JURAMENTO SEM BANDEIRA: Ainda a propósito do Primavera

01-09-2020
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«O cérebro emocional é um cérebro lento. Vem de há milhões de anos. É um cérebro que tem certas características de sistema neuronal, de mediador de estímulos, e que funciona numa escala relativamente lenta. É uma escala de segundos a, por vezes, minutos. O cérebro cognitivo funciona numa escala de centenas de milisegundos. Muito, muito rápido. Portanto, é perfeitamente possível para nós aprendermos muito rapidamente uma quantidade de factos, recolhermos uma quantidade de imagens e lembrarmo-nos delas, manipularmos essas imagens de uma forma inteligente. E, ao mesmo tempo, as emoções que deviam ser disparadas em relação a certos factos, em relação a certos acontecimentos, não conseguem ser disparadas porque não há tempo. Portanto, estamos a fazer uma separação, um divórcio completo entre estes dois cérebros, e isso, sim, isso pode ser muito perigoso.»Lembrando de novo o passado fim-de-semana em Barcelona, coisa frequente destes dias, em particular a última entrada da espécie de reportagem que publiquei na segunda-feira (ver mais abaixo), fui parar às palavras do neurologista António Damásio, que acima cito (e das quais já falei aqui e aqui) e ainda às do músico António Pinho Vargas (aqui). De facto, foi uma bela oportunidade para vermos dez, vinte ou trinta das bandas que mais gostamos. Vermos, ouvirmos e sentirmos dez, vinte ou trinta concertos essenciais nos tempos que correm. Mas, conseguimos verdadeiramente digerir aquilo que nos foi oferecido, quando não tivemos nem sequer um minuto de silêncio que fosse para deixarmos as emoções tomarem conta de nós, para, enfim, reflectirmos? É o inevitável trade-of entre concertos individuais e o conceito de festival como é o do Primavera Sound. Cada qual terá as suas vantagens e os seus inconvenientes. Uma coisa é certa, porém: são duas coisas muito, muito diferentes.


«O cérebro emocional é um cérebro lento. Vem de há milhões de anos. É um cérebro que tem certas características de sistema neuronal, de mediador de estímulos, e que funciona numa escala relativamente lenta. É uma escala de segundos a, por vezes, minutos. O cérebro cognitivo funciona numa escala de centenas de milisegundos. Muito, muito rápido. Portanto, é perfeitamente possível para nós aprendermos muito rapidamente uma quantidade de factos, recolhermos uma quantidade de imagens e lembrarmo-nos delas, manipularmos essas imagens de uma forma inteligente. E, ao mesmo tempo, as emoções que deviam ser disparadas em relação a certos factos, em relação a certos acontecimentos, não conseguem ser disparadas porque não há tempo. Portanto, estamos a fazer uma separação, um divórcio completo entre estes dois cérebros, e isso, sim, isso pode ser muito perigoso.»Lembrando de novo o passado fim-de-semana em Barcelona, coisa frequente destes dias, em particular a última entrada da espécie de reportagem que publiquei na segunda-feira (ver mais abaixo), fui parar às palavras do neurologista António Damásio, que acima cito (e das quais já falei aqui e aqui) e ainda às do músico António Pinho Vargas (aqui). De facto, foi uma bela oportunidade para vermos dez, vinte ou trinta das bandas que mais gostamos. Vermos, ouvirmos e sentirmos dez, vinte ou trinta concertos essenciais nos tempos que correm. Mas, conseguimos verdadeiramente digerir aquilo que nos foi oferecido, quando não tivemos nem sequer um minuto de silêncio que fosse para deixarmos as emoções tomarem conta de nós, para, enfim, reflectirmos? É o inevitável trade-of entre concertos individuais e o conceito de festival como é o do Primavera Sound. Cada qual terá as suas vantagens e os seus inconvenientes. Uma coisa é certa, porém: são duas coisas muito, muito diferentes.

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