China critica pressão dos EUA. Washington diz ao Expresso que são UE e NATO que querem afastar Huawei

31-10-2020
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“Coagir outros países a obedecer não é apenas um flagrante ato de assédio como uma rejeição clara dos princípios da economia de mercado defendida pelos Estados Unidos”, lê-se num comunicado enviado à agência Lusa. “Nenhuma nação com espírito independente se associará a essa campanha.”

O Governo chinês criticou, esta segunda-feira, a pressão exercida pelos Estados Unidos da América contra a presença de firmas chinesas nas redes de telecomunicações 5G, em particular a Huawei.

A reação de Washington não tardou. “São a NATO e a União Europeia os principais incentivos a que Portugal adira à Rede Limpa, em nome da sua própria segurança nacional”, afirmou ao Expresso Keith Krach, subsecretário de Estado americano para a Economia, Energia e Ambiente. Trabalha na Administração Trump sob a tutela do secretário de Estado Mike Pompeo, equivalente a ministro dos Negócios Estrangeiros. Krach reconhece, ainda assim: “Claro que os Estados Unidos também gostam que assim seja, em nome da Aliança Transatlântica”.

Krach esteve em Lisboa no início de outubro, pouco depois de o embaixador dos Estados Unidos em Portugal ter exortado o país a “escolher agora” entre Pequim e o aliado transatlântico. George Glass fez estas declarações duratwnte uma entrevista ao Expresso que suscitou reações do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e do ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.

Para o subsecretário de Estado, a Huawei é “uma ferramenta do Estado de vigilância do Partido Comunista Chinês [PCC]”. O embaixador Glass acusou a firma tecnológica de ter “planos de longo prazo para acumular influência malévola através da economia, da política ou por outros meios”. Krach afirmou em Lisboa que os Estados Unidos respeitam “o direito de cada país a decidir”, mas repete que nem a NATO nem a UE querem alianças fraturadas.

Pequim recorda aliança estratégica

“Acreditamos que todos os países manterão posições justas e objetivas e farão escolhas independentes consoante os seus interesses, os interesses em comum com outros países e a tendência de desenvolvimento da Humanidade”, escreve o Governo chinês, que evoca o investimento feito em Portugal nos últimos anos e a parceria estratégica bilateral.

Krach pega nos “interesses em comum com outros países” para recordar o seu périplo recente por oito estados europeus e a concordância do vice-secretário-geral da NATO, Mircea Geoana, com os receios da Casa Branca. A Aliança Atlântica, alertou, “só tem tanta força como o seu elo mais fraco”, repetindo palavras ditas na residência oficial de Glass na capital portuguesa. Refere também o empenho do comissário europeu do Mercado Interno, Thierry Breton, em que os 27 se alinhem com a Rede Limpa.

“É fundamental, em tempos de paz e guerra, garantir que a infraestrutura civil de 5G dos países da NATO seja segura, evitando uma situação em que alguns membros da NATO possam ser fornecedores limpos e fiáveis de 5G e outros, fornecedores de alto risco”, afirma Krach ao Expresso esta segunda-feira, frisando que Geoana lhe garantiu que 25 dos 30 membros da Aliança Atlântica se comprometeram com a Rede Limpa auspiciada por Washington.

Ecos de Guerra Fria

No âmbito de uma guerra comercial em curso, que alguns comparam à Guerra Fria com a União Soviética, a Administração Trump colocou 70 empresas chinesas numa lista negra que lhes trava o acesso a tecnologia americana. Nos últimos meses as tensões entre embarcações chinesas e americanas no Mar do Sul da China vão-se agravando e os gestos de simpatia de Washington para com Taiwan, com visitas diplomáticas de alto nível à ilha que a China considera parte do seu território, irritam Pequim.

A estratégia de segurança económica americana passa por exigir que qualquer fornecedor tecnológico às redes de comunicações 5G seja “fiável”, leia-se, não-chinês. Isto aplica-se tanto ao core das redes, isto é, centro do sistema, como ao que se conhece por edge, ou periferia (antenas e distribuição de sinal). “Esteja no centro ou na rede, está dentro do sistema”, explicou Glass na entrevista.

Krach assegura agora ao Expresso que “o impulso à Rede Limpa está a acelerar” e deseja ver mais países “unirem-se à maré que vai subindo para proteger os nossos dados do estado de vigilância do PCC e da Grande Firewall da China, onde os dados entram mais não saem e, reciprocamente, a propaganda sai mas a verdade não entra”. Promete aos aliados que Estados Unidos e demais países estarão “unidos a enfrentar a retaliação do PCC”.

“Coagir outros países a obedecer não é apenas um flagrante ato de assédio como uma rejeição clara dos princípios da economia de mercado defendida pelos Estados Unidos”, lê-se num comunicado enviado à agência Lusa. “Nenhuma nação com espírito independente se associará a essa campanha.”

O Governo chinês criticou, esta segunda-feira, a pressão exercida pelos Estados Unidos da América contra a presença de firmas chinesas nas redes de telecomunicações 5G, em particular a Huawei.

A reação de Washington não tardou. “São a NATO e a União Europeia os principais incentivos a que Portugal adira à Rede Limpa, em nome da sua própria segurança nacional”, afirmou ao Expresso Keith Krach, subsecretário de Estado americano para a Economia, Energia e Ambiente. Trabalha na Administração Trump sob a tutela do secretário de Estado Mike Pompeo, equivalente a ministro dos Negócios Estrangeiros. Krach reconhece, ainda assim: “Claro que os Estados Unidos também gostam que assim seja, em nome da Aliança Transatlântica”.

Krach esteve em Lisboa no início de outubro, pouco depois de o embaixador dos Estados Unidos em Portugal ter exortado o país a “escolher agora” entre Pequim e o aliado transatlântico. George Glass fez estas declarações duratwnte uma entrevista ao Expresso que suscitou reações do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e do ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.

Para o subsecretário de Estado, a Huawei é “uma ferramenta do Estado de vigilância do Partido Comunista Chinês [PCC]”. O embaixador Glass acusou a firma tecnológica de ter “planos de longo prazo para acumular influência malévola através da economia, da política ou por outros meios”. Krach afirmou em Lisboa que os Estados Unidos respeitam “o direito de cada país a decidir”, mas repete que nem a NATO nem a UE querem alianças fraturadas.

Pequim recorda aliança estratégica

“Acreditamos que todos os países manterão posições justas e objetivas e farão escolhas independentes consoante os seus interesses, os interesses em comum com outros países e a tendência de desenvolvimento da Humanidade”, escreve o Governo chinês, que evoca o investimento feito em Portugal nos últimos anos e a parceria estratégica bilateral.

Krach pega nos “interesses em comum com outros países” para recordar o seu périplo recente por oito estados europeus e a concordância do vice-secretário-geral da NATO, Mircea Geoana, com os receios da Casa Branca. A Aliança Atlântica, alertou, “só tem tanta força como o seu elo mais fraco”, repetindo palavras ditas na residência oficial de Glass na capital portuguesa. Refere também o empenho do comissário europeu do Mercado Interno, Thierry Breton, em que os 27 se alinhem com a Rede Limpa.

“É fundamental, em tempos de paz e guerra, garantir que a infraestrutura civil de 5G dos países da NATO seja segura, evitando uma situação em que alguns membros da NATO possam ser fornecedores limpos e fiáveis de 5G e outros, fornecedores de alto risco”, afirma Krach ao Expresso esta segunda-feira, frisando que Geoana lhe garantiu que 25 dos 30 membros da Aliança Atlântica se comprometeram com a Rede Limpa auspiciada por Washington.

Ecos de Guerra Fria

No âmbito de uma guerra comercial em curso, que alguns comparam à Guerra Fria com a União Soviética, a Administração Trump colocou 70 empresas chinesas numa lista negra que lhes trava o acesso a tecnologia americana. Nos últimos meses as tensões entre embarcações chinesas e americanas no Mar do Sul da China vão-se agravando e os gestos de simpatia de Washington para com Taiwan, com visitas diplomáticas de alto nível à ilha que a China considera parte do seu território, irritam Pequim.

A estratégia de segurança económica americana passa por exigir que qualquer fornecedor tecnológico às redes de comunicações 5G seja “fiável”, leia-se, não-chinês. Isto aplica-se tanto ao core das redes, isto é, centro do sistema, como ao que se conhece por edge, ou periferia (antenas e distribuição de sinal). “Esteja no centro ou na rede, está dentro do sistema”, explicou Glass na entrevista.

Krach assegura agora ao Expresso que “o impulso à Rede Limpa está a acelerar” e deseja ver mais países “unirem-se à maré que vai subindo para proteger os nossos dados do estado de vigilância do PCC e da Grande Firewall da China, onde os dados entram mais não saem e, reciprocamente, a propaganda sai mas a verdade não entra”. Promete aos aliados que Estados Unidos e demais países estarão “unidos a enfrentar a retaliação do PCC”.

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