blog de nutrição anti-modas e anti-fundamentalismos: Medicamento para emagrecer fora de controlo

06-12-2019
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Um estudo da Deco revela que os farmacêuticos não prestam os esclarecimentos devidos quanto à toma e aos efeitos secundários do Alli, um medicamento usado no tratamento da obesidadade que, desde o ano passado, passou a ser de venda livre.A Associação Nacional de Farmácias aguarda o conhecimento integral do estudo para tomar uma posição. Mas vai adiantando que tem realizado acções de formação junto dos farmacêuticos especialmente voltadas para a venda de medicamentos para emagrecer e para a necessidade de prestar todos os esclarecimentos.Duas colaboradoras da associação de defesa do consumidor deslocaram-se a 36 farmácias e 12 estabelecimentos autorizados a vender medicamentos, em Lisboa e no Porto, para comprar Alli. São magras e fora dos critérios previstos para a toma daquela comprimido.Só cinco recusasApenas em cinco locais lhes foi recusada a venda. Nos restantes, o medicamento foi disponibilizado. Ninguém lhes perguntou o peso ou a altura para calcular o índice da massa corporal (IMC). O Alli só é aconselhável para pessoas com um IMC 28 ou superior e as duas colaboradores têm um IMC de 21.Em 29 dos sítios visitados não foi feita qualquer pergunta sobre o estado de saúde das clientes, nem quanto à possibilidade de estarem a tomar outros medicamentos eventualmente incompatíveis com o Alli.Apenas 25 esclareceram quanto à forma correcta de tomar o medicamento e 11 sobre os efeitos secundários previstos.A Deco conclui que esta "falta de controlo na venda" pode levar a "situações de abuso". Os farmacêuticos, segundo a associação de consumidores, "não se revelam prestadores de saúde nem um filtro contra um uso incorrecto dos medicamentos". Um aspecto que a Deco considera dever "ser melhorado".Por outro lado, a associação defende que a venda do Alli sem receita médica "é um mau princípio". E pediu um parecer ao Infarmed sobre o risco de eventuais abusos, não obtendo, até agora, qualquer resposta. Apelou, então, à Agência Europeia do Medicamento "para rever os critérios que estão na base da autorização de venda de medicamentos sem receita médica".Fármaco só com dietaO Infarmed afirma, em declarações à Lusa, que "não há indícios que impeçam a venda sem receita médica", lembrando que a Agência Europeia do Medicamento "avaliou" o potencial risco de "sobredosagem" ou "má utilização", concluindo "não haver indícios que obstaculizem à sua dispensa directa ao público".O Infarmed apela, no entanto, a uma leitura atenta das informações que acompanham o medicamento e lembra que o mesmo só deve ser tomado em simultâneo com uma dieta de baixo teor calórico.Jácome de Castro, endocrinologista, sublinha que a obesidade deve ser tratada com acompanhamento médico, mas considera o Alli seguro. O médico questiona-se também sobre o porquê da "preocupação" com este medicamento em particular e não com outros, mas admite que a venda de medicamentos sem receita "é um problema geral da saúde em Portugal".Fonte: JN


Um estudo da Deco revela que os farmacêuticos não prestam os esclarecimentos devidos quanto à toma e aos efeitos secundários do Alli, um medicamento usado no tratamento da obesidadade que, desde o ano passado, passou a ser de venda livre.A Associação Nacional de Farmácias aguarda o conhecimento integral do estudo para tomar uma posição. Mas vai adiantando que tem realizado acções de formação junto dos farmacêuticos especialmente voltadas para a venda de medicamentos para emagrecer e para a necessidade de prestar todos os esclarecimentos.Duas colaboradoras da associação de defesa do consumidor deslocaram-se a 36 farmácias e 12 estabelecimentos autorizados a vender medicamentos, em Lisboa e no Porto, para comprar Alli. São magras e fora dos critérios previstos para a toma daquela comprimido.Só cinco recusasApenas em cinco locais lhes foi recusada a venda. Nos restantes, o medicamento foi disponibilizado. Ninguém lhes perguntou o peso ou a altura para calcular o índice da massa corporal (IMC). O Alli só é aconselhável para pessoas com um IMC 28 ou superior e as duas colaboradores têm um IMC de 21.Em 29 dos sítios visitados não foi feita qualquer pergunta sobre o estado de saúde das clientes, nem quanto à possibilidade de estarem a tomar outros medicamentos eventualmente incompatíveis com o Alli.Apenas 25 esclareceram quanto à forma correcta de tomar o medicamento e 11 sobre os efeitos secundários previstos.A Deco conclui que esta "falta de controlo na venda" pode levar a "situações de abuso". Os farmacêuticos, segundo a associação de consumidores, "não se revelam prestadores de saúde nem um filtro contra um uso incorrecto dos medicamentos". Um aspecto que a Deco considera dever "ser melhorado".Por outro lado, a associação defende que a venda do Alli sem receita médica "é um mau princípio". E pediu um parecer ao Infarmed sobre o risco de eventuais abusos, não obtendo, até agora, qualquer resposta. Apelou, então, à Agência Europeia do Medicamento "para rever os critérios que estão na base da autorização de venda de medicamentos sem receita médica".Fármaco só com dietaO Infarmed afirma, em declarações à Lusa, que "não há indícios que impeçam a venda sem receita médica", lembrando que a Agência Europeia do Medicamento "avaliou" o potencial risco de "sobredosagem" ou "má utilização", concluindo "não haver indícios que obstaculizem à sua dispensa directa ao público".O Infarmed apela, no entanto, a uma leitura atenta das informações que acompanham o medicamento e lembra que o mesmo só deve ser tomado em simultâneo com uma dieta de baixo teor calórico.Jácome de Castro, endocrinologista, sublinha que a obesidade deve ser tratada com acompanhamento médico, mas considera o Alli seguro. O médico questiona-se também sobre o porquê da "preocupação" com este medicamento em particular e não com outros, mas admite que a venda de medicamentos sem receita "é um problema geral da saúde em Portugal".Fonte: JN

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