Fado Falado: Pós-Autárquicas V e último, uff...

01-09-2020
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Na generalidade dos países ocidentais, os chamados órgãos de comunicação social, em particular os jornais, tomam posição nas eleições. E fora do tempo eleitoral, assumem uma determinada tendência. Ir, por exemplo, a Espanha e optar entre comprar o El País ou comprar o El Mundo não deixa de ser uma atitude política.Por cá, não. Os jornais, as rádios, as TVs são todos "independentes". Claro que não são tanto assim e uma pessoa atenta acaba por notar algumas diferenças na abordagem de determinados assuntos. Mesmo em temáticas não políticas. Por exemplo, o caso Casa Pia de Lisboa: na SIC, vemos a linha da defesa. Na TVI, a da acusação.No plano mais estritamente político e partidário, a tendência por cá é a de manter um certo distanciamento, uma atitude plurarista. Que até é, normalmente, conseguida.Não acontece muito em Portugal o fenómeno do órgão A tender para as posições do partido X e do órgão B alinhar pelas posições do partido Y. Mas dá-se outro fenómeno: em determinadas situações, em certos momentos, a comunicação social alinha, mais ou menos em bloco, mais por um lado ou mais contra um outro. Não por conluio ou conspiração, mas numa reacção motivada, às vezes, por mera embirração e que tem um efeito mimético. É assim que alguns - políticos, partidos, instiuições, clubes, ministros, deputados - têm boa imprensa e outros má imprensa. Ou têm fases de uma e fases de outra.No futebol, por exemplo, o Futebol Clube do Porto tem habitulmente má imprensa. Assim, na TV ou n'A Bola uma agressão de um jogador do Benfica ou do Sporting é, enquanto a agressão de um jogador do Porto éNa recente campanha das Autárquicas, também houve casos evidentes.Manuel Maria Carrilho teve má imprensa. Carmona Rodrigues beneficiou disso, mas boa imprensa teve, claramente, Maria José Nogueira Pinto.No Porto, Rui Rio teve má imprensa. Teve sempre, ao longo de quatro anos, embora tenha boa imprensa em Lisboa. Francisco Assis teve boa imprensa na parte final da campanha e Rui Sá teve e tem sempre boa imprensa.Todos os candidatos arguidos tiveram má imprensa. Mais má imprensa Ferreira Torres e Fátima Felgueiras do que Valentim Loureiro e Isaltino Morais. Em Gondomar, não me parece que alguém tenha beneficiado de boa imprensa, mas, em Oeiras, Teresa Zambujo beneficiou largamente de boa imprensa.O Bloco de Esquerda tem sempre boa imprensa e nesta campanha isso foi mais do que evidente. O PCP não tem tido boa imprensa, mas a afabilidade de Jerónimo de Sousa parece estar a dar frutos...Pode haver sempre quem discorde, claro, mas julgo que esta breve avalição que faço será mais ou menos consensual. Sendo-o, pode concluir-se que o posicionamento da imprensa não é, contudo, determinante. Há ganhadores com má imprensa e perdedores com boa imprensa.De que serviu a Teresa Zambujo ter boa imprensa?E a má imprensa não será um factor galvanizador para Rui Rio como o é para o Futebol Clube do Porto?...

Na generalidade dos países ocidentais, os chamados órgãos de comunicação social, em particular os jornais, tomam posição nas eleições. E fora do tempo eleitoral, assumem uma determinada tendência. Ir, por exemplo, a Espanha e optar entre comprar o El País ou comprar o El Mundo não deixa de ser uma atitude política.Por cá, não. Os jornais, as rádios, as TVs são todos "independentes". Claro que não são tanto assim e uma pessoa atenta acaba por notar algumas diferenças na abordagem de determinados assuntos. Mesmo em temáticas não políticas. Por exemplo, o caso Casa Pia de Lisboa: na SIC, vemos a linha da defesa. Na TVI, a da acusação.No plano mais estritamente político e partidário, a tendência por cá é a de manter um certo distanciamento, uma atitude plurarista. Que até é, normalmente, conseguida.Não acontece muito em Portugal o fenómeno do órgão A tender para as posições do partido X e do órgão B alinhar pelas posições do partido Y. Mas dá-se outro fenómeno: em determinadas situações, em certos momentos, a comunicação social alinha, mais ou menos em bloco, mais por um lado ou mais contra um outro. Não por conluio ou conspiração, mas numa reacção motivada, às vezes, por mera embirração e que tem um efeito mimético. É assim que alguns - políticos, partidos, instiuições, clubes, ministros, deputados - têm boa imprensa e outros má imprensa. Ou têm fases de uma e fases de outra.No futebol, por exemplo, o Futebol Clube do Porto tem habitulmente má imprensa. Assim, na TV ou n'A Bola uma agressão de um jogador do Benfica ou do Sporting é, enquanto a agressão de um jogador do Porto éNa recente campanha das Autárquicas, também houve casos evidentes.Manuel Maria Carrilho teve má imprensa. Carmona Rodrigues beneficiou disso, mas boa imprensa teve, claramente, Maria José Nogueira Pinto.No Porto, Rui Rio teve má imprensa. Teve sempre, ao longo de quatro anos, embora tenha boa imprensa em Lisboa. Francisco Assis teve boa imprensa na parte final da campanha e Rui Sá teve e tem sempre boa imprensa.Todos os candidatos arguidos tiveram má imprensa. Mais má imprensa Ferreira Torres e Fátima Felgueiras do que Valentim Loureiro e Isaltino Morais. Em Gondomar, não me parece que alguém tenha beneficiado de boa imprensa, mas, em Oeiras, Teresa Zambujo beneficiou largamente de boa imprensa.O Bloco de Esquerda tem sempre boa imprensa e nesta campanha isso foi mais do que evidente. O PCP não tem tido boa imprensa, mas a afabilidade de Jerónimo de Sousa parece estar a dar frutos...Pode haver sempre quem discorde, claro, mas julgo que esta breve avalição que faço será mais ou menos consensual. Sendo-o, pode concluir-se que o posicionamento da imprensa não é, contudo, determinante. Há ganhadores com má imprensa e perdedores com boa imprensa.De que serviu a Teresa Zambujo ter boa imprensa?E a má imprensa não será um factor galvanizador para Rui Rio como o é para o Futebol Clube do Porto?...

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