Tancos? Só na cabeça dos jornalistas

31-10-2019
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Chegou às 18h16 e foi-se às 19h16. Durante uma hora, rufaram os tambores do Grupo de Bombos da Cruz de Pau de Matosinhos, a anunciar a caminhada de Costa, ao lado da mulher, Santa Catarina acima. Manuel Pizarro, Carlos César, Rosa Mota, Alexandre Quintanilha, o ministro do Ambiente e o secretário de Estado das Comunidades acompanhavam-nos, puxando pelos slogans. “O povo vai votar e o PS vai ganhar”.

Entre o cerco de jornalistas, apoiantes e jotinhas, difícil era chegar à fala com António Costa. Quem o conseguia, delirava. Foi o caso de Lúcia, que gritava: “Anda cá Costinha, anda cá”. Ele foi. Depois do beijo e do abraço da praxe, Lúcia ofegava, corada, mão no coração. “Gosto dele, claro que gosto dele. As coisas melhoraram muito. Temos pena. Há muito emprego, ganhamos mais e só não trabalha quem não quer”, justificou esta profissional de hotelaria.

Mais à frente, o confronto não foi tão agradável. Maria, profissional de saúde, dizia-se revoltada. E gritava: “Estamos a ser explorados, senhor primeiro-ministro. Está um a fazer o trabalho que deveria ser feito por três ou quatro, percebe? Os salários aproximam-se do salário mínimo. Ponha um fim a isto”. À VISÃO, Maria reforçava: “Ele que vá a um centro de saúde as 8 da manhã ver o que se passa. Muita gente sem médico de família. Falta de profissionais. Muita gente de baixa”.

Também Elisabete Santos, socialista confessa, apressou-se, mais adiante, a segredar a Costa: “Aumente a pensão dos reformados por invalidez”. Era naturalmente o seu caso. Com 42 anos, reformada desde os 29, sem poder trabalhar, recebia 200 euros. Costa responderia: “Vamos trabalhar nisso”.

Uns passos à frente, era Pedro Lobo, 44 anos, empresário que detém uma empresa de camiões na Alemanha, abraçava a sua companheira:”Consegui, consegui”. Conseguiu dizer a Costa o quanto ele era bom para Portugal. Mais: “Você é o futuro de Portugal. Sem si, Portugal não existe no mundo”. Pedro veio de propósito da Alemanha passar este fim de semana ao Porto para encontrar Costa. “Escreva aí. Ele sabe como Portugal deve estar na Europa. E a senhora Merkel diz que ele é o melhor. Se ele perder, perdemos Portugal”. Socialista “desde pequenino”, Pedro Lobo também foi ranger das operações especiais de Lamego, como mostra a tatuagem que ostenta nos braços. “Então e esta confusão de Tancos? O que acha? Isso tem tudo a ver com a falsidade entre empresários, militares e alguns políticos, que querem ganhar dinheiro. Mas ele não tem culpa de nada, não consegue controlar tudo. É coisa dos militares. E aí, o Presidente da República é que devia responder”.

E eis que se ouve um grito de uma senhora idosa, ao passar da comitiva. “Ciganos. É só comedores e mentirosos. Prometeram uma reunião e nada”. Junto a ela e a mais três ou quatro, discreto, Pardal Henriques, assistia. António Costa ainda ouviu uns recados: “Há gente que já se suicidou por causa disto, senhor primeiro ministro”, disse-lhe Pardal Henriques. Mas imediatamente a segurança o faz avançar caminho. A surpresa foi ver este ex-representante dos trabalhadores de transportes de matérias perigosas a representar, agora, os pesados do BES. Um representante do staff ficou para trás, a tentar calar os gritos de “gatunos e mentirosos” dos que acompanhavam Pardal Henriques. “Até parece que fomos nós que criamos essa desgraça. Mas vou tentar conseguir essa reunião”, dizia.

A polémica de Tancos só surgiu a meio da caminhada, quando os jornalistas tiveram finalmente oportunidade de questionar o primeiro-ministro. Mas este estava preparado para rematar de forma a matar rapidamente o assunto. “As perguntas não são novas e já respondi a todas”, disse. E fechou o assunto, convidando o seu adversário Rui Rio a regressar à campanha.

Costa regressou às selfies. E abriu os braços à Bininha, “a verdadeira assistente social de Azevedo de Campanhã”, como a apresentou Manuel Pizarro. “No dia 7 vou-lhe telefonar e dizer: ganhamos”. Costa riu. Foi o mote perfeito para logo de seguida se despedir. E gritar: “Na próxima semana temos de nos mobilizar a 100% e dar força ao PS para continuarmos o crescimento”. O carro já o esperava. Abalou. Os tambores calaram-se e Santa Catarina voltou ao normal.

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Chegou às 18h16 e foi-se às 19h16. Durante uma hora, rufaram os tambores do Grupo de Bombos da Cruz de Pau de Matosinhos, a anunciar a caminhada de Costa, ao lado da mulher, Santa Catarina acima. Manuel Pizarro, Carlos César, Rosa Mota, Alexandre Quintanilha, o ministro do Ambiente e o secretário de Estado das Comunidades acompanhavam-nos, puxando pelos slogans. “O povo vai votar e o PS vai ganhar”.

Entre o cerco de jornalistas, apoiantes e jotinhas, difícil era chegar à fala com António Costa. Quem o conseguia, delirava. Foi o caso de Lúcia, que gritava: “Anda cá Costinha, anda cá”. Ele foi. Depois do beijo e do abraço da praxe, Lúcia ofegava, corada, mão no coração. “Gosto dele, claro que gosto dele. As coisas melhoraram muito. Temos pena. Há muito emprego, ganhamos mais e só não trabalha quem não quer”, justificou esta profissional de hotelaria.

Mais à frente, o confronto não foi tão agradável. Maria, profissional de saúde, dizia-se revoltada. E gritava: “Estamos a ser explorados, senhor primeiro-ministro. Está um a fazer o trabalho que deveria ser feito por três ou quatro, percebe? Os salários aproximam-se do salário mínimo. Ponha um fim a isto”. À VISÃO, Maria reforçava: “Ele que vá a um centro de saúde as 8 da manhã ver o que se passa. Muita gente sem médico de família. Falta de profissionais. Muita gente de baixa”.

Também Elisabete Santos, socialista confessa, apressou-se, mais adiante, a segredar a Costa: “Aumente a pensão dos reformados por invalidez”. Era naturalmente o seu caso. Com 42 anos, reformada desde os 29, sem poder trabalhar, recebia 200 euros. Costa responderia: “Vamos trabalhar nisso”.

Uns passos à frente, era Pedro Lobo, 44 anos, empresário que detém uma empresa de camiões na Alemanha, abraçava a sua companheira:”Consegui, consegui”. Conseguiu dizer a Costa o quanto ele era bom para Portugal. Mais: “Você é o futuro de Portugal. Sem si, Portugal não existe no mundo”. Pedro veio de propósito da Alemanha passar este fim de semana ao Porto para encontrar Costa. “Escreva aí. Ele sabe como Portugal deve estar na Europa. E a senhora Merkel diz que ele é o melhor. Se ele perder, perdemos Portugal”. Socialista “desde pequenino”, Pedro Lobo também foi ranger das operações especiais de Lamego, como mostra a tatuagem que ostenta nos braços. “Então e esta confusão de Tancos? O que acha? Isso tem tudo a ver com a falsidade entre empresários, militares e alguns políticos, que querem ganhar dinheiro. Mas ele não tem culpa de nada, não consegue controlar tudo. É coisa dos militares. E aí, o Presidente da República é que devia responder”.

E eis que se ouve um grito de uma senhora idosa, ao passar da comitiva. “Ciganos. É só comedores e mentirosos. Prometeram uma reunião e nada”. Junto a ela e a mais três ou quatro, discreto, Pardal Henriques, assistia. António Costa ainda ouviu uns recados: “Há gente que já se suicidou por causa disto, senhor primeiro ministro”, disse-lhe Pardal Henriques. Mas imediatamente a segurança o faz avançar caminho. A surpresa foi ver este ex-representante dos trabalhadores de transportes de matérias perigosas a representar, agora, os pesados do BES. Um representante do staff ficou para trás, a tentar calar os gritos de “gatunos e mentirosos” dos que acompanhavam Pardal Henriques. “Até parece que fomos nós que criamos essa desgraça. Mas vou tentar conseguir essa reunião”, dizia.

A polémica de Tancos só surgiu a meio da caminhada, quando os jornalistas tiveram finalmente oportunidade de questionar o primeiro-ministro. Mas este estava preparado para rematar de forma a matar rapidamente o assunto. “As perguntas não são novas e já respondi a todas”, disse. E fechou o assunto, convidando o seu adversário Rui Rio a regressar à campanha.

Costa regressou às selfies. E abriu os braços à Bininha, “a verdadeira assistente social de Azevedo de Campanhã”, como a apresentou Manuel Pizarro. “No dia 7 vou-lhe telefonar e dizer: ganhamos”. Costa riu. Foi o mote perfeito para logo de seguida se despedir. E gritar: “Na próxima semana temos de nos mobilizar a 100% e dar força ao PS para continuarmos o crescimento”. O carro já o esperava. Abalou. Os tambores calaram-se e Santa Catarina voltou ao normal.

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