Tancos. Ministério Público investiga ex-diretor da PJ

05-11-2019
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Almeida Rodrigues, ex-diretor Nacional da Polícia Judiciária, está a ser investigado pelo Ministério Público por suspeitas de violação do segredo de justiça no caso de Tancos. Em causa está a presunção de que antigo responsável tenha passado informações ao ex-diretor da PJ Militar, o coronel Luís Vieira, avançou, o Diário de Notícias. Desde o início deste ano que foram extraídas novas certidões referentes ao processo em causa, que deram início a um inquérito-crime contra Almeida Rodrigues. Para além do ex-diretor da PJ, o Ministério Público também estará a investigar a procuradora do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) Cândida Vilar, as procuradoras do Algarve Helena Miguel e Isabel Nascimento e mais militares.

O nome de Almeida Rodrigues surgiu numa conversa telefónica em que estavam a ser escutados dois dos acusados, Vasco Brazão e Pinto da Costa. Nesta conversa dizem que o então diretor da PJ teria avisado o coronel Luís Vieira de que a Unidade Nacional de Combate ao Terrorismo da PJ estava a investigá-los.

Já em 2018, em declarações ao SOL, o ex-diretor Nacional da Polícia Judiciária negou ter dado qualquer aviso. “Falei apenas uma vez com Luís Vieira na qualidade de Diretor Nacional da PJ para o Diretor Geral da PJ Militar, no sentido de ser cumprido o despacho da Procuradoria-Geral da República, segundo o qual a PJM devia coadjuvar a PJ na investigação sobre Tancos. Foi uma conversa institucional numa cerimónia oficial, a comemoração dos 700 anos da Marinha, a 12 de dezembro. Nessa altura, admito que tenha dito: ‘Convosco ou sem vocês, vamos investigar isto até ao fim”, explicou.

Barbosa Ribeiro recusa-se a falar

Ainda sobre Tancos, Tiago Barbosa Ribeiro negou-se, ontem, a fazer qualquer comentário sobre o SMS que terá recebido do ex-ministro da Defesa - acusado pelo Ministério Público dos crimes de denegação de justiça e prevaricação no processo em causa.

O dirigente socialista, que falava com os jornalistas, à margem de uma ação de campanha em Gaia, esclareceu que não tinha “nada a dizer” sobre o caso, pois não tinha nada a acrescentar: “O que conheço sobre esse processo é aquilo que tem vindo a ser veiculado pela comunicação social. É um processo que não me diz diretamente respeito”, concluiu. Contudo, continuando a ser pressionado pelos jornalistas sobre questões relacionadas com Tancos, o deputado, que se recandidata ao Parlamento pelo círculo do Porto, avançou que não tinha sido “contactado” ou “ouvido” por “nenhuma autoridade”.

Sócrates ataca MP

José Sócrates considerou, num artigo de opinião no Expresso, que a “apresentação judicial de Tancos tem uma evidente e ilegítima motivação política”. O ex-primeiro-ministro socialista condenou o Ministério Público por divulgar a acusação “no meio da campanha eleitoral” e acusou o organismo público de truques e de julgar “nos jornais e nas televisões”.

Sócrates defendeu que o SMS a Barbosa Ribeiro nada prova, pois o que Azeredo Lopes diz na mensagem é “que já sabia da recuperação das armas e não que sabia da forma ilegal como elas foram recuperadas”.

O antigo líder do PS, acusado de mais de 30 crimes no âmbito da Operação Marquês, deixou ainda elogios e críticas a Rui Rio e António Costa. Ao líder social-democrata enalteceu o facto de o dirigente ter protagonizado “o momento mais singular de toda a campanha afirmando com coragem que a democracia não convive com julgamentos de tabacaria”, durante um duelo na televisão contra António Costa. Contudo, lamentou que Rio não tenha conseguido manter, com Tancos, o seu princípio de recusa da “justiça na praça pública”. A Costa condenou a “esmeradíssima prudência” que teve ao tratar o processo de Tancos “como assunto de intendência — isso é lá com a justiça”, mas referiu como positivo ter declarado, depois, que que a “condenação pública antes de qualquer julgamento” é “vergonhosa”.

Sócrates termina o artigo ligando a Operação Marquês a Tancos: “Eis no que nos tornámos : em 2005, foi o Freeport; em 2009, as escutas de Belém; em 2014, a operação marquês, agora foi Tancos que se seguiu à espetacular operação de buscas e apreensões a propósito de um concurso de golas para uso em incêndios e que juntou duzentos polícias, vários procuradores e o juiz do costume. Tudo isto, evidentemente, devidamente coberto pelas televisões, avisadas com antecedência”.

Tancos não sai da campanha

Depois da acusação de Azeredo Lopes ter marcado a primeira semana oficial de campanha para as legislativas, no fim de semana ficou claro que Tancos não vai ficar de fora dos últimos dias antes da corrida às urnas.

Após um passeio de bicicleta nos passadiços de Aveiro, Assunção Cristas garantiu, ontem, aos jornalistas que o CDS considera “o tema de Tancos muito relevante” e que vai “continuar a trazê-lo” para o debate público.

A líder centrista foi especialmente confrontada com o processo, este domingo, tendo em conta que no dia anterior, revelou, durante um jantar-comício em Albergaria-a-Velha, que lhe tinham enviado mensagens a alertá-la para o “preço político” de falar no processo de Tancos, depois de ter pedido explicações ao primeiro-ministro.

Aos jornalistas, Cristas não quis identificar quem lhe tinha enviado os referidos avisos ou o conteúdo dos mesmos: “Isso há muitas mensagens que andam por aí por todo lado. O que é importante é que cada partido possa dizer o que acha mais relevante”, esclareceu a dirigente. Cristas fechou o assunto deixando claro que “não estava a falar de ninguém em concreto” e que apenas quis salientar que ninguém define o que o CDS pode ou não dizer: “Aquilo que eu sinalizei foi que nós não aceitamos que nos digam o que devemos ou não dizer em campanha eleitoral direta ou indiretamente por ninguém. Nós fazemos as nossas escolhas”, justificou.

O PSD também não esqueceu o caso: “O PS pede muito que o PSD os poupe relativamente a Tancos e nem sequer fale nisso, e depois são eles próprios que vêm com Tancos para a agenda do dia, isso significa que há ali um desnorte no PS mas eu mantenho-me naturalmente no meu rumo”, frisou, ontem, o presidente do PSD, Rui Rio, durante uma ação de contacto com a população em Buarcos, em distrito de Coimbra.

[Notícia corrigida, depois de um contacto de Almeida Rodrigues referindo que não foi o próprio o alvo da escuta]

Almeida Rodrigues, ex-diretor Nacional da Polícia Judiciária, está a ser investigado pelo Ministério Público por suspeitas de violação do segredo de justiça no caso de Tancos. Em causa está a presunção de que antigo responsável tenha passado informações ao ex-diretor da PJ Militar, o coronel Luís Vieira, avançou, o Diário de Notícias. Desde o início deste ano que foram extraídas novas certidões referentes ao processo em causa, que deram início a um inquérito-crime contra Almeida Rodrigues. Para além do ex-diretor da PJ, o Ministério Público também estará a investigar a procuradora do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) Cândida Vilar, as procuradoras do Algarve Helena Miguel e Isabel Nascimento e mais militares.

O nome de Almeida Rodrigues surgiu numa conversa telefónica em que estavam a ser escutados dois dos acusados, Vasco Brazão e Pinto da Costa. Nesta conversa dizem que o então diretor da PJ teria avisado o coronel Luís Vieira de que a Unidade Nacional de Combate ao Terrorismo da PJ estava a investigá-los.

Já em 2018, em declarações ao SOL, o ex-diretor Nacional da Polícia Judiciária negou ter dado qualquer aviso. “Falei apenas uma vez com Luís Vieira na qualidade de Diretor Nacional da PJ para o Diretor Geral da PJ Militar, no sentido de ser cumprido o despacho da Procuradoria-Geral da República, segundo o qual a PJM devia coadjuvar a PJ na investigação sobre Tancos. Foi uma conversa institucional numa cerimónia oficial, a comemoração dos 700 anos da Marinha, a 12 de dezembro. Nessa altura, admito que tenha dito: ‘Convosco ou sem vocês, vamos investigar isto até ao fim”, explicou.

Barbosa Ribeiro recusa-se a falar

Ainda sobre Tancos, Tiago Barbosa Ribeiro negou-se, ontem, a fazer qualquer comentário sobre o SMS que terá recebido do ex-ministro da Defesa - acusado pelo Ministério Público dos crimes de denegação de justiça e prevaricação no processo em causa.

O dirigente socialista, que falava com os jornalistas, à margem de uma ação de campanha em Gaia, esclareceu que não tinha “nada a dizer” sobre o caso, pois não tinha nada a acrescentar: “O que conheço sobre esse processo é aquilo que tem vindo a ser veiculado pela comunicação social. É um processo que não me diz diretamente respeito”, concluiu. Contudo, continuando a ser pressionado pelos jornalistas sobre questões relacionadas com Tancos, o deputado, que se recandidata ao Parlamento pelo círculo do Porto, avançou que não tinha sido “contactado” ou “ouvido” por “nenhuma autoridade”.

Sócrates ataca MP

José Sócrates considerou, num artigo de opinião no Expresso, que a “apresentação judicial de Tancos tem uma evidente e ilegítima motivação política”. O ex-primeiro-ministro socialista condenou o Ministério Público por divulgar a acusação “no meio da campanha eleitoral” e acusou o organismo público de truques e de julgar “nos jornais e nas televisões”.

Sócrates defendeu que o SMS a Barbosa Ribeiro nada prova, pois o que Azeredo Lopes diz na mensagem é “que já sabia da recuperação das armas e não que sabia da forma ilegal como elas foram recuperadas”.

O antigo líder do PS, acusado de mais de 30 crimes no âmbito da Operação Marquês, deixou ainda elogios e críticas a Rui Rio e António Costa. Ao líder social-democrata enalteceu o facto de o dirigente ter protagonizado “o momento mais singular de toda a campanha afirmando com coragem que a democracia não convive com julgamentos de tabacaria”, durante um duelo na televisão contra António Costa. Contudo, lamentou que Rio não tenha conseguido manter, com Tancos, o seu princípio de recusa da “justiça na praça pública”. A Costa condenou a “esmeradíssima prudência” que teve ao tratar o processo de Tancos “como assunto de intendência — isso é lá com a justiça”, mas referiu como positivo ter declarado, depois, que que a “condenação pública antes de qualquer julgamento” é “vergonhosa”.

Sócrates termina o artigo ligando a Operação Marquês a Tancos: “Eis no que nos tornámos : em 2005, foi o Freeport; em 2009, as escutas de Belém; em 2014, a operação marquês, agora foi Tancos que se seguiu à espetacular operação de buscas e apreensões a propósito de um concurso de golas para uso em incêndios e que juntou duzentos polícias, vários procuradores e o juiz do costume. Tudo isto, evidentemente, devidamente coberto pelas televisões, avisadas com antecedência”.

Tancos não sai da campanha

Depois da acusação de Azeredo Lopes ter marcado a primeira semana oficial de campanha para as legislativas, no fim de semana ficou claro que Tancos não vai ficar de fora dos últimos dias antes da corrida às urnas.

Após um passeio de bicicleta nos passadiços de Aveiro, Assunção Cristas garantiu, ontem, aos jornalistas que o CDS considera “o tema de Tancos muito relevante” e que vai “continuar a trazê-lo” para o debate público.

A líder centrista foi especialmente confrontada com o processo, este domingo, tendo em conta que no dia anterior, revelou, durante um jantar-comício em Albergaria-a-Velha, que lhe tinham enviado mensagens a alertá-la para o “preço político” de falar no processo de Tancos, depois de ter pedido explicações ao primeiro-ministro.

Aos jornalistas, Cristas não quis identificar quem lhe tinha enviado os referidos avisos ou o conteúdo dos mesmos: “Isso há muitas mensagens que andam por aí por todo lado. O que é importante é que cada partido possa dizer o que acha mais relevante”, esclareceu a dirigente. Cristas fechou o assunto deixando claro que “não estava a falar de ninguém em concreto” e que apenas quis salientar que ninguém define o que o CDS pode ou não dizer: “Aquilo que eu sinalizei foi que nós não aceitamos que nos digam o que devemos ou não dizer em campanha eleitoral direta ou indiretamente por ninguém. Nós fazemos as nossas escolhas”, justificou.

O PSD também não esqueceu o caso: “O PS pede muito que o PSD os poupe relativamente a Tancos e nem sequer fale nisso, e depois são eles próprios que vêm com Tancos para a agenda do dia, isso significa que há ali um desnorte no PS mas eu mantenho-me naturalmente no meu rumo”, frisou, ontem, o presidente do PSD, Rui Rio, durante uma ação de contacto com a população em Buarcos, em distrito de Coimbra.

[Notícia corrigida, depois de um contacto de Almeida Rodrigues referindo que não foi o próprio o alvo da escuta]

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