Comunidade portuguesa de League of Legends evolui “a bom nível”

12-09-2020
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É um dos maiores jogos no sector dos esports e os jogadores profissionais portugueses começam a dar os “primeiros passos no que toca a competições internacionais”. Mas falta investimento e uma mudança de mentalidade.

A comunidade portuguesa de League of Legends tem evoluído “a bom nível”, apontam vários membros do sector competitivo do videojogo de estratégia, mas precisa de uma mudança de mentalidade na base de jogadores, mais investimento e competitividade.

League of Legends é um dos maiores jogos no sector dos esports e o Mundial é disputado todos os anos, garantindo vários milhões de euros em prémios, enquanto a LCS Europa, o campeonato europeu, é outro “sonho” de qualquer aspirante a profissional.

Em 2022, o videojogo será um evento medalhado nos Jogos Asiáticos, comprovando a popularidade naquele continente e abrindo caminho para a pretensão de muitos profissionais do sector: a eventual inclusão no programa olímpico. Em Portugal, a Liga Portuguesa de League of Legends (LPLOL) apura duas equipas por cada temporada para a European Masters, de onde saem, muitas vezes, os principais valores no patamar seguinte, a LCS, dos anos seguintes.

Na edição de Verão, as equipas SAMCLAN e EGN ficaram pelo caminho nos play ins após grupos complicados, e falharam o acesso à ronda principal, na qual existem, ainda assim, vários representantes portugueses, como Rúben Barbosa e Francisco Cruz Antunes, nos espanhóis Movistar Riders. Nos Vodafone Giants, também de Espanha, joga a grande figura do LoL português, Amadeu “Attila” Carvalho, o primeiro competidor do país a participar nos Mundiais do videojogo, com os franceses Vitality.

Milton Dixon é director executivo da GOATpixel, responsável dentro do grupo Braver pelos Prémios Esports, que premeiam os melhores do sector nacional, e considera que alguns jogadores “estão a começar a dar os primeiros passos no que toca a competições internacionais”, com os Masters como “uma óptima forma” de ajudar.

“A segunda nacionalidade mais representada no European Masters [em termos de jogadores] foi a portuguesa. Isto quer dizer duas coisas: que nós temos um mercado que não tem investimento suficiente para ir buscar jogadores lá fora ou então, para o tamanho do mercado que tens, não precisas de ir lá fora atendendo às tuas ambições. Neste momento, acho que é a segunda, mas a primeira também um pouco”.

E o próximo passo?

Num momento de “renovação de jogadores”, Portugal apresenta “uma Liga e um circuito [Tormenta] que está bem montado”, mas a grande dúvida é “como é que se passa ao próximo passo”. A região europeia vive de “mais jogadores a aparecer e mais montra para eles”, pelo que o aparecimento de mais equipas e jogadores através do circuito Tormenta, argumenta Milton Dixon, vai capitalizar o “interesse em Lol que em Portugal continua a ser muito alto” e com “uma base de jogadores muito interessantes”. “É uma questão de tempo até que estes jogadores se possam mostrar e ter um mercado nacional mais forte, desde que equipas e organizações continuem a apostar. (...) Os jogadores também têm de perceber que é um primeiro passo, que se querem dedicar-se têm de fazer muitos sacrifícios”, refere.

A questão da mentalidade é também fulcral para Sofia Andrade, que lembra igualmente o recém-criado circuito Tormenta, pela Inygon, com quem colabora, para estimular mais jogadores amadores e com o objectivo “de trazer mais equipas e jogadores” para a LPLOL. Assim, pretende-se dar a conhecer uma comunidade que “não é má, mas em que as pessoas se habituam a jogar com amigos e não vêm finalidade na via competitiva”.

Num videojogo que admitem ser complicado de seguir e acompanhar numa transmissão sem nunca se ter jogado, vários profissionais envolvidos com LoL, como também é conhecido, reconhecem que apesar de uma base de jogadores “interessante”, como apelida Milton Dixon, ainda falta cativar mais público e “converter o jogador casual” em alguém com vontade de seguir a via competitiva.

“São cinco jogadores contra outros cinco jogadores. Há um mapa com diversos objectivos e vais conquistando objectivos até ao objectivo final. Aí, ganhas o jogo. Há várias estratégias, escolha de personagens. Acaba por ser como no futebol. Podes jogar mais agressivo ou mais calculado, depende”, resume Simão Oliveira, treinador adjunto da alemã BIG, que tem como objectivo “chegar à LCS no futuro próximo”.

O também analista, que já trabalhou com equipas como o Schalke 04 ou o Paris Saint-Germain, considera que “tem havido uma evolução das condições e uma profissionalização, sobretudo em mercados fortes”, mas “menos em Portugal”, até porque este é um videojogo com que “se calhar as pessoas não se identificam tanto”, mas onde já há “condições mínimas obrigatórias” na Liga.

Falta profissionalizar o sector

Numa “fase tão embrionária dos esports”, contudo, Simão Oliveira admite que não consegue dizer com certeza “se daqui a cinco ou dez anos o mercado ainda será viável”, porque “podem surgir novos jogos”, ainda que lembre que Counter Strike, o “gigante” do sector, “já existe há mais de 20 anos”.

Marta Casaca, que apresenta eventos e é gestora de análise em transmissões competitivas, destaca o aumento de competições e eventos, que permite tornar regular a competitividade e apresentação de habilidades mas também um aumento da possibilidade de ganhar prémios monetários, a juntar-se às condições que as organizações vão dando, mesmo que só algumas consigam oferecer “um salário bom”. “Algumas competições já promovem essa obrigatoriedade de um salário, para tentar profissionalizar o sector, como a LPLOL”, avança.

A manager dos britânicos Enclave, Ana Martins, e autora do podcast Call of Legends, uma “série de entrevistas onde a ideia foi falar com toda a gente” sobre o cenário português, conta à Lusa que o facto de conhecer melhor a realidade noutros países do que em Portugal a fez querer descobrir e entrevistar os membros da comunidade nacional.

Apesar de reconhecer a “fama, que é verdade, de a comunidade ser muito tóxica”, Ana Martins confessa que embora tivesse uma ideia de que em Portugal essa tendência seria acompanhada, o que encontrou deixou-a “bastante surpreendida pela positiva”. “A experiência que tive com a comunidade cá foi exactamente de uma comunidade próxima, querida. Foi uma experiência muito diferente do que esperava, porque sempre tive a ideia de algo muito fechado”, comenta.

É um dos maiores jogos no sector dos esports e os jogadores profissionais portugueses começam a dar os “primeiros passos no que toca a competições internacionais”. Mas falta investimento e uma mudança de mentalidade.

A comunidade portuguesa de League of Legends tem evoluído “a bom nível”, apontam vários membros do sector competitivo do videojogo de estratégia, mas precisa de uma mudança de mentalidade na base de jogadores, mais investimento e competitividade.

League of Legends é um dos maiores jogos no sector dos esports e o Mundial é disputado todos os anos, garantindo vários milhões de euros em prémios, enquanto a LCS Europa, o campeonato europeu, é outro “sonho” de qualquer aspirante a profissional.

Em 2022, o videojogo será um evento medalhado nos Jogos Asiáticos, comprovando a popularidade naquele continente e abrindo caminho para a pretensão de muitos profissionais do sector: a eventual inclusão no programa olímpico. Em Portugal, a Liga Portuguesa de League of Legends (LPLOL) apura duas equipas por cada temporada para a European Masters, de onde saem, muitas vezes, os principais valores no patamar seguinte, a LCS, dos anos seguintes.

Na edição de Verão, as equipas SAMCLAN e EGN ficaram pelo caminho nos play ins após grupos complicados, e falharam o acesso à ronda principal, na qual existem, ainda assim, vários representantes portugueses, como Rúben Barbosa e Francisco Cruz Antunes, nos espanhóis Movistar Riders. Nos Vodafone Giants, também de Espanha, joga a grande figura do LoL português, Amadeu “Attila” Carvalho, o primeiro competidor do país a participar nos Mundiais do videojogo, com os franceses Vitality.

Milton Dixon é director executivo da GOATpixel, responsável dentro do grupo Braver pelos Prémios Esports, que premeiam os melhores do sector nacional, e considera que alguns jogadores “estão a começar a dar os primeiros passos no que toca a competições internacionais”, com os Masters como “uma óptima forma” de ajudar.

“A segunda nacionalidade mais representada no European Masters [em termos de jogadores] foi a portuguesa. Isto quer dizer duas coisas: que nós temos um mercado que não tem investimento suficiente para ir buscar jogadores lá fora ou então, para o tamanho do mercado que tens, não precisas de ir lá fora atendendo às tuas ambições. Neste momento, acho que é a segunda, mas a primeira também um pouco”.

E o próximo passo?

Num momento de “renovação de jogadores”, Portugal apresenta “uma Liga e um circuito [Tormenta] que está bem montado”, mas a grande dúvida é “como é que se passa ao próximo passo”. A região europeia vive de “mais jogadores a aparecer e mais montra para eles”, pelo que o aparecimento de mais equipas e jogadores através do circuito Tormenta, argumenta Milton Dixon, vai capitalizar o “interesse em Lol que em Portugal continua a ser muito alto” e com “uma base de jogadores muito interessantes”. “É uma questão de tempo até que estes jogadores se possam mostrar e ter um mercado nacional mais forte, desde que equipas e organizações continuem a apostar. (...) Os jogadores também têm de perceber que é um primeiro passo, que se querem dedicar-se têm de fazer muitos sacrifícios”, refere.

A questão da mentalidade é também fulcral para Sofia Andrade, que lembra igualmente o recém-criado circuito Tormenta, pela Inygon, com quem colabora, para estimular mais jogadores amadores e com o objectivo “de trazer mais equipas e jogadores” para a LPLOL. Assim, pretende-se dar a conhecer uma comunidade que “não é má, mas em que as pessoas se habituam a jogar com amigos e não vêm finalidade na via competitiva”.

Num videojogo que admitem ser complicado de seguir e acompanhar numa transmissão sem nunca se ter jogado, vários profissionais envolvidos com LoL, como também é conhecido, reconhecem que apesar de uma base de jogadores “interessante”, como apelida Milton Dixon, ainda falta cativar mais público e “converter o jogador casual” em alguém com vontade de seguir a via competitiva.

“São cinco jogadores contra outros cinco jogadores. Há um mapa com diversos objectivos e vais conquistando objectivos até ao objectivo final. Aí, ganhas o jogo. Há várias estratégias, escolha de personagens. Acaba por ser como no futebol. Podes jogar mais agressivo ou mais calculado, depende”, resume Simão Oliveira, treinador adjunto da alemã BIG, que tem como objectivo “chegar à LCS no futuro próximo”.

O também analista, que já trabalhou com equipas como o Schalke 04 ou o Paris Saint-Germain, considera que “tem havido uma evolução das condições e uma profissionalização, sobretudo em mercados fortes”, mas “menos em Portugal”, até porque este é um videojogo com que “se calhar as pessoas não se identificam tanto”, mas onde já há “condições mínimas obrigatórias” na Liga.

Falta profissionalizar o sector

Numa “fase tão embrionária dos esports”, contudo, Simão Oliveira admite que não consegue dizer com certeza “se daqui a cinco ou dez anos o mercado ainda será viável”, porque “podem surgir novos jogos”, ainda que lembre que Counter Strike, o “gigante” do sector, “já existe há mais de 20 anos”.

Marta Casaca, que apresenta eventos e é gestora de análise em transmissões competitivas, destaca o aumento de competições e eventos, que permite tornar regular a competitividade e apresentação de habilidades mas também um aumento da possibilidade de ganhar prémios monetários, a juntar-se às condições que as organizações vão dando, mesmo que só algumas consigam oferecer “um salário bom”. “Algumas competições já promovem essa obrigatoriedade de um salário, para tentar profissionalizar o sector, como a LPLOL”, avança.

A manager dos britânicos Enclave, Ana Martins, e autora do podcast Call of Legends, uma “série de entrevistas onde a ideia foi falar com toda a gente” sobre o cenário português, conta à Lusa que o facto de conhecer melhor a realidade noutros países do que em Portugal a fez querer descobrir e entrevistar os membros da comunidade nacional.

Apesar de reconhecer a “fama, que é verdade, de a comunidade ser muito tóxica”, Ana Martins confessa que embora tivesse uma ideia de que em Portugal essa tendência seria acompanhada, o que encontrou deixou-a “bastante surpreendida pela positiva”. “A experiência que tive com a comunidade cá foi exactamente de uma comunidade próxima, querida. Foi uma experiência muito diferente do que esperava, porque sempre tive a ideia de algo muito fechado”, comenta.

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