Costa devia chamar Rio para vice primeiro-ministro. E devia fazê-lo já

21-09-2020
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Com a pandemia a acertar em cheio na forma como vivemos, duas preocupações centrais ocupam o noticiário em torno da covid 19: as questões de saúde e os problemas económicos e sociais.

As questões de saúde foram as primeiras a dominar atenções e são as mais urgentes e dramáticas até porque impactam na vida humana. O que fazer para evitar o alastrar do vírus, como cuidar dos que ficam doentes, como evitar que os que estão saudáveis fiquem doentes, quando teremos uma vacina, usar ou não máscara, já chegaram os ventiladores prometidos, etc...

Seguem-se as questões económicas e sociais: o mundo entra numa recessão grave, a pior das nossas vidas, a recuperação pode não ser em V, imediata, ser bastante mais dura e demorar bastante mais tempo, como conseguem os Estados adoptar medidas de recuperação, o que faz ou não faz a União Europeia.

Aliás, sobre este ponto, bastar ter visto ontem (https://expresso.pt/coronavirus/2020-04-13-Covid-19.-Centeno-Acho-que-nao-vamos-chegar-a-uma-queda-do-PIB-de-dois-digitos-este-ano) as palavras de Mário Centeno para perceber como estamos no meio de um verdadeiro filme de terror. Estamos perante a maior queda do PIB de sempre. E provavelmente o mesmo acontece em todo o planeta.

No meio do furacão, tendemos, é compreensível, a olhar pouco para a política.

Sendo normal, talvez seja um erro.

Não são poucos os alertas que nos têm surgido sobre o risco que a atual crise pode representar para as democracias. As medidas restritivas de direitos, liberdades e garantias espalham-se pelo planeta. E nalguns locais, como na Hungria de Órban, são já usadas para congelar a democracia por tempo indefinido.

Ao mesmo tempo, e com o que já sabemos sobre a covid 19, percebemos como com o tempo é muito provável que a pressão sobre os governos democráticos venha a aumentar. A contestação está nesta altura confinada, mas com o cansaço acumulado ela vai surgir e quebrar os consensos que ainda existem.

Isto exige que se olhe para a política de outra forma.

Por cá, é público e notório que António Costa tem contado com o apoio tácito do PSD de Rui Rio. E que Presidente da República e primeiro-ministro têm remado no mesmo sentido (ainda que com pequenas e normais nuances). Esse apoio é hoje essencial, mas provavelmente vai sê-lo ainda mais num futuro não muito longínquo.

Alguém acredita que não vem aí austeridade, tenha ela o nome que tiver? Que uma queda de seis ou dez por cento do que produzimos num ano não se vai refletir nas nossas vidas? Que o desemprego não vai subir e muito?Não se sai deste buraco sem dor.

Vai doer e muito e não é com um governo de minoria no Parlamento que lá vamos. É preciso garantir a governabilidade. É mesmo imperativo.

António Costa vai gerindo as coisas como pode. Até considero excelente a forma como tem liderado o país nestes meses. Mas o Governo, e o país, teriam muito a ganhar se convidasse já Rui Rio para integrar o Executivo como seu número dois.

Não será à esquerda que se vão encontrar condições para governar nos próximos anos.

Ainda este fim de semana, Catarina Martins acusava Mário Centeno de alinhar com os interesses da Alemanha. Com o agudizar da crise as clivagens partidárias vão acabar por cavar um fosso.

Terá agora Costa tempo e disponibilidade para pensar nisso? Tem de o fazer. A recuperação vai ser dura e difícil. E seria trágico que a essas dificuldades se somassem crises ou instabilidade políticas.

A Legislatura começada em 2019 vai ser um período de emergência. Quatro anos de sufoco e nervos de aço.

É melhor garantir desde já que até 2021, ou 2022 ou mesmo 2023 há uma plataforma de consenso. E sim, chamar-lhe governo de salvação nacional, porque é disso mesmo que se trata.

Não olhar já para o problema é não ter percebido bem o que aí vem.

Com a pandemia a acertar em cheio na forma como vivemos, duas preocupações centrais ocupam o noticiário em torno da covid 19: as questões de saúde e os problemas económicos e sociais.

As questões de saúde foram as primeiras a dominar atenções e são as mais urgentes e dramáticas até porque impactam na vida humana. O que fazer para evitar o alastrar do vírus, como cuidar dos que ficam doentes, como evitar que os que estão saudáveis fiquem doentes, quando teremos uma vacina, usar ou não máscara, já chegaram os ventiladores prometidos, etc...

Seguem-se as questões económicas e sociais: o mundo entra numa recessão grave, a pior das nossas vidas, a recuperação pode não ser em V, imediata, ser bastante mais dura e demorar bastante mais tempo, como conseguem os Estados adoptar medidas de recuperação, o que faz ou não faz a União Europeia.

Aliás, sobre este ponto, bastar ter visto ontem (https://expresso.pt/coronavirus/2020-04-13-Covid-19.-Centeno-Acho-que-nao-vamos-chegar-a-uma-queda-do-PIB-de-dois-digitos-este-ano) as palavras de Mário Centeno para perceber como estamos no meio de um verdadeiro filme de terror. Estamos perante a maior queda do PIB de sempre. E provavelmente o mesmo acontece em todo o planeta.

No meio do furacão, tendemos, é compreensível, a olhar pouco para a política.

Sendo normal, talvez seja um erro.

Não são poucos os alertas que nos têm surgido sobre o risco que a atual crise pode representar para as democracias. As medidas restritivas de direitos, liberdades e garantias espalham-se pelo planeta. E nalguns locais, como na Hungria de Órban, são já usadas para congelar a democracia por tempo indefinido.

Ao mesmo tempo, e com o que já sabemos sobre a covid 19, percebemos como com o tempo é muito provável que a pressão sobre os governos democráticos venha a aumentar. A contestação está nesta altura confinada, mas com o cansaço acumulado ela vai surgir e quebrar os consensos que ainda existem.

Isto exige que se olhe para a política de outra forma.

Por cá, é público e notório que António Costa tem contado com o apoio tácito do PSD de Rui Rio. E que Presidente da República e primeiro-ministro têm remado no mesmo sentido (ainda que com pequenas e normais nuances). Esse apoio é hoje essencial, mas provavelmente vai sê-lo ainda mais num futuro não muito longínquo.

Alguém acredita que não vem aí austeridade, tenha ela o nome que tiver? Que uma queda de seis ou dez por cento do que produzimos num ano não se vai refletir nas nossas vidas? Que o desemprego não vai subir e muito?Não se sai deste buraco sem dor.

Vai doer e muito e não é com um governo de minoria no Parlamento que lá vamos. É preciso garantir a governabilidade. É mesmo imperativo.

António Costa vai gerindo as coisas como pode. Até considero excelente a forma como tem liderado o país nestes meses. Mas o Governo, e o país, teriam muito a ganhar se convidasse já Rui Rio para integrar o Executivo como seu número dois.

Não será à esquerda que se vão encontrar condições para governar nos próximos anos.

Ainda este fim de semana, Catarina Martins acusava Mário Centeno de alinhar com os interesses da Alemanha. Com o agudizar da crise as clivagens partidárias vão acabar por cavar um fosso.

Terá agora Costa tempo e disponibilidade para pensar nisso? Tem de o fazer. A recuperação vai ser dura e difícil. E seria trágico que a essas dificuldades se somassem crises ou instabilidade políticas.

A Legislatura começada em 2019 vai ser um período de emergência. Quatro anos de sufoco e nervos de aço.

É melhor garantir desde já que até 2021, ou 2022 ou mesmo 2023 há uma plataforma de consenso. E sim, chamar-lhe governo de salvação nacional, porque é disso mesmo que se trata.

Não olhar já para o problema é não ter percebido bem o que aí vem.

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