NÚCLEO DURO

02-09-2020
marcar artigo


Jornalismo e corporativismo
Caro Zizou, é claro que concordo com a maior parte das críticas que se fazem aos jornalistas, nomeadamente com as de JPP. O que eu quis dizer é que seria também pedagógico explicar por que é que o jornalismo desempenha um papel insubstituível nas democracias. Eu sei muito bem da perversidade das relações entre jornalistas e fontes, sei dos acordos que se fazem à mesa, dos sapos que se engolem para criar um canal de comunicação com A ou B. E sei que quem não está disposto a isso, de um modo geral, é desvalorizado pelas chefias. Reconheço também que, nestes debates, os jornalistas invocam automaticamente os constrangimentos clássicos da profissão para explicar falhas e deturpações com finalidades obscuras.
Mas, posto isto, é preciso também dizer - e JPP sabe-o bem - que muitos dos problemas do jornalismo relevam do própria sociedade e dos seus responsáveis, nomeadamente ligados ao poder político e económico. Não é fácil lidar com pessoas interessadas directamente nas notícias, nem com a opacidade da administração pública portuguesa, nem com a sofisticação dos gabinetes de comunicação. Os jornalistas vivem na cacofonia, e o problema é que têm que escrever sobre ela, atribuir nomes aos seus actores.
Agir no meio do turbilhão, no tempo da actualidade, não é o mesmo que comentar subjectivamente a realidade escolhida, no tempo da reflexão. Não estou a dizer que é mais difícil, estou a dizer que é diferente.


Jornalismo e corporativismo
Caro Zizou, é claro que concordo com a maior parte das críticas que se fazem aos jornalistas, nomeadamente com as de JPP. O que eu quis dizer é que seria também pedagógico explicar por que é que o jornalismo desempenha um papel insubstituível nas democracias. Eu sei muito bem da perversidade das relações entre jornalistas e fontes, sei dos acordos que se fazem à mesa, dos sapos que se engolem para criar um canal de comunicação com A ou B. E sei que quem não está disposto a isso, de um modo geral, é desvalorizado pelas chefias. Reconheço também que, nestes debates, os jornalistas invocam automaticamente os constrangimentos clássicos da profissão para explicar falhas e deturpações com finalidades obscuras.
Mas, posto isto, é preciso também dizer - e JPP sabe-o bem - que muitos dos problemas do jornalismo relevam do própria sociedade e dos seus responsáveis, nomeadamente ligados ao poder político e económico. Não é fácil lidar com pessoas interessadas directamente nas notícias, nem com a opacidade da administração pública portuguesa, nem com a sofisticação dos gabinetes de comunicação. Os jornalistas vivem na cacofonia, e o problema é que têm que escrever sobre ela, atribuir nomes aos seus actores.
Agir no meio do turbilhão, no tempo da actualidade, não é o mesmo que comentar subjectivamente a realidade escolhida, no tempo da reflexão. Não estou a dizer que é mais difícil, estou a dizer que é diferente.

marcar artigo