Quando o verniz estala. Guião para um Orçamento em apuros

21-10-2020
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Bom dia.

A voz é crispada, os gestos acentuam o tom.

“Se não existir um Orçamento, o Governo pode apresentar outro. Mas que irresponsabilidade é esta de deitar a toalha ao chão, o que é isso? É bom sermos sérios.

A frase é de Catarina Martins perante uma pergunta que remetia para o cenário de um Orçamento chumbado e de um Governo a gerir duodécimos, como sugeriu António Costa.

“Mas agora, de cada vez que o PS não negoceia acha que a esquerda se junta à direita? É este tipo de raciocínio, o que é isto? Isto é inaceitável em democracia”.

A coordenadora do Bloco respondia, no Observador, às palavras da entrevista da véspera na TVI onde o primeiro-ministro apontou culpas diretas à esquerda em caso de chumbo.

O discurso, feito horas antes das negociações que voltaram a colocar o BE e o Governo frente a frente, é o retrato mais transparente do ponto em que têm estado as conversas entre os dois partidos. O PS não cede, na perspetiva do Bloco, que precisa de trunfos que possam justificar um voto que permita viabilizar o documento.

O peso de cada palavra e de cada frase no discurso do Bloco contrasta com o quase silêncio total do PCP, que entretanto já voltou a estar reunido com o Governo. Fica apenas o recado de João Oliveira, que também não gostou do passar de culpas de António Costa e para quem “chantagear ou pressionar” não comove nem influencia a tomada de decisão do PCP.

Para o Governo, o único sinal positivo admitido publicamente nas negociações veio do PAN que acredita ter detetado novos sinais de abertura, ainda assim, sem muito entusiasmo.

Ainda falta um episódio para contar este enredo que se prolongou por umas horas e esse surgiu pela mão do PS, que não quis deixar a líder do Bloco sem resposta. Ana Catarina Mendes deitou imediatamente por terra a ideia de um novo Orçamento e não hesitou ao apontar a “irresponsabilidade” do BE. Uma guerra de palavras (ora falas tu, ora respondo eu) reveladora das diversas posições à esquerda já com a meta do Orçamento à vista.

E se PCP e BE ainda acreditam que o texto pode passar sem a intervenção de ambos, é melhor pensar de novo. À direita, o PSD, que ainda não formalizou o sentido de voto, está a horas de o fazer. Rui Rio prometeu para as jornadas parlamentares a revelação da decisão social democrata e a intenção já está traçada.

Esta quarta-feira havemos de perceber o que deram afinal as conversas entre BE e Governo. Estamos a uma semana da votação do Orçamento do Estado na generalidade.

Bom dia.

A voz é crispada, os gestos acentuam o tom.

“Se não existir um Orçamento, o Governo pode apresentar outro. Mas que irresponsabilidade é esta de deitar a toalha ao chão, o que é isso? É bom sermos sérios.

A frase é de Catarina Martins perante uma pergunta que remetia para o cenário de um Orçamento chumbado e de um Governo a gerir duodécimos, como sugeriu António Costa.

“Mas agora, de cada vez que o PS não negoceia acha que a esquerda se junta à direita? É este tipo de raciocínio, o que é isto? Isto é inaceitável em democracia”.

A coordenadora do Bloco respondia, no Observador, às palavras da entrevista da véspera na TVI onde o primeiro-ministro apontou culpas diretas à esquerda em caso de chumbo.

O discurso, feito horas antes das negociações que voltaram a colocar o BE e o Governo frente a frente, é o retrato mais transparente do ponto em que têm estado as conversas entre os dois partidos. O PS não cede, na perspetiva do Bloco, que precisa de trunfos que possam justificar um voto que permita viabilizar o documento.

O peso de cada palavra e de cada frase no discurso do Bloco contrasta com o quase silêncio total do PCP, que entretanto já voltou a estar reunido com o Governo. Fica apenas o recado de João Oliveira, que também não gostou do passar de culpas de António Costa e para quem “chantagear ou pressionar” não comove nem influencia a tomada de decisão do PCP.

Para o Governo, o único sinal positivo admitido publicamente nas negociações veio do PAN que acredita ter detetado novos sinais de abertura, ainda assim, sem muito entusiasmo.

Ainda falta um episódio para contar este enredo que se prolongou por umas horas e esse surgiu pela mão do PS, que não quis deixar a líder do Bloco sem resposta. Ana Catarina Mendes deitou imediatamente por terra a ideia de um novo Orçamento e não hesitou ao apontar a “irresponsabilidade” do BE. Uma guerra de palavras (ora falas tu, ora respondo eu) reveladora das diversas posições à esquerda já com a meta do Orçamento à vista.

E se PCP e BE ainda acreditam que o texto pode passar sem a intervenção de ambos, é melhor pensar de novo. À direita, o PSD, que ainda não formalizou o sentido de voto, está a horas de o fazer. Rui Rio prometeu para as jornadas parlamentares a revelação da decisão social democrata e a intenção já está traçada.

Esta quarta-feira havemos de perceber o que deram afinal as conversas entre BE e Governo. Estamos a uma semana da votação do Orçamento do Estado na generalidade.

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