11 de Abril de 2011

13-01-2020
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Abaixo transcrevi dois textos sobre o Portugal actual, que julguei interessantes. De Vasco da Graça Moura e de Manuel Maria Carrilho. O Fernando Florêncio (FF) e o comentador residente LL caíram-me em cima, em plena caixa de comentários, refutando a pertinência de citar, referir estes textos/autores, de com eles pensar (dialogar). Fiquei a matutar. E passados dias cedi. Têm razão.

Explico-me. Reproduzi os textos tanto pelo que trazem (VGM aponta bem o travesti ordinário que o PS está a fazer; MMC a tentar encontrar caminhos para o futuro - ainda que não seja particularmente iluminante) como pelo apreço que tenho pelos autores. Apesar deles-próprios ... Coisa de lhes ler os livros, cada um deles no seu registo, figuras importantes. VGM autor de relevo, grande humanista. MMC como professor, de uma área da qual sou leigo, na qual o leio com grande desvantagem e respeito (e nunca esquecendo uma grande análise da bacoquice do Portugal cavaquista, a pequena-Lisboa armada em fina dos anos 80s, quando escalpelizou no Expresso o insano pensar de Agostinho da Silva, que ninguém lia e todos aplaudiam, ícone dos tempos cavaquistas. Foi um artigo modelo do pensar crítico sobre o país).

Mas estávamos a falar do texto do FF, aquele o "que fazer?" florenciano, "Talvez uma nova república". Com efeito o actual descalabro português impele a repensar o futuro. Refundações desagradam-me, parece-me sempre conversa de mito. Mas reabilitações, reconstruções. Como pensar Portugal? Que modalidades institucionais, que articulações sociais, que legitimidades prosseguir. Que opções? Parece-me complicado, e se tivesse respostas ou propostas muito produtivas estaria a botá-las, também na ânsia do lucro - económico e/ou estatutário - com elas.

Mas algo me parece fundamental. A crise portuguesa (o único país da UE para o qual se prevê recessão em 2012) é profunda e explicita o falhanço do nosso projecto europeu, da condução da sociedade no último quarto de século. Urge mudar, reabilitar, reconstruir. Acima de tudo redireccionar. (Ou refundar, se se quiser ser mais histriónico). E em minha opinião isso terá que ser com outros locutores.

Cumpre-nos a nós, então, isso de redireccionar o país. Reabilitá-lo. Começando por recusar os velhos locutores, os "quadros" desta economia mediática, políticos explícitos ou não. Que divulgam mas também produzem e reproduzem o olhar português sobre Portugal, e portanto as práticas e estratégias vigentes. Chega. Cortar com eles, deixá-los a botar. Desprezá-los. Apesar de alguns talentos que tenham. Aliás, em particular diante dos talentos ocasionais que tenham. São os artífices da derrota.

Ouvir outros. Mesmo que não encantem. Porque isto não vai lá com encantos nem encantamentos. Um pluralíssimo adeus. No fundo o que todos os bloguistas sabem e fazem, uma mudança - uma limpeza radical - no rol d' elos.

jpt

Abaixo transcrevi dois textos sobre o Portugal actual, que julguei interessantes. De Vasco da Graça Moura e de Manuel Maria Carrilho. O Fernando Florêncio (FF) e o comentador residente LL caíram-me em cima, em plena caixa de comentários, refutando a pertinência de citar, referir estes textos/autores, de com eles pensar (dialogar). Fiquei a matutar. E passados dias cedi. Têm razão.

Explico-me. Reproduzi os textos tanto pelo que trazem (VGM aponta bem o travesti ordinário que o PS está a fazer; MMC a tentar encontrar caminhos para o futuro - ainda que não seja particularmente iluminante) como pelo apreço que tenho pelos autores. Apesar deles-próprios ... Coisa de lhes ler os livros, cada um deles no seu registo, figuras importantes. VGM autor de relevo, grande humanista. MMC como professor, de uma área da qual sou leigo, na qual o leio com grande desvantagem e respeito (e nunca esquecendo uma grande análise da bacoquice do Portugal cavaquista, a pequena-Lisboa armada em fina dos anos 80s, quando escalpelizou no Expresso o insano pensar de Agostinho da Silva, que ninguém lia e todos aplaudiam, ícone dos tempos cavaquistas. Foi um artigo modelo do pensar crítico sobre o país).

Mas estávamos a falar do texto do FF, aquele o "que fazer?" florenciano, "Talvez uma nova república". Com efeito o actual descalabro português impele a repensar o futuro. Refundações desagradam-me, parece-me sempre conversa de mito. Mas reabilitações, reconstruções. Como pensar Portugal? Que modalidades institucionais, que articulações sociais, que legitimidades prosseguir. Que opções? Parece-me complicado, e se tivesse respostas ou propostas muito produtivas estaria a botá-las, também na ânsia do lucro - económico e/ou estatutário - com elas.

Mas algo me parece fundamental. A crise portuguesa (o único país da UE para o qual se prevê recessão em 2012) é profunda e explicita o falhanço do nosso projecto europeu, da condução da sociedade no último quarto de século. Urge mudar, reabilitar, reconstruir. Acima de tudo redireccionar. (Ou refundar, se se quiser ser mais histriónico). E em minha opinião isso terá que ser com outros locutores.

Cumpre-nos a nós, então, isso de redireccionar o país. Reabilitá-lo. Começando por recusar os velhos locutores, os "quadros" desta economia mediática, políticos explícitos ou não. Que divulgam mas também produzem e reproduzem o olhar português sobre Portugal, e portanto as práticas e estratégias vigentes. Chega. Cortar com eles, deixá-los a botar. Desprezá-los. Apesar de alguns talentos que tenham. Aliás, em particular diante dos talentos ocasionais que tenham. São os artífices da derrota.

Ouvir outros. Mesmo que não encantem. Porque isto não vai lá com encantos nem encantamentos. Um pluralíssimo adeus. No fundo o que todos os bloguistas sabem e fazem, uma mudança - uma limpeza radical - no rol d' elos.

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