PONTE DO SOR: OS SOCIALICIDAS

27-12-2019
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Vai por aí algum alvoroço com as declarações de Manuel Alegre sobre as derivas do PS.O PS já nasceu com derivas: basta atentar nos seus fundadores.Provinham, quase todos, do antifascismo, mas ética e ideologicamente eram diferentes. De católicos progressistas a ex-comunistas, até republicanos de traça jacobina, o PS foi, quase, um trâmite freudiano de adolescentes contra os pais.O que os impediu de compreender as mitologias da social-democracia, esta mesma diversamente interpretada e opostamente aplicada nos países escandinavos.Provinham de uma leitura catequista do marxismo, caldeada na experiência da República de Weimar.Quando, no PREC, se gritava: Partido Socialista, partido marxista! - a exclamação estava a mais.A interrogação seria mais apropriada.O estribilho ficou mudo, quando Willy Brandt mandou dizer que as estentóricas frases eram estranhas à teologia do socialismo democrático.Por essa época, Manuel Alegre, numa entrevista que lhe fiz, disse, dramático, que a social-democracia era a grande gestora do capitalismo.Goste-se ou não dele, a verdade é que nunca foi ambidextro na forma de protestar.Na realidade, há muitíssimo poucos socialistas no PS; no Governo, parece-me que nenhum.Observo aquelas figuras, marcadas por uma espécie de misticismo barroco, e pergunto-me: que tem feito pelo País esta gente de manejos burocráticos e de cerviz dobrada ante o Príncipe?Nada.Pior: tem cometido o mais condenável de todos os crimes - o socialicídio.Não é de agora, o delito.Com José Sócrates, socialista de ocasião, propagandeou-se a esquerda moderna como justificação de todas as malfeitorias ideológicas, sociais, morais e éticas.Mas ele resulta de uma génese política malformada.As tendências no PS, desenvolvem-se, exclusivamente, com palavras e frases protocolares.E os poucos que pertencem a uma genealogia oposta são marginalizados ou tidos como anacronismos.Há, nesta gente, falta de garra, de honra, de competência, de credibilidade, de integridade, de vergonha.Trabalhadores precários: 1 700 000. População empregada: 5,2 milhões de pessoas. Desempregada: cerca de meio milhão. Dois milhões de portugueses na faixa da pobreza. São conhecidos os vencimentos escandalosos, as mordomias, as pensões de reforma não apenas no privado como no público. O regabofe na sociedade portuguesa é mais do que revoltante. O PS é uma desgraça.O Governo socialista uma miséria. E ambos têm de saciar imensos e sôfregos apetites.Manuel Alegre repetiu o que se sabe - e que só o não sabe quem o não quer saber.Afinal, pouco se ambiciona do PS: apenas um bocadinho de socialismo.B.B.Etiquetas: José Sócrates, Manuel Alegre, Partido Socialista

Vai por aí algum alvoroço com as declarações de Manuel Alegre sobre as derivas do PS.O PS já nasceu com derivas: basta atentar nos seus fundadores.Provinham, quase todos, do antifascismo, mas ética e ideologicamente eram diferentes. De católicos progressistas a ex-comunistas, até republicanos de traça jacobina, o PS foi, quase, um trâmite freudiano de adolescentes contra os pais.O que os impediu de compreender as mitologias da social-democracia, esta mesma diversamente interpretada e opostamente aplicada nos países escandinavos.Provinham de uma leitura catequista do marxismo, caldeada na experiência da República de Weimar.Quando, no PREC, se gritava: Partido Socialista, partido marxista! - a exclamação estava a mais.A interrogação seria mais apropriada.O estribilho ficou mudo, quando Willy Brandt mandou dizer que as estentóricas frases eram estranhas à teologia do socialismo democrático.Por essa época, Manuel Alegre, numa entrevista que lhe fiz, disse, dramático, que a social-democracia era a grande gestora do capitalismo.Goste-se ou não dele, a verdade é que nunca foi ambidextro na forma de protestar.Na realidade, há muitíssimo poucos socialistas no PS; no Governo, parece-me que nenhum.Observo aquelas figuras, marcadas por uma espécie de misticismo barroco, e pergunto-me: que tem feito pelo País esta gente de manejos burocráticos e de cerviz dobrada ante o Príncipe?Nada.Pior: tem cometido o mais condenável de todos os crimes - o socialicídio.Não é de agora, o delito.Com José Sócrates, socialista de ocasião, propagandeou-se a esquerda moderna como justificação de todas as malfeitorias ideológicas, sociais, morais e éticas.Mas ele resulta de uma génese política malformada.As tendências no PS, desenvolvem-se, exclusivamente, com palavras e frases protocolares.E os poucos que pertencem a uma genealogia oposta são marginalizados ou tidos como anacronismos.Há, nesta gente, falta de garra, de honra, de competência, de credibilidade, de integridade, de vergonha.Trabalhadores precários: 1 700 000. População empregada: 5,2 milhões de pessoas. Desempregada: cerca de meio milhão. Dois milhões de portugueses na faixa da pobreza. São conhecidos os vencimentos escandalosos, as mordomias, as pensões de reforma não apenas no privado como no público. O regabofe na sociedade portuguesa é mais do que revoltante. O PS é uma desgraça.O Governo socialista uma miséria. E ambos têm de saciar imensos e sôfregos apetites.Manuel Alegre repetiu o que se sabe - e que só o não sabe quem o não quer saber.Afinal, pouco se ambiciona do PS: apenas um bocadinho de socialismo.B.B.Etiquetas: José Sócrates, Manuel Alegre, Partido Socialista

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