André Oliveira: Os "Mundos em Segunda Mão" de Zograf

21-12-2019
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Durante anos, estivesse a trabalhar numa agência de
comunicação ou no The Lisbon Studio, fazia sempre duas viagens de carro, ao princípio
e ao final do dia. Acabavam por ser uma espécie de exercício de meditação. Procurava
colocar as ideias em ordem e algumas vezes posso dizer que esse ensaio se
revelou proveitoso. No entanto, nos últimos tempos, uma mudança no percurso
profissional fez com que desse mais jeito fazer essas mesmas viagens de
comboio. E aí, é justo dizer-se, abriu-se um novo leque de possibilidades.

A leitura de banda desenhada tornou-se mais presente, mais
intensa, parte do meu dia-a-dia. E um certo voyeurismo
também, pois é comum levantar os olhos do livro por uns segundos e observar
os edifícios, os carros, as pessoas que estão à janela ou passeiam à beira-rio.
São pequenos momentos de cultura e pesquisa, que posso dizer que quase
encontram a fusão perfeita nos dois volumes Mundos em Segunda Mão do autor de BD sérvio Aleksandar Zograf.

Apesar de já por cá andar há alguns anos (esteve presente no
Salão Lisboa em 2003 e duas vezes no Festival da Amadora), só agora tomei
contacto com parte da sua obra (shame on me!), e fiquei fã. Sou um curioso por
natureza e tenho especial predilecção por transportar-me para realidades distantes
da minha, sejam elas reais ou não. A verdade é que nestes livros, e através de
episódios curtos, Zograf ilustra um passado histórico e pictórico que me interessa
muitíssimo, seja a recordar episódios de guerra, os bombardeamentos na sua
cidade natal, a apresentar os "tesouros" que invariavelmente descobre
em feiras de rua ou a contar episódios de infância, passados no seu país, que
me parece tão parecido e tão diferente do meu.

Zograf conhece o património da sua região e explora-o como
quer. Descobre-o como bem entende, tomando-nos como cúmplices e parceiros de
viagem. Sem seguir regras, sem se preocupar com estereótipos ou ideias
pré-concebidas. Este é o seu universo e a sua mensagem, expostos aos nossos
olhos de maneira livre e autêntica.

Onde quer que se viva, o mundo é um lugar estranho.

É uma pena que tantos não o vejam como tal.

Durante anos, estivesse a trabalhar numa agência de
comunicação ou no The Lisbon Studio, fazia sempre duas viagens de carro, ao princípio
e ao final do dia. Acabavam por ser uma espécie de exercício de meditação. Procurava
colocar as ideias em ordem e algumas vezes posso dizer que esse ensaio se
revelou proveitoso. No entanto, nos últimos tempos, uma mudança no percurso
profissional fez com que desse mais jeito fazer essas mesmas viagens de
comboio. E aí, é justo dizer-se, abriu-se um novo leque de possibilidades.

A leitura de banda desenhada tornou-se mais presente, mais
intensa, parte do meu dia-a-dia. E um certo voyeurismo
também, pois é comum levantar os olhos do livro por uns segundos e observar
os edifícios, os carros, as pessoas que estão à janela ou passeiam à beira-rio.
São pequenos momentos de cultura e pesquisa, que posso dizer que quase
encontram a fusão perfeita nos dois volumes Mundos em Segunda Mão do autor de BD sérvio Aleksandar Zograf.

Apesar de já por cá andar há alguns anos (esteve presente no
Salão Lisboa em 2003 e duas vezes no Festival da Amadora), só agora tomei
contacto com parte da sua obra (shame on me!), e fiquei fã. Sou um curioso por
natureza e tenho especial predilecção por transportar-me para realidades distantes
da minha, sejam elas reais ou não. A verdade é que nestes livros, e através de
episódios curtos, Zograf ilustra um passado histórico e pictórico que me interessa
muitíssimo, seja a recordar episódios de guerra, os bombardeamentos na sua
cidade natal, a apresentar os "tesouros" que invariavelmente descobre
em feiras de rua ou a contar episódios de infância, passados no seu país, que
me parece tão parecido e tão diferente do meu.

Zograf conhece o património da sua região e explora-o como
quer. Descobre-o como bem entende, tomando-nos como cúmplices e parceiros de
viagem. Sem seguir regras, sem se preocupar com estereótipos ou ideias
pré-concebidas. Este é o seu universo e a sua mensagem, expostos aos nossos
olhos de maneira livre e autêntica.

Onde quer que se viva, o mundo é um lugar estranho.

É uma pena que tantos não o vejam como tal.

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