Cravos no lugar de deputados, e silêncio, muito silêncio. O 25 de abril em tempos de pandemia

04-05-2020
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A pandemia pode ter “deitado por terra parte do que conquistámos”, mas foi na AR que foi possível aprovar medidas legislativas e um programa de recuperação de rendimentos, disse o presidente da Assembleia da República, desenhado pelo Governo socialista que está em funções. Quanto ao papel da oposição, que também não é de somenos, permite ajudar a combater as “desigualdades” e fiscalizar o Governo para que ninguém fique de fora, desprotegido desta crise. Ferro acredita que isso será feito “com projetos diferentes, mas respeitando regras de funcionamento do sistema democrático”, disse, apontando depois o dedo aos populismos.

Esse é o grande desafio: travar os populismos que se aproveitam do medo numa situação de crise. “O pior que podia acontecer à democracia” era ver que o “escrutínio é feito com base em calúnias, mentiras e falsidades”, já que isso não é escrutínio, “é a democracia a ser atacada”. E foi aí que falou de uma vacina, não contra a Covid-19, mas contra a austeridade: “De uma coisa estou certo, Portugal e portugueses estão vacinados contra a austeridade, resta saber se a vacina tem 100% de eficácia”.

“Não devíamos estar aqui”

Na origem da sessão, uma polémica: realizar ou não realizar a sessão evocativa do 25 de abril no Parlamento, em moldes presenciais. Foi uma polémica alimentada durante vários dias por ambas as frentes. André Ventura e o CDS, à cabeça, fizeram a defesa da não-realização da cerimónia, e foi isso mesmo que foram dizer quando subiram à tribuna do plenário.

“Não devíamos estar aqui hoje. E não devíamos estar aqui hoje porque os portugueses não puderam estar ao lado daqueles que perderam, que celebraram e aqueles que queriam abraçar”, começou por dizer André Ventura, sublinhando que, “por muito muito importante que o dia seja, não deveríamos estar aqui hoje”.

Tanto Ventura como o CDS arriscaram mesmo dizer que “a grande maioria” dos portugueses pensa como eles, e acha que os deputados não deviam ter estado ali hoje. Para Ventura, de nada vale abril se continuamos com “índices de corrupção” elevados, “se continuamos a libertar bandidos” ou a “pagar cada vez mais impostos”, “muitos deles para pagar a muitas minorias que não merecem”, disse, apelidando essas minorias de “coitadinhos de abril”. Por isso defendeu “um outro 25 de abril”, uma “nova madrugada porque esta já não serve”.

O CDS, por sua vez, protestou não usando os 6 minutos de que dispunha para falar. Telmo Correia usou apenas pouco mais do que três minutos, e diz que foi o suficiente para transmitir a mensagem que queria transmitir: “O poder político não pode permitir para si o que proibiu aos portugueses”, por um lado e, por outro, o CDS “não aceita lições de democracia de ninguém”. O recado caiu direitinho no colo de Ferro Rodrigues, a quem Telmo Correia ainda atirou uma farpa maior: “Este é um mau exemplo”, porque aos portugueses foi pedido isolamento e confinamento, e aos deputados é-lhes dado o poder de “celebrar”.

A pandemia pode ter “deitado por terra parte do que conquistámos”, mas foi na AR que foi possível aprovar medidas legislativas e um programa de recuperação de rendimentos, disse o presidente da Assembleia da República, desenhado pelo Governo socialista que está em funções. Quanto ao papel da oposição, que também não é de somenos, permite ajudar a combater as “desigualdades” e fiscalizar o Governo para que ninguém fique de fora, desprotegido desta crise. Ferro acredita que isso será feito “com projetos diferentes, mas respeitando regras de funcionamento do sistema democrático”, disse, apontando depois o dedo aos populismos.

Esse é o grande desafio: travar os populismos que se aproveitam do medo numa situação de crise. “O pior que podia acontecer à democracia” era ver que o “escrutínio é feito com base em calúnias, mentiras e falsidades”, já que isso não é escrutínio, “é a democracia a ser atacada”. E foi aí que falou de uma vacina, não contra a Covid-19, mas contra a austeridade: “De uma coisa estou certo, Portugal e portugueses estão vacinados contra a austeridade, resta saber se a vacina tem 100% de eficácia”.

“Não devíamos estar aqui”

Na origem da sessão, uma polémica: realizar ou não realizar a sessão evocativa do 25 de abril no Parlamento, em moldes presenciais. Foi uma polémica alimentada durante vários dias por ambas as frentes. André Ventura e o CDS, à cabeça, fizeram a defesa da não-realização da cerimónia, e foi isso mesmo que foram dizer quando subiram à tribuna do plenário.

“Não devíamos estar aqui hoje. E não devíamos estar aqui hoje porque os portugueses não puderam estar ao lado daqueles que perderam, que celebraram e aqueles que queriam abraçar”, começou por dizer André Ventura, sublinhando que, “por muito muito importante que o dia seja, não deveríamos estar aqui hoje”.

Tanto Ventura como o CDS arriscaram mesmo dizer que “a grande maioria” dos portugueses pensa como eles, e acha que os deputados não deviam ter estado ali hoje. Para Ventura, de nada vale abril se continuamos com “índices de corrupção” elevados, “se continuamos a libertar bandidos” ou a “pagar cada vez mais impostos”, “muitos deles para pagar a muitas minorias que não merecem”, disse, apelidando essas minorias de “coitadinhos de abril”. Por isso defendeu “um outro 25 de abril”, uma “nova madrugada porque esta já não serve”.

O CDS, por sua vez, protestou não usando os 6 minutos de que dispunha para falar. Telmo Correia usou apenas pouco mais do que três minutos, e diz que foi o suficiente para transmitir a mensagem que queria transmitir: “O poder político não pode permitir para si o que proibiu aos portugueses”, por um lado e, por outro, o CDS “não aceita lições de democracia de ninguém”. O recado caiu direitinho no colo de Ferro Rodrigues, a quem Telmo Correia ainda atirou uma farpa maior: “Este é um mau exemplo”, porque aos portugueses foi pedido isolamento e confinamento, e aos deputados é-lhes dado o poder de “celebrar”.

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