A vida difícil de um cacique

24-06-2020
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Luís Filipe Menezes demonstra quão difícil pode ser a vida de um cacique local que desempenha ininterruptamente funções políticas há mais de um quarto de século.

O candidato «supra-partidário» à Câmara do Porto é também, extraordinariamente, presidente da concelhia do PSD de Gaia. E o dossier da escolha do seu sucessor em Gaia evidencia bem o desnorte e o desastre com que tem pautado a sua intervenção pública:

Menezes andou durante ano e meio a anunciar que tinha um candidato para lhe suceder. Mais preocupado com a sua reforma política do que em cumprir o mandato que lhe deram em Gaia, dedicou-se a promover Marco António Costa para a autarquia e anunciou a sua candidatura em pleno Congresso do PSD.
Ora, Marco António nunca se pronunciou publicamente até bater com a porta a Menezes já este ano.
Perante o revés, Menezes garante a «imparcialidade na escolha do candidato do PSD para Gaia», reclama o papel de «rainha de Inglaterra» [sic] e anuncia que o processo estaria fechado até 18 de Janeiro.
Logo abandonando o papel que anunciou, Menezes lançou Guilherme Aguiar para a autarquia e recusou votar Firmino Pereira, vice-presidente da Câmara de Gaia, que tinha uma recomendação de 14 presidentes de Junta para ser proposto como candidato.
Após uma primeira votação «pouco clara», uma segunda votação - em urna, por voto secreto - resultou num empate, mas Luís Filipe Menezes afirmou ter voto de qualidade e oficializou a candidatura.
Firmino Pereira contestou a decisão de Menezes.
A imprensa local diz que o PSD Gaia está entre «o céu e o abismo».
No dia 29 de Janeiro, Menezes volta atrás e anunciou que ia convocar novas eleições para votar o candidato à Câmara de Gaia, anulando a escolha de Guilherme Aguiar.
No mesmo dia, colocava a decisão nas mãos de Passos Coelho, seu apoiante: «o autarca optou por entregar ao presidente do PSD a decisão, que deve passar pela escolha de uma personalidade terceira, com notoriedade e prestígio, para assumir essa exigente tarefa». 
Durou 48 horas. Dois dias depois, afinal, Menezes já queria recuperar outra vez o processo da escolha do candidato.
Elísio Pinto, membro da Comissão Política do PSD e presidente da Junta de Freguesia de Vilar do Paraíso, diz aos jornalistas que «este processo está todo inquinado e quem o inquinou só tem um nome: Luís Filipe Menezes».
Firmino Pereira recusa «uma terceira via».
A distrital do PSD diz que não abdica de ter uma palavra a dizer, independentemente da palavra de Menezes.
...

O triste espectáculo vai continuar em Gaia. Luís Filipe Menezes é um homem viciado nestes jogos aparelhísticos, mais preocupado com a sua sobrevivência política do que com qualquer projecto no Porto ou em Gaia.

Impedir que lidere a capital do Norte é, mais do que uma opção partidária, uma exigência cidadã.

:: Leitura relacionada :: «Fintar a limitação de mandatos: fraude à democracia».

Luís Filipe Menezes demonstra quão difícil pode ser a vida de um cacique local que desempenha ininterruptamente funções políticas há mais de um quarto de século.

O candidato «supra-partidário» à Câmara do Porto é também, extraordinariamente, presidente da concelhia do PSD de Gaia. E o dossier da escolha do seu sucessor em Gaia evidencia bem o desnorte e o desastre com que tem pautado a sua intervenção pública:

Menezes andou durante ano e meio a anunciar que tinha um candidato para lhe suceder. Mais preocupado com a sua reforma política do que em cumprir o mandato que lhe deram em Gaia, dedicou-se a promover Marco António Costa para a autarquia e anunciou a sua candidatura em pleno Congresso do PSD.
Ora, Marco António nunca se pronunciou publicamente até bater com a porta a Menezes já este ano.
Perante o revés, Menezes garante a «imparcialidade na escolha do candidato do PSD para Gaia», reclama o papel de «rainha de Inglaterra» [sic] e anuncia que o processo estaria fechado até 18 de Janeiro.
Logo abandonando o papel que anunciou, Menezes lançou Guilherme Aguiar para a autarquia e recusou votar Firmino Pereira, vice-presidente da Câmara de Gaia, que tinha uma recomendação de 14 presidentes de Junta para ser proposto como candidato.
Após uma primeira votação «pouco clara», uma segunda votação - em urna, por voto secreto - resultou num empate, mas Luís Filipe Menezes afirmou ter voto de qualidade e oficializou a candidatura.
Firmino Pereira contestou a decisão de Menezes.
A imprensa local diz que o PSD Gaia está entre «o céu e o abismo».
No dia 29 de Janeiro, Menezes volta atrás e anunciou que ia convocar novas eleições para votar o candidato à Câmara de Gaia, anulando a escolha de Guilherme Aguiar.
No mesmo dia, colocava a decisão nas mãos de Passos Coelho, seu apoiante: «o autarca optou por entregar ao presidente do PSD a decisão, que deve passar pela escolha de uma personalidade terceira, com notoriedade e prestígio, para assumir essa exigente tarefa». 
Durou 48 horas. Dois dias depois, afinal, Menezes já queria recuperar outra vez o processo da escolha do candidato.
Elísio Pinto, membro da Comissão Política do PSD e presidente da Junta de Freguesia de Vilar do Paraíso, diz aos jornalistas que «este processo está todo inquinado e quem o inquinou só tem um nome: Luís Filipe Menezes».
Firmino Pereira recusa «uma terceira via».
A distrital do PSD diz que não abdica de ter uma palavra a dizer, independentemente da palavra de Menezes.
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O triste espectáculo vai continuar em Gaia. Luís Filipe Menezes é um homem viciado nestes jogos aparelhísticos, mais preocupado com a sua sobrevivência política do que com qualquer projecto no Porto ou em Gaia.

Impedir que lidere a capital do Norte é, mais do que uma opção partidária, uma exigência cidadã.

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