Poesia Portuguesa: Escrita

24-06-2020
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Pintura de Susan Rios Na folha lisa e escorreita,O lápis afiado e porfiadorElabora percursos mansosEm sinuosas ruas que se espraiam.Escrever é desagrilhoarO pó da memória em vão acumuladoE gritar,E dizer alto,Que revolta nos acomoda o peito,Que afago nos acaricia a alma.Escrever é arrojar o Futuro.Ao alcance de um artigo,De um pronome,De um verbo.Verbo é “criar”,O início de tudo,A sedição,A ociosidade das palavras.Tresfolgo a escritaDe um trago.Acre, por vezes,Libertador, sempre.O ar está abarrotado de palavras.As mais infalíveis estão, contudo,Em bolsos de pequenas crianças,De mãos rosadas e roliças,Que as retiram em movimentos loquazesE as levam à boca como rebuçadosInspiradores da candura da infância.Tu, Criança,És quem melhor descreve o mundo,Porque és a vagem verde viçosaDe uma aurora que não distingue nuvens.(Poema de Filipe Lamas in Tretas & Letras)


Pintura de Susan Rios Na folha lisa e escorreita,O lápis afiado e porfiadorElabora percursos mansosEm sinuosas ruas que se espraiam.Escrever é desagrilhoarO pó da memória em vão acumuladoE gritar,E dizer alto,Que revolta nos acomoda o peito,Que afago nos acaricia a alma.Escrever é arrojar o Futuro.Ao alcance de um artigo,De um pronome,De um verbo.Verbo é “criar”,O início de tudo,A sedição,A ociosidade das palavras.Tresfolgo a escritaDe um trago.Acre, por vezes,Libertador, sempre.O ar está abarrotado de palavras.As mais infalíveis estão, contudo,Em bolsos de pequenas crianças,De mãos rosadas e roliças,Que as retiram em movimentos loquazesE as levam à boca como rebuçadosInspiradores da candura da infância.Tu, Criança,És quem melhor descreve o mundo,Porque és a vagem verde viçosaDe uma aurora que não distingue nuvens.(Poema de Filipe Lamas in Tretas & Letras)

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