Dias Loureiro renuncia ao Conselho de Estado

30-09-2020
marcar artigo

Em entrevista ao "Jornal da Noite" da SIC, o ex-dirigente do PSD Manuel Dias Loureiro disse que apresentou hoje a sua demissão do cargo de conselheiro de Estado ao Presidente da República e que escreveu ao procurador-geral da República para ser ouvido no caso BPN.

Clique para aceder ao índice do DOSSIÊ CASO BPN

Dias Loureiro explicou que pediu para abandonar o cargo de conselheiro de Estado para provar que não se estava a esconder atrás daquelas funções.

"Estava a deixar-se passar a ideia de que ser do Conselho de Estado era uma protecção para mim e eu quero provar que não é nenhuma protecção", afirmou hoje o antigo administrador da Sociedade Lusa de Negócios.

"Em face de não haver nenhum pedido de nenhuma autoridade judicial para ser ouvido no âmbito do inquérito ao BPN, eu comuniquei ao Presidente da República que depois de sete meses a ouvir tipos, notícias nos jornais, me achava no direito de pedir ao senhor procurador-geral da República para ser ouvido, nas instâncias que fazem este inquérito judicial", explicou.

A altura escolhida para pedir a demissão do cargo surge, segundo Dias Loureiro, porque começou a ser veiculado há "15 dias, três semanas" que teria entrado no Conselho de Estado um pedido para ser ouvido pelas autoridades, algo que negou.

"Não há nenhum pedido no Conselho de Estado para que eu seja ouvido", esclareceu.

"Foi o timing que eu escolhi porque acho que se está a passar a ideia de que o Conselho de Estado me pode proteger de alguma coisa. Eu não tenho nada que temer, não estou acusado de nada, eu sei que não cometi nenhuma irregularidade", afirmou Dias Loureiro. "Sei aquilo que fiz, sei que não fiz nada ilegal", acrescentou.

Dias Loureiro recusou comentar as declarações do antigo presidente da SLN, Oliveira e Costa, durante a sua audição na Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso BPN e Supervisão Inerente. "Não vou comentar nada do que disse Oliveira e Costa, nunca falei sobre o seu carácter, nem vou falar sobre aquilo que ele disse ontem (terça-feira)", concluiu.

Cavaco confirma demissão mas garante que não interferiu

Cavaco Silva disse hoje que Dias Loureiro pediu a demissão do Conselho de Estado para ser ouvido "tão rapidamente quanto possível" pela Procuradoria-Geral da República.

"Recebi hoje ao início da tarde o dr. Dias Loureiro que me disse que, não existindo um pedido de levantamento de imunidade e desejando ser ouvido tão rapidamente quanto possível pela Procuradoria-Geral da República, apesar de considerar que não cometeu qualquer ilegalidade, tinha decidido renunciar ao cargo de conselheiro de Estado", afirmou o chefe de Estado, em declarações aos jornalistas, à margem da entrega do prémio SECIL de arquitectura em Lisboa.

Questionado sobre a sua influência na decisão de Dias Loureito, Cavaco Silva negou ter tido qualquer participação: "Não, foi ele que apresentou a sua renúncia".

PS "satisfeito" porque "democracia funcionou"

O PS disse hoje estar "satisfeito porque a democracia funcionou" com a saída de Dias Loureiro do Conselho de Estado mas rejeitou fazer uma avaliação "positiva ou negativa", remetendo essa tarefa para o próprio e o Presidente da República.

Em declarações aos jornalistas no Parlamento, o vice-presidente da bancada socialista Ricardo Rodrigues defendeu que a "demissão de Dias Loureiro e a sua aceitação por parte do Presidente da República é um acto que responsabiliza os próprios", mas disse que "tendo em conta o funcionamento da democracia é correcto que assim tenha acontecido".

Questionado se o PS ficou satisfeito com a saída de Manuel Dias Loureiro do Conselho de Estado, Ricardo Rodrigues repetiu: "Satisfeitos sim, porque a democracia funciona, mas achamos que essa posição compete a Dias Loureiro e ao Presidente da República".

"As instituições do Estado e um órgão como o Conselho de Estado deve ser prestigiado (...) assim parece que o que foi decidido é democrático, mas não queríamos comentar se é positivo ou negativo, não cabe aos partidos fazer essa avaliação", referiu o deputado socialista.

PSD: "Dias Loureiro teria ganho em tê-lo feito antes"

"Foi uma decisão pessoal, digna, que respeitamos e que dignifica o próprio e a instituição Conselho de Estado", disse hoje Paulo Rangel a propósito da demissão de Dias Loureiro do cargo de Conselheiro de Estado. Disse ainda considerar "que o próprio teria ganho em tê-lo feito antes".

O candidato do PSD às europeias, que se encontra no Algarve em campanha eleitoral, lembrou que ele próprio já se tinha pronunciado a favor de uma solução deste tipo por diversas vezes: "Tinha há muito tempo manifestado uma posição muito clara sobre isto que reiterei de cada vez que me perguntaram", vendo por isso "com naturalidade esta demissão".

Recorde-se que o candidato social-democrata já havia afirmado por diversas vezes que se estivesse na situação de Dias Loureiro se demitiria.

Rui Rio: "Acho muito bem que ele tenha tido essa atitude"

O presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, saudou hoje a renúncia de Dias Loureiro do Conselho de Estado, dizendo achar "muito bem" a atitude do antigo ministro dos governos de Cavaco Silva.

"Acho muito bem que ele tenha tido essa atitude", afirmou Rui Rio, que falava aos jornalistas à margem da cerimónia de abertura da 79ª Feira do Livro do Porto. "Tive essa notícia há cerca de um minuto, se se confirmar acho muito bem que ele tenha tido essa atitude", disse.

O autarca, que é também vice-presidente do PSD, rejeitou mais qualquer comentário sobre essa questão. "Estou aqui para falar sobre a Feira do Livro, sobre isso não quero dizer mais nada", afirmou.

Manuel Dias Loureiro comunicou hoje a Cavaco Silva a sua renúncia ao cargo de conselheiro de Estado, avançou a SIC-Notícias.

CDU: Ilda Figueiredo considera BPN "um caso de polícia"

A cabeça-de-lista da CDU ao Parlamento Europeu, Ilda Figueiredo, considerou hoje que o caso BPN é "um caso de polícia" que não pode ficar pela renúncia de Dias Loureiro ao Conselho de Estado.

Ilda Figueiredo, que falava aos jornalistas à margem de uma acção de rua no centro de Aveiro, considerou que "era óbvio que [Dias Loureiro] tinha que tirar as ilações da situação que se está a viver".

"Hoje o BPN é um caso de polícia e não pode ficar apenas pela demissão de Dias Loureiro", defendeu, acrescentando que "tem de ser esclarecido até ao fim" o envolvimento "dos diversos intervenientes e das responsabilidades várias".

Ilda Figueiredo sublinhou ainda que o Banco de Portugal não pode continua "a sonegar à Assembleia da República os documentos que foram solicitados pela comissão de inquérito, designadamente pelo PCP".

Instada a comentar qual será o sentimento de Cavaco Silva face à decisão, Ilda Figueiredo recordou que "Dias Loureiro era uma escolha pessoal dele".

Demissão "termina carreira política", diz politólogo António Costa Pinto

A renúncia de Dias Loureiro ao cargo de conselheiro de Estado vai "terminar a carreira política" do ex-administrador da SLN, afirmou à agência Lusa o politógo António Costa Pinto.

O investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa sublinha que a demissão de Dias Loureiro, associada ao caso BPN, "não terá consequências sobre a imagem do Presidente da República", mesmo tendo Dias Loureiro sido designado por Cavaco Silva.

No que refere ao efeito que a demissão de Dias Loureiro poderá ter no eleitorado português, António Costa Pinto acredita que "o efeito, a existir, já passou".

"Politicamente existirá sempre a suspeita sobre o que é verdade e mentira" naquilo que o politólogo define como um "escândalo empresarial".

Já o penalista Costa Andrade, contactado pela Lusa, não quis prestar qualquer declaração relativamente ao assunto, considerando apenas que "o Conselho de Estado é um órgão que estará sempre assegurado".

Miguel Portas: Dias Loureiro "foi-se embora, finalmente, ainda bem"

O cabeça-de-lista do BE às europeias, Miguel Portas, congratulou-se hoje com a saída de Dias Loureiro do Conselho de Estado, considerando que a posição do ex-ministro já era "insustentável" e "estava a passar todas as marcas".

"O primeiro comentário que merece é: finalmente, finalmente", afirmou Miguel Portas. Recordando que a sua insistência na terça-feira à noite para o Presidente da República falar publicamente sobre a situação devia-se ao facto do BE considerar a posição de Dias Loureiro "insustentável", Miguel Portas sublinhou que perante o acentuar das acusações do ex-presidente do BPN Oliveira e Costa sobre o ex-ministro ou o chefe de Estado "falava mesmo" ou então Dias Loureiro "tinha que se ir embora".

"A posição de Dias Loureiro era insustentável e ele estava a fazer tudo o que era possível para se aguentar no cargo. Nós há meses que vínhamos dizendo que a posição dele não era uma posição séria e idónea, Dias Loureiro está envolvido num caso bancário que já custou ao erário público, através da Caixa Geral de Depósitos, mil e quatrocentos milhões de euros e que é um caso de polícia", frisoú, em declarações aos jornalistas na Universidade do Minho, em Braga, no final de uma acção de campanha.

Por isso, insistiu, "um conselheiro de Estado nestas circunstâncias resistir ao seu próprio abandono desta instituição da República, era algo que estava a passar todas as marcas".

Bloco de Esquerda: Dias Loureiro não tinha outra opção

O Bloco de Esquerda (BE) considera que Dias Loureiro não tinha outra opção que não fosse renunciar ao Conselho de Estado e defende que a sua a manutenção no cargo "aprisionava o Presidente da República". "A confirmarem-se as notícias que dão como certo que o doutor Dias Loureiro teria tomado a iniciativa de renunciar ao cargo de conselheiro de Estado, eu quero reafirmar que não poderia ser de outra forma porque a sua manutenção no Conselho de Estado aprisionava o Presidente da República", afirmou aos jornalistas no Parlamento o líder do Bloco, Francisco Louçã, comentando a saída do antigo presidente da Sociedade Lusa de Negócios (SLN) daquele órgão consultivo do Chefe de Estado.

"O primeiro comentário essa notícia me merece é: finalmente, finalmente!", disse, por seu turno, Miguel Portas, recordando que a sua insistência na terça-feira à noite para o Presidente da República falar publicamente sobre a situação devia-se ao facto do Bloco de Esquerda considerar a posição de Dias Loureiro "insustentável".

"A posição de Dias Loureiro era insustentável e ele estava a fazer tudo o que era possível para se aguentar no cargo. Nós há meses que vínhamos dizendo que a posição dele não era uma posição séria e idónea, Dias Loureiro está envolvido num caso bancário que já custou ao erário público, através da Caixa Geral de Depósitos, 1.400 milhões de euros e que é um caso de Polícia", frisou, em declarações aos jornalistas na Universidade do Minho, em Braga, no final de uma acção de campanha.

Manuel Alegre: "Fez o que entendeu que devia fazer"

Quanto a Manuel Alegre, o conselheiro de Estado disse ao Expresso não ter por hábito fazer comentários sobre os assuntos do Conselho de Estado ou sobre os próprios conselheiros. "É matéria reservada e sobre as quais não me pronuncio. Era um problema do próprio Dr. Dias Loureiro e do Presidente. O Dr. Dias Loureiro fez o que entendeu que devia fazer", concluiu.

CDS-PP insiste na demissão de Vítor Constâncio

Para o CDS-PP, ao renunciar ao Conselho de Estado Dias Loureiro "fez o que já devia ter feito" e reiterou que devido às "falhas" no caso BPN também Vítor Constâncio devia "assumir a sua responsabilidade e sair".

Em declarações aos jornalistas no Parlamento, o deputado democrata-cristão Pedro Mota Soares foi taxativo quanto à alegada renúncia do conselheiro de Estado: "O doutor Dias Loureiro fez finalmente aquilo que já devia ter feito e que o CDS já tinha pedido".

"Dias Loureiro saiu assumindo as suas responsabilidades, mas há outras pessoas que ainda não assumiram as suas, já é bastante evidente para toda a gente que o Banco de Portugal e o seu governador falharam redondamente neste processo e por isso mesmo esta comissão parlamentar ainda não acabou os seus trabalhos", declarou Pedro Mota Soares.

Questionado pelos jornalistas sobre se exigia a demissão de Vítor Constâncio, Mota Soares afirmou que "é claro para todos que Banco de Portugal falhou" e que como tal "o governador do Banco de Portugal devia assumir a sua responsabilidade e sair".

"O que aconteceu no BPN já podia ter tido uma intervenção do Banco de Portugal e ela não existiu e isto está a custar muito caro ao contribuinte, por isso mesmo todas as pessoas que estiveram directa ou indirectamente com responsabilidades vão ter de as assumir até ao fim", acrescentou.

PCP diz que é o "desfecho lógico"

Para o PCP a demissão de Dias Loureiro do Conselho de Estado é o "desfecho lógico tendo em conta os novos elementos que vieram a lume" com a audição de Oliveira e Costa.

"Era um desfecho mais ou menos inevitável", afirmou o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, aos jornalistas no Parlamento, instado a comentar a demissão de Manuel Dias Loureiro do órgão consultivo do Presidente da República.

No entanto, o deputado comunista fez questão de separar a demissão de Dias Loureiro do caso BPN e do "processo de investigação e de apuramento da verdade" que deve continuar e considerou que o Banco de Portugal pode estar a cometer "um crime de desobediência claro" por não fornecer "elementos importantes à comissão de inquérito".

"Creio que esta posição de Dias Loureiro está clara e arrumada, mas que o caso BPN não se confunda com este desfecho, cremos que o processo de investigação e de apuramento da verdade deve continuar, a comissão deve ter um empenhamento muito grande para que a verdade seja apurada", referiu Jerónimo de Sousa.

Em entrevista ao "Jornal da Noite" da SIC, o ex-dirigente do PSD Manuel Dias Loureiro disse que apresentou hoje a sua demissão do cargo de conselheiro de Estado ao Presidente da República e que escreveu ao procurador-geral da República para ser ouvido no caso BPN.

Clique para aceder ao índice do DOSSIÊ CASO BPN

Dias Loureiro explicou que pediu para abandonar o cargo de conselheiro de Estado para provar que não se estava a esconder atrás daquelas funções.

"Estava a deixar-se passar a ideia de que ser do Conselho de Estado era uma protecção para mim e eu quero provar que não é nenhuma protecção", afirmou hoje o antigo administrador da Sociedade Lusa de Negócios.

"Em face de não haver nenhum pedido de nenhuma autoridade judicial para ser ouvido no âmbito do inquérito ao BPN, eu comuniquei ao Presidente da República que depois de sete meses a ouvir tipos, notícias nos jornais, me achava no direito de pedir ao senhor procurador-geral da República para ser ouvido, nas instâncias que fazem este inquérito judicial", explicou.

A altura escolhida para pedir a demissão do cargo surge, segundo Dias Loureiro, porque começou a ser veiculado há "15 dias, três semanas" que teria entrado no Conselho de Estado um pedido para ser ouvido pelas autoridades, algo que negou.

"Não há nenhum pedido no Conselho de Estado para que eu seja ouvido", esclareceu.

"Foi o timing que eu escolhi porque acho que se está a passar a ideia de que o Conselho de Estado me pode proteger de alguma coisa. Eu não tenho nada que temer, não estou acusado de nada, eu sei que não cometi nenhuma irregularidade", afirmou Dias Loureiro. "Sei aquilo que fiz, sei que não fiz nada ilegal", acrescentou.

Dias Loureiro recusou comentar as declarações do antigo presidente da SLN, Oliveira e Costa, durante a sua audição na Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso BPN e Supervisão Inerente. "Não vou comentar nada do que disse Oliveira e Costa, nunca falei sobre o seu carácter, nem vou falar sobre aquilo que ele disse ontem (terça-feira)", concluiu.

Cavaco confirma demissão mas garante que não interferiu

Cavaco Silva disse hoje que Dias Loureiro pediu a demissão do Conselho de Estado para ser ouvido "tão rapidamente quanto possível" pela Procuradoria-Geral da República.

"Recebi hoje ao início da tarde o dr. Dias Loureiro que me disse que, não existindo um pedido de levantamento de imunidade e desejando ser ouvido tão rapidamente quanto possível pela Procuradoria-Geral da República, apesar de considerar que não cometeu qualquer ilegalidade, tinha decidido renunciar ao cargo de conselheiro de Estado", afirmou o chefe de Estado, em declarações aos jornalistas, à margem da entrega do prémio SECIL de arquitectura em Lisboa.

Questionado sobre a sua influência na decisão de Dias Loureito, Cavaco Silva negou ter tido qualquer participação: "Não, foi ele que apresentou a sua renúncia".

PS "satisfeito" porque "democracia funcionou"

O PS disse hoje estar "satisfeito porque a democracia funcionou" com a saída de Dias Loureiro do Conselho de Estado mas rejeitou fazer uma avaliação "positiva ou negativa", remetendo essa tarefa para o próprio e o Presidente da República.

Em declarações aos jornalistas no Parlamento, o vice-presidente da bancada socialista Ricardo Rodrigues defendeu que a "demissão de Dias Loureiro e a sua aceitação por parte do Presidente da República é um acto que responsabiliza os próprios", mas disse que "tendo em conta o funcionamento da democracia é correcto que assim tenha acontecido".

Questionado se o PS ficou satisfeito com a saída de Manuel Dias Loureiro do Conselho de Estado, Ricardo Rodrigues repetiu: "Satisfeitos sim, porque a democracia funciona, mas achamos que essa posição compete a Dias Loureiro e ao Presidente da República".

"As instituições do Estado e um órgão como o Conselho de Estado deve ser prestigiado (...) assim parece que o que foi decidido é democrático, mas não queríamos comentar se é positivo ou negativo, não cabe aos partidos fazer essa avaliação", referiu o deputado socialista.

PSD: "Dias Loureiro teria ganho em tê-lo feito antes"

"Foi uma decisão pessoal, digna, que respeitamos e que dignifica o próprio e a instituição Conselho de Estado", disse hoje Paulo Rangel a propósito da demissão de Dias Loureiro do cargo de Conselheiro de Estado. Disse ainda considerar "que o próprio teria ganho em tê-lo feito antes".

O candidato do PSD às europeias, que se encontra no Algarve em campanha eleitoral, lembrou que ele próprio já se tinha pronunciado a favor de uma solução deste tipo por diversas vezes: "Tinha há muito tempo manifestado uma posição muito clara sobre isto que reiterei de cada vez que me perguntaram", vendo por isso "com naturalidade esta demissão".

Recorde-se que o candidato social-democrata já havia afirmado por diversas vezes que se estivesse na situação de Dias Loureiro se demitiria.

Rui Rio: "Acho muito bem que ele tenha tido essa atitude"

O presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, saudou hoje a renúncia de Dias Loureiro do Conselho de Estado, dizendo achar "muito bem" a atitude do antigo ministro dos governos de Cavaco Silva.

"Acho muito bem que ele tenha tido essa atitude", afirmou Rui Rio, que falava aos jornalistas à margem da cerimónia de abertura da 79ª Feira do Livro do Porto. "Tive essa notícia há cerca de um minuto, se se confirmar acho muito bem que ele tenha tido essa atitude", disse.

O autarca, que é também vice-presidente do PSD, rejeitou mais qualquer comentário sobre essa questão. "Estou aqui para falar sobre a Feira do Livro, sobre isso não quero dizer mais nada", afirmou.

Manuel Dias Loureiro comunicou hoje a Cavaco Silva a sua renúncia ao cargo de conselheiro de Estado, avançou a SIC-Notícias.

CDU: Ilda Figueiredo considera BPN "um caso de polícia"

A cabeça-de-lista da CDU ao Parlamento Europeu, Ilda Figueiredo, considerou hoje que o caso BPN é "um caso de polícia" que não pode ficar pela renúncia de Dias Loureiro ao Conselho de Estado.

Ilda Figueiredo, que falava aos jornalistas à margem de uma acção de rua no centro de Aveiro, considerou que "era óbvio que [Dias Loureiro] tinha que tirar as ilações da situação que se está a viver".

"Hoje o BPN é um caso de polícia e não pode ficar apenas pela demissão de Dias Loureiro", defendeu, acrescentando que "tem de ser esclarecido até ao fim" o envolvimento "dos diversos intervenientes e das responsabilidades várias".

Ilda Figueiredo sublinhou ainda que o Banco de Portugal não pode continua "a sonegar à Assembleia da República os documentos que foram solicitados pela comissão de inquérito, designadamente pelo PCP".

Instada a comentar qual será o sentimento de Cavaco Silva face à decisão, Ilda Figueiredo recordou que "Dias Loureiro era uma escolha pessoal dele".

Demissão "termina carreira política", diz politólogo António Costa Pinto

A renúncia de Dias Loureiro ao cargo de conselheiro de Estado vai "terminar a carreira política" do ex-administrador da SLN, afirmou à agência Lusa o politógo António Costa Pinto.

O investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa sublinha que a demissão de Dias Loureiro, associada ao caso BPN, "não terá consequências sobre a imagem do Presidente da República", mesmo tendo Dias Loureiro sido designado por Cavaco Silva.

No que refere ao efeito que a demissão de Dias Loureiro poderá ter no eleitorado português, António Costa Pinto acredita que "o efeito, a existir, já passou".

"Politicamente existirá sempre a suspeita sobre o que é verdade e mentira" naquilo que o politólogo define como um "escândalo empresarial".

Já o penalista Costa Andrade, contactado pela Lusa, não quis prestar qualquer declaração relativamente ao assunto, considerando apenas que "o Conselho de Estado é um órgão que estará sempre assegurado".

Miguel Portas: Dias Loureiro "foi-se embora, finalmente, ainda bem"

O cabeça-de-lista do BE às europeias, Miguel Portas, congratulou-se hoje com a saída de Dias Loureiro do Conselho de Estado, considerando que a posição do ex-ministro já era "insustentável" e "estava a passar todas as marcas".

"O primeiro comentário que merece é: finalmente, finalmente", afirmou Miguel Portas. Recordando que a sua insistência na terça-feira à noite para o Presidente da República falar publicamente sobre a situação devia-se ao facto do BE considerar a posição de Dias Loureiro "insustentável", Miguel Portas sublinhou que perante o acentuar das acusações do ex-presidente do BPN Oliveira e Costa sobre o ex-ministro ou o chefe de Estado "falava mesmo" ou então Dias Loureiro "tinha que se ir embora".

"A posição de Dias Loureiro era insustentável e ele estava a fazer tudo o que era possível para se aguentar no cargo. Nós há meses que vínhamos dizendo que a posição dele não era uma posição séria e idónea, Dias Loureiro está envolvido num caso bancário que já custou ao erário público, através da Caixa Geral de Depósitos, mil e quatrocentos milhões de euros e que é um caso de polícia", frisoú, em declarações aos jornalistas na Universidade do Minho, em Braga, no final de uma acção de campanha.

Por isso, insistiu, "um conselheiro de Estado nestas circunstâncias resistir ao seu próprio abandono desta instituição da República, era algo que estava a passar todas as marcas".

Bloco de Esquerda: Dias Loureiro não tinha outra opção

O Bloco de Esquerda (BE) considera que Dias Loureiro não tinha outra opção que não fosse renunciar ao Conselho de Estado e defende que a sua a manutenção no cargo "aprisionava o Presidente da República". "A confirmarem-se as notícias que dão como certo que o doutor Dias Loureiro teria tomado a iniciativa de renunciar ao cargo de conselheiro de Estado, eu quero reafirmar que não poderia ser de outra forma porque a sua manutenção no Conselho de Estado aprisionava o Presidente da República", afirmou aos jornalistas no Parlamento o líder do Bloco, Francisco Louçã, comentando a saída do antigo presidente da Sociedade Lusa de Negócios (SLN) daquele órgão consultivo do Chefe de Estado.

"O primeiro comentário essa notícia me merece é: finalmente, finalmente!", disse, por seu turno, Miguel Portas, recordando que a sua insistência na terça-feira à noite para o Presidente da República falar publicamente sobre a situação devia-se ao facto do Bloco de Esquerda considerar a posição de Dias Loureiro "insustentável".

"A posição de Dias Loureiro era insustentável e ele estava a fazer tudo o que era possível para se aguentar no cargo. Nós há meses que vínhamos dizendo que a posição dele não era uma posição séria e idónea, Dias Loureiro está envolvido num caso bancário que já custou ao erário público, através da Caixa Geral de Depósitos, 1.400 milhões de euros e que é um caso de Polícia", frisou, em declarações aos jornalistas na Universidade do Minho, em Braga, no final de uma acção de campanha.

Manuel Alegre: "Fez o que entendeu que devia fazer"

Quanto a Manuel Alegre, o conselheiro de Estado disse ao Expresso não ter por hábito fazer comentários sobre os assuntos do Conselho de Estado ou sobre os próprios conselheiros. "É matéria reservada e sobre as quais não me pronuncio. Era um problema do próprio Dr. Dias Loureiro e do Presidente. O Dr. Dias Loureiro fez o que entendeu que devia fazer", concluiu.

CDS-PP insiste na demissão de Vítor Constâncio

Para o CDS-PP, ao renunciar ao Conselho de Estado Dias Loureiro "fez o que já devia ter feito" e reiterou que devido às "falhas" no caso BPN também Vítor Constâncio devia "assumir a sua responsabilidade e sair".

Em declarações aos jornalistas no Parlamento, o deputado democrata-cristão Pedro Mota Soares foi taxativo quanto à alegada renúncia do conselheiro de Estado: "O doutor Dias Loureiro fez finalmente aquilo que já devia ter feito e que o CDS já tinha pedido".

"Dias Loureiro saiu assumindo as suas responsabilidades, mas há outras pessoas que ainda não assumiram as suas, já é bastante evidente para toda a gente que o Banco de Portugal e o seu governador falharam redondamente neste processo e por isso mesmo esta comissão parlamentar ainda não acabou os seus trabalhos", declarou Pedro Mota Soares.

Questionado pelos jornalistas sobre se exigia a demissão de Vítor Constâncio, Mota Soares afirmou que "é claro para todos que Banco de Portugal falhou" e que como tal "o governador do Banco de Portugal devia assumir a sua responsabilidade e sair".

"O que aconteceu no BPN já podia ter tido uma intervenção do Banco de Portugal e ela não existiu e isto está a custar muito caro ao contribuinte, por isso mesmo todas as pessoas que estiveram directa ou indirectamente com responsabilidades vão ter de as assumir até ao fim", acrescentou.

PCP diz que é o "desfecho lógico"

Para o PCP a demissão de Dias Loureiro do Conselho de Estado é o "desfecho lógico tendo em conta os novos elementos que vieram a lume" com a audição de Oliveira e Costa.

"Era um desfecho mais ou menos inevitável", afirmou o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, aos jornalistas no Parlamento, instado a comentar a demissão de Manuel Dias Loureiro do órgão consultivo do Presidente da República.

No entanto, o deputado comunista fez questão de separar a demissão de Dias Loureiro do caso BPN e do "processo de investigação e de apuramento da verdade" que deve continuar e considerou que o Banco de Portugal pode estar a cometer "um crime de desobediência claro" por não fornecer "elementos importantes à comissão de inquérito".

"Creio que esta posição de Dias Loureiro está clara e arrumada, mas que o caso BPN não se confunda com este desfecho, cremos que o processo de investigação e de apuramento da verdade deve continuar, a comissão deve ter um empenhamento muito grande para que a verdade seja apurada", referiu Jerónimo de Sousa.

marcar artigo