SOCIEDADE & PAÍS

05-06-2020
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SOCIEDADE & PAÍS

Humberto Delgado

DIREITO À MEMÓRIA - CONTRA O BRANQUEAMENTO DO REGIME FASCISTA

A Câmara Municipal do Porto quer adquirir a sede de campanha de Humberto Delgado em 1958, na Praça Carlos Alberto, para aí instalar a casa-museu do «General Sem Medo» com réplicas de documentos, fotografias e filmes que mostrem, principalmente aos jovens, momentos marcantes da luta do candidato presidencial da oposição democrática contra o regime fascista, e a adesão popular em torno de um homem que pagou com a vida ter feito estremecer o ditador Salazar e seus acólitos.

A ideia da criação da casa-museu na cidade do Porto, um espaço cultural e de informação destinado preferencialmente aos jovens, foi anunciada no dia 14 pelo presidente da edilidade, Fernando Gomes, durante a sessão solene das comemorações do 40º aniversário das eleições presidenciais de 1958, realizada na Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

Na sua intervenção, Fernando Gomes depois de lembrar que «nunca uma manifestação foi tão expressiva no Porto como a feita Há 40 anos a Humberto Delgado», disse ser imprescindível, como forma de combater o branqueamento do regime fascista, que os jovens, através da casa-museu, «tenham conhecimento real daquela que foi a maior manifestação cívica alguma vez realizada no Porto».

«Há crimes que o tempo não apaga»

Iva Delgado, filha do «General Sem Medo» e presidente da Comissão Nacional das Comemorações das Eleições de 1958, congratulou-se com ideia da criação da casa-museu, lembrou que «o medo nesse dia mudou de campo dos oprimidos para o dos opressores» e sustentou que «há crimes que o tempo não apaga».

Iva Delgado manifestou-se contra o proteccionismo dado pelas entidades espanholas ao ex-inspector da PIDE, Rosa Casaco, co-responsável por um dos mais hediondos crimes da ditadura salazarista.

Entretanto, revelou, a Fundação Humberto Delgado está a lançar uma campanha internacional para que «criminosos como este não sejam protegidos pelos países que os acolhem».

(JCCB)

O futuro em Portugal

EXPO'98 - ABERTA AO PÚBLICO AMANHÃ

Faltam escassas horas para a abertura oficial da Expo'98, o acontecimento do ano mais esperado pelos portugueses. A partir de hoje e até ao final de Setembro todas as rotas levarão aos oceanos. A postos, conforme o planeado, estão as infra-estruturas, os acessos, os funcionários e também as expectativas, que não serão defraudadas.

Pelo caminho ficaram os maus augúrios dos pessimistas. Pela frente Portugal terá muita cor, aventura e diversão. Um mar de culturas em movimento. Todos os sonhos dignos dos grandes navegadores e empreendedores repartidos por 162 oceânicos dias.

A Gare do Oriente foi inaugurada no passado dia 19, coincidindo com a entrada em funcionamento de todos os modos de transporte: metro, comboios da CP da linha de Sintra, autocarros e táxis. É que, como foi já dado a saber ao público, a melhor maneira de viajar até ao recinto de 70 hectares da Expo'98 é aproveitar a vasta gama de transportes rodoviários, ferroviários e fluviais que, de manhã até madrugada dentro, estarão à disposição dos visitantes.

A preferência total aos transportes públicos fora já reafirmada recentemente pelo Governo, durante uma conferência de Imprensa destinada à apresentação do plano de transportes e de acessibilidade para a EXPO e início da campanha informativa intitulada «Chegue sem ondas à Expo'98».

«De 22 de Maio a 30 de Setembro, todos os caminhos vão dar à Expo'98», sublinha-se num desdobrável editado pelo Ministério do Equipamento e pela Parque Expo.

«Mas para lá chegar sem ondas», acrescenta-se, «o melhor é utilizar a rede de transportes colectivos. Uma rede completa cobrindo todo o País e que agora, mais do que nunca, se articula num esforço colectivo para levar a bom porto todos os portugueses».

A campanha de informação estendeu-se já a todos os meios de Comunicação Social: Rádio Expo, «placards», veículos e estações de transportes colectivos, disse José Manuel Boavida, presidente da comissão coordenadora de transportes e acessibilidades para a Expo'98.

O desdobrável em divulgação junto do público inclui os horários da Carris, e refere mais genericamente os horários do Metro, dos comboios da CP, dos barcos da Transtejo e da Soflusa, nos quais os visitantes da Exposição se podem transportar desde manhã até depois da festa.

O documento refere ainda, uma por uma, todas as empresas rodoviárias que têm serviços regulares e expressos para a Exposição Internacional.

Por seu turno, os automobilistas têm à sua disposição parques de estacionamento «dissuasores», longe de Lisboa - em Azambuja (cerca de três mil lugares), Montijo (perto de dois mil) Estádio Nacional (dois mil, com possibilidades de aumentar para cinco mil lugares) e Corroios (900) - onde poderão depois apanhar o comboio, no caso da Azambuja, e autocarros expressos nos restantes, disse José Manuel Boavida.

Os parques de estacionamento junto ao recinto têm capacidade para um total de 22 mil veículos, entre os quais mil autocarros.

Na conferência de Imprensa, presidida pelos secretários de Estados das Obras Públicas, Maranha das Neves, e dos Transportes, Guilhermino Rodrigues, José Manuel Boavida, foi revelado que o plano integrado de transportes elaborado responde à procura média de 112 mil visitantes por dia.

Além dos serviços regulares e expressos de toda a área metropolitana de Lisboa, haverá também ligações por expresso entre todas as capitais de distrito e a Gare do Oriente.

O terminal rodoviário tem capacidade para o estacionamento simultâneo de 300 táxis. O sistema de informação e orientação do tráfego, que há-de levar os automobilistas pelos acessos mais desimpedidos, está instalado neste momento em dois terços da sua extensão em toda a área metropolitana de Lisboa, anunciou um elemento da Direcção-Geral de Viação.

Gôndolas de Veneza no Tejo

Mas as opões de mobilidade não se ficam por aqui. Três gôndolas de Veneza navegarão no Tejo para «homenagear a Marinha portuguesa, recordar as navegações venezianas, honrar e celebrar a nova Europa».

A intenção foi expressa, esta semana, pelo presidente do Clube Náutico dos Seguros Generali, Alessandro Paglia, que anunciou em Roma que o «gondolone Generali», a «balotina Marco Polo» e o «gondolino São Marco» navegarão no Rio Tejo, entre 26 e 31 de Maio, enquanto uma exposição de cartazes sobre o tema «Seguros e navios, na arte gráfica da Generali» será montada na Expo'98.

Uma conferência histórico-naval sobre a visita do último Almirante da República de Veneza, Angelo Emo, a Lisboa, em 1759, será ainda realizada para frisar a comunhão ideal entre Veneza e Lisboa, «na vida plurissecular e comum no mar», a primeira abrindo «as fronteiras da Europa a Ocidente», a segunda as do Oriente.

Caminhos da porcelana chinesa

E para mostrar que as civilizações orientais se encontram bem presentes no imaginário português das Descobertas, a Expo'98 abre-se aos caminhos da porcelana chinesa, percursos que testemunharão que foram portugueses os primeiros a encomendar estas louças e que já Vasco da Gama as trazia na «bagagem».

«Caminhos da Porcelana» é, pois, uma mostra organizada pela Fundação Oriente, que estará patente ao público no Pavilhão das Exposições da Expo'98 e mostrará peças das dinastias Ming e Qing.

As 210 peças que os visitantes poderão apreciar - organizadas por núcleos - são provenientes da colecção da Fundação Oriente, de instituições públicas e privadas, bem como de particulares.

Do vomitório ao penico, da chávena (sem asa, conforme se usava no continente asiático) a qualquer outra das 600 peças que compunham um serviço de mesa, passando pelos utensílios do clero, todas estas raridades - dez das peças serão mostradas ao público pela primeira vez - poderão ser admiradas, já ali, na Expo'98.

«A Arte e o Mar»

Numa maré-cheia de exposições chegam mais de 300 peças de arte inspiradas ou de alguma forma relacionadas com o tema «Mar». A colecção foi reunida pela Fundação Calouste Gulbenkian numa mostra intitulada «A Arte e o Mar»

A exposição, que pode ser visitada até 30 de Agosto, desenvolve-se ao longo dos dois pisos da galeria de exposições temporárias da Gulbenkian, em Lisboa, enquadrada por uma ambiência em tons de azul e dividida em seis núcleos-chave.

O projecto é assumido como um «complemento» da Expo'98, orientado para uma vertente de história de arte ligada ao tema «Oceanos», perspectiva considerada menos saliente na programação cultural da Exposição de Lisboa.

Imagens do mar na Antiguidade Clássica e na Idade Média abrem o percurso da mostra. «O Mar na Arte em Portugal na Época dos Descobrimentos» e «A Arte Que Veio pelo Mar» dão continuidade à exposição, mostrando as consequências artísticas da abertura das rotas oceânicas, ponte multifacetada de contactos entre Ocidente e Oriente.

A exposição termina com uma área dedicada ao mar tal como ele é retratado por alguns artistas contemporâneos.

Na era pós-Expo...

O Pavilhão de Portugal vai albergar a Presidência do Conselho de Ministros no final da Expo-98, disse, no dia 18, à Imprensa uma fonte oficial.

O anúncio da decisão foi divulgado no final da reunião do Conselho de Ministros da passada terça-feira, que decorreu precisamente no Pavilhão de Portugal.

Os trabalhos de readaptação do Pavilhão para receber a Presidência do Conselho de Ministros, actualmente instalada num edifício situado na Rua Gomes Teixeira, decorrerão sob a direcção do autor do projecto, arquitecto Siza Vieira, e deverão estar concluídos no início do ano 2000.

O Teatro de Camões, outro equipamento edificado para a Expo'98, vai acolher após o evento a Orquestra Sinfónica Nacional e a Companhia Nacional de Bailado.

O Pavilhão do Conhecimento dos Mares e o actual edifício administrativo da Expo'98 deverão receber no futuro diversos serviços do Estado e organismos internacionais.

(MJR)

Referendo - Despenalização da IVG

«SIM PELA TOLERÂNCIA» COM AMOR-PERFEITO

O Movimento «Sim pela Tolerância», favorável à despenalização da interrupção voluntária da gravidez, entregou no dia 14, na Comissão Nacional de Eleições, mais de 30 mil assinaturas, constituindo-se formalmente em três grupos distintos de cidadãos.

A opção pela constituição de três grupos de cidadãos permitirá a este movimento ver multiplicados por três os seus tempos de antena durante a campanha eleitoral do referendo.

O Movimento «Sim pela Tolerância» integra na sua maioria personalidades de esquerda e de centro-esquerda dos mais variados sectores da vida política, económica, desportiva e cultural da sociedade portuguesa.

No manifesto desta organização, pode ler-se que «Sim pela Tolerância é um movimento de quem, qualquer que seja a sua posição quanto à interrupção voluntária da gravidez, entende não poder julgar e condenar quem tenha a necessidade de a realizar».

Destaque para a participação das deputadas socialistas Helena Roseta e Sónia Fertuzinhos no secretariado deste movimento progressista que foi eleito no passado dia 12. Os restantes membros do não têm filiação partidária conhecida.

Entretanto, o Movimento «Sim pela Tolerância» que dá os primeiros para a organização da campanha, já tem um símbolo para a campanha do «sim»: será o amor-perfeito, uma flor muito portuguesa, que dá uma imagem positiva e alegre.

(JCCB)

Luta contra a droga

ESTRATÉGIA IBÉRICA - APROFUNDAR COOPERAÇÃO PORTUGAL/ESPANHA

O aprofundamento da cooperação entre Portugal e Espanha no combate à droga e à toxicodependência é objectivo do Governo português, que pretende que os dois países consigam traçar regras e orientações claras neste domínio.

A declaração é do ministro adjunto do primeiro-ministro, José Sócrates, que falava na sessão de abertura de uma reunião da Comissão Luso-Espanhola sobre cooperação em matéria de luta contra a droga, que decorreu nos dias 18 e 19, na Penha Longa, Sintra.

O governante sublinhou também a importância deste encontro para que a sessão especial sobre droga da Assembleia Geral das Nações Unidas (8, 9 e 10 de Junho), a cujo comité preparatório Portugal preside, «seja um sucesso».

A sessão especial da ONU tem como foco principal a redução da procura.

Sócrates apresentou ainda à delegação espanhola, chefiada por Gonzalo Robles, as alterações introduzidas em Portugal na política de luta contra a droga.

É objectivo do Executivo criar uma rede assistencial aos toxicodependentes, criar uma política de reinserção social «mais agressiva» - em parceria com o Estado e Organizações Não-Governamentais, estando a ser elaborada uma proposta de lei neste sentido - e criar uma política de redução de riscos, nomeadamente através do alargamento de programas de substituição e prevenção de doenças infecto-contagiosas.

Sócrates referiu ainda a futura criação de um novo Instituto de Combate à Droga, visando a melhoria da recolha e tratamento de informação e dados sobre estupefacientes.

A Comissão Luso-Espanhola, criada no âmbito da cimeira entre Portugal e Espanha em Dezembro de 1983, reúne-se regularmente visando a cooperação bilateral na luta contra a droga, tendo já sido criado um posto fronteiriço misto, em Vilar Formoso, destinado a controlar os movimentos de entrada e saída de pessoas de ambos os países.

Previsão alemã para 1998

DESEMPREGO EM PORTUGAL CAIRÁ PARA OS 6 POR CENTO

Seis institutos de pesquisa económica alemães prevêem uma queda do desemprego no País dos actuais 6,8 por cento para 6 por cento em 1998.

Para 1999 o prognóstico é ainda mais optimista, já que aponta para uma quota de desemprego em Portugal de apenas 5,25 por cento.

Nestas previsões Portugal só é superado pela Holanda (5 por cento em 1998 e 4,5 em 1999), pela Áustria (4,5 e 4 por cento) e pelo Luxemburgo (3,5 por cento em 1998 e 1999).

A nível de toda a União Europeia, a previsão dos economistas alemães é de 10,8 por cento de desemprego em 1998 (11,3 em 1997) e 10,3 por cento em 1999.

Quanto aos 11 países da moeda única, o prognóstico aponta para uma quota de desocupação de 11,9 por cento para este ano (12,4 por cento em 1997) e de 11,3 por cento em 1999.

No que se refere ao espaço da União Económica e Monetária (UEM), os institutos de pesquisa económica recomendam que se prossiga a política de contenção dos últimos tempos, efectuando apenas reduzidos aumentos de salários. Propõem ainda que os salários passem a ser mais diferenciados, de acordo com a qualificação, os ramos de actividade e as regiões, para permitir a descida do desemprego.

Na Alemanha, os institutos calculam um aumento médio dos salários de 1,7 por cento para 1998. Cinco dos seis institutos votaram contra o aproveitamento da melhoria da situação de algumas empresas para fazer maiores aumentos salariais, mas o Deutsches Institut fuer Wirtschaftsforschung (DIW), de Berlim, fez uma declaração de voto, alertando para os riscos dos baixos salários e baixos preços a nível europeu.

SOCIEDADE & PAÍS

Humberto Delgado

DIREITO À MEMÓRIA - CONTRA O BRANQUEAMENTO DO REGIME FASCISTA

A Câmara Municipal do Porto quer adquirir a sede de campanha de Humberto Delgado em 1958, na Praça Carlos Alberto, para aí instalar a casa-museu do «General Sem Medo» com réplicas de documentos, fotografias e filmes que mostrem, principalmente aos jovens, momentos marcantes da luta do candidato presidencial da oposição democrática contra o regime fascista, e a adesão popular em torno de um homem que pagou com a vida ter feito estremecer o ditador Salazar e seus acólitos.

A ideia da criação da casa-museu na cidade do Porto, um espaço cultural e de informação destinado preferencialmente aos jovens, foi anunciada no dia 14 pelo presidente da edilidade, Fernando Gomes, durante a sessão solene das comemorações do 40º aniversário das eleições presidenciais de 1958, realizada na Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

Na sua intervenção, Fernando Gomes depois de lembrar que «nunca uma manifestação foi tão expressiva no Porto como a feita Há 40 anos a Humberto Delgado», disse ser imprescindível, como forma de combater o branqueamento do regime fascista, que os jovens, através da casa-museu, «tenham conhecimento real daquela que foi a maior manifestação cívica alguma vez realizada no Porto».

«Há crimes que o tempo não apaga»

Iva Delgado, filha do «General Sem Medo» e presidente da Comissão Nacional das Comemorações das Eleições de 1958, congratulou-se com ideia da criação da casa-museu, lembrou que «o medo nesse dia mudou de campo dos oprimidos para o dos opressores» e sustentou que «há crimes que o tempo não apaga».

Iva Delgado manifestou-se contra o proteccionismo dado pelas entidades espanholas ao ex-inspector da PIDE, Rosa Casaco, co-responsável por um dos mais hediondos crimes da ditadura salazarista.

Entretanto, revelou, a Fundação Humberto Delgado está a lançar uma campanha internacional para que «criminosos como este não sejam protegidos pelos países que os acolhem».

(JCCB)

O futuro em Portugal

EXPO'98 - ABERTA AO PÚBLICO AMANHÃ

Faltam escassas horas para a abertura oficial da Expo'98, o acontecimento do ano mais esperado pelos portugueses. A partir de hoje e até ao final de Setembro todas as rotas levarão aos oceanos. A postos, conforme o planeado, estão as infra-estruturas, os acessos, os funcionários e também as expectativas, que não serão defraudadas.

Pelo caminho ficaram os maus augúrios dos pessimistas. Pela frente Portugal terá muita cor, aventura e diversão. Um mar de culturas em movimento. Todos os sonhos dignos dos grandes navegadores e empreendedores repartidos por 162 oceânicos dias.

A Gare do Oriente foi inaugurada no passado dia 19, coincidindo com a entrada em funcionamento de todos os modos de transporte: metro, comboios da CP da linha de Sintra, autocarros e táxis. É que, como foi já dado a saber ao público, a melhor maneira de viajar até ao recinto de 70 hectares da Expo'98 é aproveitar a vasta gama de transportes rodoviários, ferroviários e fluviais que, de manhã até madrugada dentro, estarão à disposição dos visitantes.

A preferência total aos transportes públicos fora já reafirmada recentemente pelo Governo, durante uma conferência de Imprensa destinada à apresentação do plano de transportes e de acessibilidade para a EXPO e início da campanha informativa intitulada «Chegue sem ondas à Expo'98».

«De 22 de Maio a 30 de Setembro, todos os caminhos vão dar à Expo'98», sublinha-se num desdobrável editado pelo Ministério do Equipamento e pela Parque Expo.

«Mas para lá chegar sem ondas», acrescenta-se, «o melhor é utilizar a rede de transportes colectivos. Uma rede completa cobrindo todo o País e que agora, mais do que nunca, se articula num esforço colectivo para levar a bom porto todos os portugueses».

A campanha de informação estendeu-se já a todos os meios de Comunicação Social: Rádio Expo, «placards», veículos e estações de transportes colectivos, disse José Manuel Boavida, presidente da comissão coordenadora de transportes e acessibilidades para a Expo'98.

O desdobrável em divulgação junto do público inclui os horários da Carris, e refere mais genericamente os horários do Metro, dos comboios da CP, dos barcos da Transtejo e da Soflusa, nos quais os visitantes da Exposição se podem transportar desde manhã até depois da festa.

O documento refere ainda, uma por uma, todas as empresas rodoviárias que têm serviços regulares e expressos para a Exposição Internacional.

Por seu turno, os automobilistas têm à sua disposição parques de estacionamento «dissuasores», longe de Lisboa - em Azambuja (cerca de três mil lugares), Montijo (perto de dois mil) Estádio Nacional (dois mil, com possibilidades de aumentar para cinco mil lugares) e Corroios (900) - onde poderão depois apanhar o comboio, no caso da Azambuja, e autocarros expressos nos restantes, disse José Manuel Boavida.

Os parques de estacionamento junto ao recinto têm capacidade para um total de 22 mil veículos, entre os quais mil autocarros.

Na conferência de Imprensa, presidida pelos secretários de Estados das Obras Públicas, Maranha das Neves, e dos Transportes, Guilhermino Rodrigues, José Manuel Boavida, foi revelado que o plano integrado de transportes elaborado responde à procura média de 112 mil visitantes por dia.

Além dos serviços regulares e expressos de toda a área metropolitana de Lisboa, haverá também ligações por expresso entre todas as capitais de distrito e a Gare do Oriente.

O terminal rodoviário tem capacidade para o estacionamento simultâneo de 300 táxis. O sistema de informação e orientação do tráfego, que há-de levar os automobilistas pelos acessos mais desimpedidos, está instalado neste momento em dois terços da sua extensão em toda a área metropolitana de Lisboa, anunciou um elemento da Direcção-Geral de Viação.

Gôndolas de Veneza no Tejo

Mas as opões de mobilidade não se ficam por aqui. Três gôndolas de Veneza navegarão no Tejo para «homenagear a Marinha portuguesa, recordar as navegações venezianas, honrar e celebrar a nova Europa».

A intenção foi expressa, esta semana, pelo presidente do Clube Náutico dos Seguros Generali, Alessandro Paglia, que anunciou em Roma que o «gondolone Generali», a «balotina Marco Polo» e o «gondolino São Marco» navegarão no Rio Tejo, entre 26 e 31 de Maio, enquanto uma exposição de cartazes sobre o tema «Seguros e navios, na arte gráfica da Generali» será montada na Expo'98.

Uma conferência histórico-naval sobre a visita do último Almirante da República de Veneza, Angelo Emo, a Lisboa, em 1759, será ainda realizada para frisar a comunhão ideal entre Veneza e Lisboa, «na vida plurissecular e comum no mar», a primeira abrindo «as fronteiras da Europa a Ocidente», a segunda as do Oriente.

Caminhos da porcelana chinesa

E para mostrar que as civilizações orientais se encontram bem presentes no imaginário português das Descobertas, a Expo'98 abre-se aos caminhos da porcelana chinesa, percursos que testemunharão que foram portugueses os primeiros a encomendar estas louças e que já Vasco da Gama as trazia na «bagagem».

«Caminhos da Porcelana» é, pois, uma mostra organizada pela Fundação Oriente, que estará patente ao público no Pavilhão das Exposições da Expo'98 e mostrará peças das dinastias Ming e Qing.

As 210 peças que os visitantes poderão apreciar - organizadas por núcleos - são provenientes da colecção da Fundação Oriente, de instituições públicas e privadas, bem como de particulares.

Do vomitório ao penico, da chávena (sem asa, conforme se usava no continente asiático) a qualquer outra das 600 peças que compunham um serviço de mesa, passando pelos utensílios do clero, todas estas raridades - dez das peças serão mostradas ao público pela primeira vez - poderão ser admiradas, já ali, na Expo'98.

«A Arte e o Mar»

Numa maré-cheia de exposições chegam mais de 300 peças de arte inspiradas ou de alguma forma relacionadas com o tema «Mar». A colecção foi reunida pela Fundação Calouste Gulbenkian numa mostra intitulada «A Arte e o Mar»

A exposição, que pode ser visitada até 30 de Agosto, desenvolve-se ao longo dos dois pisos da galeria de exposições temporárias da Gulbenkian, em Lisboa, enquadrada por uma ambiência em tons de azul e dividida em seis núcleos-chave.

O projecto é assumido como um «complemento» da Expo'98, orientado para uma vertente de história de arte ligada ao tema «Oceanos», perspectiva considerada menos saliente na programação cultural da Exposição de Lisboa.

Imagens do mar na Antiguidade Clássica e na Idade Média abrem o percurso da mostra. «O Mar na Arte em Portugal na Época dos Descobrimentos» e «A Arte Que Veio pelo Mar» dão continuidade à exposição, mostrando as consequências artísticas da abertura das rotas oceânicas, ponte multifacetada de contactos entre Ocidente e Oriente.

A exposição termina com uma área dedicada ao mar tal como ele é retratado por alguns artistas contemporâneos.

Na era pós-Expo...

O Pavilhão de Portugal vai albergar a Presidência do Conselho de Ministros no final da Expo-98, disse, no dia 18, à Imprensa uma fonte oficial.

O anúncio da decisão foi divulgado no final da reunião do Conselho de Ministros da passada terça-feira, que decorreu precisamente no Pavilhão de Portugal.

Os trabalhos de readaptação do Pavilhão para receber a Presidência do Conselho de Ministros, actualmente instalada num edifício situado na Rua Gomes Teixeira, decorrerão sob a direcção do autor do projecto, arquitecto Siza Vieira, e deverão estar concluídos no início do ano 2000.

O Teatro de Camões, outro equipamento edificado para a Expo'98, vai acolher após o evento a Orquestra Sinfónica Nacional e a Companhia Nacional de Bailado.

O Pavilhão do Conhecimento dos Mares e o actual edifício administrativo da Expo'98 deverão receber no futuro diversos serviços do Estado e organismos internacionais.

(MJR)

Referendo - Despenalização da IVG

«SIM PELA TOLERÂNCIA» COM AMOR-PERFEITO

O Movimento «Sim pela Tolerância», favorável à despenalização da interrupção voluntária da gravidez, entregou no dia 14, na Comissão Nacional de Eleições, mais de 30 mil assinaturas, constituindo-se formalmente em três grupos distintos de cidadãos.

A opção pela constituição de três grupos de cidadãos permitirá a este movimento ver multiplicados por três os seus tempos de antena durante a campanha eleitoral do referendo.

O Movimento «Sim pela Tolerância» integra na sua maioria personalidades de esquerda e de centro-esquerda dos mais variados sectores da vida política, económica, desportiva e cultural da sociedade portuguesa.

No manifesto desta organização, pode ler-se que «Sim pela Tolerância é um movimento de quem, qualquer que seja a sua posição quanto à interrupção voluntária da gravidez, entende não poder julgar e condenar quem tenha a necessidade de a realizar».

Destaque para a participação das deputadas socialistas Helena Roseta e Sónia Fertuzinhos no secretariado deste movimento progressista que foi eleito no passado dia 12. Os restantes membros do não têm filiação partidária conhecida.

Entretanto, o Movimento «Sim pela Tolerância» que dá os primeiros para a organização da campanha, já tem um símbolo para a campanha do «sim»: será o amor-perfeito, uma flor muito portuguesa, que dá uma imagem positiva e alegre.

(JCCB)

Luta contra a droga

ESTRATÉGIA IBÉRICA - APROFUNDAR COOPERAÇÃO PORTUGAL/ESPANHA

O aprofundamento da cooperação entre Portugal e Espanha no combate à droga e à toxicodependência é objectivo do Governo português, que pretende que os dois países consigam traçar regras e orientações claras neste domínio.

A declaração é do ministro adjunto do primeiro-ministro, José Sócrates, que falava na sessão de abertura de uma reunião da Comissão Luso-Espanhola sobre cooperação em matéria de luta contra a droga, que decorreu nos dias 18 e 19, na Penha Longa, Sintra.

O governante sublinhou também a importância deste encontro para que a sessão especial sobre droga da Assembleia Geral das Nações Unidas (8, 9 e 10 de Junho), a cujo comité preparatório Portugal preside, «seja um sucesso».

A sessão especial da ONU tem como foco principal a redução da procura.

Sócrates apresentou ainda à delegação espanhola, chefiada por Gonzalo Robles, as alterações introduzidas em Portugal na política de luta contra a droga.

É objectivo do Executivo criar uma rede assistencial aos toxicodependentes, criar uma política de reinserção social «mais agressiva» - em parceria com o Estado e Organizações Não-Governamentais, estando a ser elaborada uma proposta de lei neste sentido - e criar uma política de redução de riscos, nomeadamente através do alargamento de programas de substituição e prevenção de doenças infecto-contagiosas.

Sócrates referiu ainda a futura criação de um novo Instituto de Combate à Droga, visando a melhoria da recolha e tratamento de informação e dados sobre estupefacientes.

A Comissão Luso-Espanhola, criada no âmbito da cimeira entre Portugal e Espanha em Dezembro de 1983, reúne-se regularmente visando a cooperação bilateral na luta contra a droga, tendo já sido criado um posto fronteiriço misto, em Vilar Formoso, destinado a controlar os movimentos de entrada e saída de pessoas de ambos os países.

Previsão alemã para 1998

DESEMPREGO EM PORTUGAL CAIRÁ PARA OS 6 POR CENTO

Seis institutos de pesquisa económica alemães prevêem uma queda do desemprego no País dos actuais 6,8 por cento para 6 por cento em 1998.

Para 1999 o prognóstico é ainda mais optimista, já que aponta para uma quota de desemprego em Portugal de apenas 5,25 por cento.

Nestas previsões Portugal só é superado pela Holanda (5 por cento em 1998 e 4,5 em 1999), pela Áustria (4,5 e 4 por cento) e pelo Luxemburgo (3,5 por cento em 1998 e 1999).

A nível de toda a União Europeia, a previsão dos economistas alemães é de 10,8 por cento de desemprego em 1998 (11,3 em 1997) e 10,3 por cento em 1999.

Quanto aos 11 países da moeda única, o prognóstico aponta para uma quota de desocupação de 11,9 por cento para este ano (12,4 por cento em 1997) e de 11,3 por cento em 1999.

No que se refere ao espaço da União Económica e Monetária (UEM), os institutos de pesquisa económica recomendam que se prossiga a política de contenção dos últimos tempos, efectuando apenas reduzidos aumentos de salários. Propõem ainda que os salários passem a ser mais diferenciados, de acordo com a qualificação, os ramos de actividade e as regiões, para permitir a descida do desemprego.

Na Alemanha, os institutos calculam um aumento médio dos salários de 1,7 por cento para 1998. Cinco dos seis institutos votaram contra o aproveitamento da melhoria da situação de algumas empresas para fazer maiores aumentos salariais, mas o Deutsches Institut fuer Wirtschaftsforschung (DIW), de Berlim, fez uma declaração de voto, alertando para os riscos dos baixos salários e baixos preços a nível europeu.

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