicações pela liberdade e tantas outras "lutas" travadas ao longo da história da humanidade. No dia em que ninguém for impedido de viver a sua vida plenamente como é, não haverá motivos para Marchas. Até lá, será necessário marchar, será necessário empunhar cartazes, será necessário gritar bem alto (nem que seja através de um blog como este) que o orgulho não é necessariamente uma coisa má e pode ser a única coisa que um LGBT não perde quando todos os outros teimam em tirar-lhe tanto.

Imagem: 30 de Junho de 2007. Europride 2007. Madrid. Espanha. 1.500.000 pessoas. (fonte:

A discriminação positiva é um dado adquirido em todos os Estados de Direito. Embora possamos ser a favor dela nuns casos e contra ela noutros, decerto ninguém afirmará que a discriminação positiva é dispensável. Ao invés, ela é um mecanismo de reposição da igualdade ou, se preferirmos, de correcção da desigualdade. Mas que igualdade?O primeiro ponto que é necessário esclarecer é este:. A necessidade de discriminar só encontra justificação se o tratamento igualitário for, ele próprio, factor gerador de desigualdade. Por princípio, oé o tratamento igualitário. Só que esse tratamento igualitário deverá ser preterido sempre que, em rigor, redundar numa situação, porque numa situação. Caso este tratamento igualitário seja preterido sem esta causa justificativa, estaremos peranteque é, seja em que situação for, sempreDiscriminar negativamente é, digamos assim, vedar a um determinado grupo de indivíduos o acesso àquilo a que deveriam ter direito numa situação de igualdade plena (ou de facto). É o que tem sido feito em relação aos LGBT em inúmeras matérias (no acesso ao casamento, no acesso à adopção enquanto casal, na possibilidade de ser dador de sangue, para citar alguns casos).Por seu turno, poderemos afirmar que discriminar positivamente é criar uma situação de excepção de modo a promover a, ou seja, discriminar positivamente é reconfigurar uma situação teórica em que o tratamento igualitário não proporciona,, uma igualdade. Veja-se, a este título e exemplificativamente, a discriminação positiva dos cidadãos portadores de deficiência no acesso ao emprego na Administração Pública.Em última análise, a discriminação positiva tem em vista o tratamento igualitário do que é igual e o tratamento diferente do que é diferente, pois nisto reside a. E aqui convém esclarecer muito bem que a igualdade de direito nem sempre proporciona a igualdade de facto. Basta, por exemplo, ver que as mulheres têm exactamente o mesmo direito que os homens a integrarem as listas partidárias para o exercício da actividade de deputado, só que na realidade as mulheres não têm o mesmoa essas listas e toda a gente muito bem sabe que não é por não terem iguais capacidades para o desempenho da função, mas sim porque existe verdadeiramente uma resistência (mais ou menos visível) no abandono da tradição secular de esses cargos serem desempenhados por indivíduos do sexo masculino.No que concerne aos cidadãos LGBT, a discriminação de que são alvo consubstancia-se de muitos modos (o mais grave surge quando associado à discriminação aparece um sentimento de ódio em relação a estes indivíduos, o que está na base da homofobia). Essa discriminação é sempre discriminação negativa e é tanto mais grave quando se encontra consolidada na Lei (não no Direito).Ora, a discriminação negativa dos LGBT não tem qualquer razão de existir, pois não se baseia em nenhum factor que a justifique. O único, repito, ofactor que diferencia os cidadãos LGBT é a sua orientação sexual, pois em tudo o resto são pessoas iguais a todas as outras. Todo o mundo minimamente civilizado chegou já à conclusão de que a orientação sexual não pode constituir factor de discriminação. Portugal é, nessa matéria, exemplar, uma vez que desde 2004 é o único país da Europa a consagrar expressamente no texto constitucional a proibição da discriminação com base na orientação sexual.Aqui chegados, importa reflectir sobre uma questão que tem sido levantada a propósito das Marchas do Orgulho LGBT (afinal, o objectivo deste post):O propósito das Marchas do Orgulho LGBT não é, nem nunca foi, a reivindicação de uma discriminação positiva. Pergunto: o que é que os cidadãos LGBT têm reclamado para si que seja diferente daquilo que os cidadãos não-LGBT tenham? Respondo: absolutamente nada. Precisamente por não quererem nada de diferente é que, por exemplo, não aceitam as teorias que defendem que para os LGBT deveria ser criada uma figura jurídica semelhante ao casamento, mas com outra designação. Não há qualquer razão para que os LGBT vejam ser criada para si uma figura jurídica diferente das dos demais cidadãos (digam-me uma que eu não rebata com argumentos sólidos e sérios e eu prometo que arrumo as botas).Os LGBT têm o direito ao acesso às mesmas figuras jurídicas que todas as outras pessoas têm sempre que estiverem em situação de igualdade com essas mesmas pessoas. Daí que se todas as outras pessoas podem, voltamos aos exemplos, casar com o indivíduo que amam, não se compreenda por que razão os LGBT não o podem fazer. Para justificar a negação desse direito a um LGBT bastaria somente invocar, uma única,só, que é aquilo que ninguém consegue fazer, pelo simples facto de que... essa diferença não existe! Só existe uma - a orientação sexual - e a que existe não serve. E não serve porque se a orientação sexual fosse o critério diferenciador justificativo da negação do direito ao casamento, então os homossexuais não poderiam casar nunca, o que não é verdade, porque só não podem casar é com pessoas do mesmo sexo!...As Marchas do Orgulho LGBT são manifestações de orgulho, orientação sexual incluída. Os homossexuais não marcham, mas porque não têm vergonha, apesar de toda a discriminação de que são alvo, de serem como são. E não me venham dizer que não era preciso fazer a Marcha por cá porque em Portugal ninguém é discriminado por ser LGBT. Um país que nega um direito fundamental aos seus cidadãos porque eles são LGBT é um país que discrimina a toda a hora e a todo o instante. E é um país que discrimina da forma mais gravosa que existe, que é aquela que é feita com recurso à Lei.Os homossexuais não pretendem ser tratados de modo diferente, não pretendem ser positivamente discriminados. De igual modo não pretendem ser negativamente discriminados, que é o que são presentemente. Daí que haja ainda necessidade de reivindicar esse tratamento igualitário, o que é dizer, o fim da discriminação negativa, de modo a que se construa a igualdade de facto. Eis por que marcham os homossexuais. No dia em que ninguém for negativamente discriminado em função da sua orientação, ninguém terá motivos para vir para a rua dizer que, apesar disso, tem orgulho em ser como é. Com esta questão sucederá o mesmo que sucedeu em relação às reivindicações feministas, às reivindicações pela liberdade e tantas outras "lutas" travadas ao longo da história da humanidade. No dia em que ninguém for impedido de viver a sua vida plenamente como é, não haverá motivos para Marchas. Até lá, será necessário marchar, será necessário empunhar cartazes, será necessário gritar bem alto (nem que seja através de um blog como este) que o orgulho não é necessariamente uma coisa má e pode ser a única coisa que um LGBT não perde quando todos os outros teimam em tirar-lhe tanto.Imagem: 30 de Junho de 2007. Europride 2007. Madrid. Espanha. 1.500.000 pessoas. (fonte: site do El País

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segunda-feira, 2 de julho de 2007

Às claras

Dispensa mais apresentações: Monica Bellucci.

Para desanuviar de tanta letrinha e de tanta tontaria...

Boa noite e até amanhã. :) Dispensa mais apresentações: Monica Bellucci.Para desanuviar de tanta letrinha e de tanta tontaria...Boa noite e até amanhã. :)

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Às escuras

Lembrar

Se tanto me dói que as coisas passem

É porque cada instante em mim foi vivo

Na busca de um bem definitivo

Em que as coisas de Amor se eternizassem

Sofia de Mello Breyner Andresen (1919-2004), desaparecida há três anos.

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Deitar contas à vida

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