Marcelo pressiona Rio a viabilizar o Orçamento, se esquerda falhar. "Por muito menos viabilizei três orçamentos"

30-09-2020
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Desta vez foi sem espinhas, direto ao assunto: Marcelo Rebelo de Sousa quer que António Costa vá bater à porta de Rui Rio se a esquerda falhar a viabilização do Orçamento do Estado, e que o PSD seja, nesse caso, o garante de estabilidade do Governo. Depois de ter deixado avisos à navegação ontem, num evento da Confederação Portuguesa dos Agricultores, em Lisboa, o Presidente da República explicou um dia depois o que quis dizer: com a crise pandémica a acelerar, com a crise económica a galopar, com os fundos de Bruxelas para gerir, com a presidência portuguesa da União Europeia a aproximar-se, e sobretudo numa altura em que o Presidente da República não pode dissolver a Assembleia da República, não é altura para uma crise política. Rio tem de estar lá, como Marcelo esteve lá para António Guterres a viabilizar orçamentos no processo de adesão de Portugal ao euro.

“Não me passa pela cabeça que o Orçamento seja chumbado. É o líder da oposição que… aliás, por muito menos do que isso eu viabilizei três orçamentos do primeiro-ministro António Guterres. E com o meu partido, uma parte dele sublevado, a não gostar nada, a protestar, com parte do eleitorado a protestar. É do bom senso meridiano”, disse falando aos jornalistas em Faro.

Em entrevista ao Expresso, no final de agosto, António Costa chegou a dizer que “no dia em que a subsistência [do Governo] depender do PSD, este Governo acabou”. Na altura, BE e PCP olharam para estas palavras do primeiro-ministro como um “ultimato” e uma “ameaça”, que não passava de dramatização de Costa para os pressionar. Em todo o caso, desde o dia 9 de setembro que Marcelo ficou impedido de dissolver a Assembleia da República e de convocar eleições antecipadas, mas haveria sempre a possibilidade de o Governo, não conseguindo entendimento à esquerda, continuar a governar com o orçamento em regime de duodécimos até chegar a entendimento para um novo Orçamento. Cenário com que Marcelo não quer nem sonhar.

Questionado sobre se é um conselho que está a dar a Rui Rio, Marcelo rejeita dizendo tratar-se apenas de “bom senso”. “Há um limite, penso eu, para aquilo que é próprio da democracia, que é a livre escolha dos partidos e dos políticos, e esse limite é simples: é estarmos perante uma situação que é grave na pandemia, grave na crise económica e social, importante para os fundos europeus e quando Portugal vai assumir a presidência da UE, e é nessa altura que se vai provocar uma crise política?”, disse.

Ainda para mais “quando o Presidente nem pode dissolver a Assembleia da República”, e o novo Presidente (possivelmente ele próprio) só volta a ter esse poder em março ou abril do ano seguinte. Ou seja, perante este quadro, Marcelo diz: “Qualquer pessoa de bom senso diria que faz isto pelo interesse do país, e para o ano logo veremos”. Para o ano, no limite, se voltar a não haver estabilidade no orçamento, então haverá eleições antecipadas.

Ou seja, o plano A é a viabilização do Orçamento à esquerda, porque essa sempre foi a escolha de António Costa desde que formou a geringonça há cinco anos. Mas o PSD tem de ser o plano B. Numa altura em que o Presidente está de pés e mãos atados sem o poder de dissolver a Assembleia e, com isso, convocar eleições, Marcelo faz uso máximo da sua magistratura de influência para deixar todos os avisos: à esquerda, a Rio e sobretudo a Costa, dizendo ao primeiro-ministro que não tem outra alternativa se não ir bater à porta do PSD se o plano A falhar.

“O que é normal é que haja um governo apoiado pela esquerda, é o que é normal desde as eleições. Mas no caso do orçamento, se não for possível haver esse apoio natural à esquerda, a oposição que ambiciona ser governo pensará o que eu pensei como líder da oposição na altura: ‘que diabo, temos aqui um caminho importante para o euro, um caminho importante e difícil, por isso importa viabilizar o orçamento, os eleitores que fiquem tristes mas pelo interesse nacional justifica-se'”, disse.

Tudo para dizer que, mesmo que parte do PSD (e dos eleitores do PSD) não queira ver Rui Rio ao lado de Costa na fotografia, Rio terá de o fazer na mesma em nome do interesse nacional. “Por muito menos” Marcelo fez o mesmo no final da década de 90.

É, de resto, isso que dizem as últimas sondagens da Aximage e da Intercampus, que dão conta de que a maioria dos portugueses não quer uma crise política, e prefere ver o PSD a viabilizar orçamentos do que a haver crise política com desfecho incerto. No barómetro da Aximage os inquiridos até se dividiram em qual seria o parceiro preferencial para as negociações orçamentais, se a esquerda (26,1%), se o PSD (24,3%).

Desta vez foi sem espinhas, direto ao assunto: Marcelo Rebelo de Sousa quer que António Costa vá bater à porta de Rui Rio se a esquerda falhar a viabilização do Orçamento do Estado, e que o PSD seja, nesse caso, o garante de estabilidade do Governo. Depois de ter deixado avisos à navegação ontem, num evento da Confederação Portuguesa dos Agricultores, em Lisboa, o Presidente da República explicou um dia depois o que quis dizer: com a crise pandémica a acelerar, com a crise económica a galopar, com os fundos de Bruxelas para gerir, com a presidência portuguesa da União Europeia a aproximar-se, e sobretudo numa altura em que o Presidente da República não pode dissolver a Assembleia da República, não é altura para uma crise política. Rio tem de estar lá, como Marcelo esteve lá para António Guterres a viabilizar orçamentos no processo de adesão de Portugal ao euro.

“Não me passa pela cabeça que o Orçamento seja chumbado. É o líder da oposição que… aliás, por muito menos do que isso eu viabilizei três orçamentos do primeiro-ministro António Guterres. E com o meu partido, uma parte dele sublevado, a não gostar nada, a protestar, com parte do eleitorado a protestar. É do bom senso meridiano”, disse falando aos jornalistas em Faro.

Em entrevista ao Expresso, no final de agosto, António Costa chegou a dizer que “no dia em que a subsistência [do Governo] depender do PSD, este Governo acabou”. Na altura, BE e PCP olharam para estas palavras do primeiro-ministro como um “ultimato” e uma “ameaça”, que não passava de dramatização de Costa para os pressionar. Em todo o caso, desde o dia 9 de setembro que Marcelo ficou impedido de dissolver a Assembleia da República e de convocar eleições antecipadas, mas haveria sempre a possibilidade de o Governo, não conseguindo entendimento à esquerda, continuar a governar com o orçamento em regime de duodécimos até chegar a entendimento para um novo Orçamento. Cenário com que Marcelo não quer nem sonhar.

Questionado sobre se é um conselho que está a dar a Rui Rio, Marcelo rejeita dizendo tratar-se apenas de “bom senso”. “Há um limite, penso eu, para aquilo que é próprio da democracia, que é a livre escolha dos partidos e dos políticos, e esse limite é simples: é estarmos perante uma situação que é grave na pandemia, grave na crise económica e social, importante para os fundos europeus e quando Portugal vai assumir a presidência da UE, e é nessa altura que se vai provocar uma crise política?”, disse.

Ainda para mais “quando o Presidente nem pode dissolver a Assembleia da República”, e o novo Presidente (possivelmente ele próprio) só volta a ter esse poder em março ou abril do ano seguinte. Ou seja, perante este quadro, Marcelo diz: “Qualquer pessoa de bom senso diria que faz isto pelo interesse do país, e para o ano logo veremos”. Para o ano, no limite, se voltar a não haver estabilidade no orçamento, então haverá eleições antecipadas.

Ou seja, o plano A é a viabilização do Orçamento à esquerda, porque essa sempre foi a escolha de António Costa desde que formou a geringonça há cinco anos. Mas o PSD tem de ser o plano B. Numa altura em que o Presidente está de pés e mãos atados sem o poder de dissolver a Assembleia e, com isso, convocar eleições, Marcelo faz uso máximo da sua magistratura de influência para deixar todos os avisos: à esquerda, a Rio e sobretudo a Costa, dizendo ao primeiro-ministro que não tem outra alternativa se não ir bater à porta do PSD se o plano A falhar.

“O que é normal é que haja um governo apoiado pela esquerda, é o que é normal desde as eleições. Mas no caso do orçamento, se não for possível haver esse apoio natural à esquerda, a oposição que ambiciona ser governo pensará o que eu pensei como líder da oposição na altura: ‘que diabo, temos aqui um caminho importante para o euro, um caminho importante e difícil, por isso importa viabilizar o orçamento, os eleitores que fiquem tristes mas pelo interesse nacional justifica-se'”, disse.

Tudo para dizer que, mesmo que parte do PSD (e dos eleitores do PSD) não queira ver Rui Rio ao lado de Costa na fotografia, Rio terá de o fazer na mesma em nome do interesse nacional. “Por muito menos” Marcelo fez o mesmo no final da década de 90.

É, de resto, isso que dizem as últimas sondagens da Aximage e da Intercampus, que dão conta de que a maioria dos portugueses não quer uma crise política, e prefere ver o PSD a viabilizar orçamentos do que a haver crise política com desfecho incerto. No barómetro da Aximage os inquiridos até se dividiram em qual seria o parceiro preferencial para as negociações orçamentais, se a esquerda (26,1%), se o PSD (24,3%).

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