O visionário

17-11-2020
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Ouvi-o pela primeira vez há 45 anos. Tinha uma galhardia especial naquilo que defendia. Uma dicção miserável, mas uma mente brilhante que a boca e as palavras não conseguiam acompanhar. Cativou-me desde a primeira hora pela enorme vivacidade do seu olhar, pela imensa capacidade de ler o mundo e as sua contradições, pelo fino sentido de humor que equilibrava com a busca incessante da verdade e a consciência aguda que tinha da fragilidade humana.

Foi o primeiro a falar-me da natureza que eu sempre amei, da ecologia, do ambiente. Em palavras, às vezes atrapalhadas, mas no final cheias de sabedoria e à volta de coisas simples como os rios e a água que corre, a floresta mediterrânica ou, simplesmente, a destruição permanente desse Homem predador.

Fundou o único partido em que militei – o PPM –, e a ele, a Henrique Barrilaro Ruas, a João Vaz Serra, a Francisco Sousa Tavares, devo o essencial da minha formação monárquica e democrática.

O homem simples e livre que era Gonçalo Ribeiro Teles não vestia bem num grande partido – onde a lógica de poder primeiro nos inebria e depois nos enreda, nos compromete, nos corrompe. Gonçalo não era assim. Queria mesmo defender a coisa pública. Com a energia e vivacidade daqueles olhos, sempre iluminados.

Sejamos claros! O monarquismo de Ribeiro Teles era visto pelos seus pares, mesmo os da Aliança Democrática que lhe abriram as portas do poder, com a mesma bizarria com que todos o viam defender, apaixonadamente, o equilíbrio e a preservação do ambiente e do planeta em que vivemos.

Hoje todos lhe admiram a inteligência serena, o poder de antecipação, o homem visionário que ele foi.

Ouço António Costa dizer que só quebrou a disciplina de voto partidária para votar em Ribeiro Teles e sorrio pelo preconceito que o partido socialista, talvez com a exceção de Mário Soares, Manuel Alegre, José Luis Nunes, Sérgio Sousa Pinto e poucos mais, ajudou a instalar na sociedade portuguesa sobre a monarquia, o seu pretenso elitismo e a dúvida perturbadora da falta de vocação democrática do regime.

Como se a República não tivesse, por uma revolução violenta que começa no bárbaro assassinato do Chefe de Estado, todas as declinações tão perturbadoras dos primeiros 16 anos, em permanente guerra civil e constante violação dos direitos humanos, ou a leda e solitária ditadura de 48 anos que nos separou de quase tudo.

No final, preferiram tudo abraçar em nome de uma ética republicana que para além do romantismo dos seus fundadores, nunca verdadeiramente praticaram.

Vejo Marcelo decretar luto nacional e admiro-me por este Presidente excessivo em quase tudo, não sair de si próprio para resolver o problema da Fundação da Casa de Bragança a que presidiu e cuja história não dignifica os portugueses.

Vejo José Luis Carneiro, a propósito do Chega e dos Açores, falar do alvitre de se porem em causa os limites materiais da Constituição defendidos no artigo 288º e penso no tique fascista da sua alínea b) que impõe a forma republicana de regime, nunca sufragada pelos portugueses.

Como se as monarquias, mesmo a portuguesa quando violentamente derrubada, não fossem parlamentares, constitucionais e democráticas (?). Veja-se o nível de bem-estar social e cultural que proporcionam em Países tão antigos como Espanha e Inglaterra, ou tão democraticamente avançados como a Suécia, a Dinamarca e a Noruega, para falar apenas da Velha Europa de que somos parte.

E, finalmente, penso em Gonçalo Ribeiro Teles e no legado que nos deixa:

A defesa do Meio Ambiente que é a Casa de todos os Homens e a supremacia da Monarquia como forma de regime que qualifica a democracia e nos reconcilia com a história e a identidade.

Se hoje o primeiro é já consagrado como um desígnio e um valor intrínseco das sociedades modernas fico com a esperança, nesta hora de partida de um dos nossos Maiores que vingue a ideia que Gonçalo Ribeiro Teles sempre defendeu – das vantagens para Portugal de uma Monarquia que valorize e dignifique um sistema democrático, em acentuada crise de valores.

Ouvi-o pela primeira vez há 45 anos. Tinha uma galhardia especial naquilo que defendia. Uma dicção miserável, mas uma mente brilhante que a boca e as palavras não conseguiam acompanhar. Cativou-me desde a primeira hora pela enorme vivacidade do seu olhar, pela imensa capacidade de ler o mundo e as sua contradições, pelo fino sentido de humor que equilibrava com a busca incessante da verdade e a consciência aguda que tinha da fragilidade humana.

Foi o primeiro a falar-me da natureza que eu sempre amei, da ecologia, do ambiente. Em palavras, às vezes atrapalhadas, mas no final cheias de sabedoria e à volta de coisas simples como os rios e a água que corre, a floresta mediterrânica ou, simplesmente, a destruição permanente desse Homem predador.

Fundou o único partido em que militei – o PPM –, e a ele, a Henrique Barrilaro Ruas, a João Vaz Serra, a Francisco Sousa Tavares, devo o essencial da minha formação monárquica e democrática.

O homem simples e livre que era Gonçalo Ribeiro Teles não vestia bem num grande partido – onde a lógica de poder primeiro nos inebria e depois nos enreda, nos compromete, nos corrompe. Gonçalo não era assim. Queria mesmo defender a coisa pública. Com a energia e vivacidade daqueles olhos, sempre iluminados.

Sejamos claros! O monarquismo de Ribeiro Teles era visto pelos seus pares, mesmo os da Aliança Democrática que lhe abriram as portas do poder, com a mesma bizarria com que todos o viam defender, apaixonadamente, o equilíbrio e a preservação do ambiente e do planeta em que vivemos.

Hoje todos lhe admiram a inteligência serena, o poder de antecipação, o homem visionário que ele foi.

Ouço António Costa dizer que só quebrou a disciplina de voto partidária para votar em Ribeiro Teles e sorrio pelo preconceito que o partido socialista, talvez com a exceção de Mário Soares, Manuel Alegre, José Luis Nunes, Sérgio Sousa Pinto e poucos mais, ajudou a instalar na sociedade portuguesa sobre a monarquia, o seu pretenso elitismo e a dúvida perturbadora da falta de vocação democrática do regime.

Como se a República não tivesse, por uma revolução violenta que começa no bárbaro assassinato do Chefe de Estado, todas as declinações tão perturbadoras dos primeiros 16 anos, em permanente guerra civil e constante violação dos direitos humanos, ou a leda e solitária ditadura de 48 anos que nos separou de quase tudo.

No final, preferiram tudo abraçar em nome de uma ética republicana que para além do romantismo dos seus fundadores, nunca verdadeiramente praticaram.

Vejo Marcelo decretar luto nacional e admiro-me por este Presidente excessivo em quase tudo, não sair de si próprio para resolver o problema da Fundação da Casa de Bragança a que presidiu e cuja história não dignifica os portugueses.

Vejo José Luis Carneiro, a propósito do Chega e dos Açores, falar do alvitre de se porem em causa os limites materiais da Constituição defendidos no artigo 288º e penso no tique fascista da sua alínea b) que impõe a forma republicana de regime, nunca sufragada pelos portugueses.

Como se as monarquias, mesmo a portuguesa quando violentamente derrubada, não fossem parlamentares, constitucionais e democráticas (?). Veja-se o nível de bem-estar social e cultural que proporcionam em Países tão antigos como Espanha e Inglaterra, ou tão democraticamente avançados como a Suécia, a Dinamarca e a Noruega, para falar apenas da Velha Europa de que somos parte.

E, finalmente, penso em Gonçalo Ribeiro Teles e no legado que nos deixa:

A defesa do Meio Ambiente que é a Casa de todos os Homens e a supremacia da Monarquia como forma de regime que qualifica a democracia e nos reconcilia com a história e a identidade.

Se hoje o primeiro é já consagrado como um desígnio e um valor intrínseco das sociedades modernas fico com a esperança, nesta hora de partida de um dos nossos Maiores que vingue a ideia que Gonçalo Ribeiro Teles sempre defendeu – das vantagens para Portugal de uma Monarquia que valorize e dignifique um sistema democrático, em acentuada crise de valores.

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