Paço do Vitorino, um hotel com histórias dentro

14-09-2020
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Lucília Monteiro

Passados os portões de ferro, entra-se no terreiro do Paço de Vitorino e imaginam-se as lutas que, há séculos, ali terão ocorrido. Sobretudo, saberemos depois, quando os liberais irromperam terreiro adentro, montados a cavalo, e queimaram parte da casa, em discórdia com a fação miguelista dos proprietários, durante a Guerra Civil Portuguesa. A reconstrução do Paço de Vitorino aconteceria no século XVIII e, desde então, foi morada de várias gerações da família Pereira Coutinho, onde ainda se mantém. Ora, foi para poder abrir esta antiga casa de família a outras famílias que os proprietários decidiram reconvertê-la num hotel rural, a funcionar desde meados de novembro, a sete quilómetros de Ponte de Lima.

A recuperação, a cargo dos arquitetos Paulo Lago de Carvalho e Susana Correia, criou seis quartos na casa principal e mais nove divididos entre as duas alas exteriores: a do jardim, onde outrora funcionaram as cavalariças (com vista para o jardim barroco) e a do campo (onde se avistam terrenos agrícolas, a ciclovia e onde há de nascer uma piscina exterior). A decoração oscila entre as linhas contemporânea (nos quartos das duas alas) e mais clássica (na casa principal) a remeter para a história do edifício. O mobiliário de época foi restaurado, as paredes foram decoradas com as mesmas mantas que, antes, cobriram os cavalos e, aqui e ali, há fotografias espalhadas em mesas de apoio. Tal como na nossa casa. “Não é um hotel impessoal. Quero que as pessoas sintam que estão a viver num solar português do século XVIII, com o ambiente típico de uma casa de família”, conta-nos a proprietária, Clara Pereira Coutinho.

Da cozinha, onde ainda se mantêm os antigos tachos e panelas de cobre, sai o pequeno-almoço e, a pedido, refeições com as mesmas receitas de uma habitual família minhota. O lagar de pedra da adega foi transformado em biblioteca e salão de jogos, a pedir outras leituras e conversas.

Lá fora, no jardim barroco, onde moram camélias com 200 anos, fontes e tanques de pedra, o único som é o da água a correr nos regos, vinda diretamente de uma mina. No Paço de Vitorino, que tem ainda uma capela, a tranquilidade é, de facto, uma mais-valia, à qual se acrescentam o bem receber e as tradições minhotas. E as muitas histórias que existem ali dentro. Como a da Princesa Inca, que dá nome a um dos quartos em memória à princesa peruana que, há séculos, ali viveu, ou a do Prior do Crato, que noutro quarto lembra que D. António, filho do Infante D. Luís, ali se terá escondido. Soube preservar a sua história, este solar, sem deixar de se ajustar às necessidades e ao conforto dos dias de hoje.

O hotel rural de quatro estrelas tem um centro de interpretação onde se contam os principais episódios da história desta casa, cujos jardins (recuperados pela arquiteta paisagista Marta Malheiro) fazem parte dos Jardins Históricos de Portugal.

Lucília Monteiro

Paço do Vitorino > R. do Paço, 270, Vitorino das Donas, Ponte de Lima > T. 258 738 578 > a partir €115

Lucília Monteiro

Passados os portões de ferro, entra-se no terreiro do Paço de Vitorino e imaginam-se as lutas que, há séculos, ali terão ocorrido. Sobretudo, saberemos depois, quando os liberais irromperam terreiro adentro, montados a cavalo, e queimaram parte da casa, em discórdia com a fação miguelista dos proprietários, durante a Guerra Civil Portuguesa. A reconstrução do Paço de Vitorino aconteceria no século XVIII e, desde então, foi morada de várias gerações da família Pereira Coutinho, onde ainda se mantém. Ora, foi para poder abrir esta antiga casa de família a outras famílias que os proprietários decidiram reconvertê-la num hotel rural, a funcionar desde meados de novembro, a sete quilómetros de Ponte de Lima.

A recuperação, a cargo dos arquitetos Paulo Lago de Carvalho e Susana Correia, criou seis quartos na casa principal e mais nove divididos entre as duas alas exteriores: a do jardim, onde outrora funcionaram as cavalariças (com vista para o jardim barroco) e a do campo (onde se avistam terrenos agrícolas, a ciclovia e onde há de nascer uma piscina exterior). A decoração oscila entre as linhas contemporânea (nos quartos das duas alas) e mais clássica (na casa principal) a remeter para a história do edifício. O mobiliário de época foi restaurado, as paredes foram decoradas com as mesmas mantas que, antes, cobriram os cavalos e, aqui e ali, há fotografias espalhadas em mesas de apoio. Tal como na nossa casa. “Não é um hotel impessoal. Quero que as pessoas sintam que estão a viver num solar português do século XVIII, com o ambiente típico de uma casa de família”, conta-nos a proprietária, Clara Pereira Coutinho.

Da cozinha, onde ainda se mantêm os antigos tachos e panelas de cobre, sai o pequeno-almoço e, a pedido, refeições com as mesmas receitas de uma habitual família minhota. O lagar de pedra da adega foi transformado em biblioteca e salão de jogos, a pedir outras leituras e conversas.

Lá fora, no jardim barroco, onde moram camélias com 200 anos, fontes e tanques de pedra, o único som é o da água a correr nos regos, vinda diretamente de uma mina. No Paço de Vitorino, que tem ainda uma capela, a tranquilidade é, de facto, uma mais-valia, à qual se acrescentam o bem receber e as tradições minhotas. E as muitas histórias que existem ali dentro. Como a da Princesa Inca, que dá nome a um dos quartos em memória à princesa peruana que, há séculos, ali viveu, ou a do Prior do Crato, que noutro quarto lembra que D. António, filho do Infante D. Luís, ali se terá escondido. Soube preservar a sua história, este solar, sem deixar de se ajustar às necessidades e ao conforto dos dias de hoje.

O hotel rural de quatro estrelas tem um centro de interpretação onde se contam os principais episódios da história desta casa, cujos jardins (recuperados pela arquiteta paisagista Marta Malheiro) fazem parte dos Jardins Históricos de Portugal.

Lucília Monteiro

Paço do Vitorino > R. do Paço, 270, Vitorino das Donas, Ponte de Lima > T. 258 738 578 > a partir €115

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