Os Comediantes

09-12-2019
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O pânico na direita Mr. Brown

Mr. Brown 09.10.15 Há uma certa sensação de pânico instalada entre alguma malta de direita com as movimentações de Costa em torno do PCP e do BE. Mas pensemos um pouco sobre o assunto. Primeiro, permitam-me repetir que não acredito que um governo saído de tal caldo venha a acontecer e apostava forte em como não acontecerá, mas imaginemos que aconteceria, seria assim tão mau? Trazer o BE e o PCP a jogo não acabaria por ser óptimo para corrigir o erro de base do nosso sistema eleitoral? Tirar uma parte significativa da esquerda da posição de protesto e dar-lhe finalmente responsabilidade - quanto mais não fosse na aprovação de um orçamento que cumprisse as regras do Tratado Orçamental - não seria extraordinário? Como é que ficava essa força de bloqueio chamada CGTP no meio disto tudo? Percebem o impacto benéfico de um acontecimento desse tipo? Sim, a força liderada por Passos é que ganhou as eleições, mas se toda a esquerda se entendesse, eles é que têm a maioria absoluta e respeitar a democracia também passa por respeitar um entendimento desse género. Dir-me-ão que o radicalismo dessa esquerda irá chocar de frente com a realidade e ser nefasto para o pais. Mas quão nefasto? E sendo nefasto, tratando-se de um entendimento a três, previsivelmente instável, quanto tempo acham que duraria? E quais os potenciais efeitos de uma tal decisão, ainda para mais quando a vitória da PàF nas legislativas estará sempre a pairar durante o tempo que esse governo durar? Fuga significativa de algum eleitorado para a direita? Adivinho que sim. Mas, igualmente, fuga de eleitorado do BE e do PCP para o PS, não? Um pouco como aquando da divisão do Syriza na Grécia, a ala mais radical foi aquela que quase foi varrida do mapa. Aliás, um governo PS-BE-PCP não seria o nosso próprio Syriza? Com o P(A)S(OK) tradicional português, entenda-se, os socialistas moderados de centro-esquerda, a serem relegados para uma posição de irrelevância eleitoral? António Costa um dia terá mostrado a Graça Fonseca que «até as vacas podem voar». Nunca vi uma vaca a voar, mas admito que há sempre uma primeira vez para tudo. Tags:

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Um problema de confiança Mr. Brown

Mr. Brown 21.09.15 «António Costa está mais virado para fazer acordos com o PSD». Pudera, com o BE a pedir reestruturação da dívida e outras tontices tais. Não é por acaso que a nossa tradição é a de um PS minoritário na governação a precisar sempre da direita para governar. De resto, se há coisa de que António Costa não necessitaria, em caso de vitória eleitoral sem maioria absoluta, era a de acrescentar uma outra ala radical a um possível governo que já terá de contar com alguns jovens turcos. Aliás, se me permitem a brincadeira, ainda que a analogia não seja perfeita: se Tsipras na Grécia livrou-se dos mais radicais do seu partido nestas últimas eleições, a Costa também fazia falta um golpe de asa semelhante. Entre as duas caras do Partido Socialista, uma que tem sido muito representada por Centeno (ou Francisco Assis) e outra pelos jovens turcos (João Galamba, Pedro Nuno Santos, Tiago Barbosa Ribeiro, etc...), o PS já arranjava forma de abandonar o jogo duplo e deixar claro qual o caminho que prefere seguir: o da moderação ou o da radicalização. Eu aposto na moderação, mas com este PS, as coisas nunca são de fiar. E esta indefinição do PS se há coisa que não tem feito é ajudar o partido: porque remete para um problema de confiança (em que PS acreditar?). Confiança que, não por acaso, é a palavra chave em que os socialistas apostam. Tags:

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As sondagens Mr. Brown

Mr. Brown 20.09.15 Na Grécia davam empate técnico, afinal o Syriza vai ganhar com larga margem de distância. Porque nem tudo se consegue medir com uns telefonemas feitos para a casa das pessoas. Tags:

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O PS a debater com ele próprio Mr. Brown

Mr. Brown 14.09.15 Alguém mais distraído podia pensar que o debate de hoje foi essencialmente entre António Costa e Catarina Martins, mas a jovem actriz esteve muito bem no seu papel de confrontar o PS com a sua própria retórica. Antes disso, ainda esclareceu uma confusão de Costa recente, a de que só a direita questiona o PS: de tal forma que às tantas, no debate sobre a segurança social, até fiquei com medo que Costa atirasse à cara de Catarina, por esta questionar as contas do seu programa económico (o «estudo», como Costa gosta de lhe chamar), que esta era a porta-voz de Passos Coelho. O Porfírio - sempre brilhante, como neste forte ataque a Ricardo Costa - deve ter ido logo investigar se a líder do BE também é sobrinha de Dias Loureiro (um dia chegaremos aos amigos e ex-compadres deste activo tóxico, num país onde a elite dorme toda uma com a outra). Mas a parte mais interessante do debate, aquela onde Costa foi verdadeiramente encostado às cordas, foi quando Catarina Martins atirou-lhe à cara que, tal como ele, também tinha ficado contente com a vitória do Syriza, tendo passado os minutos seguintes a debitar a retórica que os socialistas e os apoiantes de Costa usaram vezes e vezes sem conta contra a governação da actual maioria. Costa fazia sorriso pateta; Catarina esfregava as mãos de contente. Costa lá teve de ir, a contragosto, para a linha mais evidente de ataque ao BE, a mesma que Passos e Portas usaram tão bem: a hecatombe da governação syrizica (Costa tentou usar o debate para demarcar-se da direita, mas acabou colando-se na argumentação a ela). O «choque com a realidade», chamou-lhe Costa. Só que como negar que esse «choque» também serve aos socialistas? Do Pedro «até tremem as pernas» Santos; passando pelo João «sei mais e sou mais arrogante do que o Krugman» Galamba; ao Ferro «manifesto pela reestruturação da dívida» Rodrigues? Disse ainda Costa que quem governa não pode estar preso a retórica fútil e irresponsável: muito bem, mas ao quê que se agarrou o PS nos últimos quatro anos se não a isso mesmo? Ainda se agarra, o que é triste. É uma pena que Costa só se lembre de nos lembrar que a realidade é muito mais complexa do que aquilo que algumas frases tontas proferidas abundantemente por alguns esquerdistas nos querem dar a entender quando apanha a líder do BE pela frente. Tags:

antónio costa

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O pânico na direita Mr. Brown

Mr. Brown 09.10.15 Há uma certa sensação de pânico instalada entre alguma malta de direita com as movimentações de Costa em torno do PCP e do BE. Mas pensemos um pouco sobre o assunto. Primeiro, permitam-me repetir que não acredito que um governo saído de tal caldo venha a acontecer e apostava forte em como não acontecerá, mas imaginemos que aconteceria, seria assim tão mau? Trazer o BE e o PCP a jogo não acabaria por ser óptimo para corrigir o erro de base do nosso sistema eleitoral? Tirar uma parte significativa da esquerda da posição de protesto e dar-lhe finalmente responsabilidade - quanto mais não fosse na aprovação de um orçamento que cumprisse as regras do Tratado Orçamental - não seria extraordinário? Como é que ficava essa força de bloqueio chamada CGTP no meio disto tudo? Percebem o impacto benéfico de um acontecimento desse tipo? Sim, a força liderada por Passos é que ganhou as eleições, mas se toda a esquerda se entendesse, eles é que têm a maioria absoluta e respeitar a democracia também passa por respeitar um entendimento desse género. Dir-me-ão que o radicalismo dessa esquerda irá chocar de frente com a realidade e ser nefasto para o pais. Mas quão nefasto? E sendo nefasto, tratando-se de um entendimento a três, previsivelmente instável, quanto tempo acham que duraria? E quais os potenciais efeitos de uma tal decisão, ainda para mais quando a vitória da PàF nas legislativas estará sempre a pairar durante o tempo que esse governo durar? Fuga significativa de algum eleitorado para a direita? Adivinho que sim. Mas, igualmente, fuga de eleitorado do BE e do PCP para o PS, não? Um pouco como aquando da divisão do Syriza na Grécia, a ala mais radical foi aquela que quase foi varrida do mapa. Aliás, um governo PS-BE-PCP não seria o nosso próprio Syriza? Com o P(A)S(OK) tradicional português, entenda-se, os socialistas moderados de centro-esquerda, a serem relegados para uma posição de irrelevância eleitoral? António Costa um dia terá mostrado a Graça Fonseca que «até as vacas podem voar». Nunca vi uma vaca a voar, mas admito que há sempre uma primeira vez para tudo. Tags:

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Um problema de confiança Mr. Brown

Mr. Brown 21.09.15 «António Costa está mais virado para fazer acordos com o PSD». Pudera, com o BE a pedir reestruturação da dívida e outras tontices tais. Não é por acaso que a nossa tradição é a de um PS minoritário na governação a precisar sempre da direita para governar. De resto, se há coisa de que António Costa não necessitaria, em caso de vitória eleitoral sem maioria absoluta, era a de acrescentar uma outra ala radical a um possível governo que já terá de contar com alguns jovens turcos. Aliás, se me permitem a brincadeira, ainda que a analogia não seja perfeita: se Tsipras na Grécia livrou-se dos mais radicais do seu partido nestas últimas eleições, a Costa também fazia falta um golpe de asa semelhante. Entre as duas caras do Partido Socialista, uma que tem sido muito representada por Centeno (ou Francisco Assis) e outra pelos jovens turcos (João Galamba, Pedro Nuno Santos, Tiago Barbosa Ribeiro, etc...), o PS já arranjava forma de abandonar o jogo duplo e deixar claro qual o caminho que prefere seguir: o da moderação ou o da radicalização. Eu aposto na moderação, mas com este PS, as coisas nunca são de fiar. E esta indefinição do PS se há coisa que não tem feito é ajudar o partido: porque remete para um problema de confiança (em que PS acreditar?). Confiança que, não por acaso, é a palavra chave em que os socialistas apostam. Tags:

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Mr. Brown 20.09.15 Na Grécia davam empate técnico, afinal o Syriza vai ganhar com larga margem de distância. Porque nem tudo se consegue medir com uns telefonemas feitos para a casa das pessoas. Tags:

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O PS a debater com ele próprio Mr. Brown

Mr. Brown 14.09.15 Alguém mais distraído podia pensar que o debate de hoje foi essencialmente entre António Costa e Catarina Martins, mas a jovem actriz esteve muito bem no seu papel de confrontar o PS com a sua própria retórica. Antes disso, ainda esclareceu uma confusão de Costa recente, a de que só a direita questiona o PS: de tal forma que às tantas, no debate sobre a segurança social, até fiquei com medo que Costa atirasse à cara de Catarina, por esta questionar as contas do seu programa económico (o «estudo», como Costa gosta de lhe chamar), que esta era a porta-voz de Passos Coelho. O Porfírio - sempre brilhante, como neste forte ataque a Ricardo Costa - deve ter ido logo investigar se a líder do BE também é sobrinha de Dias Loureiro (um dia chegaremos aos amigos e ex-compadres deste activo tóxico, num país onde a elite dorme toda uma com a outra). Mas a parte mais interessante do debate, aquela onde Costa foi verdadeiramente encostado às cordas, foi quando Catarina Martins atirou-lhe à cara que, tal como ele, também tinha ficado contente com a vitória do Syriza, tendo passado os minutos seguintes a debitar a retórica que os socialistas e os apoiantes de Costa usaram vezes e vezes sem conta contra a governação da actual maioria. Costa fazia sorriso pateta; Catarina esfregava as mãos de contente. Costa lá teve de ir, a contragosto, para a linha mais evidente de ataque ao BE, a mesma que Passos e Portas usaram tão bem: a hecatombe da governação syrizica (Costa tentou usar o debate para demarcar-se da direita, mas acabou colando-se na argumentação a ela). O «choque com a realidade», chamou-lhe Costa. Só que como negar que esse «choque» também serve aos socialistas? Do Pedro «até tremem as pernas» Santos; passando pelo João «sei mais e sou mais arrogante do que o Krugman» Galamba; ao Ferro «manifesto pela reestruturação da dívida» Rodrigues? Disse ainda Costa que quem governa não pode estar preso a retórica fútil e irresponsável: muito bem, mas ao quê que se agarrou o PS nos últimos quatro anos se não a isso mesmo? Ainda se agarra, o que é triste. É uma pena que Costa só se lembre de nos lembrar que a realidade é muito mais complexa do que aquilo que algumas frases tontas proferidas abundantemente por alguns esquerdistas nos querem dar a entender quando apanha a líder do BE pela frente. Tags:

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